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Psicologia em Revista
versão impressa ISSN 1677-1168
Psicol. rev. (Belo Horizonte) vol.27 no.1 Belo Horizonte jan./abr. 2021
https://doi.org/10.5752/P.1678-9563.2021v27n1p245-264
ARTIGOS
DOI - 10.5752/P.1678-9563.2021v27n1p245-264
Comunicação a distância na psicanálise, ontem e hoje: uma revisão narrativa
Remote communication in psychoanalysis, previous and present: a narrative review
Comunicación a distancia en el psicoanálisis ayer y hoy: una revisión narrativa
Felipe de Souza Barbeiro*; Maria Elizabeth Barreto Tavares dos Reis**
Resumo
Com o advento tecnológico, as formas de comunicação se modificaram, incluindo o contexto da clínica psicanalítica. Se hoje é possível o contato via aplicativos digitais, como o WhatsApp e o Skype, anteriormente, psicanalistas como Freud, Bion, Klein, Lacan e Dolto se comunicavam por cartas e programas de rádio. Muitos aspectos teórico-metodológicos da psicanálise se desenvolveram permeados pelas correspondências entre os profissionais. Toda escrita é virtual e, a partir dela, verifica-se tanto o progresso dos conceitos psicanalíticos como a pessoalidade dos autores. Este estudo consiste em uma revisão narrativa, com o objetivo de descrever as formas de comunicação a distância utilizadas por psicanalistas ontem e hoje. Pôde-se compreender que os modos de comunicação se alteraram conforme as tecnologias disponíveis a cada época, fato importante para se refletir acerca da subjetividade dos indivíduos e seu reflexo na clínica psicanalítica.
Palavras-chave: Cartas. Psicanálise. Tecnologias de informação e comunicação.
Abstract
With the onset of technology, modes of communication have changed, and the context of psychoanalytic clinic is no exception. If nowadays it is possible to keep in touch via digital platforms like WhatsApp and Skype, at an earlier time, psychoanalysts such as Freud, Bion, Klein, Lacan and Dolto communicated with each other by writing and radio. Letters permeated the development of several theoretical-methodological aspects of psychoanalysis among the practitioners. Since all writing is virtual, we verify both the progress of psychoanalytical concepts and the personality of the authors. The present study comprises a narrative review, which aim is to describe the means of remote communication used by psychoanalysts in the past and nowadays. One can infer that the modes of communication have changed according to the technologies available each given time, an important fact to ponder on the subjectivity of individuals and their reflection in the psychoanalytic clinic.
Keywords:Letters. Psychoanalysis. Information and communication technologies.
Resumen
Con el advenimiento de la tecnología, las formas de comunicación se modificaron, incluido el contexto de la clínica psicoanalítica. Si el contacto ahora es posible a través de aplicaciones digitales como WhatsApp y Skype, anteriormente psicoanalistas como Freud, Bion, Klein, Lacan y Dolto se comunicaban a través de cartas y programas de radio. Muchos aspectos teórico-metodológicos del psicoanálisis se desarrollaron permeados por correspondencias entre sus profesionales. Toda escritura es virtual y, a partir de ella, se verifica tanto el progreso de los conceptos psicoanalíticos como la individualidad de los autores. El presente estudio consiste en una revisión narrativa, con el objetivo de describir las formas de comunicación a distancia utilizadas por los psicoanalistas ayer y hoy. Se pudo comprender que los modos de comunicación cambiaron de acuerdo con las tecnologías disponibles en cada época, un hecho importante para reflexionar sobre la subjetividad de los individuos y su reflejo sobre la clínica psicoanalítica.
Palabras clave: Cartas. Psicoanálisis. Tecnologías de la información y la comunicación.
1. INTRODUÇÃO
tualmente, os aparatos tecnológicos permitem uma comunicação entre psicanalistas e seus pacientes por meio de chamadas de vídeo, e-mails, telefonemas e aplicativos, como o WhatsApp e o Skype (Barbosa et al., 2013; Nóbrega, 2015). Pierre Lévy (1996) conceitua o virtual como algo que existe em potência, que não é estático. Portanto não se trata do oposto do real, mas sim uma continuação dele. Segundo o autor, a virtualização apropria-se de um significado gerado, pois extinguem-se o aqui e o agora, ou seja, tempo e espaço são desprendidos. Se hoje é possível o trabalho analítico virtual por meio das tecnologias, anteriormente, o criador da psicanálise e seus sucessores utilizavam a correspondência via cartas para desenvolver a teoria, supervisões e análises de casos.
Este estudo faz parte de uma pesquisa mais ampla, realizada em uma universidade brasileira, e tem por objetivo descrever as formas de comunicação a distância utilizadas por psicanalistas ontem e hoje. Trata-se de uma revisão narrativa que, segundo Rother (2007), descreve a análise qualitativa de determinado assunto, pesquisado propositalmente. Portanto permite que haja algum viés por parte do pesquisador.
