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Tempo psicanalitico
versão impressa ISSN 0101-4838versão On-line ISSN 2316-6576
Tempo psicanal. vol.53 no.2 Rio de Janeiro jul./dez. 2021
ARTIGOS
O reconhecimento de um "não-lugar" na psicanálise
Recognizing a "no-place" in psychoanalysis
Reconociendo un "no-lugar" en psicoanálisis
Hudson Augusto Rodrigues BonomoI, II, III*; Auterives Maciel JuniorI, II, IV, V**
ISociedade de Psicanálise Iracy Doyle - SPID - Brasil
IIUniversidade Veiga de Almeida - UVA - Brasil
IIIUniversidade Santa Úrsula - USU - Brasil
IVPontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC-RIO - Brasil
VUniversidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB - Brasil
RESUMO
Neste artigo, define-se um "não-lugar" na psicanálise a partir de dois conceitos: o virtual e o ponto de afânesis. O sujeito da psicanálise será desafiado em uma movimentação cada vez mais evanescente em relação à proposta de um sujeito do desejo e da falta (falta-a-ser). Uma crítica será elaborada ao longo do texto, problematizando as estruturas tradicionais da psicopatologia psicanalítica. A identificação também é questionada, não em sua existência, mas na capacidade de ser traduzida em discurso pelo analisante, que em sua forma mais radical a apresenta destituída de um estado atual, permanecendo virtualizada em contornos nunca vistos na cultura. A potência do analisante faz-se presente e o psicanalista tradicional é questionado em sua escuta, com o objetivo de trazer à tona uma nova ética para a clínica psicanalítica na contemporaneidade.
Palavras-chave: Psicanálise, não-lugar, virtual, afânesis, ética.
ABSTRACT
In this article, a "non-place" in psychoanalysis is defined based on two concepts: the virtual and the aphanisis point. The subject of psychoanalysis will be challenged in an increasingly evanescent movement in relation to a subject's proposal of desire and lack (lack-of-being). A criticism will be elaborated throughout the text, problematizing the traditional structures of psychoanalytic psychopathology. The identification is also questioned, not in its existence, but in the ability to be translated into discourse by the analyst, who in its most radical form presents it without a current state, remaining virtualized in contours never seen in culture. The analyst's potency is present, and the traditional psychoanalyst is questioned in his listening in order to bring up a new ethics for contemporary psychoanalytic clinic.
Keywords: Psychoanalysis, non-place, virtual, aphanisis, ethics.
RESUMEN
En este artículo se define un "no lugar" en psicoanálisis a partir de dos conceptos: el virtual y el punto afânesis. El sujeto del psicoanálisis será desafiado en un movimiento cada vez más evanescente con relación a la propuesta de un sujeto de deseo y falta (falta de ser). Se elaborará una crítica a lo largo del texto, problematizando las estructuras tradicionales de la psicopatología psicoanalítica. La identificación también se cuestiona, no en su existencia, sino en la capacidad de ser traducida en discurso por el analista, quien en su forma más radical la presenta sin un estado actual, permaneciendo virtualizada en contornos nunca vistos en la cultura. La potencia del analista está presente y el psicoanalista tradicional es cuestionado en su escucha para plantear una nueva ética para la clínica psicoanalítica contemporánea.
Palabras clave: Psicoanálisis, no lugar, virtual, afânesis, ética.
Introdução
Segundo Lévy (2011, p. 15), a palavra virtual vem do latim virtualis, que decorre de virtus, força, potência. O virtual existe em potência e não em ato. Para o autor, o virtual não se opõe ao real, mas ao atual. O virtual é um conjunto de forças que acompanham uma entidade ou um processo de resolução, uma atualização.
Esta analogia a uma dimensão temporal com uma função de potência sobre algo, o atualizado, é o mais estimulante nesta definição de virtual do ponto de vista psicanalítico, pois trata de algo da ordem do Isso, com uma autonomia sobre a criação. Ao mesmo tempo, o autor define que a entidade pode criar instâncias desta construção de potência ou até mesmo influenciá-la, reorganizando e elaborando como da ordem do Eu psicanalítico.
Ao misturar o autônomo e o interpretado, Lévy auxilia na conexão que se pode fazer entre a atualização e a criação. O retorno do que foi interpretado e elaborado pode ser invenção, mais do que razão, a partir de uma dinâmica de forças do próprio processo virtual por ele definido.
A partir desse conceito vislumbra-se uma antecipação de conflitos e dinâmica de mudança no atual como resposta às movimentações de potência do virtual. A virtualização é, em si, para Lévy (2011, p. 17), "uma mutação de identidade..., a entidade passa a encontrar sua consistência essencial num campo problemático".
A virtualização com isto não soluciona, mas desloca, cria movimento neste campo problemático. Além disso, nenhuma atualização se parece com nenhuma outra, há imprevisibilidade e "o virtual é uma fonte indefinida de atualizações" (Levy, 2010, p. 50).
