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Construção psicopedagógica
versão impressa ISSN 1415-6954versão On-line ISSN 2175-3474
Constr. psicopedag. v.17 n.14 São Paulo jun. 2009
RESENHA
Psicopedagogia dos fantoches: jogo de imaginar, construir e narrar*
Rose Skripka N. Gabriel**
O desenvolvimento deste livro parte da preocupação da autora, que é psicopedagoga, especialista em arterapia pelo Instituto Sedes Sapientiae e Mestre em Artes, em buscar atividades didáticas que abordem a autoria do aluno e a prática de produção de textos narrativos pelas crianças.
O cenário para esta pesquisa foi uma classe de 3ª série do ensino fundamental de uma escola pública municipal pelo fato de que é onde se encontra uma demanda maior de crianças com dificuldades na produção de textos. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais é esperado que estes alunos produzam textos coesos e coerentes.
Nesta perspectiva, o livro versa sobre as dificuldades das crianças em produzir e interpretar textos, com destaques sobre a inexistência da autoria do aluno, que não reconhece a ação de conhecer. Apresenta a descrição de uma proposta de intervenção psicopedagógica abordando a situação lúdica na produção de textos e o encontro com o imaginário, utilizando o jogo com fantoches.
A autora acredita que o uso dos fantoches, no trabalho educacional, desperta potenciais de aprendizagem, desde a sua confecção até a sua utilização nas histórias. As crianças expressam criativamente seu mundo interno e as relações afetivas, baseadas no que elas conhecem de história ouvidas e experiências vividas. A autora salienta que a educação brasileira é carente de investimentos em trabalhos que se apóiam em atividades lúdicas e criativas, capazes de desenvolver os potenciais criativos relacionados à ação, expressão e organização das pessoas.
A aprendizagem significativa e o conhecimento simbólico são valorizados no decorrer do livro, sempre apoiados pelo embasamento teórico que alicerça a pesquisa. Desta forma, a autora conduz o leitor a fazer associações conceituais, fundamentadas nas teorias de Vygotsky, Piaget e Dewey.
Para realizar a pesquisa, a autora fundamenta-se na abordagem dialética76 materialista e considera os efeitos da intervenção do pesquisador que desafia o sujeito e incentiva uma nova significação do conhecimento, valorizando a expressão genuína das crianças e suas histórias pessoais, ampliadas nas criações das narrativas facilitadas pelas expressões e construção dos fantoches.
Os resultados do trabalho confirmam a hipótese de que as crianças podem construir experiências significativas, por meio de trabalhos que partem de seus próprios interesses, e que possibilitam a expressão dos aspectos afetivos e sociais vivenciados. Nessas criações, os fantoches passam a ser seres ativos, manifestando-se como desdobramentos da criança que possibilitam a sua aprendizagem.
Este livro, além de nos fornecer uma proposta de atividade capaz de facilitar a aprendizagem significativa, leva-nos a refletir sobre a vivência estética proporcionada pela expressão artística, capaz de envolver e modificar a compreensão dos protagonistas das experiências, resultando nas possíveis mudanças saudáveis, nas diferentes situações de aprendizagem.
* SANTOS, Dilaina Paula dos São Paulo: Vetor, 2006, 165 pp
** Elaborada por Rose Skripka N. Gabriel (Psicóloga e Psicopedagoga).