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Revista da SBPH
versão impressa ISSN 1516-0858
Rev. SBPH vol.24 no.2 São Paulo jul./dez. 2021
Percepção materna sobre grupo de reflexão durante internação do neonato na Unidade de Terapia Intensiva
Maternal perception of a reflection group during hospitalization of de neonate in the Intensive Care Unit
Jessica Rodrigues NevesI; Erika da Silva DittzII
IHospital Sofia Feldman - Belo Horizonte/Minas Gerais - E-mail: jessicarn.neves@gmail.com
IIHospital Sofia Feldman - Belo Horizonte/Minas Gerais - E-mail: erikadittz@gmail.com
RESUMO
OBJETIVO: estudar a percepção de mães, com bebês internados em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), sobre um grupo de apoio, chamado Grupo de Reflexão, realizado por psicólogas em uma maternidade de Belo Horizonte, Minas Gerais.
MÉTODO: pesquisa de abordagem qualitativa realizada com 16 mães de bebês internados em UTIN. Os dados foram coletados através de grupos focais e explorados por meio da análise de conteúdo na modalidade temática.
RESULTADOS: a participação das mães no Grupo de Reflexão favoreceu o aprendizado através da troca de experiências entre elas, contribuiu para a criação de uma rede apoio, diminuiu o estresse e auxiliou na ressignificação do momento vivenciado. Além disso, os resultados evidenciaram a importância da preparação do profissional para o desenvolvimento do grupo, bem como a necessidade de avaliação contínua da atividade.
CONCLUSÃO: a participação das mães no Grupo de Reflexão contribui para o fortalecimento pessoal da mãe para lidar com a internação do seu bebê na UTIN. Portanto, o uso do Grupo, como uma estratégia de acompanhamento dessas mães, é indicado.
Palavras-chave: grupos de apoio; neonatologia; mães; recém-nascidos.
ABSTRACT
OBJECTIVE: to study the perception of mothers, with babies admitted to the Neonatal Intensive Care Unit (NICU), about a support group, called Grupo de Reflexão, carried out by psychologists in a maternity hospital in Belo Horizonte, Minas Gerais.
METHOD: qualitative approach research carried out with 16 mothers of babies admitted to the NICU. Data was collected through focus groups and explored through content analysis in the thematic modality.
RESULTS: the participation of mothers in the Reflection Group favored learning through the exchange of experiences between them, contributed to the creation of a support network, reduced stress and helped in the re-signification of the experienced moment. Furthermore, the results showed the importance of preparing the professional for the development of the group, as well as the need for continuous assessment of the activity.
CONCLUSION: the participation of mothers in the Reflection Group contributes to the mother's personal strengthening to deal with the hospitalization of her baby in the NICU. Therefore, the use of the Group as a follow-up strategy for these mothers is indicated.
Keywords: support groups; neonatology; mothers; neonates.
Introdução
Durante a internação do bebê na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), as mães encontram-se fragilizadas e vivenciam uma fase permeada por incerteza, imprevisibilidade, medo, desespero e insegurança em relação à evolução clínica do bebê (Veronez, Borghesan Corrêa & Higarashi, 2017). A tristeza e a culpa também estão presentes visto que os pais acreditam que poderiam ter feito algo de diferente ou que cometeram algum erro no decorrer da gestação que culminou com a internação do bebê. Por outro lado, sentimentos de esperança e confiança na melhora do recém-nascido também estão presentes (Balbino, Yamanaka, Balieiro & Mandetta, 2015; Baseggio, Dias, Brusque, Donelli & Mendes, 2017).
Durante a gestação a mãe constrói representações e expectativas em relação ao bebê, ou seja, o bebê imaginado. Porém, após o parto ela encontra o bebê real, muitas vezes diferente do que ela imaginou e esperou. Essa situação demanda que a mãe faça a transição entre o bebê idealizado e o bebê real, o que pode não ser uma tarefa fácil, particularmente nos casos em que o bebê nasce prematuramente ou com alguma patologia (Baseggio et al., 2017).
Na Unidade de Terapia Intensiva o bebê está exposto a diferentes estímulos tais como ruído, luz e estímulos dolorosos, causados pela administração de medicamentos ou por procedimentos médicos. Além disso, pela prematuridade ou determinadas patologias, o bebê não está preparado para interagir com sua mãe por meio do toque, amamentação e voz materna (Kurt, Kucukoglu, Ozdemir & Ozcan, 2020). Essas situações contribuem para os pais vivenciarem momentos de estresse tendo em vista que, o ambiente da UTIN tende a ser assustador e estranho a eles devido aos vários equipamentos, procedimentos e rotinas necessárias para sobrevivência do seu bebê (Balbino et al., 2015; Cartaxo et al., 2015).
