EDITORIAL

Sustentando sua linha editorial, baseada na abertura à pluralidade teórica e à diversidade das práticas "psi", em interlocução com outros campos do saber, este número de Psicologia em Revista agrupa artigos que recobrem conjuntos temáticos de vivo interesse e atualidade.

O primeiro texto, de Delphine Moreau, discute a questão do internamento forçado, em hospitais franceses, de pacientes psiquiátricos. O tema do confinamento é também abordado por Mhyrna Boechat e Virgínia Kastrupo, no contexto do sistema prisional brasileiro, por uma original experiência (uma oficina de leitura) junto a internos de uma prisão no Rio de Janeiro.

Seguem-se quatro estudos centrados, sob ângulos distintos, na questão da sexualidade. Maria de Fátima Alberto e colaboradores pesquisaram a percepção de adultos a respeito da exploração sexual comercial de crianças e adolescentes. Janaína Fröner e Vera Ramires discutem a escuta de crianças que sofreram abuso sexual intrafamiliar, na ótica de profissionais da saúde e operadores do Direito. Nesse mesmo rumo, Maria Cristina Amazonas e colaboradores analisam a relação entre mães e filhas após a descoberta e denúncia do abuso sexual incestuoso sofrido pela criança. André Santos e Sheyla Fernandes buscam identificar, junto a sujeitos de orientação sexual homoafetiva, as formas de enfrentamento da discriminação.

Na área da educação escolar, Natália Dias e Cássia Bighetti investigaram as habilidades metafonológicas e o desenvolvimento de leitura em estudantes do ensino fundamental, enquanto Neyfsom Matias discute a implantação da educação escolar em tempo integral, no Brasil, na qual as atividades extracurriculares, esportivas, artísticas e culturais têm um lugar privilegiado.

Seguem-se dois estudos baseados na teoria psicanalítica. No primeiro, Antônio M. Teixeira aborda questões teóricas em torno da violência da representação; no segundo, Henrique Carneiro e Paula Pinto apresentam uma experiência realizada no curso de Psicopatologia Psicanalítica da Universidade de Fortaleza.

Os dois artigos finais referem-se, por meio de abordagens distintas, ao mundo do trabalho. De um lado, Igor Menezes e Antonio Virgílio discutem as bases sociológicas, antropológicas e psicológicas do comprometimento organizacional. De outro, Leny Sato relata experiências de campo, nas quais as relações entre o trabalho e a construção da subjetividade se entrelaçam ao sofrimento e a estratégias de resistência dos trabalhadores.

Julgamos que, ao abordar temas tão significativos e atuais, articulados em suas dimensões psíquicas, sociais e institucionais, Psicologia em Revista está, mais uma vez, oferecendo a seus leitores um rico material de discussão e de pesquisa.

A Comissão Editorial