Com base na literatura pesquisada em livros e artigos científicos, realizou-se uma análise contemplando três perspectivas: comunicação através de cartas, estabelecida entre psicanalistas clássicos, ressaltando aspectos pessoais ou de cunho informativo; atendimentos e supervisões a distância, ontem e hoje; por fim, como tem sido percebida a comunicação a distância atualmente.
1.1. COMUNICAÇÃO POR CARTAS
Freud foi um grande escritor de cartas. Estima-se que deva ter escrito por volta de 20 mil delas ao longo de sua vida (Roazen, 1996). Freud (1925/1996)1 disse que, da mesma forma que tecnologias como óculos e câmeras auxiliam as funções sensoriais humanas, a escrita é a maneira que ele encontrou para deixar registradas suas ideias, deslocando seus traços mnêmicos para o papel.
Como conta Perestrello (1992), a escrita freudiana, como ato criativo, transmitia seu desejo de viver. A autora afirma que, somente para a família, Freud escreveu 2.500 cartas, além de correspondências com amigos e discípulos, como Karl Abraham, Oskar Pfister, Lou Andreas-Salomé, Arnold Zweig, Ludwig Biswanger e Wilhelm Fliess. Com o último, afirma que manteve diálogos muito íntimos, tendo escritas bastante afetuosas, outras formais, em que discutiam a psicanálise. Em algumas, é possível perceber a personalidade de Freud, como em uma carta de 21 de maio de 1894, na qual confessa usar a escrita como um alter ego (Masson, 1986). Para Sándor Ferenczi, há mais de 2.000 cartas. Como não deixava ninguém sem resposta, os brasileiros Durval Marcondes, Arthur Ramos, Porto-Carrero, Karl Weissmann e Gastão Pereira da Silva também receberam cartas de Freud (Perestrello, 1992).
Extremamente produtivo, Freud já escrevia cartas bem antes de apresentar-se como um escritor de livros, pelos quais divulgou seus pensamentos e pesquisas. Assim, Andrade (2005) o defende como, primeiramente, um fundador de discursividade, respondendo, em pouco tempo, a todas as cartas que recebia, fossem de qualquer pessoa. O autor afirma que elas eram como diários destinados a um outro imaginário, servindo como maneira de o escritor lembrar-se de si mesmo pela liberdade de escrever.
Freud (1908/1996) compara a arte com suas investigações teórico-clínicas. Para ele, todos somos intimamente poetas, possibilitando que a repulsa ocasionada pelas fantasias cause prazer quando transformadas em arte. Entende que o escrito permite a quem lê a vivência do que é proibido na realidade, disfarçando os devaneios pessoais e liberando um prazer oriundo de fontes mais profundas do psiquismo. Assim, é uma produção despertada por uma situação do presente que possibilita a rememoração de uma lembrança infantil.
Pelas cartas de Freud, percebe-se que a escrita constituía um suporte de seus trabalhos e descobertas, tendo ela como artifício para refinar os detalhes de suas ideias. A importância dela pode ser observada quando cartas esquecidas por Freud foram encontradas e publicadas após anos, favorecendo a análise da trajetória das palavras nelas contidas. Dessa forma, pode-se perceber uma exposição de sua intimidade (Andrade, 2005).
Essa hibridização entre o privado e o público foi sublinhada por Vidal (2010), ao destacar o vocativo usado por Freud para Wilhelm Fliess, com quem se comunicou por cartas entre 1887 e 1902, que assinava seus rascunhos por: "Do teu Sigm. Freud". Tal fusão entre o privado e o público é uma característica da virtualização, conforme compreensão de Lévy (1996). Vidal (2010) afirma ainda que a pessoalidade de Freud é revelada por sua escrita, servindo como preparação para futuros artigos, visto que, mesmo que sejam revisados por terceiros, éimplícita a elaboração da intimidade de quem escreve e sobre quem observou, no caso, os pacientes atendidos por ele. Com isso, apreende-se que a comunicação via cartas era uma forma de supervisão a distância de seus casos clínicos.
Segundo Valli (2015), a troca de cartas entre Freud e Fliess pode ser considerada como uma primeira situação de supervisão, porque permitiu uma introdução inconsciente que engenhou um saber que antes não era sabido, sustentado pela relação transferencial. Esta, característica de uma supervisão psicanalítica como hoje é conhecida, avançou até que Carl Gustav Jung, iniciante analista, recorresse a Freud para que o ajudasse nos aspectos transferenciais e contratransferenciais de um caso clínico que atendia. Surge, assim, ainda segundo a autora, a primeira demanda por uma supervisão, na qual Freud se posiciona apontando a falta de domínio de Jung sobre a transferência erótica dirigida a ele pela paciente em questão.
A escrita freudiana como suporte para seu trabalho e para sua vida pessoal évista, principalmente, em suas correspondências com Fliess. As cartas permitiram dar forma ao pensamento de Freud, visto que a escrita de seus pensamentos tornaram-se evidências para ele. Vidal (2010) chama o receptor delas de um outro virtual (p. 469) que, por abstê-lo de qualquer julgamento que poderia ocorrer em uma conversa presencial, facilitava a livre condução das ideias, podendo repensá-las e refiná-las.
