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Arquivos Brasileiros de Psicologia
versão On-line ISSN 1809-5267
Arq. bras. psicol. vol.71 no.3 Rio de Janeiro set./dez. 2019
https://doi.org/10.36482/1809-5267.ARBP2019v71i3p.5-11
DOSSIÊ: ESPECIAL 70 ANOS DE ARQUIVOS BRASILEIROS DE PSICOLOGIA
RELATO DE EXPERIÊNCIA
Testemunhos de uma práxis: construindo história*
Testimony of a praxis: building history
Testimonios de una praxis: construyendo historia
Vera Lopes BessetI; Gabriella DupimII; Marina Vieira EspinozaIII; Livia Oliveira CarvalhoIV; Vinícius FigaleV; Pedro Moacyr Brandão Jr.VI; Fábio Paes BarretoVII; Carla Oliveira FernandesVIII; Rogério de Andrade BarrosIX
IDocente. Programa de Pós-Graduação em Psicologia. Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Rio de Janeiro. Estado do Rio de Janeiro. Brasil
IIDocente. Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). Campina Grande. Estado da Paraíba. Brasil
IIIDocente. Universidade Saldado de Oliveira (Universo). Niterói. Estado do Rio de Janeiro. Brasil
IVMestranda. Programa de Pós-Graduação em Teoria Psicanalítica. Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Rio de Janeiro. Estado do Rio de Janeiro. Brasil
VDocente. Instituto de Psicologia. Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Rio de Janeiro. Estado do Rio de Janeiro. Brasil
VIDocente. Universidade do Grande Rio (Unigranrio). Rio de Janeiro. Estado do Rio de Janeiro. Brasil
VIIDocente. Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS). Dourados. Estado do Mato Grosso do Sul. Brasil
VIIIDocente. Universidade Federal da Bahia (UFBA). Salvador. Estado da Bahia. Brasil
IXDocente. Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Feira de Santana. Estado da Bahia. Brasil
RESUMO
Este texto diz respeito à participação de alunos na equipe da Arquivos Brasileiros de Psicologia no período de 2007 a 2016, a partir do depoimento de antigos membros dessa equipe sobre as incidências dessa experiência em sua formação acadêmica. Objetiva enfatizar o valor formador inédito de tal experiência em termos da prática do trabalho em grupo e do acesso às técnicas de editoração. Constitui um registro da história recente deste periódico e de sua inserção em uma instituição pública de ensino superior no Rio de Janeiro. Testemunha a implicação subjetiva que ultrapassa a realização burocrática de tarefas e marca a particularidade de uma experiência.
Palavras-chave: Formação Acadêmica; Experiência Discente; Editoração.
ABSTRACT
This text is related to the participation of students in Arquivos Brasileiros de Psicologia's editorial team between 2007 and 2016. It was elaborated based on testimonies of former group members over the occurrence of this experience in their academic background. Its objective is to emphasize the unprecedented educational value of this experience in terms of teamwork and its access to editing techniques. It establishes a recent historical documentation of this journal and its insertion in a public university in Rio de Janeiro. This text shows the subjective implication that surmounts the bureaucratic accomplishment of tasks and marks the particularity of an experience.
Keywords: Academic Background; Student's Experience; Editing.
RESUMEN
Este texto se refiere a la participación de estudiantes en el equipo de Archivos de Psicología de Brasil de 2007 a 2016. Está construido a partir del testimonio de ex miembros de este equipo sobre el impacto de esta experiencia en su formación académica. Su objetivo es enfatizar el valor formativo sin precedentes de esta experiencia en términos de la práctica del trabajo en grupo y el acceso a las técnicas de publicación. Es un registro de la historia reciente de esta revista y su inserción en una institución pública de educación superior en Río de Janeiro. Es testigo de la implicación subjetiva que va más allá del cumplimiento burocrático de las tareas y marca la particularidad de una experiencia.
Palabras clave: Formación Académica; Experiencia Discente; Publicación.