A virtualização, passagem à problemática, deslocamento do ser para a questão, é algo que necessariamente põe em causa a identidade clássica, pensamento apoiado em definições, determinações, exclusões, inclusões e terceiros excluídos. Por isto a virtualização é (...) processo de acolhimento da alteridade. (Levy, 2011, p. 25).
Lebrun (2008) cita que Jacques Lacan prevê, no encerramento de uma jornada em Paris sobre as psicoses da criança (Lacan, 1967/2003), que, um dia, em uma época futura, teríamos o que ele chama de "criança generalizada". Nessa época, permanecer criança nada teria de repreensível - pelo contrário, seria implicitamente favorecido.
Este momento já chegou, de forma inesperada, pela via da potência do virtual. Esta criança que não quer ser um "adulto", no sentido do senso comum, encontrou uma nova forma de estar no mundo, desconectada de uma rede envelhecida, a rede dos que não escapam e ficaram "adultos".
A psicanálise ficou "adulta" e está na rede envelhecida. Ela mesma trocou parte de seus objetivos como práxis por um pouco de segurança, parodiando Freud sobre o mal-estar. Uma dura crítica à psicanálise é proferida neste sentido por Umberto Galimberti:
A psicanálise não diz nada e não pode dizer absolutamente nada, porque a imagem de 'psique' de que dispões é construída sobre a imagem do homem pré-tecnológico, cujo agir é motivado por um fim e projetado sobre um sentido que é, também, a construção das melhores condições possíveis de civilização, que podem ser obtidas mediante um equilíbrio entre felicidade e segurança. (Galimberti, 2006, p. 800)
É possível escapar a esta crítica pela via do Real, para um lugar topológico a partir de um furo que sempre esteve lá: o objeto a, e por um movimento que chamaremos de fantasma-coisa.
Utiliza-se a inserção da tecnologia como um marco importante para o movimento de ruptura com a identificação às instituições tradicionais como família, trabalho, religião etc. na observação deste não-lugar, trazendo a necessidade de defini-lo do ponto de vista psicanalítico.
A partir de um intercurso genealógico sobre a noção de afânesis em Lacan, elabora-se um percurso para alcançar esta relação fantasmática entre o sujeito barrado () e a afânesis (ἀ) como possibilidade de movimentação do sujeito por este lugar, um lugar topológico, intitulado neste artigo de "não-lugar".
A tecnologia e o não-lugar
O desenvolvimento da tecnologia e da comunicação tem um impacto radical na sociedade e modifica a forma como se relacionam as pessoas. O espaço cibernético, segundo Le Breton (2007, p. 141),
é um modo de existência completo, portador de linguagens, de culturas, de utopias. Desenvolve um mundo real e imaginário de sentidos e de valores que só existem por meio do cruzamento de milhões de computadores e do emaranhamento de diálogos, de imagens, de interrogações de dados, de discussões em chats... que coloca provisoriamente em contato indivíduos afastados no tempo e no espaço e que às vezes ignoram tudo deles mesmos. Um mundo em que as fronteiras se misturam e em que o corpo se apaga (...).
A instabilidade domina esta rede por intermédio de um conjunto de transformações que são apresentadas por Floridi (2015) em seu The Onlife Manifesto, das quais se destaca a mudança da primazia das entidades para a das interações. Esta primazia das interações cria um embaçamento entre a distinção de realidade e virtualidade por parte do sujeito frente a tecnologia que direciona esta justificativa para a compreensão inicial de território e lugar.
Segundo o arquiteto, urbanista e filósofo Virilio (1993, p. 9), o território é delimitado e o lugar é limitado a uma identificação. Para ele, a ruptura dos limites não está tão mais relacionada ao espaço físico (cadastro, setor urbano) como antes, mas principalmente na tecnologia que não cessa de se modificar através de uma série de interrupções (desemprego, trabalho autônomo...) e ocultações sucessivas ou simultâneas. Este movimento, segundo o autor, visa organizar e desorganizar o meio urbano ao ponto de provocar o declínio e degradação dos locais.
De forma similar nos ambientes virtualizados, os espaços são emergentes e rapidamente desconstruídos e reorganizados em uma nova forma de acesso ou rede. A rede imita o processo de transformações da vida real, mas com muito mais potência. O sujeito avança em um processo criativo, em que as identificações ora são convertidas em atual na forma de afetos, ora estabilizados em potência mantidas no virtual. De forma surpreendente, é factível ao sujeito sustentar o virtual sem ajuda tecnológica, uma vez que domine os processos com ela apreendidos.
O virtual favorece a potência do pensamento liberando os limites do corpo para criar e movimentar-se à vontade: "O espaço cibernético é a apoteose da sociedade do espetáculo, de um mundo reduzido ao olhar, à mobilidade do imaginário, mas à inspeção dos corpos que se tornaram inúteis e estorvantes." (Le Breton, 2007, p. 142).