Por meio da comunicação por cartas, Freud proferiu sua autoanálise, termo considerado por Andrade (2005) como provocante, pois teve consequências importantes. Ao mesmo tempo em que levanta o questionamento de não ter havido uma análise anterior à autoanálise de Freud, explica que podem ser percebidas as perspectivas de "superfície e profundidade, em ampliação e condensação, em palavra e imagem, falar e escutar, em ler e escrever" (Andrade, 2005, p. 35), tendo a escrita como um suporte para esse desenvolvimento.
A popularização da psicanálise, segundo Vidal (2010), deu-se com a publicação da obra A interpretação dos sonhos, na qual Freud (1900/1996) percebe que o processo de escrever está relacionado à subjetivação do indivíduo, reconhecendo, em suas próprias palavras, questões referentes à sua autoanálise. Além disso, ressalta as anotações dos acompanhamentos dos casos que atendia, com impressões acerca de seus pacientes e relatos de sonhos que eram endereçadas a Fliess. Essa comunicação a distância serviu como base para a invenção da psicanálise e, principalmente, para o desenvolvimento do psicanalista, pois o próprio Freud teve de se deslocar para uma posição até então inexistente: o lugar do analista.
Freud também trocou correspondências com o pastor suíço Oskar Pfister, entre 1909 e 1939, como contam Franco e Wondracek (2007). Somente uma parte dessas correspondências está disponível, graças à filha de Freud, Anna Freud, que preservou e divulgou o material. Pfister pediu cuidado em omitir qualquer informação que pudesse constranger alguma pessoa viva. Outra parte se perdeu durante a mudança para a Inglaterra e, também, porque Freud pediu a Pfister que destruísse algumas.
Essas cartas permitem, segundo Franco e Wondracek (2007), perceber as pessoalidades de Freud e Pfister, que compartilharam diversos assuntos, como religião e casos que atendiam em diálogos intimamente amigáveis. É pela correspondência entre os dois que se encontra um caso pouco conhecido da clínica freudiana, pois, segundo os autores, conforme Freud envelhecia, sua escrita se distanciava da prática clínica. Destaca-se a peculiaridade de um caso, pois o material tem referências incompletas e exige um raciocínio do leitor para responder-lhe. O paciente AB era atendido por Pfister na Suíça, mas como este se mudaria para Viena, foi encaminhado para Freud, em 1924, que relutou em atendê-lo, mas, por insistência do amigo, em 1925, aceitou recebê-lo em seu consultório. Os autores consideram a relutância inicial de Freud como um exemplo de seu lado afetivo como analista, da ordem de sua contratransferência e de sua identificação, pois ter aceitado posteriormente atender ao caso se refere ao relacionamento entre ele e Pfister. Já mais preocupado com sua própria saúde, Freud, ainda em 1925, escreveu aos pais do paciente, apresentando seus motivos para não continuar, pois o tratamento seria longo e poderia não durar até seu fim. Além disso, temia que o início da análise diminuísse as defesas do paciente e evoluísse para uma defesa paranoide. Dessa forma, se o paciente entrasse em surto grave ou se tivesse de ser abandonado em razão da doença ou até mesmo da morte de Freud, os pais estariam avisados (Franco, & Wondracek, 2007).
Sobre esse atendimento, Freud escreveu que o caso fora singular em sua experiência, pois percebia que o paciente, na fronteira de uma demência paranoide, mostrava-se meigo e disponível ante qualquer possibilidade de interrupção do tratamento, situação a que Freud estava relutando para não acontecer (Franco, & Wondracek, 2007). Os autores questionam esse escrito de Freud sobre as características da problemática de AB que estariam movimentando de tal forma as motivações internas do psicanalista.
Freud (1933/1996) também trocou correspondências com um dos mais conhecidos pensadores do século XX: Albert Einstein. O Comitê Permanente para a Literatura e as Artes da Liga das Nações incentivou a troca de cartas entre intelectuais da época acerca de assuntos de preocupação internacional. Foi Einstein que escolhera Freud para dialogar sobre como proteger a humanidade da guerra. O psicanalista explicou, então, que a violência era uma condição comum em conflitos de socialização dos seres humanos, compostos psiquicamente por suas forças instintuais: as pulsões de vida e as pulsões de morte, que jamais operavam isoladamente uma da outra. Freud (1933) conclui que, apesar do instinto destrutivo, a cultura da sociedade desviaria seus instintos agressivos de forma contrária à guerra.
Como visto, as cartas escritas por Freud permitiram observar o desenvolvimento da teoria psicanalítica, o surgimento de novos conceitos (Vidal, 2010) e também suas vivências emocionais percebidas pela autoanálise partilhada com Fliess, bem como o fim da amizade entre os dois (Andrade, 2005). A correspondência de Freud também serviu para discussão de casos e desenvolvimento da prática clínica psicanalítica (Franco, & Wondracek, 2007).
