EDITORIAL

Prezados leitores,

Este número de Psicologia em Revista é composto por treze artigos, que retratam a diversidade das pesquisas realizadas no campo da Psicologia. O primeiro, Comportamento alimentar em adolescentes de Juiz de Fora, de autoria de Leonardo de Sousa Fortes, Maria Elisa Caputo Ferreira e Ana Carolina Soares Amaral, trata do comportamento alimentar dos adolescentes, questão que, na atualidade, tem preocupado profissionais de saúde, pais e educadores. O estruturalismo dialético, psicanálise e o nascimento da psicoterapia de grupo, produzido por Enidio Ilario e Antonios Terzis, apresenta as matrizes conceituais da abordagem grupal, localizadas especialmente na teoria psicanalítica freudiana, no idealismo alemão, no pragmatismo americano e no estruturalismo. Os autores ressaltam as articulações entre as noções de alteridade e de grupalidade. O terceiro artigo, Relato de experiência: a atuação do psicólogo no CRAS e sua contribuição para o fortalecimento dos direitos sociais, escrito por Nívia Lúcia de Andrade Oliveira, Marília Noronha Costa do Nascimento, Rafaella Lopes Araújo e Ilana Lemos de Paiva, discute, com base na perspectiva da Psicologia comunitária, a inclusão dos psicólogos nas políticas públicas de assistência social, por meio da atuação no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS). O artigo seguinte, apresentado por Daniele Rodrigues Souza Carmona e Cássia Beatriz Batista, que se intitula Cenários de aprendizagem e noções de saúde: a percepção dos estudantes de Psicologia sobre sua formação, é o resultado da pesquisa realizada com estudantes de Psicologia de uma universidade privada de Belo Horizonte, sobre as concepções de saúde e a formação profissional, além da compreensão do conceito de saúde preconizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Os participantes da pesquisa apontaram que a temática da saúde está mais fortemente associada no curso de Psicologia à "saúde mental" e a "saúde e trabalho". As pesquisadoras perceberam que a inclusão no Pró-Saúde no curso de formação de psicólogos tem aberto perspectivas inovadoras de aprendizagem. O próximo artigo, Exploração sexual comercial de crianças e adolescentes: a vivência subjetiva do corpo, escrito por Ana Cristina Serafim da Silva e Maria de Fátima Pereira Alberto, discute a exploração sexual comercial de adolescentes em João Pessoa-PB, na perspectiva das próprias adolescentes, que foram entrevistadas pelas pesquisadoras, puderam expor suas vivências subjetivas e os sentidos construídos para as suas experiências. Intoxicação infantil por chumbo: uma questão de saúde e de políticas públicas é o artigo de autoria de Denise Dascanio, Zilda Aparecida Pereira Del Prette, Olga Maria Piazentin Rolim Rodrigues e Almir Del Prette. Nele, os pesquisadores apresentam os resultados da pesquisa que relaciona o aumento dos níveis de plumbemia em crianças com as alterações neurocomportamentais e os déficits no desenvolvimento psicológico de linguagem e cognição, além da hiperatividade. Os autores enfatizam a relevância do estudo para as políticas públicas e para a formação do psicólogo tendo em vista a atuação desse profissional junto a esse público específico. O sétimo artigo, (Re)Criação do olhar: oficinas estéticas com crianças com deficiência visual, escrito por Laura Kemp, Andréa Vieira Zanella e Adriano Henrique Nuernberg, apresenta a perspectiva dialógica do ato de pesquisar adotada pelos autores, que buscam conhecer os modos de apreensão estética de crianças com deficiência visual, por meio da interação com estas. Jáder Ferreira Leite, Lúcia de Fátima Carvalho, Magda Dimenstein, Ana Karenina Arraes Amorim, Rafaele dos Anjos Paiva e Andressa Rêgo, no artigo Produção de sentidos sobre os serviços de saúde: estudo com homens da cidade de Natal-RN, discutem os sentidos produzidos por homens usuários sobre serviços de atenção primária em saúde da cidade de Natal-RN. Os sujeitos da pesquisa avaliam que o serviço a eles prestado apresenta pouca resolutividade e é considerado por eles como ineficaz. Os autores concluem que é necessário que se busque conhecer, de forma mais aprofundada, valendo-se da perspectiva das teorias de gênero, as demandas específicas de saúde dos homens, de modo a aprimorar o serviço destinado a esse público. Memórias sociais e a construção da identidade em territórios negros, de Gilmara Santos Mariosa, discute os atravessamentos das narrativas intergeracionais, dos relatos das vivências e memórias dos antepassados dos negros, as práticas religiosas de matriz africana no processo de construção identitária da população negra. A autora também considera as influências do preconceito e da discriminação dirigidos à população negra como elementos que também interferem e marcam a construção identitária da população negra. Gênero e formação em Psicologia: sentidos atribuídos por estudantes à saúde do homem, de autoria de Alberto Mesaque Martins, Flávia Lemos Abade e Maria Lúcia Miranda Afonso, é o resultado de uma pesquisa qualitativa desenvolvida por meio de um grupo focal com graduandos em Psicologia de uma instituição privada, sobre os sentidos atribuídos para a relação entre saúde e gênero, especialmente no que se refere aos aspectos relacionados à saúde dos homens. Atividade de trabalho e relações de poder: uma intervenção organizacional numa empresa do ramo da aviação tem como autores Márcia Pereira Inácio Soares e José Newton Garcia de Araújo. O artigo relata e discute uma intervenção organizacional, realizada na perspectiva da Clínica da Atividade e da Psicossociologia, em uma empresa terceirizada do ramo da aviação civil. Psicanálise aplicada à terapêutica em clínicas universitárias e a experiência do Centro Psicanalítico de Consulta e Tratamento de Minas Gerais foi elaborado por Lúcia Grossi dos Santos e Ilka Franco Ferrari, com base em pesquisa de pós-doutorado desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, no ano de 2014, sobre a psicanálise aplicada no contexto das clínicas universitárias localizadas em duas universidades privadas da cidade de Belo Horizonte. Produtividade acadêmica e modulações no trabalho do pesquisador em Psicologia, de autoria de João Henrique de Sousa Santos e Luciana Kind, apresenta a análise dos dados coletados nos currículos de pesquisadores da área da Psicologia, disponíveis na Plataforma Lattes, com o objetivo de investigar o cenário de produtividade acadêmica realizada pelo pesquisador com bolsa de produtividade em pesquisa disponibilizada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Os autores concluíram que cultura da produtividade acadêmica se encontra permeada pela lógica produtivista.