Introdução
Este texto traz um pouco da história recente da Arquivos Brasileiros de Psicologia (ABP). Refere-se à participação de alunos na equipe desta revista no período de 2007 a 2016, quando estive à frente desta como editora. Em meados de 2007, a decisão de engajamento nesse projeto de trabalho, assumir a editoria da ABP, juntamente com a professora Ruth Cohen como coeditora, assentou-se na adesão de jovens profissionais em formação - estudantes de graduação, mestrado e doutorado implicados em atividades de pesquisa sobre minha orientação - que se apresentava como um desafio. O resultado positivo dessa experiência pode ser verificado na trajetória deste periódico. Mas, para além do ganho efetivo para a construção deste periódico científico, qual o valor pedagógico, formador, para cada um dos estudantes nela envolvidos? A edição comemorativa dos 70 anos desta revista apresentou-se como ocasião para direcionar essa questão a antigos membros da equipe da ABP. O relato de experiência que elaboramos foi construído a partir de depoimentos recolhidos por Gabriella Dupim, membro da equipe da ABP de 2007 a 2014 e atualmente professora da Universidade Federal de Campina Grande.
Gabriella Dupim
Ao longo de sete anos, até a conclusão de meu doutorado, em 2014, participei do trabalho da revista e pude entrar em contato com a pluralidade de saberes da Psicologia. Recordo-me que, embora jovens e inexperientes, partilhávamos coletivamente os erros e acertos, com afinco e seriedade, responsabilidade e ética, mas também com alegria. Aquela correria antes de publicarmos um número aguardando a devolução de um autor, de um avaliador, de um revisor ou de um dos colegas responsável por alguma engrenagem da revista, por vezes impedia que a gente avançasse no exercício de nossa função, pois era necessário que cada etapa funcionasse no devido tempo a partir de uma sequência lógica. Algo ficou dessa experiência e repercute até hoje em minha prática docente, seja com os demais professores, seja com os alunos: é preciso trabalhar com leveza e bom humor, sempre nos lembrando de que ali estamos por escolha própria e desejo. Assim como os efeitos de uma análise, recolho a posteriori, no só depois, as marcas dessa passagem em minha formação. Como docente em uma universidade no interior da Paraíba, desde 2015, constato a importância das universidades públicas e da gratuidade das revistas científicas. A maioria dos alunos é originaria do sertão, muitos deles são as primeiras pessoas da família a ingressar no ensino superior e se dedicam com afinco a sua formação, participando de monitorias, iniciação científica, projetos de extensão e programas de educação tutorial (PET). A experiência na revista faz-nos lembrar que um trabalho de qualidade é tecido sempre com muitas mãos. De minha parte, com grande emoção, deixo minha contribuição para esta edição comemorativa dos 70 anos da ABP como um abraço nesta jovem senhora superligada online nos avanços técnico-científicos.
Marina Vieira Espinoza
Cursava o mestrado quando ingressei na equipe da ABP, em 2007. A missão não era simples, implicava a responsabilidade de trabalhar em equipe para reerguer a primeira e mais importante revista de Psicologia do Brasil. Desta vez, em formato eletrônico. Em meio às reuniões do grupo de pesquisa, aulas da pós-graduação e das pesquisas que iam sendo construídas nos deparamos com o universo da editoração científica. Como imaginar que aquela decisão coletiva teria um impacto tão importante para a nossa formação e pesquisas? Trabalhamos bastante e seriamente. A ideia era mantermos a revista aberta aos diversos campos da Psicologia, privilegiando a qualidade. Revisávamos os textos para conferir a obediência às normas, cuidávamos da confidencialidade. A ABP tinha adquirido uma "cara" e uma engrenagem que funcionava sustentada por uma equipe que via a dedicação dar retorno. Equipe que certamente apostou nesta empreitada por já trabalhar junta há anos, pela confiança entre si, pelo trabalho engajado e implicado que caracterizava o grupo e pela construção de saber envolvida. A equipe foi se modificando e se ampliando. Participamos de congressos, conseguimos financiamento. Meu percurso foi atravessado e modificado por essa experiência, que reverbera na produção de conhecimento e na transmissão do rigor que a escrita e a pesquisa acadêmica exigem.