Outra comunicação a distância é sublinhada pelo psicanalista Wilfred Bion, que também amadureceu sua teoria a partir da correspondência por cartas. Como contam Vonofakos e Hinshelwood (2012), Bion escreveu diversas cartas à esposa e ao então ex-analista. Várias ideias do autor foram desenvolvidas enquanto escrevia cartas de amor, e Sayers (2012) afirma que muito de sua teoria é expressa por elas. Percebe-se como Bion fez uso da escrita como facilitadora de insights e, assim, formulou sua teoria.
Da mesma forma, Melanie Klein interagiu a distância com o escritor e pintor Adrian Stokes, que foi atendido por ela quando chegou a Londres. Trocaram cartas ao longo de vários anos, não somente a respeito de assuntos psicanalíticos, mas também pessoais (Sayers, 2012). Como conta Quinodoz (2009), a comunicação de temas científicos junto à pessoalidade de quem escreve também é expressa ao longo das 91 páginas das 45 cartas trocadas entre Klein e a psicanalista Marcelle Spira. O autor ressalta que a leitura das cartas é como um autorretrato escrito por Klein, considerando esse fato como o mais importante elemento que se tem dessas correspondências.
Cabe a Winnicott mais um exemplo da tênue fronteira entre o público e o privado, pois foi por meio de cartas que ele revisou e discutiu sua teoria. Segundo Loparic (1995), Winnicott era cuidadoso em seus desacordos a respeito da psicanálise tradicional, a qual considerava ortodoxa. Hirchzon (2010), motivada por um conjunto de curiosidade e voyeurismo, como a própria autora explica, examinou as cartas de Winnicott, percebendo nelas a coerência entre sua teoria e o indivíduo que se mostrava tão presente em suas obras.
Do mesmo modo, houve troca de cartas entre Winnicott e outro grande pensador da psicanálise, Jacques Lacan, que, segundo Costa (2008), propôs que a letra, diferentemente da já citada proposição freudiana, necessitaria de um percurso de elaboração inconsciente do material expresso na escrita. É a partir desse caminho que se produz e se compreende o conteúdo comunicado a partir da letra. A autora ainda explica que, enquanto Freud relacionava a escrita com a fantasia, Lacan a compreendia como a inscrição do sujeito na linguagem, ou seja, a letra seria associada ao significante como produção desse sujeito.
Em carta de 11 de fevereiro de 1960, Winnicott dirigiu-se a Lacan para agradecê-lo por ter publicado uma tradução muito atenciosa para o francês de seu estudo sobre objetos transicionais. Em tom de intimidade, em parágrafo único, Winnicott corrigiu Lacan: "A propósito, meu nome termina com dois 'tt', mas esse tipo de coisa não me incomoda" (Winnicott, 2005, p. 469) e, depois, o agradeceu pelo jantar oferecido. Lacan respondeu a Winnicott, em 5 de agosto de 1960, justificando sua ausência devido ao período de férias. A seguir, desculpou-se pelo equívoco do nome de Winnicott, enaltecendo-o, não somente como uma referência textual, mas como um nome honrado no sumário de sua autoria. Ao não ter constatado o erro, Lacan se explicou: "O ridículo afeta todos nós; não o tome como uma ofensa" (Lacan, 2005, p. 471). Lacan também concedeu a Winnicott uma das maiores descobertas da psicanálise: o objeto transicional, entendido por Lacan como uma discriminação entre desejo e necessidade.
Graña (2012) analisa a conversa a distância entre Winnicott e Lacan, identificando formações reativas e ironias em suas escritas, devido a desentendimentos decorrentes dos diferentes pensamentos sobre a psicanálise da época. Mesmo assim, reconhece que Lacan se interessou pelos escritos winnicottianos quanto ao objeto transicional. O francês considerou esse conceito um dos mais importantes do período pós-freudiano, servindo como inspiração para a criação inicial de sua formulação do objeto a. Ao analisar a troca de correspondência através das duas únicas cartas que se tem conhecimento, Graña (2012) considera que a carta de Winnicott comoveu Lacan, ao se atribuir a demora de seis meses para responder-lhe, julgando incoerente sua explicação. O autor supõe, ainda, que foi exagerado o pedido de desculpas de Lacan quanto à grafia errada do nome de Winnicott, por utilizar os substantivos "ridículo" e "ofensa". De todo modo, as cartas demonstram as emoções dos psicanalistas, que podem ser percebidas pela leitura das correspondências.
Assim, corrobora-se a ideia de que a vida de psicanalistas pioneiros e seus achados científicos estão em relação direta com seus escritos. Foi possível constatar que a comunicação a distância já era realizada por meio dos instrumentos disponíveis àquelaépoca. As cartas permitiram não somente o desenvolvimento das teorias, como também da técnica de suas práticas, tendo em vista as comunicações, supervisões e análises de casos. Então, retomar os textos desses autores permite uma maior compreensão das suas escritas psicanalíticas, influenciadas por acontecimentos pessoais e sociais dos profissionais mutuamente.
