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Revista Brasileira de Orientação Profissional
versão impressa ISSN 1679-3390
Rev. bras. orientac. prof vol.15 no.1 São Paulo jun. 2014
ARTIGO
Significados atribuídos ao trabalho pelos jovens adultos portugueses do ensino superior: modo crise?
Meanings given to work by Portuguese young adults in Higher Education: Crisis mode?
Significados atribuidos al trabajo por los jóvenes adultos portugueses de la enseñanza superior: ¿modo crisis?
Ana Martins; Joaquim Luís Coimbra
Universidade do Porto, Porto, Portugal
RESUMO
O objetivo da presente investigação é comparar significados atribuídos ao trabalho entre estudantes, finalistas e diplomados do Ensino Superior em Portugal (N = 1421). Procuraram-se diferenças de estatuto, sexo, faixa etária e situação profissional (diplomados). Utilizando a versão abreviada da Escala de Significados Atribuídos ao Trabalho (ESAT-R; Sobral, 2008), concluiu-se, como principais resultados, que os estudantes valorizam mais a dimensão positiva e negativa que os diplomados; mulheres valorizam mais a dimensão da realização pessoal e positiva do trabalho; sujeitos com menor idade que valorizam mais as dimensões positiva, negativa e económica. Implicações deste estudo são discutidas.
Palavras-chave: significados atribuídos ao trabalho, ensino superior, jovens adultos, transição para o mercado de trabalho
ABSTRACT
The goal of this research is to explore differences regarding meanings of work, amongst students, final year students and graduates (i.e., status) of Higher Education institutions in Portugal (N = 1421). Status, gender, age and professional situation differences were found. Using a short version of ESAT-R (Escala de Significados Atribuídos ao Trabalho - Sobral, 2008), findings suggest that students show higher levels regarding work's positive and negative dimensions; women display greater levels of appreciation of personal satisfaction and its positive dimensions; younger subjects present higher levels on the economic, negative and positive dimensions. Implications of this study are discussed.
Keywords: meaning of work, higher education, young adults, school to work transition
RESUMEN
El objetivo de la presente investigación es la de comparar los significados atribuidos al trabajo entre estudiantes, próximos a finalizar sus estudios y graduados de la Enseñanza Superior en Portugal (N = 1421). Se buscaron diferencias de estatuto, sexo, franja de edad y situación profesional (graduados). Utilizando la versión abreviada de la Escala de Significados Atribuidos al Trabajo (ESAT-R; Gonçalves, Sobral & Coimbra, 2008), se concluye, como principales resultados, que los estudiantes valorizan más la dimensión positiva y negativa que los graduados; mujeres valorizan más la dimensión de la realización personal y positiva del trabajo; sujetos con menor edad valorizan más las dimensiones positivas, negativas y económicas. Las implicaciones de este estudio son discutidas.
Palabras clave: significados atribuidos al trabajo, enseñanza superior, jóvenes adultos, transición para el mercado de trabajo
Contextualizadas num quadro de profundas reformulações de cariz social, político e económico que marcaram o final do séc. XX e que se têm vertido para este início do séc. XXI, a produção empírica sobre as conceções dos jovens adultos relativamente ao trabalho tem sido prolífica, apresentando fortes contributos para a análise dos significados atribuídos ao trabalho por adolescentes e jovens adultos. A centração nos significados atribuídos ao trabalho como objeto de estudo é contextualizada num quadro de referencial teórico ecológico (Bronfenbrenner, 1979), construtivista (Mahoney, 1991, 2003; Mahoney & Lyddon, 1988) e desenvolvimental (Campos & Coimbra, 1991). Ecológico na medida em que se assume uma leitura sistémica e contextual da realidade humana - a ação humana decorre contexto de ações e relações proximais e distais, influenciando e sendo influenciadas reciprocamente em níveis micro (por exemplo, a família) e macrossistémicos (por exemplo, políticas económicas que desfavorecem o emprego). Este quadro teórico é particularmente relevante para o enriquecimento da análise do objeto em causa, na medida em que nos remete para lá da dimensão intrapessoal/intrapsíquica tradicionalmente associada à leitura de significados. O referencial teórico base é também construtivista, uma vez que se revê na atividade auto-poiética do sujeito, enfatizando o papel activo do sujeito no mundo que o rodeia, acedendo a identidades e realidades como representações cognitivas mediadas interpessoalmente (Mahoney & Lyddon, 1988). Conceptualizamos, portanto, o ser humano como sendo, simultaneamente, produto e produtor do seu próprio desenvolvimento (Lerner, 1991), reconhecendo a importância das estruturas tácitas na construção da realidade e a cognição proactiva (Mahoney, 2003), em que o indivíduo se faz a si próprio a partir de desequilíbrios. Também no caso da perspetiva construtivista se sublinha o primado do significado, descentrando-se da noção da realidade (objectiva) e focalizando-se na explicação da experiência, centrada nos significados, tal como se pretende que seja a presente investigação.
