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Revista Brasileira de Orientação Profissional
versão On-line ISSN 1984-7270
Rev. bras. orientac. prof vol.12 no.1 São Paulo jun. 2011
EDITORIAL
Este fascículo, 12(1) de 2011, foi finalizado no contexto da preparação e da divulgação do III Congresso Latino-americano da ABOP, X Simpósio Brasileiro de Orientação Vocacional & Ocupacional e I Fórum de Pesquisa em Orientação Profissional e de Carreira, eventos que serão realizados entre 19 e 22 de julho de 2011, no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, São Paulo.
Neste ano, a Associação Brasileira de Orientação Profissional (ABOP) completará 18 anos. No cenário internacional, a International Association for Educational and Vocational Guidance (IAEVG) celebrará seu 60º aniversário. Desde 1951, em sua origem, a IAEVG contou com membros da Europa e América do Norte, e atualmente está presente em cerca de 60 países, com um expressivo crescimento do corpo internacional. Congressos recentes realizados em países do hemisfério sul sinalizam essa expansão, como atestam os eventos realizados na Argentina (2008), na Nova Zelândia (2009) e na Índia (2010). Neste ano, estão sendo realizados na Austrália (2011) e na África do Sul (2011).
A Orientação Profissional e de Carreira tem ampliado seu papel e inserção no mundo, o que requer qualificação dos profissionais e das investigações. E, no Brasil, não poderia ser diferente: aumenta a abrangência da participação da ABOP no cenário brasileiro e ibero-americano. Por sua vez, a Revista Brasileira de Orientação Profissional, conectada com os avanços da área, contribui incentivando a pesquisa, a divulgação do conhecimento e estabelecendo-se como veículo privilegiado de diálogo entre pesquisadores e comunidade no cenário brasileiro e ibero-americano.
Neste fascículo o leitor terá a oportunidade de conhecer contribuições de 16 autores. Oito autores internacionais, sendo seis de Portugal (vinculados às Universidade de Lisboa, Universidade do Porto e Universidade do Minho) e dois da Colômbia. Em relação à autoria nacional são dezesseis, oito do Estado de São Paulo advindos de quatro diferentes unidades da USP (FEA, FEARP, FFCLRP e EACH) ou vinculadas a ela (FIA) e oito de outros estados brasileiros (Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná e Distrito Federal). Observa-se a abrangência da revista, representada neste fascículo por um terço de autores de instituições internacionais.
Na seção especial deste número disponibilizamos uma visão dos resultados do trabalho editorial do ano anterior, com o texto intitulado Revista Brasileira de Orientação Profissional: Relatório de gestão 2010, de Lucy Leal Melo-Silva, Mara de Souza Leal e Eduardo Name Risk, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP), da Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto-SP. O relatório objetiva compartilhar informações com os autores, leitores e assessores ad hoc sobre os dados relativos à submissão e aprovação dos manuscritos.
Avaliar a pessoa e sua problemática de carreira é uma das competências especializadas do orientador profissional, nesse sentido, o pesquisador contribui na realização de pesquisas que visam a disponibilizar ferramentas para a intervenção com pessoas com dificuldades de tomada de decisão de carreira. É nesse contexto que se insere a primeira contribuição deste fascículo. O artigo intitulado Escala de Atribuições em relação à Carreira (EAC): Um estudo exploratório, autoria de Isabel Nunes Janeiro da Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal, analisa as características psicométricas e as capacidades discriminativas de uma nova escala para a avaliação das crenças atribucionais em relação à carreira.
Os dois artigos subsequentes focalizam a Educação Superior. O primeiro intitulado Desenvolvimento vocacional no ensino superior: Satisfação com a formação e desempenho académico, de André Magalhães Monteiro e Carlos Manuel Gonçalves, ambos da Universidade do Porto, Porto, Portugal, focaliza a satisfação com a formação superior e com o desempenho acadêmico. A partir dos resultados obtidos junto a 537 estudantes do Ensino Superior Português, verificou-se que não existem relações significativas entre o desenvolvimento vocacional e o desempenho acadêmico, porém tais dimensões se encontram relacionadas com a satisfação com a formação superior. O segundo artigo focaliza a transição para o trabalho. Intitulado Do ensino superior para o trabalho: O contributo dos estágios para a inserção profissional trata-se de uma contribuição de Diana Aguiar Vieira (Instituto Politécnico do Porto, Porto, Portugal), Susana Caires (Universidade do Minho, Braga, Portugal) e Joaquim Luís Coimbra (Universidade do Porto, Porto, Portugal). A investigação focalizou "o impacto dos estágios curriculares na promoção de variáveis psicológicas centrais nesta transição para o trabalho, tais como, exploração vocacional, autoeficácia e objetivos de investimento profissional".