Existe, realmente, uma fronteira entre uma identificação tradicional e outra virtual? Como isso afeta a nossa intimidade e autenticidade como pessoas? Segundo Han (2018), esta maneira de ser, buscando identificações virtuais, é uma desconstrução da distância espacial entre o público e o privado, com uma severa exposição do espaço privado. O que é mais interessante é que esta esfera privada é contrária à construção de imagem e de se tornar objeto que, ao ser desconstruída, torna quase tudo público - quase tudo é imagem e objeto.
homo digitalis ['homem digital'] é tudo, menos um 'ninguém'. Ele preserva a sua identidade privada, mesmo quando ele se comporta como parte do enxame. Ele se externa, de fato, de maneira anônima, mas via de regra ele tem um perfil e trabalha ininterruptamente em sua otimização (...) São estranhas a ele espacialidade (...) pertencem à topologia das massas (...) formam um especial aglomerado sem reunião, uma massa [Menge] sem interioridade, sem alma ou espírito. (Han, 2018, p. 29)
É na apresentação de seu texto "O estádio do espelho como formador da função do eu" que Lacan (1949/1998) oferece a identificação fundamental que é dada com a imagem do próprio corpo, uma pré-formação do Eu que favorece a percepção da unidade do corpo próprio e põe fim ao fantasma do corpo esfacelado, levando à identidade corporal do sujeito e ao início da relação com a imagem e à alteridade deste sujeito. Segundo Lacan (1964/2008, p. 74), o sujeito é impactado pelo olhar e pela fala do Outro, este Outro com "O" maiúsculo, capaz de impactar a vida do sujeito: "O olho e o olhar, esta é para nós a esquize na qual se manifesta a pulsão ao nível do campo escópico."
Apesar de rápido, o tal "acolhimento virtual" é precário, mas impactante, e afeta o sujeito. Este fica entre estar em um lugar, mas não o reconhecer como seu.
Em uma posição passiva, constrói algo próprio de si mesmo, para ele mesmo se regozijar, enquanto promove um pedido de reconhecimento que nem sempre vem acompanhado de uma atenta participação dos outros nas redes. Outrora, em sua posição passiva, se põe a capturar os desavisados da rede, os que a procuram por distração, e não por vocação. Em ambas as posições, passiva e ativa, o sujeito perde a capacidade de suportar o silêncio e passa a viver nas estimulações que a conectividade aparentemente produz. Ao satisfazer-se com as interações digitais, este sujeito acostuma-se ao não afeto e à falta de atenção na vida, ficando submetido cada vez mais ao silêncio. Na tentativa de um possível retorno a este universo do mundo físico, encontrará um acúmulo de faltas de identificações que pode tornar este movimento aterrorizante. Apesar de se sentir parte de um mundo virtual, este sujeito ainda se frustra em seu corpo, em seu tempo, em seu silêncio, e não consegue viver a proposta de uma vida virtual "pura". Corpo e imagem juntos, no imaginário, como sempre estiveram.
O digital submete a tríade lacaniana do real, do imaginário e do simbólico a uma reconstrução radical. Ele desconstrói o real e totaliza o imaginário. O smartphone funciona como um espelho digital para a nova versão pós-infantil do estágio do espelho. Ele abre um espaço narcísico, uma esfera do imaginário na qual eu me tranco. Por meio do smartphone o outro não fala. (Han, 2018, p. 44-45)
Uma nova geração de fantasmas torna-se cada vez mais voraz; os objetos passaram a ter vida e a fazer laços com o sujeito, e o sujeito tornou-se objeto das coisas. No seu silêncio há um encontro com as coisas, distante de A Coisa, e perto demais de identificações sem o Outro.
A nova geração de fantasmas, a saber, os digitais, se tornam (...) mais vorazes, mais audazes e barulhentos. As mídias digitais não iriam de fato 'além da força humana'? Elas não levariam a um rápido, não mais controlável aumento dos fantasmas? Não desaprendemos com elas, de fato, a pensar em uma pessoa distante e a tocar uma pessoa próxima? A Internet das Coisas produz novos fantasmas. As coisas, que antigamente eram mudas, começam, agora, a falar. (Han, 2018, p. 96-97)
Uma nova linguagem inicia-se entre as coisas e o sujeito errante que, pela via de um fantasma-coisa, pode enfim não retornar ao lugar de identificações insatisfatórias de uma vida precária de afetos, o lugar. Este fantasma-coisa será representado neste trabalho como <> ἀ. Sendo ἀ a letra que vai representar o ponto de afânesis. Faz-se necessária uma genealogia do termo afânesis neste ponto do texto para a melhor compreensão de como o sujeito torna-se errante.