No âmbito dos significados atribuídos ao trabalho, do ponto de vista empírico, Chaves et al. (2004) procuraram avaliar a forma como a juventude urbana (no caso desta amostra, adolescentes com baixo nível sócio económico) considera a presença do trabalho nas suas vidas. Da investigação destes autores, emergiram essencialmente três dimensões (definição de trabalho; objetivo do trabalho; aprendizagem com origem na família) e várias ramificações temáticas (exemplo, resultados do trabalho, dimensões/atitudes em relação ao trabalho; razões para trabalhar e não trabalhar; atributos dos trabalhadores adaptativos, aspirações positivas no trabalho, entre outras). Centremo-nos na forma como os adolescentes compreendem o significado do trabalho nas suas vidas: parece ser primeiramente encarado como um meio para atingir um fim, isto é, nos seus resultados específicos, seja o dinheiro ou a consecução de objetivos. A juventude urbana tende a adotar uma visão mais prática do trabalho, o que pode ser um reflexo da realidade das oportunidades condicionadas e do acesso limitado a papéis ocupacionais diversificados (Chaves et al., 2004). Em suma, para uma parte dos adolescentes urbanos, o trabalho afigura-se como uma necessidade e não um meio de expressão do self.
O cenário parece diferente quando a amostra é composta por adultos que estão já no mundo do trabalho. Coimbra e Gonçalves (2002), numa amostra composta por desempregados, adolescentes e adultos empregados, concluíram que, embora os sujeitos adultos sejam capazes de reconhecer um conjunto de emoções negativas (stress, cansaço, desgaste), o trabalho é prioritariamente reconhecido como uma fonte de realização pessoal e oportunidade de estabelecer relações interpessoais. O mesmo é avançado por Parada e Coimbra (2000). A diferença nos resultados apurados por Chaves et al. (2004) e por Coimbra e Gonçalves (2002) é, pelo menos, parcialmente, explicado pela diferença etária nas respetivas amostras e, no caso dos adolescentes, pelo seu nível socioeconómico (NSE). Na investigação conduzida por Blustein et al. (2002), o NSE desempenha um papel decisivo na perspetiva do que é o trabalho. Com uma amostra de jovens adultos em fase de transição para o mercado de trabalho, identificaram que, para os sujeitos com NSE mais elevado, o trabalho é mais visto como fonte de satisfação pessoal, se comparados com indivíduos de NSE mais baixos. No estudo de Coimbra e Gonçalves (2002), os desempregados, além de valorizarem o trabalho como realização e relacionamento interpessoal, salientam igualmente a dimensão económica do mesmo. Os adolescentes associam o trabalho à dimensão emocional negativa, corroborando os estudos de Blustein et al. (2002) e de Chaves et al. (2004). Os adultos empregados demonstram maiores dificuldades em verbalizarem a importância económica do trabalho. Em ambos os estudos (Chaves et al., 2004; Coimbra & Gonçalves, 2002) se reforça o facto de as dimensões mais extrínsecas, como o dinheiro, poder e prestígio social, serem mais valorizadas em detrimento de dimensões mais intrínsecas, como a autonomia e a criatividade. Mais ainda, as dimensões mais intrínsecas só são explicitamente valorizadas e só emergem quando as extrínsecas estão satisfeitas.
Outra contribuição particularmente relevante para o domínio do estudo dos significados atribuídos ao trabalho foi dada por Blustein et al. (2002) e por Phillips, Blustein, Jobin-Davis, e White (2002), nomeadamente ao darem um passo em frente na inclusão de variáveis do tipo macro sistémico no âmbito de um estudo qualitativo, particularmente útil quando nos debruçamos sobre significados. No caso da primeira investigação, os autores concluíram que elementos com nível socioeconómico e sociocultural mais elevado tendem a apresentar narrativas em que o trabalho surge como algo de positivo e com potencial associado de expressão do self, por oposição aos sujeitos de nível socioeconómico e sociocultural mais baixos, vendo essencialmente o trabalho como meio de subsistência. Por outro lado, Phillips et al. (2002), com uma amostra de adolescentes americanos, identificaram que alguns dos participantes (no caso, jovens adultos) estavam ansiosos acerca da necessidade de considerar o trabalho como uma parte muito significativa da sua realização pessoal. Ora, este estudo entra em claro contraste com o apresentado por Csikszlentmihalyi e Schneider (2000) que, num estudo longitudinal de cinco anos, com uma amostra de adolescentes nos Estados Unidos, concluíram que estes, em geral, estão a desenvolver imagens marcadamente negativas acerca do trabalho: algo de importante no futuro de cada um, mas ainda assim aborrecido. Apenas uma minoria vê o trabalho como parte integrante do seu autoconceito, isto é, associado ao trabalho como realização pessoal.
