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Psicologia: ciência e profissão

versão impressa ISSN 1414-9893

Psicol. cienc. prof. v.17 n.2 Brasília  1997

 

Pedro Parafita De Bessa

 

 

O Professor PEDRO PARAFITA DE BESSA nasceu em Juiz de Fora, Minas Gerais, em 06 de março de 1923. Filho de Antônio Luiz de Bessa e Letícia Parafita de Bessa mudou-se com a família para Itaúna, no mesmo Estado, pouco depois de seu nascimento. Em 1929 foi para Belo Horizonte onde tem vivido desde então. Desenvolveu seus estudos primários em escola pública e o ginásio no Colégio Arnaldo. Na Faculdade de Filosofia de Minas Gerais, atual FAFICH - UFMG, cursou bacharelado de Ciências Sociais e licenciatura no mesmo curso. Terminado este, foi convidado a lecionar no mesmo. Aproximadamente um ano mais tarde, a cadeira de Psicologia Educacional (na época só lecionada no Curso de Didática) ficou vaga com a mudança da titular, a professora Helena Antipoff, para o Rio de Janeiro. Como se destacou entre seus alunos e porque na época realizava uma pesquisa sob a orientação da mesma, a direção da Faculdade pediu-lhe que assumisse a responsabilidade da cadeira de Psicologia Educacional. Reconhecendo sua pequena experiência na área, aí começa a formação do que viria a ser a sua vasta biblioteca, incluindo a assinatura de inúmeros periódicos e revistas de importância na área. Participou de estágios em Instituições dedicadas à Psicologia Aplicada e visitou inúmeras outras Faculdades de Filosofia. 0 trabalho que desenvolveu desde que assumiu a cadeira de Psicologia Educacional foi realizado com tal seriedade que o Curso de Pedagogia se tomou referência em Minas Gerais para quem pretendia especializar-se em Psicologia. Em 1951, com o surgimento da idéia de se fundar no Brasil o curso de formação de psicólogos, engajou-se com o grupo que tomou a frente dessa campanha, que durou até 1962. Em 1957 organizou e dirigiu, para a PUC de Minas Gerais, o Curso de Orientação Educacional. O curso foi tão bem sucedido que o Magnífico Reitor da Universidade o convidou para organizar e dirigir um curso de Psicologia, o que aconteceu em 1958. Apesar das inúmeras dificuldades defendeu veementemente a continuidade do curso que viria a ser o pioneiro na formação de psicólogos em Minas Gerais. Sendo professor da FAFICH UFMG, começou a batalhar a criação do curso também nesta instituído, o que foi conseguido dentro de poucos meses após a promulgação da lei que reconhecia a profissão de Psicólogo. 0 Professor Pedro Parafita de Bessa é autor de vários artigos especializados e escreveu, também, as seguintes obras por ordem cronológica:

1.  Análise do Conteúdo dos Jornais (separata).
2.  Processos de Racionalização do Trabalho.
3.  Lista de Palavras Conexas: Um Teste de Personalidade.
4.  O Teste MM.
5.  Interesses e Estruturas Sociais.
É casado com a Professora Maria Célia de Castro Bessa. Tem três filhos e três netos.

"Em nome da verdade, da justiça e da gratidão temos de prestar homenagens ao Emérito Professor Pedro Parafita de Bessa. Um retrospecto histórico é necessário. Voltemos aos anos 50, quando o jovem bacharel da Faculdade de Filosofia de Minas Gerais é convidado pela professora Helena Antipoff para ser seu assistente na cadeira de Psicologia Educacional, por ter captado a retido de seu caráter, o entusiasmo pelo estudo e a facilidade em empreendei mudanças na direção da construção de uma obra significativa. Obra que se multiplicou, desde o concurso para Livre Docente, passando pela criação do Laboratório e do Curso de Psicologia da UFMG, da Sociedade Mineira de Psicologia A direção do Serviço de Seleção e Orientação Profissional - SOSP, organização e direção do Curso de Psicologia da PUC - MG., tendo exercido cargos de direção e coordenação nos diversos setores da área, tantos que seria difícil enumerá-los todos. Mas é bom lembrar, pelo menos, que integrou o grupo nacional de Psicologia encarregado do estudo para criação e legalização da profissão e dos cursos de psicologia, em 1962.Também foi responsável pelo primeiro Código de ética e participou da criação do Conselho Federal de Psicologia. Assim, estava presente em todos os acontecimentos importantes nos planos nacional e internacional, sendo consultado e ouvido e sua opinião acatada e respeitada pelos colegas. Não media esforços para firmar a imagem do novo profissional que surgia.

A surpreendente presença constante do professor levava à suposição do dom da onipresença, afinal como poderia desempenhar tantas tarefas ao mesmo tempo? Pois era convocado constantemente a dar sua contribuição no Departamento de Psicologia, na Direção da Faculdade e na Reitoria e no Ministério da Educação, além de orientar teses e supervisionar trabalhos em todos os níveis da prática da Psicologia. Sempre com humor, transmitindo conhecimento e experiência sem fazer semblante de Mestre. Mas era exigente, firme e amigo, demandando trabalho, seriedade e ética dos que optavam pela profissão, pelos quais não se poupava na defesa de seus direitos. E foi nessa defesa que foi cassado no golpe de 64, quando, no exercício do cargo de Diretor da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG, exigindo reconhecimento dos direitos dos estudantes, não recuou diante do autoritarismo do regime militar que pretendia invadir a Faculdade, o que lhe custou a destituição dos seus cargos, a perda dos direitos políticos, sendo impedido de continuar sua missão na Universidade.

 

 

1 Extraído de texto de Nilza Rocha Feres no jornal do CRP 04 nº53