1.2. ATENDIMENTO A DISTÂNCIA: CASOS E SUPERVISÕES
A comunicação por cartas pelos psicanalistas não ficou restrita a amigos e pensadores, havendo na literatura alguns casos que foram atendidos ou supervisionados dessa maneira. Um dos mais conhecidos no meio psicanalítico teve o manejo mediado por interações não presenciais. Segundo Pinto e Lima (2016), o caso do "pequeno Hans" é importante para a história da psicanálise, pois, além de se tratar do primeiro caso de fantasias infantis narrado por Freud, éinovador quanto ao tratamento da criança, o qual foi realizado pelo próprio pai, que se comunicava a distância com Freud, através de cartas. Mesmo seguindo os princípios técnicos formulados por Freud sobre a interpretação do conflito edípico e da angústia de castração, a novidade era que sua análise seria feita com base na observação do pai da criança e comunicada a ele por correspondências. Nelas, Freud guiava o atendimento, apontando suas impressões e sugerindo manejos para com as fobias do menino, como as relações afetuosas da mãe com a criança e o pressionamento excessivo do pai (Freud, 1909/1996).
Essa modalidade de atendimento surgiu nos famosos encontros às quartas-feiras, que duraram cinco anos, nos quais pensadores se reuniam com Freud, incluindo o pai de Hans. Como afirmava que os conhecimentos psicológicos até então eram superficiais, Freud pediu aos colegas que observassem seus filhos e levassem suas anotações para as reuniões, a fim de comprovar suas ideias acerca da sexualidade infantil (Pinto, & Lima, 2016). Foi o primeiro encontro da história da psicanálise no qual intelectuais, tais como psiquiatras, educadores e escritores, reuniram-se com o mestre Freud para discussão e transmissão de conhecimentos que enredavam o campo psicanalítico (Valli, 2015).
A comunicação entre psicanalistas e pacientes também pode ser constatada na obra de Melanie Klein. Há poucas referências de cartas de Klein, além das que ela escreveu para a própria família (Quinodoz, 2009), mas uma das encontradas foi a carta da mãe de seu paciente Richard, de 10 anos de idade, presente na narrativa de análise daquele caso. O paciente era hipocondríaco e tinha sintomas depressivos, dificuldades que aumentaram com o início da guerra. Sua amamentação foi considerada por Klein (1994) como insatisfatória e, desde cedo, tinha gripe frequentemente. Era o mais novo de dois irmãos, e sua mãe, mesmo preocupada com suas doenças, demonstrava mais interesse pelo irmão mais velho. O relacionamento entre Richard e sua mãe era bastante difícil, mesmo este sendo afetuoso e ela o mimando. Seu pai também gostava dele, era afeiçoado ao filho, mas parecia encarregar à mãe a responsabilidade da criação de Richard. Klein (1994) citou, na 88ª sessão, uma carta da mãe do paciente enviada à psicanalista. Enquanto desenhava, Richard a viu em cima da mesa da analista e questionou o que havia escrito. Klein (1994) explicou que eram informações das atitudes que tomaria referentes à educação do menino, "de acordo com o que tinha sido combinado nas conversas anteriores" (p. 435). Após 93 sessões, Klein (1994) considerou que o resultado final foi limitado, conforme já esperava, mas ajudou o menino em seu desenvolvimento, diminuindo suas ansiedades persecutórias e melhorando sua relação com o objeto bom. A convivência com a mãe melhorou muito, e seus impulsos destrutivos puderam ser mais bem controlados pela criança, elevando sua pulsão de vida.
Outro caso conhecido no contexto psicanalítico é de uma criança analisada por Winnicott (1979), em que também houve contatos a distância por meio de cartas. Conforme relatado por Guizzo (2011), devido ao fato de sua família não residir em Londres, mesma cidade do analista, as sessões eram realizadas em intervalos de até três meses, na modalidade de atendimento a que Winnicott (1979) chamou análise "de acordo com a demanda" (p. 18). A mãe escreveu cartas a Winnicott solicitando atendimento e relatando sobre o nascimento, a vida e as preocupações da criança, que tinha insônia, sentimentos deprimidos, insegurança e ciúme decorrente do nascimento de sua irmã.Ao todo, foram citadas 44 correspondências entre Winnicott e os pais da menina, sendo a maioria da mãe, 4 de Winnicott e 2 da criança (Guizzo, 2011). Outro fato a ser ressaltado é o de Winnicott introduzir nas laterais de seus escritos anotações com suas percepções, totalizando 128 anotações laterais e comentários teóricos, que lhe renderam agradecimentos por parte da mãe da criança.As cartas serviram, nesse caso, como forma de expandir o tratamento de Gabrielle, não somente como levantamento de informações da menina e orientações aos pais. Esses foram avaliados por Winnicott como suficientemente capazes de colaborar com esse trabalho (Serralha, 2009).