Além dos artigos, esse número de Psicologia em Revista apresenta também a resenha do livro de autoria de Tania Coelho dos Santos e Rosa Guedes Lopes. Elaborada por Flávia Lana Garcia de Oliveira, a resenha destaca a qualidade do livro Psicanálise: ciência e discurso, indicado, em 2014, na categoria Psicologia e Psicanálise do Prêmio Jabuti. As autoras do livro discutem o tema do desejo do analista, por meio axiomas lacanianos que ligam a psicanálise à ciência moderna.

Finalizando este número de Psicologia em Revista, foi publicado, na Seção Aberta, o manifesto de Andréa Máris Campos Guerra, Contra o reducionismo na redução da maioridade penal, no qual a autora adverte que reduzir a maioridade penal atinge frontalmente os direitos dos jovens. Ao atingir os jovens, o futuro de toda a sociedade corre risco, uma vez que estes, em sua complexidade, não podem ser abandonados à própria sorte. Os jovens devem ser reconhecidos como sujeitos de direitos e sujeitos políticos.

Neste número, os artigos contemplam temas cruciais, tais como a formação dos psicólogos, questões relacionadas às políticas públicas de saúde e de assistência social, crianças, adolescentes e jovens; além de temas ligados ao trabalho em diferentes campos, como o da aviação e da própria atividade do pesquisador. Cabe ressaltar também a pluralidade de aportes teóricos e metodológicos que guiaram as pesquisas apresentadas.

Desejamos a todos uma boa leitura.

A Comissão Editorial