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Revista EPOS

versão On-line ISSN 2178-700X

Resumo

RIBEIRO, Paula de Melo  e  COSTA, Carlos Alberto Ribeiro. Racismo de Estado, biopoder e negligência: retratos da saúde na história brasileira. Rev. Epos [online]. 2016, vol.7, n.1, pp.74-91. ISSN 2178-700X.

O presente texto elege como tema a intrincada questão das ditas "doenças negligenciadas". Nomeadas por instituições nacionais e internacionais como "doenças de países subdesenvolvidos" ou "doenças dos trópicos" − a despeito de não respeitarem fronteiras geográficas ou temporais −, essas moléstias são consideradas "negligenciadas" devido à possibilidade de gastos sustentáveis como meios de combate, prevenção ou tratamento que, apesar dessa viabilidade, não se efetivam. Constata-se, pois, um aparente paradoxo, manifestado pela racionalidade política das atuais formas de (des)enfrentamento a essas moléstias: o Estado − que, a princípio, deve fomentar e assegurar a vida de sua população − age negligenciando certas doenças e permitindo que milhares de vidas se percam. As "doenças negligenciadas", tomadas como um "analisador" − ferramenta disruptiva que, ao conferir visibilidade e dizibilidade às relações instituídas, permite questionamentos e intervenções −, facultam supor que tais estratégias, a princípio contraditórias, "o fazer viver e o deixar morrer", são de fato operações intrínsecas, relacionadas àquilo que Foucault nomeia de "biopoder". A partir do contexto sócio-histórico brasileiro − apreendido desde a análise bibliográfica de artigos, livros, documentos e tabloides concernentes ao assunto − este artigo intenta, assim, indagar a intrincada máquina de "fazer viver e deixar morrer" relativa às "doenças negligenciadas".

Palavras-chave : doenças negligenciadas; biopoder; Racismo de Estado.

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