Esses aspectos contribuem para o sentimento de vulnerabilidade dos pais, especificamente as mães, que podem se sentir incapazes de cuidarem de seus bebês, já que as condições clínicas do recém-nascido e o ambiente da UTIN impõem limites para elas poderem tocar e segurar os filhos assim como realizar cuidados inerentes à maternidade, como era desejado e esperado por elas durante a gestação (Baseggio et al., 2017).
O vínculo mãe-bebê tende a ser prejudicado com a internação na UTIN dado que os cuidados do bebê são realizados, majoritariamente, pela equipe de saúde distanciando a mãe da função materna (Baseggio et al., 2017; Cartaxo et al., 2015). Adicionado a isso, o afastamento entre mãe e bebê pode acarretar prejuízos na formação do vínculo entre eles influenciando negativamente no relacionamento de ambos e no desenvolvimento dessa criança a longo prazo (Kurt et al., 2020).
Cabe destacar que, se a mãe tem pessoas ao seu redor que oferecem ajuda e apoio nesse momento, ela poderá sentir-se mais confiante e satisfeita e tenderá a estar mais disponível afetivamente para seu bebê (Maldonado, 2002). Nessa perspectiva, observa-se que o modelo de assistência centrado na doença tem dado lugar a um modelo que amplia o olhar para as necessidades de saúde do bebê, dentre as quais se considera a importância da participação da família no cuidado. Algumas práticas têm sido recomendadas e implantadas nas unidades neonatais de modo a contribuir para a inserção da família nesse cuidado como a permanência integral dos pais junto dos filhos, inserção dos pais no cuidado, entrada de outros integrantes da família para visita nas unidades neonatais e a realização de grupos de apoio com mães, pais e familiares dos neonatos (Balbino et al., 2015).
No que se refere às mães, os grupos são um importante recurso de suporte a elas, um espaço que contribui para a reorganização do seu mundo relacional e afetivo que se encontra fragilizado diante da situação de ter um bebê internado na UTIN. A vivência em grupos traz aos participantes bem-estar, visto que nesses espaços eles podem compartilhar temáticas que são recorrentes ao cotidiano de internação de seus filhos em uma unidade neonatal (Balbino et al., 2015). Durante os grupos as mães partilham angústias, medos, o progresso dos bebês e outros sentimentos que estão presentes nesse momento. É também um espaço que possibilita valorizar a vivência de cada mãe, contribuindo para a construção de uma rede de apoio e para que as mães se sintam seguras e fortalecidas para lidar com a condição de ter um recém-nascido internado na UTIN (Cartaxo et al, 2015; Duarte, Dittz, Silva & Rocha, 2013).
O Hospital Sofia Feldman, em Belo Horizonte, Minas Gerais, é especializado na assistência à mulher e ao neonato e possui uma das maiores unidades neonatais do país. No acompanhamento às mães de bebês internados na UTIN são realizados de forma sistemática atendimentos em grupos com objetivos diversos sendo conduzidos pela equipe multiprofissional que atua na instituição. Dentre os grupos têm o de Grupo de Reflexão, dirigido por um psicólogo da equipe e pretende "criar um espaço para a mãe refletir sobre a situação que está vivenciando e as repercussões em sua vida" (Duarte et al., 2013, p.5).
A partir da experiência das autoras com o uso da estratégia de grupos e das observações realizadas, especificamente durante os Grupos de Reflexão, alguns questionamentos sobre o uso deste grupo foram levantados: qual a percepção das mães sobre o grupo? Quais motivos levam as mães a não participarem do grupo? O grupo é reconhecido pelas mães como uma estratégia de apoio? Quais os pontos positivos e negativos do grupo? A partir disso, tomando como hipótese que o Grupo de Reflexão se configura como uma estratégia de apoio para as mães de bebês internados em UTIN, esse estudo teve como objetivo estudar a percepção de mães, com bebês internados em UTIN, sobre o Grupo de Reflexão, realizado por psicólogas em uma maternidade de Belo Horizonte, Minas Gerais.
Método
Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa (Minayo, 2013), realizado no Hospital Sofia Feldman (HSF), especializado na assistência materno-infantil e que atende, exclusivamente, usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). Além dos leitos obstétricos, a instituição conta com 51 leitos de Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN). Na Neonatologia, o trabalho é feito por uma equipe multiprofissional que incentiva o aleitamento materno e desenvolve estratégias e ações de humanização voltadas à integralidade do cuidado. Para as mães de bebês internados na UTIN é disponibilizado o "Espaço de Sofias" local que oferece condições de permanência delas em tempo integral, com acompanhamento da equipe multiprofissional. Dentre as estratégias utilizadas no acompanhamento dessas mães, tem-se o Grupo de Reflexão, coordenado pelo setor de Psicologia e acontece semanalmente, em horário específico, no Espaço de Sofias. O objetivo do grupo é trabalhar questões, levantadas pelas próprias mães, a partir de suas vivências diárias no hospital. Dentre elas a imprevisibilidade, a angústia, o medo e a insegurança inerentes à condição de ter um bebê na UTIN, a saudade de casa e dos familiares e o distanciamento do seu cotidiano para permanecer no Hospital. A condução do grupo é realizada a partir do conteúdo expresso pelas mães e por meio da utilização de dinâmicas e materiais de apoio com o intuito de estimular a participação delas (Duarte et al., 2013).