Livia Oliveira Carvalho
A equipe editorial da ABP, na qual ingressei em 2010, quando era graduanda e bolsista de iniciação científica, transmitia, acima de tudo, entusiasmo com esse trabalho. Minha primeira tarefa foi verificar o ineditismo dos artigos submetidos à revista. Ao longo de minha participação, aprendi com os colegas mais antigos e ensinei a colegas mais novos. As tarefas deviam ser cumpridas a tempo para que a revista fosse publicada nos prazos estipulados, o que exigia uma coordenação das tarefas e grande dedicação de cada um. A cada publicação e nova indexação, comemorávamos. E comemoramos mais ainda quando a revista foi avaliada como A2, fruto do trabalho e implicação dos que ali estavam e tinham estado. Vimos a revista crescer. Se quando não hesitei em colaborar para a equipe editorial da revista minha motivação era contribuir para o grupo de pesquisa, posso hoje dizer que também tive ganhos. Aprendi, de perto, que publicar pesquisas acadêmicas de qualidade requer a participação fundamental de diversas pessoas que para tal se engajam. Em uma ponta, os autores, que, antes de dar a ver à comunidade o resultado de suas pesquisas, acabado de um lado, inacabado de outro, se dispõem a ter seu texto avaliado anonimamente e a reformulá-lo às vezes extensamente, processo que não se conclui da noite para o dia. Em outra ponta, pesquisadores de referência em suas áreas, que, em meio às suas várias atividades, consagram parte de seu tempo para avaliar às cegas trabalhos de outrem. No meio, nesse caso, estávamos nós, nos dedicando a esse trabalho de mediação, entre tantos outros. Além disso, acabei aprendendo muito sobre normas e normatização de textos acadêmicos, tendo hoje alguma facilidade com o que costuma ser uma dificuldade entre alunos e principiantes da vida acadêmica. Pela minha experiência de trabalho na ABP, resgatada e relembrada brevemente neste relato, meu percurso de iniciação científica foi muito mais rico do que eu poderia imaginar ao integrar o então grupo, mais tarde núcleo, de pesquisa coordenado pela Profa. Vera Besset.
Vinicius Figale
Em 2009, graduando em Psicologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e bolsista de iniciação científica, integrei a equipe técnica da revista. Em 2010 passei a integrar a equipe editorial, na qual permaneci até 2012. À época, recém-ingressado na graduação, pouco conhecia acerca do lugar e da importância dos periódicos científicos para a comunidade acadêmica, quanto menos da complexidade e da dimensão do empenho técnico e editorial necessário para que cada número viesse a público. Sendo assim, a partir da transmissão dos colegas, foi preciso aprender sobre o funcionamento e a dinâmica interna de uma publicação seriada do relevo da Arquivos. Os pormenores apresentavam-se de acordo com as funções assumidas, desde o acompanhamento de nosso e-mail institucional até, por exemplo, a primeira leitura de cada texto submetido à avaliação. A quantidade de atores envolvidos na manutenção e no bom andamento da revista exigia manter aberto e eficiente um canal de comunicação da equipe com autores, consultores, membros do conselho editorial e tantos outros colaboradores. Noutro lado do processo, a verificação criteriosa da adequação dos textos recebidos aos critérios de submissão refletia o compromisso com os moldes do periódico e a observância do sistema de avaliação cega entre os pares, caro a sua credibilidade. Vale fazer referência aqui à natureza do trabalho em equipe com que a ABP contava durante o período em questão. Tratava-se de uma equipe enxuta, composta por alunos de diferentes níveis (graduandos, mestrandos, doutorandos) coordenados pela Profa. Vera, e cujas funções requeriam uma cooperação intensiva, dados a regularidade e o volume de tarefas. Em nosso caso, essa colaboração era facilitada pela parceria que ultrapassava o escopo estrito da ocupação com a revista, já que também compartilhávamos um trabalho coletivo de pesquisa. Cumpre ressaltar, ainda, que o caráter pluralista da Arquivos, caracterizada por acolher produções de variadas orientações teóricas e metodológicas no campo da Psicologia, também teve suas incidências de cunho formador. O trabalho na revista, acompanhando parte do percurso na graduação, agia na contramão de uma tendência ao acantonamento que os "especialismos" podem acarretar, em função das escolhas que permeiam uma trajetória universitária. Ele nos convocava à familiaridade com a produção de conhecimento em Psicologia em nível nacional e à consideração pela diversidade do campo em que nos inserimos em âmbito acadêmico - fatores de relevância na formação de pesquisadores implicados na sustentação e na defesa coletiva da pesquisa na universidade pública, de seu fomento e sua difusão.