O ponto de Afânesis (ἀ) e o esvaecimento do sujeito
A movimentação do sujeito errante citado no tópico anterior é de difícil compreensão. A escuta analítica encontra-se, muitas vezes, presa a um manejo diagnóstico diferencial da psicopatologia psicanalítica. Lacan trabalhará os modos de gozo, a sexuação e o sinthoma no final de sua obra. O foco de Lacan passa a ser a apresentação do RSI (Real, Simbólico e Imaginário) enlaçado pelo Sinthoma, que é muito importante do ponto de vista clínico, mas que pouco revela sobre as possibilidades de movimentação do conjunto RSI-Sinthoma ao longo da linha da vida do sujeito apresentado neste artigo e que se presentifica no Real através do fantasma-coisa.
Esta complementação em relação ao movimento do conjunto RSI-Sinthoma tem como objetivo problematizar uma diferença muito importante, também vista por Lacan contra Ernest Jones, entre o desaparecimento do desejo e o desaparecimento do sujeito barrado. Este ponto específico gera uma grande dificuldade de compreensão de um sujeito esvaziado de si mesmo para um sujeito potencializado no virtual. Ambos poderiam caracterizar um afastamento do modelo de sujeito da psicanálise, mas são diferentes entre si. Para demonstrar isso, faz-se uso de uma genealogia do conceito de afânesis na obra lacaniana e, a partir disso, elabora-se uma estratégia de visualização dos movimentos do sujeito errante.
Jacques Lacan ao longo de sua obra fez uso do termo proposto por Ernest Jones, biógrafo de Freud: afânesis. Segundo Chatelard (2001), Jones propõe a expressão afânesis do desejo contribuindo para o debate acerca da fase fálica, no contexto dos anos 1930, debate do qual participaram Freud e seus contemporâneos: K. Horney, K. Abraham, M. Klein e H. Deutsch.
Segundo a autora, a palavra afânesis (aphanisis), oriunda do grego, significa desaparecimento. O termo afânesis foi inventado pelo psicanalista inglês Ernest Jones em uma conferência pronunciada em Innsbruck, no X Congresso Internacional de Psicanálise, em 1º de setembro de 1927. Como termo oposto encontra-se phantasis ou epiphasis, que significa aparição ou visão. Esses dois termos atrairão a atenção de Lacan, que fará um outro uso do termo afânesis, referindo-se ao desaparecimento do sujeito enquanto dividido, diferentemente de E. Jones, que faz uso do termo para se referir ao desaparecimento do desejo na castração.
Tomando as coisas no nível simples da leitura, pode-se dizer que a castração é o signo do drama do Édipo, como também dela é ele o pivô implícito. (...) O que quer dizer, pois semelhante formulação? Em que implica? O que supõe? (Lacan, 1956-1957/1995, p. 221)
Em O seminário, livro 4: a relação de objeto, Lacan (1956-1957/1995, p. 222) apontará a dificuldade de E. Jones em lidar com as questões acima, e de jamais ter conseguido superar as dificuldades do manejo complexo da castração. Lacan aponta, ainda, que, na perspectiva de Jones, o temor da castração não pode ficar sujeito ao acidente, à contingência das ameaças e, para tanto, criou o termo afânesis, substituindo a castração e o tornando o temor de ver extinguir-se nele o desejo. Lacan compreenderá como um exagero por parte de Jones acreditar que o sujeito pudesse dar conta da referência aos objetos, a frustração de não os obter e, ainda, consolidar um temor do desaparecimento do desejo de retomá-los.
Em O seminário, livro 5: as formações do inconsciente, Lacan (1957-1958/1999, p. 290) sinalizará a discordância de Freud da teoria de Jones sobre a feminilidade como primitiva.
Uma objeção similar se aplica à concepção de Jones ("Die erste Entwicklung der weiblichen Sexualität" [O primeiro desenvolvimento da sexualidade feminina], Internationale Zeitschrift für Psychoanalyse, Vol. 14, 1928), segundo a qual o estágio fálico da garota seria antes uma reação protetora secundária do que um verdadeiro estágio de desenvolvimento. Isso não corresponde nem às condições dinâmicas nem às cronológicas. (Freud, 1931/2010, p. 220)
Lacan (1957-1958/1999, p. 299-300) argumenta a castração como parte da experiência de todos e, por isso, a afânesis não poderia ser colocada como equivalente à castração. Para ele, o falo precisa desempenhar um papel de significante, de certo modo, um significante-encruzilhada, pois é preciso que o desejo do sujeito humano passe por esse sistema para se fazer conhecer e o qual é profundamente modificado por ele. Este significante atravessa o drama edipiano, tanto em sua entrada quanto em suas saídas.
Ao ultrapassar a fixação teórica do termo criado por Jones, pelo crivo de Freud e por sua lógica do significante, Lacan apropriar-se-á do termo afânesis para usá-lo para todo sujeito dividido, ou seja, castrado.