Participaram deste estudo 16 mães de bebês internados na UTIN do Hospital Sofia Feldman. Foi considerado critério de inclusão participar pelo menos uma vez do Grupo de Reflexão realizado no Espaço de Sofias. Esse critério considerou que a média de permanência do recém-nascido na UTIN foi de 15 dias (Hospital Sofia Feldman, 2017). Foram excluídas da pesquisa as mães que possuíam algum comprometimento cognitivo ou transtorno psiquiátrico que pudesse comprometer a comunicação e elaboração de pensamentos.
Para a coleta de dados utilizou-se o Grupo Focal (Kind, 2004) e a obtenção de informações referentes ao perfil sociodemográfico das mães participantes do estudo se deu através de consulta nos prontuários de seus respectivos recém-nascidos.
Os dados foram coletados entre outubro de 2017 e janeiro de 2018. A identificação das mães que atendiam ao critério de inclusão aconteceu a partir da consulta ao Livro de Registro de Atividades do Espaço de Sofias, onde consta o nome das mães que participam das atividades realizadas no local, dentre elas Grupo de Reflexão. Posteriormente, os critérios foram confirmados em consulta realizada ao prontuário do recém-nascido.
Foram realizados três grupos focais com média de cinco participantes por grupo e duração média de 27 minutos. Destaca-se que o primeiro grupo cumpriu também a função de verificar a metodologia do grupo focal e, como não foram necessárias adequações, os dados foram utilizados no estudo.
Os grupos focais ocorreram em uma sala de aula do HSF em horário definido previamente com as mães para não interferir nas rotinas hospitalares e considerando a disponibilidade delas. Eles foram gravados e conduzidos por um moderador, cuja tarefa foi favorecer a interação do grupo e a discussão sobre o tema específico. Contou ainda com um observador que realizou o registro das discussões e das interações que eram estabelecidas entre as participantes (Kind, 2004). Nesse estudo, o moderador foi uma das pesquisadoras e o observador um profissional de terapia ocupacional da instituição, todos com experiência no uso dessa estratégia. As discussões do grupo foram norteadas pelas seguintes perguntas: 1. O que é o grupo de reflexão para você? 2. Como foi para você participar do Grupo de Reflexão considerando o momento que você está vivenciando? 3. Você encontra dificuldades para participar do Grupo de Reflexão? Fale um pouco sobre isso. 4. Considerando o Grupo de Reflexão que você participou, há algo que pode ser modificado? 5. Você indicaria para outras mães, que estão passando pelo mesmo momento que você, para participarem do Grupo de reflexão? Por quê? Ao final do grupo, o observador apresentou uma síntese das discussões validadas pelas participantes. Cabe esclarecer que os Grupos de Reflexão realizados no período de coleta de dados não tiveram a participação das pesquisadoras.
A interrupção da coleta de dados seguiu o critério de saturação dos dados, considerado atingido quando os grupos focais não apresentavam mais conteúdos novos, ou seja, os conteúdos se tornaram repetitivos e previsíveis, indicando que os significados dos conteúdos haviam sido captados (Trad, 2009).
Os dados obtidos nos grupos focais foram submetidos à análise de conteúdo na modalidade temática conforme as seguintes etapas: pré-análise; análise do material; e tratamento dos resultados (Bardin, 1979), o que permitiu fazer uma leitura do primeiro plano das falas e atingir um nível mais profundo, considerando os aspectos relacionados ao vivido pelas mães, o contexto onde estavam inseridas e as variáveis psicossociais (Minayo, 2013).
Na pré análise os dados foram transcritos na íntegra pela pesquisadora e as mães codificadas como M1, M2, M3 e assim por diante, conforme a participação delas nos grupos focais. Para a análise, foi feita a leitura detalhada, pelas duas pesquisadoras, do material disponível. Logo após, temas foram identificados e alocados em categorias correspondentes, considerando sua relação com o objetivo do estudo. Em seguida, as duas pesquisadoras se reuniram para rever o material e discutir dúvidas referentes à categorização dos dados, não havendo discordância entre elas.
A coleta de dados teve início após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Hospital Sofia Feldman, com número do parecer 2.303.638. Todas as participantes foram orientadas sobre o objetivo e procedimentos da pesquisa e assinaram os Termos de Consentimento e de Assentimento Livre e Esclarecido, atendendo à Resolução 466/12, que dispõe sobre as pesquisas com seres humanos (Conselho Nacional de Saúde, 2012).
