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Revista da ABOP

versão impressa ISSN 1414-8889

Rev. ABOP v.2 n.2 Porto Alegre  1998

 

EDITORIAL

 

Estamos apresentando o terceiro número da Revista da ABOP. Este número caracteriza-se pela diversidade de trabalhos e questionamentos apresentados.  Num primeiro artigo, Mauro e Andrea nos apresentam um pesquisa realizada junto aos universitários da ULBRA.  Logo após, Maria Luiza discute a possibilidade de utilizarmos os conceitos da psicanálise no processo de Orientação Profissional.  A seguir apresentaremos na íntegra a palestra proferida pelo professor Armando no I Encontro Mineiro de Orientadores Profissionais.  Por último, estaremos apresentando, ao público leitor, a íntegra da Mesa Redonda: O Papel do Orientador Profissional: Orientando para Novas Relações de Trabalho, realizada no III SIMPÓSIO BRASILEIRO DE ORIENTAÇÃO VOCACIONAL & OCUPACIONAL, em CANOAS, 01 A 04 DE OUTUBRO DE 1997.

O primeiro artigo, Re-opção de Curso e Maturidade Vocacional, apresenta um estudo sobre a experiência de re-opção vocacional em alunos que solicitaram re-opção de curso universitário.  Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas que abordaram as motivações da re-opção, o comportamento exploratório vocacional, projetos de vida e processos de tomada de decisão. A interpretação dos resultados mostrou que a re-opção de curso universitário, assim como a primeira opção efetuada, foram processos decisórios caracterizados pela imaturidade, de acordo com os critérios de Super (1983). A re-opção não foi acompanhada por progressos em maturidade vocacional.

O segundo artigo, O Processo Clínico de Orientação Profissional, visa proporcionar uma interlocução entre o trabalho de Orientação Profissional e a teoria freudiana, uma vez que esta teoria pode servir de subsídio para a modalidade clínica da Orientação.  As experiências vividas pela criança a nível consciente e inconsciente deixam marcas significativas, que servirão para o alicerçamento do seu funcionamento psíquico e para a estruturação de sua personalidade. Dessa forma, a escolha de uma profissão está inteiramente relacionada com a forma de ser e viver do sujeito humano no mundo. A autora conclui que optar por uma ou outra carreira é trilhar um caminho que começa, na verdade, a ser percorrido no tempo da estruturação psíquica.

A palestra Alguns Tipos de Orientação em Cuba apresenta os diferentes tipos de trabalho desenvolvidos em Orientação não só profissional, como também Orientação aos pais, às crianças com dificuldades, Orientação Sexual e outros tipos de atendimento oferecidos pelo sistema público cubano.  Podemos observar como a prática do psicólogo é diversificada, atingindo as várias necessidades da comunidade.  O autor apresenta uma visão panorâmica dos principais tipos de Orientação realizados em Cuba, assim como os trabalhos de pesquisa e publicações que estão sendo realizadas nesta área.

As publicações referentes a Mesa Redonda realizada no III SIMPÓSIO BRASILEIRO DE ORIENTAÇÃO VOCACIONAL & OCUPACIONAL em CANOAS, 01 A 04 DE OUTUBRO DE 1997 apresenta aspectos diversificados relativos a Orientação Profissional.

Em sua manifestação, Marilu Diez Lisboa do INSTITUTO DO SER &– Psicologia e Psicopedagogia nos fala da Orientação Profissional como recurso facilitador no momento da escolha de uma ocupação, relacionando-o com a sociedade de nosso tempo. As modificações sofridas por esta sociedade, e suas conseqüências no trabalho dos seres humanos dentro do sistema capitalista consumista, conferindo um sentido peculiar a este trabalho, são igualmente abordados.  Preocupa-se com novas ações, mais coerentes e que possam estar ligadas a valores de humanização e à hominização.  Coloca algumas questões de como buscar a construção da O.P. dentro do quadro econômico/político/social que hoje se nos apresenta.

A segunda palestrante, Maria da Graça Corrêa Jacques, professora e pesquisadora da UFRGS, propõe a Orientação Profissional como um espaço para repensar sobre a Qualidade de Vida no Trabalho, e discute três questões importantes: por que qualidade de vida, por que a atenção à qualidade de vida no trabalho e de que qualidade de vida se está falando?

O terceiro palestrante, Jorge Castellá Sarriera, professor do Curso de Pós-Graduação em Psicologia da PUC/RS, nos fala da Orientação Profissional para a Inserção do Jovem no Trabalho, de sua experiência como professor da disciplina de Orientação Profissional e da evolução teórica e metodológica que imprimiu em seu curso até chegar a introduzir o Paradígma Ecológico para a compreensão do processo de transição escola-trabalho, baseado nas Teorias da Ecologia Social, Psicologia Ambiental e da Ecologia do Desenvolvimento Humano.  O novo conceito de Orientação para o trabalho, supera as concepções românticas e individualistas da escolha profissional, e situa-se numa posição interativa onde tão importantes são as características pessoais quanto as ambientais.  As políticas econômicas definem a situação do mercado de trabalho e as novas tecnologias substituem o ser humano, reduzem a jornada de trabalho, e colocam o trabalho fora do núcleo central da existência humana, exigindo repensar os valores e novas formas de ocupação do tempo.

Boa leitura a todos.

 

 

Dulce Helena Penna Soares
Editor Chefe da Revista da ABOP

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