Segundo Garcia (2016, p. 723), Lacan trouxe, pela primeira vez, em seu Seminário 6: o desejo e sua interpretação, o conceito de objeto a. Lacan o fez por intermédio do resgate do termo afânesis de Jones, porém com outro uso, como possibilidade de apagamento ou desaparecimento do sujeito.
Tudo se passa como se, para Lacan, o sujeito fosse algo arrancado das entranhas do Outro (a estrutura transcendental sociolinguística), mas que, ao sê-lo, se apresentasse como que determinado até a última instância de seu ser pela estrutura. Nesses termos, o sujeito não suportaria o peso da determinação dos significantes e se apagaria. (Garcia, 2016, p. 723)
Para o autor, quem passa pela castração simbólica, o sujeito barrado pelo significante, a afânesis é uma vivência necessária, um signo impossível de ser contornado. E o que é essa afânesis senão o desespero de um sujeito que vê seu desejo perecer diante da determinação total do significante?
Isso trará a necessidade de pensar o objeto a, neste ponto da obra de Lacan, como objeto do desejo e como um lugar onde se firma a sobrevivência do sujeito. Lacan aborda o tema da seguinte forma:
(...) o objeto não pode ser o correlato e o correspondente de uma necessidade do sujeito. O objeto é essa coisa que suporta o sujeito no momento preciso em que este tem de enfrentar, digamos, sua existência. É essa coisa que suporta o sujeito na sua existência no sentido mais radical, a saber, justamente no sentido que ele existe na linguagem. Em outras palavras, o objeto consiste em algo que está fora dele e que ele só pode apreender em sua natureza própria de linguagem no momento preciso em que ele, como sujeito, tem de se apagar, desvanecer, desaparecer por trás de um significante. Nesse momento, que é, por assim dizer, um ponto pânico, o sujeito tem de se aferrar a algo, e ele se aferra justamente ao objeto enquanto objeto do desejo. (Lacan, 1958-1959/2016, p. 100).
Segundo Garcia (2016, p. 724-725), ao correr o risco de se apagar perante o significante, o objeto a será o lugar ao qual o sujeito se agarrará para não desaparecer. Enquanto objeto do desejo, o objeto a é o objeto do fantasma: o lugar onde o desejo do sujeito aprende a se situar.
Segundo Chatelard (2001, p. 56), o termo afânise como foi retomado por Lacan concerne ao sujeito enquanto desvanecido ante o objeto de seu desejo. Neste trabalho, acrescentamos a ideia de que o objeto a passa a ser o primeiro ponto de afânesis do sujeito e ancora o significante "falo", como veremos a seguir.
Em O seminário, livro 8: a transferência, Lacan (1960-1961/2010, p. 286) apresenta uma inversão, em que o sujeito, na maioria dos casos, que em pânico se agarraria ao objeto a, passa a "não temer a aphanisis, mas ao contrário, se refugiar nela e guardar o seu desejo no bolso". Isso é possível graças ao mecanismo significante, o falo, que é mais precioso que o próprio desejo.
(...) longe do temor da aphanisis se projetar, se podemos dizer, na imagem do complexo de castração, é ao contrário a necessidade, a determinação do mecanismo significante que, no complexo de castração, empurra na maioria dos casos o sujeito, não a temer a aphanisis, mas, ao contrário, a refugiar-se nela, a guardar seu desejo no bolso. O que a experiência analítica nos revela é que, mais precioso que o próprio desejo, é guardar o seu símbolo, que é o falo. (Lacan, 1960-61/2010, p. 286)
Lacan conduz-nos à sua fórmula (Lacan, citado por Chatelard, 2001, p. 56), segundo a qual o que não foi simbolizado reaparece no real e que o furo da perda provoca no sujeito o luto e, em seguida, que o furo da perda no real mobiliza o significante; e é justamente esse furo que apela para o significante da falta, o falo. É através deste caminho que se faz possível passar do campo narcísico ao campo do desejo.
Em O seminário, livro 10: a angústia (1962-1963/2005, p. 156), profere que o luto por alguém acontece quando podemos dizer: Eu era a sua falta - e que nem sabíamos que estávamos no lugar de sua falta. "O que damos no amor é essencialmente aquilo que não temos, e quando isso que não temos volta para nós, com certeza há uma regressão e, ao mesmo tempo, uma revelação daquilo em que faltamos para com essa pessoa, para representar essa falta.". Uma inversão ocorre novamente, pois cremos que faltamos, mas, na realidade, éramos preciosos para a pessoa, mesmo sendo bons ou ruins para ela.
No seminário 11, Lacan (1964/2008) apresenta o ceticismo como uma experiência que mantém uma posição subjetiva importante: não se pode saber nada. Citará Montaigne como alguém que não se centrou em um ceticismo, mas em torno do movimento vivo da afânise do sujeito. A partir dessa constatação, ele conceberá o ceticismo como uma ética.