No desenvolvimento desse estudo buscou-se atender os critérios de credibilidade, confiabilidade e confirmabilidade (Coutinho, 2008). A credibilidade foi estabelecida por meio da discussão entre pares, onde as duas pesquisadoras compartilharam suas impressões sobre os dados produzidos nos grupos focais possibilitando ampliar o entendimento sobre o fenômeno estudado no processo de análise e interpretação dos dados. O critério de confiabilidade foi atendido por meio da codificação dos dados por dois pesquisadores independentes que, identificaram os temas contidos nos relatos das mães procurando verificar percepções divergentes. Para a confirmabilidade realizou-se descrição detalhada de todo o processo de pesquisa, incluindo a definição dos participantes, a coleta de dados e o processo de análise dos dados, buscando certo grau de neutralidade e reduzindo o viés do pesquisador. Ainda no que se refere à confirmabilidade, a pesquisadora, no período que antecedeu e durante a coleta de dados, não realizou os Grupos de Reflexão no Espaço de Sofias, a fim de evitar interferências nos resultados do estudo.
Resultados
Participaram do estudo 16 mães com idade entre 14 e 37 anos e média de 24,8 ± 7,9 anos, sendo que 09 (56%) eram primíparas, 13 (81%) frequentaram a escola por 09 anos ou mais e 09 (56%) eram do lar ou não estavam trabalhando no momento. Em relação à procedência 05 (31%) eram de Belo Horizonte ou região Metropolitana e 13 (81%) eram casadas ou amasiadas.
A análise de conteúdo dos dados permitiu agrupá-los em duas categorias empíricas: 1. Contribuições do Grupo de Reflexão no acompanhamento da mãe durante a internação do recém-nascido na UTIN; e 2. A dinâmica e o funcionamento do Grupo de Reflexão na perspectiva das mães, apresentadas nas seções a seguir.
Contribuições Do Grupo De Reflexão No Acompanhamento Da Mãe Durante A Internação Do Recém-Nascido Na UTIN
As mães participantes do estudo consideraram que o grupo de Reflexão propicia a expressão dos sentimentos e a troca de experiências. Além disso, é um espaço que possibilita-lhes refletir sobre a condição de ter um bebê internado na UTIN.
"Eu acho que é para sair um pouco da área difícil da vida que é o que a gente está passando. Acho que é para gente refletir melhor, começar a entender melhor a situação e aceitar mais as coisas, ficar mais calma". (M5)
"Para mim, aquele momento ali que a pessoa está contando a sua história, eu vivo aquilo também... sabe?! A gente fica imaginando a situação da gente, o que está passando e muita das vezes é tudo igual aí eu fico colocando no lugar da pessoa". (M1)
Ao compartilhar suas experiências, as mães identificam as particularidades da situação vivida por cada uma delas, mas que têm em comum o fato de todas se encontrarem com o bebê internado na UTIN.
"Não é só você que está naquela situação, todas estão na situação, mas em situações diferentes, cada um em situações diferentes, mas todas estão ali juntas, aí fica compartilhando, nós compartilhamos isso. Eu acho que é um momento bom, porque ficar isolado também, cada um com seu problema, eu acho que é mais difícil vencer". (M2)
"As vezes a família quer apoiar, mas eles estão lá fora, então eles... a gente aqui dentro, tem contato com as meninas [mães], sabe que elas estão passando pelo mesmo problema, então é mais fácil desabafar com elas. Às vezes você desabafa com a família, mas a família não entende, de certa forma não entende, porque... quem está passando é a gente". (M16)
É através da interação que o grupo se mostra como um espaço de troca de experiências, permitindo-lhes aproximar das diferentes realidades vivenciadas pelas mães que estão com o bebê internado, criando uma rede de solidariedade entre elas.
"[...] é bom que a gente fica sabendo também o que passa com as outras pessoas, porque as vezes a gente acha que o mundo vai desabar, mas tem outras pessoas com problemas maiores ainda e a gente consegue ver e entender o problema de outras pessoas". (M13)
Essa possibilidade de as mães compartilharem suas experiências e sentimentos parece oferecer conforto para o sofrimento e dificuldades que elas estão enfrentando. Ao perceberem que outras mães se encontram em situações similares, elas se fortalecem e ressignificam o momento que estão vivendo.
"[...] quando você chega lá em cima [no Espaço de Sofias] na reunião [Grupo de Reflexão], você vê o que cada uma, cada bebê, cada mãe, está passando aqui, então assim.... Eles estão vencendo e a gente também vai vencer, um dia após o outro, e a gente vê que não é do jeito que fica na cabeça da gente [...]". (M16)
Além disso, uma das participantes destaca que o fato de ser uma atividade em grupo contribuiu para que ela se sentisse mais confortável para compartilhar suas experiências.