O tema do impacto sócio cultural e dos recursos económicos quer do contexto familiar quer do macrosistema (Bronfrenbrenner, 1979) é algo igualmente sublinhado por Bynner, Ferri, e Shepperd (1997): nas culturais ocidentais, o mercado de trabalho funciona de um modo em que os sujeitos com mais acesso aos recursos económicos e familiares têm maior grau de escolha, ao contrário dos sujeitos com nível socioeconómico e sócio cultural mais baixos - o que é corroborado por Constantine, Erikson, Banks, e Timberlake (1998). A presente investigação, baseada numa amostra de jovens adultos do Ensino Superior, não pretende extrapolar estes resultados para todos os jovens adultos. Em Portugal, são ainda uma minoria os adolescentes que concluem o Ensino Secundário e prosseguem os seus estudos para o Ensino Superior, pese embora o esforço de democratização no acesso a este nível de ensino. Pretende-se, ao invés, analisar até que ponto estes estudantes e diplomados, maioritariamente de classe média e alta, mantêm a visão do trabalho como algo de positivo e centrado na sua realização pessoal, agora que enfrentam como nunca níveis históricos de desemprego. Todos os estudos empíricos até agora referenciados reportam a uma realidade prévia a uma nova ordem económica mundial, na sequência da crise do subprime nos Estados Unidos da América e cujas consequências, em particular na Europa, parecem não terminar.
Com o emprego como um bem cada vez mais escasso, numa roupagem cada vez mais precária e exigente de maior número de horas de trabalho, manter-se-ão os significados atribuídos ao trabalho como o fomos conhecendo empiricamente até agora? Para além da análise global que possa resultar desta investigação para aferir de alguma tendência de transformação de significados, o estudo que a seguir apresentamos procura centrar-se na exploração das diferenças nos significados atribuídos ao trabalho ao nível de i) estatuto (estudantes, finalistas ou diplomados); ii) sexo e iii) faixa etária. Em função destes objetivos, foram formuladas hipóteses que a seguir se fundamentam: Hipótese 1: Diplomados e estudantes apresentam valorizações diferentes nas dimensões subjacentes ao trabalho, pelo facto de os primeiros serem detentores de experiência profissional, ao contrário dos últimos. É de esperar que esta experiência, pelo seu impacto no funcionamento e desenvolvimento psicológicos, possa assumir um papel importante na formação de significados (infirmando, desconfigurando, materializando ou criando erosão em significados atribuídos previamente), através da capacidade de construção da realidade e cognição proativa (Mahoney, 2003); Hipótese 2: Mulheres apresentam valores mais elevados do que os homens na dimensão positiva e de realização pessoal do trabalho, na medida em que foram objeto de socialização de género para as emoções positivas, assim como de práticas diferenciadas de socialização que educam as raparigas para a valorização de dimensões mais afetivas e menos instrumentais (Block, 1983); Hipótese 3: Sujeitos com menor idade apresentam valores mais elevados nas dimensões negativa e económica, baseado nas conclusões dos estudos de Chaves et al. (2004) e Csikszlentmihalyi e Schneider (2000).
Método
Objetivos do estudo empírico
Este estudo tem por objeto os significados atribuídos ao trabalho pelos jovens adultos do ensino superior. O objetivo geral é o de explorar associações entre significados atribuídos ao trabalho em diferentes níveis, que se traduzem em objetivos específicos, nomeadamente na exploração de: i) diferenças de estatuto (estudantes ou diplomados); ii) diferenças de sexo e iii) diferenças de faixa etária.
Participantes
A amostra consiste num total de 1421 respondentes, dos quais 44,5% eram estudantes (n = 633), 12,9% eram finalistas (n = 183) e 42,5% eram graduados (n = 605) do ensino superior português (público e privado). 74,8% da amostra é do sexo feminino (n = 1063) e 25% do sexo masculino (n = 356). No que concerne à idade, a idade média dos estudantes é de 21,5 (DP = 3,35), a dos finalistas de 23,3 (DP = 2,27) e a dos graduados de 26,7 (DP = 3,76).
Instrumento
O instrumento utilizado é a Escala de Significados atribuídos ao Trabalho - Versão Abreviada (ESAT-R; Sobral, 2008). A versão abreviada da ESAT (Anexo A) conta com 35 itens distribuídos por quatro dimensões: i) Dimensão da Realização Pessoal do Trabalho, ii) Dimensão Positiva do Trabalho; iii) Dimensão Económica do Trabalho e iv) Dimensão Negativa do Trabalho. A dimensão de realização pessoal do trabalho diz respeito, segundo Gonçalves (2006, p. 125), "ao modo como o trabalho é fonte de satisfação pessoal, contribuindo para a realização do sujeito, desafiando-o para atualizar os seus recursos e competências pessoais". A dimensão positiva, por seu turno, "refere-se modo como o trabalho permite oportunidades pessoais e sociais satisfatórias, em termos de atividade positiva, criativa e relacional." (p.125). Já a dimensão económica subjacente ao trabalho concerne ao "modo como o trabalho é um instrumento para responder às necessidades fundamentais que são garantia da qualidade de vida pessoal, familiar e a um reconhecimento social" (Gonçalves, 2006, p.126). Por fim, a dimensão negativa do trabalho refere-se ao impacto desgastante, em termos pessoais e familiares, da atividade do trabalho como fonte de preocupação, stress, monotonia ou cansaço.
