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Tempo psicanalitico
versão impressa ISSN 0101-4838versão On-line ISSN 2316-6576
Resumo
MOURA, Gabriela Costa e ZANOTTI, Susane Vasconcelos. A hipocondria de Schreber: uma inflação narcísica?. Tempo psicanal. [online]. 2016, vol.48, n.1, pp.45-64. ISSN 0101-4838.
Schreber, um dos mais notáveis casos clínicos de Freud, mencionou nas Memórias sua crise de hipocondria em um momento que antecedeu o desencadeamento de sua psicose. Suas queixas apontavam toda a atenção para o corpo: duvidava de seu peso, acreditava estar morto e em decomposição e afirmava que seu cérebro estava amolecendo a partir da crença de que conseguiram enlouquecê-lo. Segundo Freud, na hipocondria há a retirada do investimento libidinal dos objetos, concentrando-se no corpo a atenção quanto às sensações aflitivas e penosas. No narcisismo, da mesma forma, a libido é afastada do mundo externo e direcionada para o eu. O presente trabalho analisa a hipocondria na paranoia de Schreber a partir da hipótese de uma inflação narcísica. Para tanto, os conceitos hipocondria e narcisismo são apresentados, sob a ótica dos textos freudianos. Fragmentos do livro Memórias de um doente dos nervos, escrito por Daniel Paul Schreber e publicado em 1903, ilustram a hipocondria a partir da introdução ao narcisismo. Na teoria freudiana, o narcisismo denota uma retirada da libido dos objetos do mundo externo e direcionamento deste investimento para o eu. Com relação à libido do eu e à libido objetal, quanto mais uma delas é inflacionada, mais a outra se esvanece. De acordo com Freud, no caso do paranoico a condição da libido do eu parece ser inflacionada, ao passo que a libido objetal é esvaziada.
Palavras-chave : hipocondria; narcisismo; corpo; libido; paranoia.