"E é diferente, porque eu já passei pelo psicólogo [atendimento individual]. Você sozinho e com outras pessoas é muito diferente. Você sozinho, você não quer falar nada, você acha um saco as perguntas [...]. Então, eu também custava a falar, e na minha cabeça eu ficava assim: mulher chata (risos) [...]. Agora todo mundo falando, aí já é outra coisa". (M5)
Por ser um espaço onde as mães têm liberdade de expressão, o grupo contribui para elas serem elas mesmas, o que, do ponto de vista delas, favorece seu bem-estar emocional. "Pra mim foi inovador, [...] quando eu fiz a primeira vez [participou a primeira vez do grupo], o único até hoje (risos), eu achei inovador, eu me descobri um pouco." (M5)
"[...] acaba que coisas que a gente não conseguia falar, a gente consegue, naturalmente a gente vai expressando, a gente vai soltando e [...]. A gente acaba chorando, a gente ri, então é uma forma de nos ajudar a não ficar tão sobrecarregado assim com tudo que acontece dentro de um hospital". (M9)
As mães ainda expressam que o grupo é um espaço onde elas se sentem ouvidas e podem externar seus sentimentos, o que parece trazer alívio a elas.
"Eu também acho que também é para a gente desabafar, porque na maioria das vezes as mães lá em cima [Espaço de Sofias] guardam as coisas só pra ela, aí chega nesse grupo a gente acaba desabafando uma com as outras. É que tipo assim, a gente desabafa! A gente prende para gente muito as coisas, aí chega nesse grupo a gente acaba ouvindo... Uma começa a falar, e a gente começa a desabafar". (M3)
Ademais, a participação no Grupo de Reflexão é indicada pelas mães como uma oportunidade de aprendizado, que contribui para o enfrentamento da condição de ter um bebê na UTIN, mas que também envolve outras dimensões da sua vida, repercutindo no seu modo de ser e estar no mundo.
"[...] A gente tem aprendido muita coisa, porque a gente vê que nem só a gente passa por momentos difíceis, as vezes tem pessoas com histórias piores que a da gente, com situações diferentes da gente, a gente aprende a ser até um pouco mais humano...eu acho que para mim está sendo uma experiência que eu vou levar pra vida inteira, pra não olhar só pra mim mais, eu não consigo mais olhar só para mim mais, só pra minha situação, ah eu estou com o bebê na UTI, todas as mães estão passando pela mesma coisa ou por coisa pior que eu, então eu não consigo mais olhar só pra mim". (M9)
As mães relataram que o grupo possibilita-lhes distanciar-se da situação vivenciada enquanto interagem com outras mães e conversam sobre outros assuntos.
"Uma distração, tirar as dúvidas, um tempo mais junto. Nessa hora que você está ali conversando com todo mundo, você não está pensando em tanto problema que você está passando, pelo menos naquele momento você foca numa coisa; saindo dali você já volta na realidade". (M1)
O fato de as mães permanecerem em um mesmo espaço físico - Espaço de Sofias - durante a internação do bebê, não assegura que exista interação entre elas. Isso fica evidente ao expressarem que a participação no grupo também proporciona a oportunidade de aproximação.
"Eu acho que acaba aprendendo um pouco de cada uma também, mais fácil de aproximar de alguém." (M5)
As mães reconhecem a importância da participação no Grupo de Reflexão e recomendam que as outras mães, que não participam do grupo, devem experimentar esse espaço.
"Ah, eu acho que seria bom elas participarem, porque tem muitas mães que as vezes quer desabafar, mas não consegue, então isso ajudaria bastante elas pra conhecer a história de outras pessoas, pra poder se sentir à vontade, ela perceber que não é só ela que está passando por aquilo, todas estamos. Então quando ela conhecer as histórias de todas, eu acho que vai soltar ela, ela vai conseguir desabafar, contar o que se passa, o que está acontecendo, porque tem muitas mães que quer desabafar, mas não consegue, prefere ficar guardando [...]". (M14)
Considerações Sobre A Dinâmica E Funcionamento Do Grupo De Reflexão
Os dados coletados permitem conhecer como as mães percebem o Grupo de Reflexão e os motivos que contribuem para a decisão de não participar do mesmo. O desconhecimento sobre o objetivo e funcionamento do grupo gerava um entendimento equivocado sobre o mesmo levando-as a não participarem.
"Eu não queria [participar do grupo]. Eu pensei que fosse totalmente um julgamento, então... Ah! Não vou. Aí eu aproveitava e fazia o Canguru, aí eu falava: não vou. [...] Mas eu fugia mesmo... Eu pensava, ah! Vai ser uma falação, do que acha, do que não acha, eu não vou mexer com isso, eu pensei, eu não vou ter paciência. [...]. Foi um tapa de luva na minha cara (riso). Eu pensei que, depois do grupo, após o grupo ia haver até desentendimentos [...]. Eu não tinha participado, eu só imaginava [...] isso foi tudo antes de eu participar, eu já fazia o meu auto julgamento". (M5)
O mesmo pode ser observado em relação ao profissional da Psicologia, quando as mães manifestam o receio de se exporem e serem julgadas pelas escolhas que fizeram ao longo da vida.