Procedimentos
Após o contacto de diversas instituições de ensino superior (público e privado), foi enviado por correio eletrónico uma mensagem que apelava à colaboração com o presente estudo online, assegurando o anonimato e confidencialidade dos dados pessoais. Revelou-se necessário impor uma janela temporal de graduação entre os anos letivos 2004/2005 e 2008/2009 - cinco anos. Este horizonte temporal está de acordo com o sugerido por estudos que confirmam a tendência de usar um período de tempo mais alargado na medida de obtenção de emprego (Alves, 2001; A. M. Martins, 2001; Nurmi, Salmela-Aro, & Koivisto, 2002), donde se infere que a transição para o mercado de trabalho é um processo que não termina imediatamente após a conclusão do percurso formativo (Vieira & Coimbra, 2006). O intervalo de confiança foi de 95% e a margem de erro foi de 2,6.
Resultados
Análises preliminares
A análise fatorial confirmatória de primeira ordem realizada à ESAT-R, na presente investigação, apresenta, como indicadores de ajustamento de modelo (conferir nota de fim) χ2(551, n = 1421) = 3378; p < 0,01; CFI = 0,88; RMSEA = 0,06.
Análises principais
Afirmámos, no tópico da Metodologia, que este estudo tem por objeto os significados atribuídos ao trabalho pelos jovens adultos do ensino superior. O objetivo geral incide na exploração de associações entre significados atribuídos ao trabalho, materializando estas associações em três níveis i) diferenças entre estudantes e diplomados (isto é, de estatuto), ii) diferenças de sexo e iii) diferenças de idade. A Tabela 1 traz as correlações de cada subgrupo, com base nas diferenças de estatuto.
Parece resultar da Tabela 1 um cenário comum na valorização das dimensões subjacentes ao trabalho, num contexto de correlações moderadas (com a exceção da correlação positiva entre a dimensão de realização pessoal e a dimensão positiva). Em concreto: a) Correlações positivas entre as dimensões de realização pessoal, positiva e económica; b) Correlações positivas entre dimensão económica e positiva (sugestiva do distanciamento conceptual da primeira face à dimensão negativa), pese embora se trate de uma correlação moderada em todos os estatutos; c) Correlação negativa entre as dimensões positiva e negativa, parecendo sugerir uma relação de oposição conceptual; d) A dimensão negativa surge negativamente correlacionada com as dimensões de realização pessoal e positiva, não se correlacionando com a dimensão económica. Tal só acontece no âmbito dos graduados, revelando-se de sentido negativo. Ainda no âmbito do estatuto, optou-se igualmente por um teste de diferenças.
A análise aos valores de ordenação média dá-nos indicações quanto à valorização destas dimensões pelos três grupos: finalistas, estudantes e diplomados. No que diz respeito à dimensão positiva do trabalho, são os estudantes que apresentam os valores mais elevados (Ordenação média = 767,80), contrastando com os finalistas (Ordenação média = 751,09) e com os diplomados (Ordenação média = 639,45). As diferenças entre estudantes e diplomados revelam-se estatisticamente significativas (U = 166575, p < 0,001, r = -0,12), sugerindo que são os estudantes quem apresenta os valores mais elevados na valorização da dimensão positiva associada ao trabalho (Mediana = 658,85) comparativamente com os diplomados (Mediana = 578,33). No que concerne à dimensão económica do trabalho, são os finalistas que apresentam os valores mais elevados (Ordenação média = 776,72), seguidos dos estudantes (Ordenação média = 749,83) e dos diplomados (Ordenação média = 650,49). A diferença entre finalistas e diplomados revela-se estatisticamente significativa (U = 46723, p < 0,001, r = -0,12), indicando que são os finalistas (Mediana = 441,68) quem mais valoriza a dimensão económica associada ao trabalho, por comparação com os diplomados (Mediana = 380,23). Por fim, no que se refere à dimensão negativa do trabalho, são os estudantes que apresentam os valores mais elevados (Ordenação média = 747,84), à semelhança do que acontece com a dimensão positiva. Quem aparece em segundo lugar na valorização da dimensão negativa são os finalistas (Ordenação média = 699,18), seguido dos diplomados (Ordenação média = 676,03). A valorização de estudantes e diplomados difere significativamente (U = 174235, p < 0,01, r = -0,06), com os estudantes a valorizarem mais a dimensão negativa (Mediana = 646,75) do que os diplomados (Mediana = 590,99). Por outro lado, atente-se aos valores médios da valorização das quatro dimensões preconizadas pela ESAT - Versão abreviada (Sobral, 2008) nos diferentes subgrupos (estudantes, finalistas e graduados).