O ceticismo é um modo de o homem se manter na vida, que implica uma posição tão difícil, tão heroica, que não podemos mesmo mais imaginar (...) a via do desejo. (Lacan, 1964/2008, p. 218)
Lacan (ibidem, p. 222) sinalizará que a psicossomática não deve ser concebida a partir de um olhar apenas para o somático, mas que há uma intervenção do desejo e, pela conservação deste desejo, que o elo que o sustenta não daria retorno à função que a afânise tem sobre o sujeito (o enigma do psicossomático está sempre lá, mesmo que não falado por ele), que é fazer retornar à causalidade de a.
Não há sujeito sem, em alguma parte, afânise do sujeito, e é nessa alienação, nessa divisão fundamental, que se institui a dialética do sujeito. (Lacan, 1964/2008, p. 216)
Em seu texto "Kant com Sade", Lacan (1966/1998, p. 785) aponta para uma separação entre o esvaecimento de uma experiência fisiológica e da afânesis do sujeito barrado. Este esvaecimento apontaria para algo finito: a morte do sujeito que se entrega à dor na mesma vertente do prazer, que também tem seu fim predestinado.
A experiência fisiológica demonstra que a dor é de ciclo mais longo, sob todos os aspectos, do que o prazer, já que uma estimulação a provoca no ponto em que o prazer acaba. Por mais prolongada que a suponhamos, no entanto, como o prazer ela tem seu fim: é o esvaecimento do sujeito. (Lacan, 1966/1998, p. 785)
Logo em seguida, Lacan (ibidem, p. 786) assinalará, novamente, para o que determina o esvaecimento pela afânesis, que vem desde o seminário 5, indicando que "... há uma estática do fantasma pela qual o ponto de afânise (ἀ), suposto em , deve ser, na imaginação, infinitamente adiado."
J. D. Nasio, na lição de 15 de maio de 1979, falando a convite de Lacan e dialogando com Jean-Michel Vapperau, transcrito em uma versão inédita do Seminário 26: a topologia e o tempo, trará o seguinte resumo da temática:
Assim, quando Freud escreve: o desejo se satisfaz, ele [Lacan] diz: o sujeito do desejo se satisfaz. Jones propõe: afânise do desejo, ele [Lacan] diz: não, afânise do sujeito. Então ele [Lacan] encontrou uma maneira de dizer: não é que o sujeito esteja ausente da cadeia de significantes, não é que não estejamos nos mil e um acontecimentos que vão se suceder, é que o sujeito está, mas como que apagado, o sujeito 'se afanisa', se desvanece no Outro.
Nasio, nesse mesmo seminário 26, dirá ainda mais sobre o sujeito que se afanisa: "(...) o sujeito está em no ato, seu ato de enunciar o dito, mas, sendo que este vem do Outro e se dirige ao Outro, que tudo ocorre entre ditos, o sujeito fica suspenso, perdido, apagado num conjunto aberto de significantes encadeados. Somos o sujeito do ato e com esse ato, no entanto, desaparecemos.".
É a partir deste desaparecimento, suspensão e de atos que se reforça a ideia de potência do silêncio, aqui utilizado como ausência dos significantes ou do gozo absoluto ou de uma fragmentação necessária, liberando uma criança generalizada em seu exílio e astúcia para criar uma nova forma de estar no mundo.
O grafo da Afânesis e o não-lugar
Constrói-se, a partir do entendimento anterior da inserção da tecnologia, do virtual em ação com sua potência e da genealogia do conceito de afânesis, uma proposta de matema para o fantasma-coisa ( <> ἀ). Lendo os seminários de Lacan, buscando afânesis (ἀ), encontramos o desafio para uma formalização do impossível. Onde está o sujeito que se afanisa?
O passo, a seguir, é estabelecer uma definição de um "não-lugar", que é a especificação do caminho que se percorre a partir do primeiro ponto de afânesis (ἀ = a) e os pontos de invocação do sujeito () e que permita abarcar o desaparecimento, a suspensão e os atos deste sujeito.
Figura 1 Grafo da Afânesis em sua relação com
A explicação do grafo será dividida em "quatro caminhos". Primeiramente, os caminhos dos "adultos", pela via da psicopatologia psicanalítica lacaniana (neurose, psicose e perversão). Em seguida, apresenta-se o caminho da "criança generalizada" fazendo uso das inflexões para não retornar ao campo do gozo, escapando, assim, de suas identificações primárias.
Inicialmente, apresentam-se os três caminhos "adultos" para o sujeito.