Pedro Moacyr Brandão Jr.
O trabalho que desenvolvi na Revista teve consequências em diferentes aspectos de meu percurso acadêmico e pessoal. O aprendizado do manejo da técnica e a experiência do trabalho em equipe tiveram repercussões em minha formação acadêmica. Na equipe, cada função era escolhida ou sugerida conforme o desejo/habilidades de cada membro. Na medida do possível, o trabalho era sustentado pelo desejo de cada um, em uma revista que não contava com verba própria. Listo como contribuições à minha formação profissional: o conhecimento sobre o funcionamento de uma revista científica, seus critérios e dispositivos de avaliação e sobre a forma como é pensada a produção científica em nosso país; o contato com as diversas teorias dentro do campo psi (fator caro para minha pesquisa de doutoramento); o conhecimento das normas e formatação de artigos científicos (que de todo modo também ajudaram na escrita da Tese); o trabalho entre vários; a construção de meu posicionamento como cientista e pesquisador em psicanálise. Atualmente sou membro da equipe editorial de uma revista especializada em psicanálise. Enfim, alguns anos repletos de impasses, desconstruções e sofrimento, mas também de produção, posicionamento e construção de laços de estudo e pesquisa, são as marcas expostas aqui de forma breve e concisa sobre meu tempo na ABP.
Fabio Paes Barreto
Participei da equipe da ABP de 2012 a 2015, por ocasião do curso de doutorado. Realizei leitura de artigos para verificação do respeito às normas da revista, juntamente com colegas da equipe de edição. Um aspecto relevante da experiência de trabalho na revista foi a possibilidade de um franqueamento para transitar entre diferentes vertentes teóricas e clínicas do campo da Psicologia. Uma diversidade dessa natureza proporcionou-me um pleno exercício da disposição ao caráter universal do saber, próprio à universidade. Nessa direção, pude circular entre conceitos, pesquisas e práticas clínicas relacionadas à teoria cognitivo-comportamental, ao psicodrama, à saúde mental, à psicanálise, à Psicologia sócio-histórica, entre outros. Nesse terreno da diversidade epistemológica, merece especial destaque a questão da variedade de metodologias de pesquisa utilizadas pelos autores, em seus trabalhos. Há que assinalar o benefício dessa experiência para a construção de minha tese de doutorado pela oportunidade de um uso mais operativo das normas de publicação (em especial, as da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT e as da American Psychological Association - APA) e da língua portuguesa, em seus aspectos sintático, semântico, lexicográfico e gramatical. Assinalo sua incidência, igualmente, nas funções de ensino, pesquisa e extensão que exerço junto a uma universidade estadual (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - UEMS), desde 2018, e de membro do conselho editorial de sua editora.
Carla Oliveira Fernandes
Minha experiência na ABP teve início em 2012 (mestrado), finalizando em 2016 (doutorado). Participei, inicialmente, realizando a leitura prévia dos manuscritos submetidos para verificação da conformidade às normas, de acordo com o tutorial elaborado pela equipe. fomos construindo, a partir da prática, um método de trabalho que permitia sustentar a qualidade da revista. Isso envolvia uma troca dinâmica entre editora, coeditor(a), assistente editorial e equipe técnica. Um trabalho corpo a corpo, com o envolvimento ativo de sujeitos que compunham um coletivo implicado nesse fazer. Em seguida, participei na atualização das novas publicações da ABP junto aos indexadores. A minha inserção como pesquisadora do Núcleo de Pesquisa Clínica Psicanalítica (CLINP) permitiu que esse percurso fosse marcado pelos efeitos de uma experiência na interface entre universidade e pesquisa. Nesse ponto destaco que a construção de um método específico de trabalho nos conduziu a um caminho possível, pois a demanda de publicação, pela importância que a Revista adquiriu no decorrer do tempo em função da sua qualidade, era grande. A construção de um método de trabalho, tecendo um caminho possível, me ensinou como operar na prática partindo da experiência. Isso foi fundamental para a minha atual participação na equipe de redação de Cythère, uma revista da Rede Universitária Americana, da Federação Americana de Psicanálise de Orientação Lacaniana (FAPOL).