Neste âmbito, parecem ganhar relevância os valores médios da valorização das dimensões de realização pessoal. O valor médio mais baixo é o dos diplomados, com M = 5 (DP = 0,70), quando a escala de Likert tem 6 níveis. Saliente-se, inclusivamente, que para os estudantes, o valor mais baixo de resposta na escala, para esta dimensão, é o 3. No tocante às diferenças de sexo, como vemos na Tabela 4, estas existem no que concerne especificamente à dimensão realização pessoal do trabalho, à dimensão positiva e à dimensão negativa do trabalho. Estas diferenças vão no sentido de as mulheres apresentarem valores mais elevados na dimensão da realização pessoal do trabalho, enquanto os homens apresentam valores mais elevados na dimensão negativa do trabalho. No caso da dimensão positiva, são novamente as mulheres a apresentarem valores mais elevados.
Já no que diz respeito a diferenças de idade, estas existem no que diz respeito à dimensão positiva do trabalho, dimensão económica e dimensão negativa do trabalho.
Mais concretamente, estas diferenças vão no sentido de sujeitos com idade igual ou inferior a 22 anos apresentarem os valores mais elevados (Ordenação média = 758,11) na dimensão positiva do trabalho, seguidos pelos sujeitos com idades compreendidas entre os 23 e os 25 anos de idade (Ordenação média = 704,22), e dos sujeitos com mais de 26 anos (Ordenação média = 645,39). Estes grupos mais extremos diferem significativamente entre si (U = 125293, p < 0,01, r = -0,09), sugerindo que são os sujeitos com idade até 22 anos quem apresenta os valores mais elevados na valorização da dimensão positiva associada ao trabalho (Mediana = 558,75) comparativamente com os sujeitos com mais de 26 anos de idade (Mediana = 502,70). Quando as diferenças dizem respeito à dimensão negativa do trabalho, são também os sujeitos com idade menor ou igual a 22 anos que apresentam os resultados mais elevados (Ordenação média = 742,30), seguidos dos sujeitos com idade compreendida entre os 23 e 25 anos de idade (Ordenação média = 714,77), sendo os sujeitos com idade superior a 26 anos que apresentam os resultados mais baixos (Ordenação média = 667,06). Estes dados são corroborados por Teste U Mann-Whitney, confirmando que os grupos mais extremos diferem significativamente entre si (U = 128112, p < 0,05, r = -0,07), sugerindo que são os sujeitos com idade até 22 anos quem apresenta os valores mais elevados na valorização da dimensão negativa associada ao trabalho (Mediana = 554,09) comparativamente com os sujeitos com mais de 26 anos de idade (Mediana = 508,80). Finalmente, no que concerne a dimensão económica do trabalho, são também os sujeitos com menor idade (menos que 22 anos) que apresentam os valores mais elevados (Ordenação média = 743,48), seguidos dos sujeitos entre os 23 e os 25 anos (Ordenação média = 711,49), culminando nos que menos valorizam esta dimensão, os sujeitos com mais de 26 anos (Ordenação média = 668,02). Estes grupos mais extremos diferem significativamente entre si (U = 128497, p < 0,05, r = -0,07), sugerindo que são os sujeitos com idade até 22 anos quem apresenta os valores mais elevados na valorização da dimensão económica associada ao trabalho (Mediana = 553,46) comparativamente com os sujeitos com mais de 26 anos de idade (Mediana = 509,63).
Globalmente falando, podemos notar, de comum, que os valores mais elevados, independentemente da dimensão a que nos referimos, pertencem aos respondentes com menos idade, para ser de menor valorização com sujeitos com mais idade. Em suma, e fazendo uma ponte para com as hipóteses deste estudo. Confirma-se a Hipótese 1: Diplomados e estudantes apresentam valorizações diferentes nas dimensões subjacentes ao trabalho, os estudantes valorizam mais a dimensão positiva e a dimensão negativa por comparação com os diplomados. No caso da dimensão económica, são os finalistas que apresentam os valores mais elevados. Confirma-se a Hipótese 2: Mulheres apresentam valores mais elevados do que os homens na dimensão positiva e de realização pessoal do trabalho, enquanto os homens apresentam valores mais elevados na dimensão negativa do trabalho. Confirma-se a Hipótese 3: são os sujeitos com menor idade que valorizam mais as dimensões negativa e económica, embora sejam também eles quem mais valoriza a dimensão positiva, o que pode parecer contraditório.
Discussão
Schneider e Stevenson (1999) consideram que a necessidade para encontrar significados no trabalho é um desafio para todos os jovens adultos que têm de navegar a transição para o mercado de trabalho. Num enquadramento conceptual ecológico (Bronfenbrenner, 1979), construtivista (Mahoney, 1991, 2003; Mahoney & Lyddon, 1988) e desenvolvimental (Campos & Coimbra, 1991), debruçámo-nos sobre os significados atribuídos ao trabalho por estudantes e diplomados do Ensino Superior em Portugal, explorando associações diferenças entre eles. Antes da análise centrada nos quatro principais objetivos específicos do presente estudo, convém fazer uma análise mais global da amostra em causa. Embora o nível socioeconómico (NSE) não tenha sido uma variável macro-sistémica inserida neste design de investigação, não podemos negligenciar que, apesar das alterações socioeconómicas e culturais a que assistimos na população do ensino superior em Portugal, estamos, ainda assim, perante uma elite. Dados do Gabinete de Informação e Avaliação do Sistema Educativo (GIASE) indicam que a taxa real de escolarização segundo o nível de ensino demonstra que o ensino superior ainda tem a menor percentagem na escolaridade dos jovens, apesar da sua subida de 10,8% em 1990 para 27,3% em 2004 (Pais, 2006). Por outras palavras, apenas um em cada três jovens frequenta o ensino superior. Assim sendo, podemos caracterizar esta elite em alguns parâmetros: i) pelo investimento escolar e académico de, pelo menos, 15 anos; ii) pelo investimento económico e financeiro colocado pelos seus agregados familiares no seu trajeto educação-formação, iii) por a maior parte dos graduados do ensino superior terem pais também com esse nível de qualificação (Comissão Europeia, 2000). Autores como Super e Sverko (1995) sustentam que os sujeitos com NSE mais elevados, no aspeto motivacional, parecem salientar dimensões como a satisfação pessoal, em detrimento de uma dimensão instrumental (ligada à estrita sobrevivência económica), sugerindo que estas diferenças são fortemente relacionadas com os contextos sociais e económicos dos quais provêm. No mesmo sentido, Blustein et al. (2002), no âmbito de um estudo sobre o impacto do nível socio-económico na transição para o mercado de trabalho de jovens adultos americanos, constatam que sujeitos de NSE mais elevados tendem a ver o trabalho como fonte de satisfação pessoal por comparação com indivíduos de NSE mais baixos. Por outro lado, é reconhecido que uma mão-de-obra altamente qualificada vê o trabalho como mais do que o cumprir de funções de subsistência, enfatizando a dimensão estética (Bauman, 1998/2005) do trabalho, não apenas associada ao consumo de bens, mas à noção de trabalho como valor facial, em contexto social, da medida de valor pessoal do sujeito. Daqui resulta, em função dos obstáculos de natureza macrossistémica, o conceito de "vocation as privilege" (Bauman, 1998, p. 33). Assim sendo, podemos dizer que o discurso social do trabalho como fonte essencial à realização pessoal está particularmente disseminado pelo menos nesta amostra de jovens adultos.
Pese embora a análise das diferenças de estatuto e de idade no que concerne aos significados atribuídos ao trabalho terem sido efetuadas separadamente, entendemos que ambos os resultados não são alheios a condições recíprocas, i.e., às diferenças de estatuto não será alheio o fator idade, pelo que a análise conjugará estas duas dimensões. As diferenças de idade sugerem que sujeitos mais novos valorizam mais as dimensões positiva, negativa e económica. Se os resultados referentes à primeira dimensão contrariam resultados de produções empíricas no domínio (Chaves et al., 2004), podendo ser encaradas estas divergências como fruto de diferentes enquadramentos sócio-económicos/sócio-culturais das respetivas amostras (Chaves e colaboradores debruçam-se sobre uma realidade norte-americana), uma análise mais global a estes resultados parecem propiciar outro tipo de leitura. É como se estes respondentes, comparativamente com os mais velhos, amplificassem estes significados por falta de mais experiência profissional, culminando num grau de idealização que, possivelmente, os sujeitos mais velhos não terão - com maior capital de experiência pessoal e outros níveis de relativismo, permitindo uma perspetiva mais integrada e diferenciada do trabalho. Nas palavras de Gonçalves (2006, p. 247), analisando achados no mesmo sentido: "Os alunos mais novos, como estão numa situação ainda distante em relação à entrada no mundo do trabalho e muito dependentes dos seus progenitores tendem a idealizar os contextos de trabalho", amplificando ambas as dimensões. No âmbito do estatuto, constatámos diferenças significativas entre estudantes e diplomados nos significados atribuídos ao trabalho: os estudantes valorizam mais a dimensão positiva e a dimensão negativa por comparação com diplomados. No caso da dimensão económica, são os finalistas que apresentam os valores mais elevados. Poderemos refletir sobre se o que foi dito anteriormente sobre as diferenças entre diplomados e estudantes ao nível da idade, levará os primeiros a responder em pontos menos extremos da escala de resposta, por comparação com os respondentes com menos idade. Outras investigações (e.g., Gonçalves, 2006) apresentam resultados que vão neste mesmo sentido: maior valorização simultânea de dimensões positivas e negativas por comparação com sujeitos com mais idade. Por outro lado, se compararmos estas diferenças com o cenário de correlações por estatuto, constatámos que, apesar da análise diferenciada, o cenário dos resultados é, grosso modo, semelhante, sugerindo uma estrutura comum de valorização das dimensões associadas ao trabalho, independentemente da etapa de vida (em formação ou desempenhando atividade profissional) em que se encontrem os sujeitos. Resulta da análise às correlações entre dimensões subjacentes ao trabalho que, mais do que o antagonismo de uma relação dicotómica entre dimensão de realização pessoal-dimensão económica e dimensão positiva-negativa, o que se constata, pelo menos nesta amostra, é uma agregação entre dimensões que poderão constituir uma constelação adaptativa de significados, que contempla a valorização do trabalho como emocionalmente afirmativo, fonte de realização pessoal e como garante económico de um estilo de vida - como diria Bauman (1998/2005), somos medidos pelo trabalho e por aquilo que ele proporciona no nível do consumo. Por outras palavras: valorizar a dimensão de realização pessoal do trabalho (tendencialmente mais intrínseca), não implica a desvalorização da dimensão económica e vice-versa, até porque ambas são altamente valorizadas socialmente. "Dinheiro, poder e prestígio social" (Gonçalves & Coimbra, 2003; Gonçalves & Coimbra, 2000; Parada, Castro, & Coimbra, 1998; Plant, 1999/2000; Verquerre, Masclet, & Durand, 1997/1998; Wach, 1993) são a tradução da subsistência económica associada ao trabalho em sujeitos com maior NSE. A única polarização proveniente do cenário de correlações é a das três dimensões acima identificadas como constelação adaptativa de significados por oposição à valorização da dimensão negativa, o que não surpreenderá, dado serem constructos de natureza oposta (o que não invalida que os sujeitos sejam capazes de reconhecer o trabalho como fonte heterogénea das dimensões positivas e negativas, sendo reflexo da capacidade de integração de ambivalência). Como se verá pela estrutura fatorial da ESAT-R, o fator "dimensão económica" invoca, claramente, a remuneração como medida de garantia de um estilo de vida ("sucesso económico", "estabilidade e segurança", "qualidade de vida", "bens de consumo") e não propriamente a garantia de subsistência, razão pela qual se torna compreensível a correlação positiva entre as dimensões de realização pessoal, positiva e económica. No âmbito das diferenças de sexo, estas apontam para que as mulheres apresentem valores mais elevados do que os homens no que diz respeito à valorização das dimensões realização pessoal e positiva associada ao trabalho, enquanto os homens apresentam valores superiores na valorização da dimensão negativa. Estes resultados, apesar de nos referirmos, no caso presente, a uma amostra de jovens adultos, vêm reforçar os achados de investigações anteriores (e.g., Gonçalves, 2006), em que as adolescentes valorizam mais as dimensões de realização pessoal e positiva do que os adolescentes, enquanto estes, ao invés, salientam a dimensão negativa. Alguns autores baseiam a sua investigação partindo da assunção que homens e mulheres percecionam e vivenciam o trabalho de forma diferente (Forrest & Mikolaitis, 1986; Leong & Tata, 1990; Phillips & Imhoff, 1997; Sandberg, Ehrhardt, Mellins, Ince, & Meyer-Bahlburg, 1987; Serbin, Powlishta, & Gulko, 1993), avançando que tal pode ter origem no autoconceito de género, que se forma e desenvolve a partir da realização, atitudes e características culturais do ambiente familiar. Com efeito, este resultado pode ser analisado não apenas em função da socialização de género para as emoções positivas, mas também para práticas diferenciadas de socialização que educam as raparigas para a valorização de dimensões mais afetivas e menos instrumentais (Block, 1983).
Limitações e Contribuições
Destacam-se duas principais limitações. Se há uma componente individual na construção de significados, uma perspetiva ecológica remeter-nos-á sempre para a influência de agentes no desenvolvimento dos significados do trabalho, fator sublinhado, por exemplo, por Young e Valach (1996), ao enfatizarem que a construção dos mesmos se processa através da atividade do sujeito na interação com os outros, principalmente na ação conjunta com os pais. Este estudo não tomou essa direção. Por outro lado, mantém-se em aberto a discussão sobre a dimensão conceptual dos significados atribuídos ao trabalho: serão apenas estas as dimensões constituintes do constructo? Poderão ser operacionalizadas desta maneira? Em particular, a redação dos itens do fator "dimensão de realização pessoal" e "dimensão positiva" parecem ser sugestivas de alguma sobreposição conceptual. Como contributos, destacaríamos i) a conclusão a que chegámos face ao objetivo geral e ii) um aprofundamento das diferenças nos significados atribuídos ao trabalho. No que concerne o primeiro contributo, pudemos constatar que, grosso modo, quer estudantes quer diplomados do Ensino Superior mantêm a visão do trabalho como um fortíssimo instrumento de realização pessoal, de autonomia e de integração psicossocial (Laville, 1999; Schnapper, 1998), mesmo num contexto de forte contração económica e crescente exiguidade de postos de trabalho (mesmo para trabalhadores altamente qualificados como é o caso destes graduados). Podemos então concluir que, face a um panorama de uma crise como a que vivemos presentemente, sem precedentes desde a crise da Grande Depressão na América, com o emprego como um bem cada vez mais escasso e numa roupagem cada vez mais precária, mantêm-se, globalmente, os significados atribuídos ao trabalho como o fomos conhecendo empiricamente até agora. No que diz respeito ao segundo contributo, entendemos que as diferenças encontradas, em particular as de estatuto, contribuem para um conhecimento mais aprofundado sobre os significados atribuídos ao trabalho.
Considerações finais
Partindo da assunção da centralidade do trabalho na existência contemporânea (Clot, 2006) e partilhando das palavras de Schneider e Stevenson (1999), que alertam para o facto de a necessidade para encontrar significados no trabalho ser um desafio para todos os jovens adultos que têm de navegar a transição para o mercado de trabalho, torna-se premente uma análise dos significados atribuídos ao trabalho por estudantes e diplomados do Ensino Superior em Portugal. Tal estudo estende a sua relevância em dois vetores: i) "the notion of work offering intrinsic rewards and serving as an outlet for one's interests needs to be questioned more overtly" (Chaves et al., 2004, p. 284) e ii) os significados atribuídos ao trabalho são construídos num contexto em que o emprego é um bem cada vez mais raro, fruto exponenciado de uma crise sem precedentes desde a Grande Depressão nos Estados Unidos da América, relativizando os resultados obtidos no domínio dos significados atribuídos ao trabalho por estudos empíricos prévios a esta crise. Não obstante a constatação de diferenças nos significados atribuídos em função de estatuto/idade e sexo, o maior contributo do presente estudo poderá incidir sobre o denominador comum, ao invés das diferenças, centrado na dimensão estrutural destes significados. Na realidade, i) a constatação de que estamos perante uma amostra que se constitui como uma elite sócio-económica e ii) os resultados obtidos, centrados na maior valorização das dimensões de realização pessoal, positiva e económica do trabalho, parecem corroborar o avançado por autores como Super e Sverko (1995), que sustentam a ideia de que os sujeitos com NSE mais elevados, no aspeto motivacional, salientam dimensões como a satisfação pessoal, em detrimento de uma dimensão instrumental (ligada à estrita sobrevivência económica). Sugerem, ainda, que estas diferenças são fortemente relacionadas com os contextos sociais e económicos dos quais provêm. Por outro lado, é reconhecido que uma mão-de-obra altamente qualificada vê o trabalho como mais do que o cumprir de funções de subsistência, enfatizando a dimensão estética (Bauman, 1998/2005) do trabalho. Resulta, então, de que estamos perante uma amostra de jovens adultos que significa o trabalho como medida de valor pessoal, como símbolo de poder social, expressado no desafio, na aprendizagem e na autonomia propiciada. Como tal, e possivelmente devido ao facto de este estudo ter ocorrido temporalmente na fase inicial da crise europeia, não é possível afirmar transformações na configuração de significados atribuídos ao trabalho pelos jovens adultos do Ensino Superior em Portugal.
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Endereço para correspondência:
Rua D, 122, Urbanização da Bouça Grande, 4470-761
Maia, Portugal
E-mail: amartins@fpce.up.pt
Recebido 17/06/2013
1ª Revisão 29/09/2013
2ª Revisão 18/02/2014
Aceite Final 10/03/2014
Sobre os autores
Ana Martins é professora Auxiliar Convidada da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto. Investigadora e psicóloga no domínio da intervenção psicológica no ensino superior com jovens adultos. Membro do Conselho Científico do Consórcio Maior Empregabilidade.
Joaquim Luis Coimbra é professor Associado da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto.
Anexo A
- Escala de significados atribuídos ao trabalho - Versão abreviada (ESAT-R; Gonçalves, Sobral & Coimbra, 2008)
- Estrutura fatorial do ESAT-R (35 itens)
- Dimensão da Realização Pessoal do Trabalho (13 itens): 1, 2, 6, 7, 11,12, 16,17, 21, 22, 26, 27, 32 (Alfa: 90)
- Dimensão Positiva do Trabalho (9 itens): 3, 8, 13, 18, 23, 28,29, 33, 34. (Alfa: 84,6 )
- Dimensão Económica do Trabalho (7 itens): 4, 9, 14, 19, 24, 30, 35 (Alfa: 83)
- Dimensão Negativa do Trabalho (6 itens): 5, 10, 15, 20, 25, 31 (Alfa: 84,9)
- Variância Explicada Total: 55,43%
Nota de fim
Para efeitos da leitura dos dados provenientes da análise fatorial de primeira ordem, teremos em consideração as indicações de Schermelleh-Engel, Moosbrugger e Müller (2003) quanto à adequação da razão entre valor de Chi-Quadrado e os graus de liberdade. Quando esta consta do intervalo entre [2-3], considera-se que o ajustamento é aceitável; quando menor que 2, considera-se que o ajustamento é bom. No que concerne o Comparative Fit Index (CFI), o limiar considerado por alguns autores para aceitabilidade é de .90, embora outros, como Lance, Butts e Michels (2006) ou Schermelleh-Engel et al. (2003) proponham que a referência seja dada a .95. Por fim, no que diz respeito ao Root Mean Square Error of Approximation (RMSEA), os valores são considerados aceitáveis a .08 e bons abaixo de .05 (Hu & Bentler, 1999).