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Boletim - Academia Paulista de Psicologia
versão impressa ISSN 1415-711X
Bol. - Acad. Paul. Psicol. vol.38 no.94 São Paulo jan./jun. 2018
RESENHAS DE LIVROS
FARIA AMARO, R.C. - Criatividade e longevidade: um olhar da educação, arte e cultura. Genio Criador Editora, 2017. São Paulo
Eda Marconi Custódio (Cad. 20)
Trata-se de uma obra de 500 páginas, com 38 capítulos, organizada por Regina Célia F, A. Giora, coordenadora do Grupo de Pesquisa filiado ao CNPq - Criatividade e Inovação na Arte, na Ciência e no Cotidiano, grupo que já tem seis obras importantes publicadas sobre o tema da Criatividade e Inovação. A obra aqui analisada representa uma contribuição importante para se pensar e agir junto ao público idoso, público esse que vem crescendo de maneira a caracterizar a "Revolução da Longevidade", como é lembrado no capítulo de Cleusa SaKamoto. O grupo de idosos vem se multiplicando em todas as partes e isso requer um olhar cuidadoso para acompanhar as muitas atividades que estão desenvolvendo, e devem desenvolver, para promover a qualidade de vida de todos. Assim, os textos estão organizados de modo a apresentar ao leitor a importância dos ambientes educacionais desde a infância. As escolas devem estar preparadas para atender todas as demandas escolares em todas as idades: culturais, artísticas, desenvolver a domoaptidão cibercultural, uma segunda língua para o ser humano, e para isso se discute a necessidade da atualização digital do corpo docente. Tem aumentado o número de idosos acima de sessenta anos que utilizam computadores e mobiles e toda sociedade deve estar preparada para esta realidade. O saudosismo é importante, mas os autores apresentam a ideia de que se preparar para as mudanças, para as transformações que valorizam ideias inovadoras é necessário. Com o aumento da expectativa de vida, a manutenção da saúde física e mental, alimentos saudáveis, esporte são fatores a serem considerados. Os autores inclusive apresentam receitas para uma nutrição saudável. A simples ideia do Estatuto do Idoso, segundo o que o autor Marcio José da Silva apresenta no capítulo 12, não produzirá justiça se não se estabelecer um diálogo com outras áreas de conhecimento como Psicologia, Medicina, Educação, importantes para se criar um sistema de proteção às pessoas idosas. E para se manter um diálogo com a Educação há que se pensar na inclusão dos idosos também nas escolas da zona rural ou em situação de pobreza. Essa estratégia servirá para se promover a educação continuada e entender as mudanças nas estruturas sociais. A seguir o livro, ora resenhado, traz autores que discutem a ideia de se resgatar as fotos antigas, as obras de arte para a valorização do envelhecimento, o contato com a música para o desenvolvimento do processo criativo, a obra de Chanel, estilista que faleceu aos 89 anos em pleno processo criativo. Traz a trajetória de Hulda Bittencourt empreendedora da Cisne Negro Cia. de Dança, que em 1917 completou 40 anos. Hulda continua sua jornada de trabalho até hoje, aos 84 anos de idade. Dento dessa perspectiva do processo criativo, os autores resgatam a gestão das Escola de Samba, o desenvolvimento do picho e pixo em São Paulo, a publicidade de moda e a longevidade e uma representante dessa área, Iris Apfel. Também são considerados os aspectos artístico, cultural e educacional presente nos jogos digitais, capazes de beneficiar a memória e o raciocínio dos idosos, bem como o desenvolvimento das interações sociais as mais variadas. Mas não se pode esquecer que com a expectativa de vida aumentada torna-se necessário um planejamento a ser pensado após os 50 anos. O autor do capítulo, Mousar Casanova, apresenta a ideia de que essa nova geração de idosos precisará pensar, cada vez mais cedo, no seu projeto de vida integral, pois as oportunidades de trabalho irão mudar, isso implica em se atualizar para se manter competitivo. E consumidor, pois esse grupo está na mira dos que produzem e querem vender seus produtos. No que tange aos papéis sociais é lembrada a importância de avós e avôs no desenvolvimento dos netos, no brincar como estratégia de formação dos vínculos saudáveis. Mas também é lembrado a importância de se buscar outros convívios sociais, os grupos de terceira idade, onde homens e mulheres se encontram para reconstruir o seu estar no mundo. Ler, ouvir histórias sobre personagens, assistir filmes, ler livros poéticos da Bíblia, e outras atividades são apresentadas para o conhecimento desse público, os idosos, bem como para desenvolver estratégias de superação de suas dificuldades. Pode-se dizer que a obra resenhada traz informações muito ricas sobre o que é ser idoso nos dias atuais e sobre como devemos nos preparar para enfrentar o processo de envelhecimento de forma saudável.