Rogerio de Andrade Barros
No ano de 2014, pouco após o início de meu doutoramento, assumi a coordenação técnica da ABP, que conservei até 2016. Minha participação no trabalho da ABP ensinou-me sobre o funcionamento de uma grande revista de Psicologia do país, dando provas de que a publicação de um periódico exige rigor, disciplina e agilidade. Um trabalho sério e orquestrado, que une a excelência epistêmica, garantida pela seleção, revisão e construção dos artigos das edições, com a materialidade da estrutura em ambiente digital. Por outro lado, o acesso aos dados dos manuscritos dentro do próprio sistema de publicação me permitiu perceber o funcionamento em rede da ABP. São muitos os atores envolvidos na construção de uma revista: há avaliadores em diversas Instituições do Ensino Superior (IES) do país, que se subdividem em blocos de referência de objetos de investigação e teorias, e autores interessados na divulgação dos resultados das suas pesquisas, com uma ampla diversidade de interesses epistêmicos. A avaliação dos manuscritos, realizada por atores de diferentes IES e programas de pós-graduação (PPG), garante que não haja monopólio sobre determinado objeto de investigação. Trabalhar com a consolidação técnica e estrutural da ABP permitiu-me entender o compromisso ético e político implicado na produção de um periódico. Manter a diversidade teórico-metodológica abrangente nos artigos garante a existência da própria pluralidade das construções de saber sobre a psichê. Fazer parte da equipe técnica de uma revista relevante de Psicologia traz consequências para a formação do pesquisador. Tanto a produção quanto a divulgação da ciência, se não assentadas em um rigor democrático e político, prejudicam o avanço do conhecimento, reduzindo a ciência a um automatismo de repetições.
Conclusão
Os relatos repertoriados no só-depois da experiência indicam que a implicação na construção de uma revista cientifica pode ter um valor inestimável na formação de futuros professores e pesquisadores. No entanto, é importante ressaltar que não se trata da participação pura e simples, obedecendo a imperativos de um dever ou à injunção de um mestre. Nos depoimentos recolhidos, percebe-se a ênfase no engajamento em um projeto comum no qual cada um pode contribuir com o que tem de particular e, assim, incluir no coletivo sua diferença. Não por acaso encontramos palavras como "entusiasmo", "alegria", "comemoração", que comparecem juntamente com "seriedade", "responsabilidade". Ao mesmo tempo, como não assinalar o valor formador dessa experiência para o docente que, como sempre, aprende com aqueles a quem ensina?
Endereço para correspondência:
Vera Lopes Besset
verabesset@gmail.com
Gabriella Dupim
gabidupim@gmail.com
Marina Vieira Espinoza
marinapvieira@gmail.com
Livia Oliveira Carvalho
livcarcalho05@gmail.com
Vinícius Figale
vfigale@gmail.com
Pedro Moacyr Brandão Jr
pedromoacyr@uol.com.br
Fábio Paes Barreto
fpbarreto@gmail.com
Carla Oliveira Fernandes
fernandesocarla@gmail.com
Rogério de Andrade Barros
contaterogerio@gmail.com
Submetido em: 23/08/2019
Aceito em: 01/10/2019
* Titulo original: « De l'alienation retenue chez l'autiste ». Neste texto o autor retoma, desenvolve e amplia concepções expostas em seu Seminário "Structure autistique» realizado no âmbito dos Enseignements ouverts 2017-2018 da ECF, Paris, França.