"Psicólogo... (risos) gosta de, de aprofundar nas coisas né?! Ir mais fundo... então eu ficava assim: nossa! Ela vai querer saber a minha vida inteira... ah! Eu achava estranho né?! Psicólogo...nunca conversei com psicólogo, então... eu morri de medo, mas depois foi super tranquilo. As pessoas falam: nossa você é muito nova e já é casada, você é muito nova pra ter filho, você é muito nova para isso, pra aquilo, aí eu falava: ah! Nem vou conversar com esses psicólogos, vou nem falar, mas foi super tranquilo". (M6)
Outro aspecto que contribui para a decisão da mulher de não participar do grupo é o entendimento de que a participação implica na obrigatoriedade de falar e compartilhar sua história.
"Tem algumas mães que fogem, não pelo fato do grupo ser ruim, mas eu acho que é pelo fato de não conseguir desabafar". (M9) "Porque as vezes as mães pensam que é obrigatório falar, aí assim, no caso... eu indicaria porque é uma forma dela entender e de querer conversar também". (M11)
Além disso, o horário de realização do grupo é apresentado pelas mães como um limitador para a participação na atividade, uma vez que ele é realizado próximo ao horário de visita de uma das UTIN's do Hospital.
"As vezes fica uma dificuldade para participar do grupo quando as vezes a gente recebe uma visita que é no horário do grupo... [...] a gente tem parente que mora longe, então a gente nunca sabe a hora que eles vão vir ou vão chegar... [...] igual hoje, teve um grupo mais cedo, eu não participei porque minha tia estava aqui no hospital". (M9)
O fato do Grupo de Reflexão acontecer em um horário que as UTIN's estão mais tranquilas, tornando possível realizar alguns cuidados como colocar os bebês em posição Canguru, é expresso pelas mães como outro limitador da participação no grupo.
"Eles [equipe assistencial] estão mais disponíveis para ajudar a gente lá [UTIN]. Igual na parte da manhã os médicos todos vão passar. Ah! não dá para fazer canguru agora porque a fisioterapeuta vai vim, daqui a pouco a fonoaudióloga, agora a médica vai avaliar, [...] e na parte da tarde chegou a hora da gente ficar, hoje mesmo eu fiquei umas três, quatro horas de canguru...[...] pelo menos até as quatro horas, até as quatro horas pra mim é mais complicado". (M1)
Entretanto, as mães cujos bebês encontram-se instáveis clinicamente e ainda não podem se envolver nas atividades de cuidado relatam que não encontram dificuldade em participar do grupo. "Eu por enquanto não, porque agora eu não posso fazer canguru porque ele [o bebê] está com o tubo e mexe nele, ele fica nervoso, a saturação cai. Ai por enquanto para mim está bom." (M3)
O Grupo de Reflexão ser realizado no Espaço de Sofias, local onde as mães permanecem durante o período de internação do bebê, é indicado por elas como algo que as deixa à vontade, uma vez que estão familiarizadas com o ambiente. "É mais à vontade, de uma certa forma é. Porque a gente está com as mesmas pessoas." (M5); "E a gente já está mais acostumada com o lugar [o Espaço de Sofias]." (M8)
Em contrapartida, há relatos que evidenciam que a circulação de mães no Espaço de Sofias, que optaram por não participar do grupo, pode contribuir para a distração daquelas que estão participando da atividade.
"Eu reparei que eu estava prestando atenção, aí a funcionária chegou acolhendo alguém, aí eu já tirei toda a minha atenção que estava prestando [...] aí já tinha alguém no banheiro, aí eu já fiquei ouvindo a pessoa no banheiro...[...] eu dei uma perdida [...] mas o gostoso também é estar ali [no Espaço de Sofias], onde a gente já fica". (M5)
Como sugestão de melhoria para a atividade, a inclusão de atividades no grupo, tais como a realização de dinâmicas, foi proposto pelas mães, especialmente para que favoreça a descontração e torne o grupo mais atrativo para aquelas que se encontram há mais tempo na Instituição. "Eu acho o seguinte: não precisa ser toda semana, mas incluir uma dinâmica, uma coisa que envolva todo mundo, pra gente rir um pouco, distrair um pouquinho..." (M16)
"[...] Nós que já somos mais velhas (risos), veterana aqui, aí assim, a nossa história já fica repetitiva ne?! Que a gente vai sempre... Ela [psicóloga] sempre pergunta para gente contar como que a gente está e tudo, aí tendo uma dinâmica, uma brincadeirinha simples distrai mais um pouquinho ne?!". (M2)
A utilização de um espaço fora da Instituição foi sugerida pelas mães como algo que também poderia contribuir para o grupo se tornar mais atrativo. "Assim, eu acho que o grupo poderia acontecer em outro espaço, que não fosse lá em cima [Espaço de Sofias], um lugar assim... Que tem mais vida, por exemplo, um jardim, uma pracinha..." (M11).