Buscando ampliar o debate sobre a democratização do acesso às intervenções em orientação, o quarto artigo deste fascículo traz a lume o debate sobre a Educação para a Carreira, uma contribuição de Izildinha Maria Silva Munhoz e Lucy Leal Melo-Silva da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP), da Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto-SP. O artigo intitulado Educação para a Carreira: Concepções, desenvolvimento e possibilidades no contexto brasileiro contribui ao disponibilizar uma revisão da literatura que explicita a Educação para a Carreira como modalidade de orientação, em todos os níveis de educação, em muitos países, tornando possível a discussão no cenário brasileiro sobre as possibilidades de criação de programas de intervenção, por meio de estratégias curriculares infusivas, aditivas ou mistas.
A quinta contribuição, de Laura Vilela e Souza e Fábio Scorsolini-Comin (Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba-MG, Brasil) resulta no artigo Aconselhamento de carreira: Uma apreciação construcionista social, no qual os autores discutem como o orientador, em uma relação dialógica com o cliente, pode "favorecer a assunção da identidade como construção narrativa e fruto de negociações relacionais de sentidos". Novos olhares e novas possibilidades teóricas se apresentam nesses dois artigos.
O sexto artigo, intitulado Gestão de carreiras e crescimento profissional consiste em uma contribuição de Elza Fátima Rosa Veloso, Joel Souza Dutra e André Luiz Fischer, Faculdade de Economia e Adminstração (FEA), Universidade de São Paulo, São Paulo-SP; João Eduardo Albino Pimentel, Business School da Linyi University, Shandong, China, Rodrigo Cunha da Silva, Faculdade de Economia e Adminstração (FEA), Universidade de São Paulo, São Paulo-SP e Wilson Aparecido Costa de Amorim da Fundação Instituto de Administração (FIA), São Paulo-SP.
Com o foco no desenvolvimento de identidades ocupacionais, os dois artigos subsequentes tratam de universitários dos cursos de Enfermagem e de Administração. Assim, a sétima contribuição é intitulada Consistência da escolha vocacional e socialização profissional de estudantes de enfermagem, de autoria de Thais Accioly Baccaro (Universidade Norte do Paraná, Londrina-PR, Brasil) e Gilberto Tadeu Shinyashiki da Faculdade de Economia e Adminstração de Ribeirão Preto (FEARP), Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto-SP, Brasil. Trata-se de um amplo estudo, realizado com 2.657 alunos de cursos de Enfermagem de 15 faculdades distribuídas em nove estados brasileiros. Os resultados indicam os bons preditores da socialização profissional.
A oitava contribuição, de Lucia Barbosa de Oliveira (Faculdade de Economia e Finanças Ibmec, Rio de Janeiro-RJ, Brasil) intitula-se Percepções e estratégias de inserção no trabalho de universitários de Administração. O estudo objetivou investigar como jovens universitários, nesse caso do curso de Administração, percebiam e se preparavam para o mercado de trabalho.
A nona contribuição, denominada Orientação profissional em um centro de psicologia aplicada: Análise de uma prática, de Adelaine Vianna Furtado e Altemir José Gonçalves Barbosa (Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora-MG, Brasil), reforça a necessidade de avaliação continuada das intervenções de carreira.
Na seção Relato de Experiência Profissional publica-se o artigo de Fernando Henrique Rezende Aguiar e Maria Inês Gandolfo Conceição (Universidade de Brasília, Brasília-DF, Brasil). Intitulado Orientação vocacional como tema transversal: Uma experiência com profissionais da educação, o trabalho mostra a possibilidade de intervenção na área como conteúdo curricular transversal no contexto escolar. Trata-se de uma prática viável e a ser complementada com ideias como as veiculadas no artigo sobre Educação para a Carreira publicado neste número.
A seção Ensaio é composta por dois trabalhos. O primeiro, de Lisete Barlach, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, campus de São Paulo, denominado Empreendedorismo ou profissão: Um desafio para orientadores(as), discute a questão do empreendedorismo corporativo ou intraempreendedorismo. O outro ensaio, uma contribuição da Colômbia, intitulada El campo de la psicopedagogía: Discusiones, procesos de formación, identidad y prácticas, apresenta uma reflexão epistemológica sobre o objeto da psicopedagia e a sua prática, de autoria de Faustino Peña Rodríguez, Sandra Acevedo Zapata (Universidad Pedagógica Nacional, Bogotá, Colômbia).
O Conselho Editorial atua com o objetivo de contribuir para consolidar os avanços na área, estimulando a reflexão crítica dos leitores e ampliando as indexações da Revista em bases de dados da área. Desejamos uma boa leitura e esperamos que os autores possam cada vez mais submeter seus trabalhos e qualificá-los.
Lucy Leal Melo-Silva
Editora Científica