No primeiro caminho (1), o sujeito, em seu campo de gozo, é invocado por dois significantes de sua cadeia significante. Impulsionado por esta voz (discurso) através do circuito, encontra o ponto de afânise entre estes dois significantes (Sn-1 - ἀ - Sn) de acionamento. A próxima operação é o mal-estar do surgimento do sujeito barrado (ἀ - - ἀ). Dividido, o sujeito pode, em análise, fazer trabalhar e, em angústia, interrompe o processo e retorna ao seu campo de gozo e aos seus modos de gozo que podem ser ou não impactados por este fazer trabalhar. Esse caminho repete-se a cada dois significantes da linguagem que representem o S 1. Estamos ilustrando todas as formas do sujeito barrado se relacionar com o objeto a, o primeiro de afânesis (ἀ). Com isto repetimos o matema do fantasma da neurose: <> a.
Em um segundo caminho (2), o "adulto" segue sem rumo pelos significantes; fragmentado, ele acionará mais de um ponto de afânise entre muitos pares de significantes. Ao fazer isso, ele sem barra (S), ou melhor, seria interessante diferenciá-la por uma notação que Nasio (1987/2011) faz uso: S↑; para o fragmentado. Neste caminho, cada S↑; sustentará a parte (p) que lhe cabe na alucinação, no delírio ou na passagem ao ato (S↑; - ἀ - p1 - ἀ - p2 - ἀ - ... - pn). Uma vez passado este momento, pela via da contenção mecânica ou química, do fazer trabalhar de uma análise, ou de um novo comando de voz para o retorno, este sujeito fará o caminho inverso em direção ao objeto a. Com isto, elaboramos, de forma semelhante a Nasio, um matema da foraclusão da psicose: S↑; <> a, passando por muitos pontos de afânise.
No terceiro caminho (3), o sujeito é atraído por um ponto de afânise produzido. Este ponto é produção deste próprio sujeito, sem a necessidade de invocação pelos significantes. Ele mesmo lança a voz (discurso) de um gozo absoluto (V). Em nosso artigo, este V, que vem da fórmula da fantasia sadiana, do texto lacaniano "Kant com Sade", é o ponto de ligação deste sujeito que se coloca como objeto para um Outro sujeito. O ponto de afânesis neste caminho, como V, faz o papel de esconder o como objeto a. Aqui temos uma inversão da fórmula do fantasma neurótico. Na perversão temos: a <> . Sendo mais criativo em nossa elaboração, sem considerar o uso deste Outro sujeito para fazer o circuito, teremos o seguinte matema: a <> V, onde V = ἀ. A questão que aparece aqui é como se dá o retorno ao campo do gozo. Uma vez que o Outro sujeito da fórmula esteja enlaçado a partir de V, não há por que voltar a a; mas, se houver uma ruptura por parte deste Outro, via um fazer trabalhar ou um desaparecimento deste, o sujeito volta ao seu campo de gozo e lançará novamente mão de V em algum lugar de afânesis. De todos, o mais complexo dos caminhos ainda tem uma variável a mais, que é a dificuldade com seu fantasma. Uma vez que o fantasma não o conduza a V, pela falta de um Outro, este poderá pela via da análise fazer trabalhar de forma a produzir novamente V. Aqui encontra-se um campo de ética complexo para a psicanálise, que insiste em se abster de um trabalho junto a este grupo de "adultos" e, se colocando à disposição do outro sujeito, o capturado, que faz trabalhar para escapar a proposta de um perverso.
Por último, e mais importante para a definição de não-lugar, apresenta-se o caminho da "criança generalizada". Este sujeito vaga pelas inflexões, de ἀ em ἀ, podendo ou não se encaixar em algum dos modelos da psicopatologia apresentados anteriormente. É partir deste sujeito, em sua viagem, desaparecido, suspenso e de entre atos que pode se constituir um não-lugar. A estrutura da psicopatologia não faz mais sentido aqui, porque ele não vai trocar a liberdade por nenhum quinhão de segurança estrutural.
Este sujeito, originalmente em um campo de gozo, com identificações primárias, de um certo modo desvencilha-se de qualquer voz pela via do silêncio, este que, de alguma forma, o protege do caminho de volta ao objeto afânise primevo (objeto a). Neste caso, o matema para o movimento do sujeito em afânise será expresso pelo fantasma-coisa: <> ἀ.
Temos que ressaltar, ainda, a linguagem, a voz, o discurso como fundamentais para a infinitude que a função da afânise dá ao sujeito. A vibração no eixo do grafo supracitada é designada à voz por simplificação ou por complexidade se assim pudermos estabelecer um paradoxo de uma formalização impossível de ser representada.
Considerações finais
O texto tem como objetivo chamar a atenção para a criança generalizada e definir um não-lugar para ela. Optou-se por problematizar a inserção da tecnologia, trazer a importância da potência do virtual e compreender a genealogia do conceito de afânise, que traz muitos indicadores para a definição pretendida. Trazer a afânise como ponto de inflexão, ou de mudança de rota, apresenta uma nova forma de entender o sujeito em uma posição adulta ou de criança generalizada. É entender o não-lugar como modo de retornar ao caminho da afânise pela ética de um trabalho feito em uma análise e não retomar o campo do gozo. É realmente uma solução difícil de compreender, pois foge à lógica da estrutura e, até mesmo, do campo de gozo.