Discussão
O grupo é apresentado pelas participantes como um espaço de aprendizado e troca. Tomando como base a teoria dos grupos operativos de Pichon-Riviére, estes podem ser compreendidos como um instrumento de transformação da realidade, pois seus participantes, ao compartilharem objetivos comuns e interagirem entre si, constroem relações grupais e vinculadoras. As interações favorecidas pela participação no grupo proporcionam ao sujeito "referenciar-se no outro, encontrar-se com o outro, diferenciar-se do outro, opor-se a ele e, assim, transformar e ser transformado por este" (Bastos, 2010, p. 162), permitindo aprendizado através da relação.
Como uma técnica de intervenção, o grupo coloca o sujeito no centro do desenvolvimento de aprendizagem, ou seja, de forma ativa nesse processo que dará significado à sua experiência humana (Pereira, 2013). Fica evidente que a liberdade para expressar sentimentos, opiniões, trocar experiências e interagir com outras mães que vivenciam a mesma situação é o que possibilita o aprendizado, uma vez que "não pode haver transformação sem diálogo, sem interação, sem a troca, sem a palavra do outro construindo sentidos junto à minha, seja na mesma direção, seja em sentidos contraditórios, em um movimento permanente, dialético e em espiral" (Pereira, 2013, p. 27). No caso de grupos de apoio para pais com bebês internados, a facilitação por profissionais favorece a troca de experiências e a criação de laços de amizade entre eles e possibilita ressignificar a experiência vivenciada (Turner, Chur-Hansen & Winefield, 2015; Zanfolim, Cerchiari & Ganassin, 2018), assim como expressado pelas participantes desse estudo.
A análise dos dados evidência que a participação das mães no Grupo de Reflexão contribuiu para o bem-estar emocional materno e a construção de uma rede de apoio entre as mães. Estudo realizado com mães de bebês internados na UTIN e que participaram de um programa de grupo de apoio revelou que um dos aspectos determinantes da participação nos atendimentos em grupo é que, o compartilhamento de experiências colabora para que elas se sintam apoiadas emocionalmente, já que encontram pessoas na mesma condição e vivenciam as mesmas emoções (Turner et al., 2015). Pais que participaram de grupos de apoio, enquanto seus bebês estiveram internados na UTIN, recomendaram a continuidade dos grupos para ajudar outros pais que estavam passando pela mesma situação de hospitalização de seus recém-nascidos (Turner et al., 2015). A intervenção grupal foi percebida por eles como uma forma de reduzir o estresse vivenciado naquele momento, pois ao compartilharem suas experiências com outros pais sentiram-se mais relaxados (Thomson-Salo, Kusche, Kamlin & Cuzzilla, 2017). Além disso, a interação entre as mães propiciada pelos grupos de apoio contribui para lidar com a situação de internação de seus bebês na UTIN, diminuindo o estresse e ansiedade delas (Turner et al., 2015), assim como demonstrado nos achados dessa pesquisa.
As mães com bebês prematuros internados na UTIN apresentam níveis de estresse maiores que mães com bebês a termo; sendo os fatores de maior estresse a alteração do papel parental, o comportamento e a aparência do bebê prematuro (Chourasia, Surianarayanan, Adhisivam & Vishnu Bhat, 2013). Por outro lado, mães que participaram de grupos de apoio tiveram seus níveis de estresse reduzidos significativamente, quando comparados com os níveis anteriores à participação nesse tipo de atividade. (John et al., 2018). A literatura ainda indica que essa população pode desenvolver Transtorno do Estresse Pós-Traumático (TEPT) logo após o parto ou até mesmo depois de um tempo sendo, portanto, necessário que estratégias de intervenção direcionadas a minimizar o sofrimento materno sejam realizadas. (Chourasia et al., 2013; Santos, Souza, Mutti, Santos & Oliveira, 2017).
Além do estresse as mães de bebês internados na UTIN estão propensas a vivenciar sentimentos de medo, angústia e insegurança, o que pode repercutir negativamente no processo de maternagem. Em contrapartida, o apoio emocional e o aprendizado durante esse momento de internação do filho na neonatologia impulsionam a maternagem (Santos et al., 2017). Nessa pesquisa, as mães indicaram que o apoio recebido através do grupo contribuiu para elas lidarem melhor com os sentimentos experimentados, assim como o fato de conhecerem as histórias de outras mães que estavam na mesma situação as fortaleceu para o enfrentamento desse momento de crise. Portanto, pode-se dizer que enquanto o grupo favorece o bem-estar emocional da mãe, ele melhora suas condições para interagir com o filho, contribuindo para a redução do estresse e o processo positivo de maternagem.
O encontro que os grupos de apoio proporcionam, por meio da troca de experiências, dá aos pais a possibilidade de entender melhor o momento que estão passando, bem como começar a ver seus recém-nascidos de outra forma, colaborando para maior segurança deles com seus bebês, melhorando seu envolvimento com os filhos, além de descobrirem que, mesmo na UTIN, os bebês podem interagir com eles (Thomson-Salo et al., 2017).
