EDITORIAL

Caro leitor,

A produção científica encontra-se, necessariamente, vinculada à história, ou seja, toda ciência expressa problemas de sua época. Não poderia ser diferente com as Ciências Psicológicas. Assim, este número de Psicologia em Revista atualiza e confirma o engajamento histórico dos pesquisadores/autores.

O primeiro artigo, de Carlos Drawin, trabalha a categoria de subjetividade e revela a importância fundamental dessa noção para as Ciências Humanas e, especialmente, para a Psicologia. Na mesma trilha da reflexão teórica, apresentamos o texto Oswaldo França Neto, que busca compreender a função subversiva da noção de verdade em psicanálise. Leônia Teixeira e Jacqueline Moreira, também com base em uma reflexão no interior da teoria psicanalítica, visam a compreender o problema da alteridade no mito freudiano de Totem e Tabu. A psicanálise é a teoria de referência dos dois artigos seguintes, que pensam temas da clínica e analisa produções artísticas. O artigo de Eduardo Sullivan trabalha o complexo tema das crianças como objeto de gozo fálico do Outro. Gustavo Mano e Amadeu Weinmann localizam no filme o “Clube da Luta” a possibilidade de pensar a adolescência como um dos traços mais proeminentes dos modos de subjetivação contemporâneos.

Fundamentos na metodologia de pesquisa quantitativa, Rita Barros e José António Moreira trabalham o autoconceito global em estudantes do ensino superior em Portugal. O tema da dificuldade de aprendizagem é o objeto de estudo de Adriane Cenci e Fabiane Costas. As autoras, com base em Feuerstein e Vygotsky, estudam as dificuldades de aprendizagem em irmãos gêmeos. Daniela Giorgenon e Lucília Maria Sousa Romão, seguindo o aporte teórico da análise de discurso francesa, buscam desvelar o autoritário no discurso pedagógico.

Com base em dois casos clínicos, Maurício Neubern busca transcender dicotomias comuns no pensamento psicológico (como mente-corpo, indivíduo-social, real-imaginário), chegando a uma noção complexa dessa experiência. O artigo de Karla Rafaela Haack e Denise Falcke reflete sobre um tema atual, que é a infidelidade em relacionamentos amorosos mediados e não mediados pela Internet.

E, por fim, este número tem a honra de publicar o discurso do professor Patrus Ananias de Sousa proferido no evento comemorativo do centenário do professor Edgar da Mata-Machado.

A diversidade metodológica e teórica deste número convida o leitor para ampliar seus horizontes discursivos.

Boa leitura,

A Comissão Editorial.