Segundo Lapoujade (2017), Souriau, em seu livro Les Différents modes d'existence (1943), descreve um tipo de existência mínima, a dos seres virtuais.
Dizer que uma coisa existe virtualmente significa dizer que ela não existe? De jeito nenhum. Mas também não significa que seja possível. Significa que ela é condicionada por uma realidade qualquer que nem a compreende nem a coloca. Ela se completa do lado de fora, se fecha sobre si mesma no vazio de um puro nada. O arco da ponte quebrada, ou começada, desenha virtualmente a curvatura que lhe falta. (Souriau, citado por Lapoujade, 2017)
Para o autor, os virtuais têm, a partir do esboço da ponte existente, uma forma de se diferenciar do puro nada. Eles conseguem escapar à supressão de uma diferença contínua que aparece em cada ponto de afânesis por uma armadilha estruturante e identitária. A multiplicidade de identificações neste não-lugar pode levar a um cansaço extremo ou a um vacilo que rompa o silêncio e o retorno ao campo do gozo se torna aterrorizante. A clínica posiciona-se como escuta do que então? Como construir uma ética para esta clínica?
Han (2015 e 2018) assevera que já estamos vivendo este momento, uma sociedade do cansaço ou do desempenho, um enxame nas redes sociais que contraditoriamente não é muito social, mas da coisificação, produtora de fantasmas e de infantilização, conforme previa Lacan. A tecnologia tem um papel importante nesta transformação do homem. Na clínica, esta tecnologia não aparece somente no campo da adicto da internet, de jogos ou redes; está também no uso compulsivo de fármacos em busca de desempenho, das cirurgias plásticas em busca de estética, dos anexos ao corpo como celulares e dispositivos para monitoramento. As possibilidades são infinitas e a potência do virtual, digna de novas formas de subjetivação, vem nos desafiar na continuidade da clínica psicanalítica diante destes novos sujeitos e suas demandas por análise.
Para Lapoujade (2017, p. 62), é preciso admitir que a existência não é mais apenas nos seres, mas entre os seres, referindo-se a Souriau. Neste trabalho, fomos além da existência do ser, mas onde ele faz silêncio, suspensão e ato. Ele ainda diz (idem, p. 63): "Podemos duvidar da realidade de certas existências, mas não dos fatos, pois têm uma eficácia, modificam alguma coisa no modo de existência dos seres". E não é a psicanálise o lugar de trabalho em torno dos atos, dos cortes, do movimento? Não é a clínica um bom lugar para existir minimamente?
A clínica pela observação do grafo apresentado pode ser pensada como uma escuta deste silenciamento da voz do discurso. É pensar a clínica no Real, no impossível de escutar, mas no possível de reconhecimento de um não-lugar quando parte do desejo do analisante. O lugar ainda pode ser uma saída, mas retornar a um não-lugar também.
Para este artigo, é importante problematizar as formas de desaparecimento transitórias do sujeito barrado () e da riqueza com que as formas contemporâneas apresentam circuitos pulsionais de existência mínima, seja como fuga de uma angústia ou responsabilidades, seja como criação de uma nova forma de viver.
A partir da afânise (ἀ), podemos dar existência a partir de muito pouco. Todavia, este muito pouco, que se sustenta por muito pouco, dará a possibilidade de uma instância de sujeito, que é preciosa para uma escuta diferencial na clínica psicanalítica.
Referências
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Artigo recebido em: 10/01/2021
Aprovado para publicação em: 10/09/2021
Endereço para correspondência
Hudson Augusto Rodrigues Bonomo
E-mail: hudson.bonomo@gmail.com
Auterives Maciel Júnior
E-mail: autermaciel@gmail.com
*Psicanalista Membro Associado da Sociedade de Psicanálise Iracy Doyle; Doutorando em Psicanálise, Saúde e Sociedade (UVA); Mestre em Ciências em Engenharia Mecânica pela COPPE/UFRJ; Pós-graduado em Clínica Psicanalítica (USU); Coordenador da Especialização em Teoria e Clínica Psicanalítica Freud-Lacaniana (USU).
**Psicanalista Membro Associado da Sociedade de Psicanálise Iracy Doyle (SPID); Doutor em Teoria Psicanalítica (UFRJ) e Mestre em filosofia (UERJ). Professor do departamento de pós-graduação - mestrado e doutorado - em Psicanálise, Saúde e Sociedade (UVA) e professor do departamento de psicologia (PUC-RIO). Professor programa de Pós-Graduação - Mestrado e Doutorado - em Memória, linguagem e Sociedade da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB).