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Imaginário

versão impressa ISSN 1413-666X

Imaginario v.12 n.12 São Paulo jun. 2006

 

PARTE II

 

Anequara: desenhos de um lugar na Amazônia

 

 

Magali Franco Bueno*

Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo

Endereço para correspondência

 

 


 

 

Anequara é uma comunidade ribeirinha situada às margens do rio homônimo, que faz parte da chamada região das ilhas de Abaetetuba, na foz do Rio Tocantins.

Estes desenhos foram obtidos por meio de uma pesquisa que procurava – e ainda procura – entender a representação do lugar e da região existente em uma comunidade considerada tipicamente amazônica.

Nesse contexto, pediu-se a todos os alunos que freqüentavam a escola – pré-escola e ensino fundamental até a quarta série – em 1997, desenhassem o lugar onde moram.

Os desenhos aqui apresentados foram escolhidos entre aqueles produzidos por pré-adolescentes e adolescentes que, então, cursavam a única escola da comunidade.

Quando deparadas às expressões interrogativas dos alunos diante da tarefa proposta, as professoras, já cientes dos objetivos da atividade, freqüentemente os estimulavam com a seguinte pergunta: “Onde vocês moram?” Como a resposta era unânime, “Anequara”, a professora replicava: “Então, é para desenhar o lugar onde vocês moram.”

Apesar da resposta dos alunos, seus desenhos expressam um espaço muito mais restrito do que o espaço da comunidade de Anequara, propriamente dito. Todos os desenhos foram individualmente comentados por uma das professoras, Lindalva Fonseca, que conhecia bem cada um dos estudantes. Segundo seus comentários, a maioria dos jovens desenhou a própria casa. Josinaldo foi o único que desenhou o lugar a partir de uma perspectiva diferente, procurando apresentar uma “visão aérea” do rio e do emaranhado de furos e ilhas formados por seus afluentes. Curiosamente, este jovem mora às margens de um dos igarapés afluentes do Rio Anequara e não às margens do próprio rio que denomina a comunidade, como a maioria das pessoas.

Assim, embora a comunidade de Anequara seja reconhecida, por estes jovens, como o seu lugar, o desenho expressa o lugar como o espaço de convívio com a família, o espaço de circulação cotidiano, muito mais circunscrito, espacialmente, do que o espaço da comunidade. O lugar, como conceito que procura expressar este espaço das relações cotidianas, é então espacialmente flexível.

 

Série multiseriada - Josiélem - 13 anos

 

Maurício Ferreira Cardoso - 1ª série

 

Adenilson da Silva Corrêa - 3ª série

 

Silonildo - multiseriada

 

Josivaldo Barreto - 4ª série

 

Roniel Bahia Cardoso - 3ª série

 

 

 

 

 

Endereço para correspondência
Magali Franco Bueno
E-mail: labi@edu.usp.br

Recebido em 14/10/2005
Aceito em 16/11/2005

 

 

Notas

* Departamento de Geografia - FFLCH-USP/NIME/LABI-USP