1.3. COMUNICAÇÃO A DISTÂNCIA: ONTEM E HOJE
Há uma diferença entre comunicação e informação. Enquanto a primeira diz respeito a uma relação recíproca entre emissor e receptor, a segunda é entendida como a transmissão de uma mensagem. Paradoxalmente, o grande fluxo de informações não aumenta a comunicação. Se hoje as tecnologias são dirigidas a receptores mais heterogêneos, anteriormente eles eram homogêneos (Wolton, 2010). Desse modo, reconhece-se mais uma modalidade de uso de tecnologias por pioneiros da psicanálise, com o uso do rádio para divulgação e manutenção desse campo de conhecimento.
Winnicott, entre 1943 e 1962, utilizou programas de rádio com o intuito de informar, como explica Karpf (2014). Convidado pela BBC (corporação de rádio e televisão do Reino Unido), proferiu mais de 50 conversas sobre diversos assuntos, principalmente temas referentes aos cuidados dos pais com a criança. Muitas dessas falas foram transcritas e publicadas e, tempos depois, compuseram um de seus volumes escritos mais vendidos: A criança e seu mundo (Winnicott, 2015). Essas transcrições são consideradas pela autora como o "coração" da obra winnicottiana (Karpf, 2014, p. 82).
Outra comunicação a distância via rádio foi realizada pela psicanalista Françoise Dolto, que participou de um programa de rádio francês no qual recebia e respondia a cartas tanto de pais como de crianças (Kupfer, 2006). Ao refletir sobre as questões enviadas por correspondência a Dolto, Vallim (2016) observa a função da escrita de cartas como comunicação e transmissão da linguagem, além de ser perceptível a expressão do mundo interno da psicanalista. Essa forma de comunicação, para o autor, é constituída pela intercepção do desejo de se comunicar de quem as escrevia e o trabalho de colocá-lo em palavras.
Como visto até agora, desde os primórdios da psicanálise, profissionais utilizavam a escrita e as tecnologias disponíveis àépoca não somente para o desenvolvimento da ciência, mas também para se comunicarem entre si e com pacientes, como forma de supervisão de casos e também como análise a distância. A escrita varia conforme o desenvolvimento da tecnologia juntamente com a cultura, resultado do processo social de interação entre os sujeitos e o meio em que vivem, como afirmam Giraldo, Ríos e Cardona (2018). Os autores contam que, atualmente, na Era Tecnológica, o escrever se inseriu no ambiente digital. Nóbrega (2015) destaca que, seja pelo telefone ou pelo ciberespaço, a comunicação se transforma simbolicamente em um setting virtual.
Aproveitando a tecnologia disponível na atualidade, Gavião et al. (2011) contam que, devido à dificuldade de psicanalistas comparecerem fisicamente em seminários na cidade de São Paulo, a solução encontrada foi experimentar a maioria dos encontros por troca de mensagens virtuais, proposta comparada pelos autores com as correspondências de Freud a Fliess, pelas quais foi possível a conversa sobre temas psicanalíticos sem a presença física deles. Esse setting virtual, afirmam, auxiliou a comunicação entre os psicanalistas, e temas referentes ao contexto da clínica psicanalítica contemporânea puderam ser debatidos, tais como o real e o virtual, e a presença e a ausência (Gavião et al., 2011). Mesmo gerando alguns desconfortos decorrentes da ausência do contato sensorial, os autores questionam se a novidade não é uma possibilidade de refletir a função analítica, priorizando o plano subjetivo sobre o mundo externo.
Alguns psicanalistas compreendem que o uso do telefone já foi uma boa estratégia para algumas sessões específicas, como em casos de viagens ou acidentes que impedissem o contato presencial (Zimerman, 2007). O autor justifica que a utilização do aparelho indica que a psicanálise acompanha as circunstâncias da atualidade, que segue o avanço tecnológico. O telefone pode não ser a primeira opção de tratamento, mas pode ser uma alternativa para as circunstâncias do cotidiano, como distâncias geográficas, impedimentos devido à saúde do indivíduo ou dificuldades de deslocamento. É o que defende Montagna (2015), ao dizer que o emprego do telefone em atendimentos psicanalíticos é mencionado na literatura há mais de 60 anos. O autor conta que seu uso começou em hospitais psiquiátricos para o manejo com pacientes graves em situações de crise e, com o passar do tempo, ampliou as possibilidades de atendimentos até o uso do Skype.
Torna-se cada vez mais comum o uso de aplicativos digitais, não somente em contatos assíncronos entre psicanalistas, mas também como forma de atender seus pacientes. Essa prática é considerada por Migone (2013) uma nova modalidade de realizar sessões, tal como a psicanálise expandiu os atendimentos a psicóticos, famílias e crianças. Kowacs (2014) explica que o exercício da psicanálise analisa as mudanças que ocorrem na sociedade, então, inevitavelmente, as tecnologias devem ser consideradas no exercício analítico. A relação transferencial e a subjetividade dos sujeitos passaram a ser comunicadas por meio das novas ferramentas digitais, como antes eram expressas através das cartas.