Atividades que possibilitam a troca de experiências entre as mães que tem seus neonatos internados são indicadas também pelo Método Canguru, pois elas favorecem a permanência das mães no hospital e contribui para sua ambientação nesse espaço (Ministério da Saúde, 2018). Sendo assim, é recomendado que a equipe incentive e crie condições para os pais participarem dos grupos de apoio, ampliando as oportunidades de terem acesso a suporte e orientação profissional (Turner et al., 2015).
Nas considerações das mães sobre a dinâmica e funcionamento do Grupo de Reflexão, percebeu-se que antes de participarem da atividade elas apresentavam uma visão equivocada sobre ela. Isso pode estar relacionado à forma como é realizado o convite às mães para participarem do grupo ou mesmo um entendimento errôneo sobre o trabalho do psicólogo. Assim, estratégias de mobilização das mães informando previamente o objetivo do Grupo de Reflexão são necessárias, a fim de gerar maior adesão a esse plano de acompanhamento.
Outro ponto a ser observado diz respeito à flexibilidade na realização do Grupo de Reflexão, uma vez que a partir dos dados coletados nesse estudo, torna-se evidente que a prioridade das mães é o cuidado dos bebês internados na UTIN. Portanto, no planejamento dos grupos de apoio faz-se necessário considerar a rotina hospitalar e a disponibilidade das mães para participarem da atividade para não comprometer o seu envolvimento no cuidado do bebê. Nesse contexto destaca-se que os grupos que visam promoção de saúde devem ser planejados pelos profissionais com base nas necessidades de saúde do grupo, levando também em consideração o território onde ele irá acontecer, importante a discussão com outros profissionais. Além disso, ele deve ser avaliado constantemente, no sentido de adequação ao referencial teórico em que está embasado (Vincha, Santos & Cervato-Mancuso, 2017).
A partir do relato das mães participantes do estudo, é importante destacar a necessidade de preparo profissional para a condução do Grupo de Reflexão para que ele se torne atrativo para elas, considerando os aspectos relacionados à infraestrutura e planejamento do grupo. Esse achado tem sustentação na assertiva de Vincha et al. (2017) que consideram que o grupo operativo deve ser planejado com base na definição do referencial teórico; análise das demandas de saúde da população atendida; elaboração do objetivo do grupo; identificação da tarefa; análise de temas pertinentes; escolha de estratégias educativas; e avaliação do grupo. Sendo que, é através dos temas de discussão que os sentimentos, pensamentos e ações nos participantes irão emergir e serão mobilizados. Ressalta-se que os temas podem ser identificados antes do início do grupo, ou podem surgir no decorrer dele e, estratégias de intervenção, tais como jogos, músicas, dinâmicas, vídeos, dentre outros, podem fazer parte do trabalho (Vincha et al., 2017).
Considerações Finais
Grupos de apoio a mães que tem bebês internados em Unidades de Terapia Intensiva Neonatais tem se mostrado eficazes no que diz respeito ao fortalecimento pessoal para enfrentar este momento da vida onde medos, incertezas e inseguranças estão fortemente evidentes, fazendo parte do cotidiano dessas mães.
O presente estudo corrobora com esses achados, uma vez que, o Grupo de Reflexão, realizado no Hospital Sofia Feldman com mães de bebês internados em UTIN, pode ser considerado uma estratégia de acompanhamento para essas mães, uma vez que contribui para a redução do estresse, por encontrarem um espaço de acolhimento e escuta, aprendizado, por ouvirem histórias de outras mães e tirarem dúvidas, e ressignificação da situação vivenciada, através da ampliação do próprio olhar sobre sua condição atual. Esses resultados são alcançados a partir da troca que o grupo propicia, além da identificação com outras mães que, por estarem na mesma condição, passam pelos mesmos sentimentos e dificuldades. Isso gera então fortalecimento pessoal dessas mães para o enfrentamento do momento de crise que está sendo vivido.
Os limites para a participação das mães nos grupos indicam a necessidade de avaliação contínua da atividade por parte dos profissionais que o dirige, buscando adequar o planejamento e a condução dos grupos para eles serem orientados para as necessidades das mães durante o período de internação do bebê na UTIN.
Portanto, a partir da constante avaliação e aprimoramento dos grupos de apoio, estes são indicados como parte do trabalho realizado em instituições que recebem mães de bebês hospitalizados, possibilitando assim um cuidado que contemple, além dos aspectos biológicos, os sociais e emocionais.
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Jessica Rodrigues Neves - Psicóloga (UFMG), especialista em Neonatologia pelo Programa de Residência Multiprofissional em Neonatologia do Hospital Sofia Feldman, atuante na área da Perinatalidade.
Erika da Silva Dittz - Terapeuta Ocupacional, Pós-doutorado em Ciências da Reabilitação pela Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG, coordenadora do Programa de Residência Multiprofissional em Neonatologia do Hospital Sofia Feldman.