A pressa, característica da sociedade atual, é refletida pelos aplicativos de troca de mensagens instantâneas, como o mais usado mundialmente, o WhatsApp, que permite, gratuitamente, conversa rápida e simultânea entre várias pessoas (Giraldo, Ríos, & Cardona, 2018). Embora se considere uma imigrante digital, ou seja, que nasceu em uma época em que não havia tamanha vivência com tecnologias, Luz (2015) as utiliza bastante, mesmo considerando assustador o exponencial desenvolvimento destas. Conta que, certa vez, trocou de celular e pediu a um familiar, nativo digital, para ajudá-la nas configurações do novo dispositivo. Em menos de 36 horas, um paciente "bastante atuador" (p. 166) enviou uma mensagem via WhatsApp: "Estás muito bem na foto do teu perfil" (p. 166).
Luz (2015) questiona como o psicanalista deve lidar com a invasão das tecnologias na comunicação com os pacientes, afirmando que esses aparelhos e suas aplicações podem ou não ter relação a uma associação livre. Ressalta que é necessário pensar sobre essa nova conjuntura, visto que, por mais que a manifestação dos sintomas do adoecimento psíquico tenha mudado nos tempos digitais, a essência é igual à descrita por Freud há mais de um século antes dos aplicativos atuais.
Giraldo, Ríos e Cardona (2018) afirmam que à escrita são introduzidos emoticons, imagens ou sinais que são utilizados para complementar o sentido das palavras, fazendo com que não exista mais o tempo latente de espera entre enviar uma mensagem e receber a resposta. Assim é expressa a adaptação do sujeito àsnovas formas de comunicação que o contexto impõe, produzindo reinvenções da linguagem e da comunicação.
O uso de emoticons ou de emojis é visto como uma potência comunicativa, que usa elementos interpessoais da linguagem, expressando, de modo informal, as emoções do sujeito, que dependerão da interpretação desses ícones pelo receptor (Oliveira, Cunha, & Avelar, 2018). O uso desse recurso linguístico é uma maneira de manifestar os sentimentos de forma mais econômica, podendo, com isso, perceber como a linguagem está em constante transformação e acompanha as práticas das relações dos sujeitos com os aparelhos tecnológicos (Paiva, 2016). Assim, não é preciso mais dissertar sobre as emoções, tendo os pictogramas como formas rápidas de representar os significados da língua. Retomando a relação de Freud (1908) entre escrita e fantasia, percebe-se como as novas subjetividades são expressas e percebidas por meio das novas formas de comunicação.
Atualmente, a escrita por cartas enviadas via correio postal tem sido pouco utilizada. Com a intensa utilização de aparelhos tecnológicos pelos sujeitos, Almeida (2018) ressalta que não somente novas psicopatologias surgiram, mas também novas formas de comunicação inconsciente. A autora esclarece que a psicanálise é um pensar como interação de inconsciente para inconsciente e, desde sua concepção, é uma potência a novas reestruturações, tendo o objeto de análise constituído pela situação analítica e a construção da teoria e da técnica.
Almeida (2018) menciona o caso de um paciente jovem que comunicou um material de sua análise via WhatsApp. O rapaz carregava sempre consigo uma corda no bolso, explicando que se protegeria de algum possível ataque, podendo imobilizar a ameaça com a corda no pescoço. As sessões foram iniciadas e o paciente lhe enviou uma imagem, pelo WhatsApp, que despertou na analista preocupação com uma possível ideação suicida. A analista enviou mensagem, tentando entender melhor a situação, e teve a resposta de que o paciente não iria à sessão. Na semana seguinte, compareceu e deu um presente a ela. Ao ser questionado sobre a imagem no WhatsApp, respondeu que não pensava em suicídio, mas sim no momento político da época: "Somos feitos de palhaços" (Almeida, 2018, p. 76).
O presente era uma echarpe, que a analista pensou que poderia ser como desculpa para o sentimento de culpa do paciente pela falta. Depois da sessão, no carro, colocou a echarpe no pescoço e teve um insight: "Estou com a corda no pescoço". Entre o possível desejo de agressão e a sensação de maciez do adereço como um seio materno que conforta e nutre, pensou se uma corda poderia representar um laço referente à relação entre a díade. Depois, alguns dias antes da sessão seguinte, o paciente se comunicou com a analista por mensagem de texto na qual afirmou ter tido um "nó na garganta" (Almeida, 2018, p. 77) e estava com medo de voltar ao que era antes. A analista interpretou tal fato como uma regressão e ressaltou a mensagem via aparelho tecnológico como a transmissão de sua dor, não apenas uma linguagem pictográfica.
2. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Desde os primeiros escritos de Freud até as vinhetas apresentadas sobre o uso do WhatsApp, verifica-se como as formas de comunicação se atualizam, impactam os relacionamentos interpessoais e como a clínica psicanalítica não escapou dessas mudanças. Freud (1925) chama a atenção para o ceticismo da ciência, ao afirmar que este pode dificultar a produção de novos conhecimentos, pois acaba por contrariar a novidade e também ignorar coisas antes de as ter avaliado.
Se antes as cartas e o rádio eram meios de comunicar e executar o trabalho psicanalítico, hoje se percebem interações mediadas por novas tecnologias, tendo a escrita de cartas substituída pela escrita por WhatsApp e o telefone sendo substituído pelo Skype. Segundo Lévy (1996), toda escrita é virtual, pois o sentido não existe antes da leitura, pois é produzido e atualizado no ato de ler. Portanto, seja por cartas, por SMS ou por WhatsApp, a subjetividade do indivíduo é acompanhada pelas palavras, conforme foi percebido ao refletir sobre a escrita de diversos autores clássicos da psicanálise em suas correspondências pessoais e, ou, profissionais. Freud, Winnicott, Klein, Bion e Lacan transmitiam suas pessoalidades, reconsideravam e ratificavam suas teorias por meio da escrita de cartas. Vale relacionar a prática comum atual de profissionais divulgarem seus trabalhos por meio de redes sociais, como o Instagram, e os programas de rádio realizados por Winnicott e Dolto. Além disso, como afirma Kowacs (2014), pacientes buscam seus analistas por meio da internet, tendo, então, no meio digital, formas de publicação de conteúdos sobre psicanálise e de exposição de trabalhos profissionais.
Todas essas transformações continuam modificando a maneira como pacientes e psicanalistas se comunicam e como estes percebem as repercussões do desenvolvimento tecnológico na constituição psíquica dos sujeitos e no desenvolvimento da técnica psicanalítica. A revolução tecnológica modificou a maneira como as pessoas se comunicam e, consequentemente, alterou as possibilidades de relacionamento entre elas. Se antes era preciso esperar um tempo maior entre uma mensagem e sua resposta, como as correspondências por cartas, hoje, com aplicativos como o WhatsApp, o período entre o envio e o recebimento das mensagens diminuiu.
A instantaneidade como ocorrem os contatos atualmente pode gerar nos sujeitos a sensação de comunicações híbridas, quando tempo e espaço não são mais necessários, conforme já apontava Lévy (1996). Lembrando as correspondências entre Winnicott (2005) e Lacan (2005), se houvesse os aplicativos de troca de mensagens atuais, teria Winnicott ficado mais incomodado com a espera de seis meses da resposta de Lacan? Ou Lacan não teria levado todo esse tempo e já lhe teria respondido via WhatsApp?
Percebe-se, portanto, o intenso fluxo de informações disponíveis pelas tecnologias e sua relação com a sociedade contemporânea, pois, como visto, o domínio das ferramentas é essencial para se compreender o desenvolvimento da subjetividade humana. Se os atuais dispositivos possibilitam novas formas de comunicação, incluindo no contexto psicanalítico, alguns conteúdos inconscientes podem ser expressos por tais meios. Assim, atualizam-se as ferramentas, todavia permanece a concepção de Lévy (1996) de que materiais subjetivos podem ser manifestados por intermédio de objetos concretos, evidenciando a relevância de refletir sobre o uso de tecnologias como representação humana.
Convém ressaltar a fragilidade, os riscos e as implicações em todas as situações, pois, da mesma forma que cartas podem ser desviadas e até abertas por outras pessoas, também há riscos no ciberespaço, conforme entendem Migone (2013) e Kowacs (2014). Tendo em vista a possibilidade de interferência das novas TIC no relacionamento entre psicanalista e paciente, e o rápido avanço tecnológico, convém refletir sobre as implicações da comunicação no processo psicanalítico em novos estudos.
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Texto recebido em 8 de março de 2020 e aprovado para publicação em 23 de novembro de 2020.
* Mestre e graduado em Psicologia pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Endereço: Av. Juscelino Kubitschek, 1361, ap. 1102- Centro, Londrina-PR, Brasil. CEP 86020-000. Telefone: (43) 99874-4920. E-mail: felipebarbeiro@hotmail.com.
** Doutora em Psicologia Clínica pela Universidade de São Paulo (USP) e mestra em Psicologia Clínica na Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC Campinas), professora do Departamento de Psicologia e Psicanálise da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Endereço: Campus Universitário - Centro de Ciências Biológicas Rodovia Celso Garcia Cid, PR 445, km 380, Londrina-PR, Brasil. CEP: 86057-970. Telefone: (43) 33714397. E-mail: bethtavaresreis@gmail.com.
1 A primeira data indica o ano de publicação da obra, e a segunda, a edição consultada pelo autor, a qual somente será pontuada na primeira citação da obra no texto. Nas seguintes, será registrada apenas a data de publicação original.