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Revista Brasileira de Orientação Profissional

versão On-line ISSN 1984-7270

Rev. bras. orientac. prof vol.20 no.1 Florianópolis jan./jun. 2019

https://doi.org/10.26707/1984-7270/2019v20n1p1 

EDITORIAL

 

Editorial

 

 

O primeiro número de 2019 da Revista Brasileira de Orientação Profissional, fascículo 20(1), vem a lume no contexto da preparação e da divulgação do XIV Congresso Brasileiro de Orientação Profissional e de Carreira que será realizado no período de 18 e 20 de setembro de 2019, em Maceió, Alagoas. Tendo em vista as discussões contemporâneas em relação ao futuro do trabalho e as especulações acerca de quais serão as profissões e as competências do futuro, entre outras, a Associação Brasileira de Orientação Profissional elegeu como tema do congresso: Desafios e oportunidades atuais do trabalho e da carreira. Essa escolha é, a um só tempo, uma provocação e um convite à reflexão sobre as formas como nossas práticas atuais irão impactar o cenário futuro. Por isso, algumas das conferências principais do evento versarão sobre "O risco da desvantagem competitiva dos egressos das escolas brasileiras" e "Desenvolvimento de Carreira, Empregabilidade e Desemprego".

Tais temáticas já podem ser observadas, em alguma medida, neste fascículo da RBOP. Nele, o leitor terá a oportunidade de conhecer as contribuições de 31 autores de 16 diferentes instituições, sendo uma espanhola, uma portuguesa, e 14 brasileiras. Entre os artigos nacionais, encontramos autores de seis diferentes estados (Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo). Os trabalhos apresentados neste fascículo apresentam reflexões sobre a legislação e as práticas relacionada à área de orientação profissional e de carreira; discutem fenômenos relacionados à experiência de ingresso no Ensino Superior, sua vivência e os impactos para a vida de profissionais egressos de diferentes áreas de formação. Além disso, descrevem e apresentam resultados de práticas e introduzem medidas de avaliação adaptadas para o uso com universitários e adultos, em diferentes contextos de intervenção.

O trabalho que inicia este fascículo é intitulado Orientação profissional na educação básica como política pública no Brasil. De autoria de Lucy Leal Melo-Silva, Izildinha Maria da Silva Munhoz e Mara de Souza Leal (Universidade de São Paulo - Ribeirão Preto, SP), o estudo apresenta a identificação, sistematização e análise da legislação brasileira acerca da inserção da prática da Orientação Profissional no sistema educacional brasileiro. As autoras identificam que apesar de o interesse pela Orientação Profissional ser evidente, as proposições apareciam desconectadas dos avanços científicos. No entanto, este quadro vem melhorando nos últimos anos. Trata-se de um artigo que contextualiza a orientação profissional brasileira na perspectiva do legislador. Trazer este tema para o debate no cenário de implementação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que estabelece competências-chave para o desenvolvimento dos alunos da educação básica, e de reflexões sobre a necessidade de desenvolver estratégias de informação sobre as carreias, em larga escala, sobretudo aos inscritos no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), constitui relevante contribuição para o debate e proposições em contextos científicos e profissionais. A implantação de modelos de orientação e informação profissional, em diferentes níveis de intervenção, sobretudo no âmbito da educação básica, seria uma das estratégias de promoção e prevenção dos problemas de decisão e insatisfação na carreira, de adaptação acadêmica e de evasão no ensino superior.

Os artigos seguintes apresentam os desafios e possibilidades de investigação e intervenção na área de orientação profissional e de carreira, em diferentes momentos da trajetória de estudantes e profissionais. O estudo empírico Dificuldades percebidas na transição para a universidade, de Ana Cristina Garcia Dias (Universidade Federal do Rio Grande do Sul, RS), Rodrigo Carvalho Carlotto (Universidade Federal de Santa Maria, RS), Clarissa Tochetto de Oliveira (Universidade Federal do Rio Grande do Sul, RS) e Marco Antônio Pereira Teixeira (Universidade Federal do Rio Grande do Sul, RS), identifica e descreve as principais dificuldades enfrentadas por estudantes universitários durante o ingresso no ensino superior, trazendo importantes contribuições para o delineamento de programas de acolhimento, cada vez mais necessários nas Instituições de Ensino Superior.

Versando sobre a temática do estágio e das práticas profissionais durante a formação acadêmica, o terceiro artigo, intitulado O desenvolvimento profissional dos alunos de Pedagogia: Nível de aquisição de competências, de autoria de Sonia Casillas Martín, Marcos Cabezas González e Sara Serrate González (Universidad de Salamanca, Espanha), investiga o nível de autopercepção sobre a aquisição de competências gerais e específicas para o exercício da profissão após a realização de práticas. Explora ainda a presença de diferenças na autopercepção dos alunos de acordo com as variáveis relacionadas às atividades acadêmicas e de estágio.

A quarta contribuição desse conjunto de trabalhos sobre a formação de profissionais é o artigo intitulado Reflexões sobre desenvolvimento de carreira de violonistas sobre atividades musicais. Trata-se do estudo de Marilda Aparecida Dantas (Universidade Estadual de Campinas, SP), Roberta Gurgel Azzi (TSC - Centro de Estudos e Pesquisas, SP) e Cristina Tourinho (Universidade Federal da Bahia, BA). O artigo apresenta uma reflexão sobre o quanto estudantes e profissionais violonistas, de diferentes cidades brasileiras, conhecem sobre possibilidades de atuação profissional, bem como sua percepção sobre a autoeficácia ocupacional. O estudo aponta pistas para a intervenção com esta população específica.

O quinto e o sexto artigos deste fascículo descrevem experiências de intervenção realizadas em diferentes contextos, agregando contribuições para a prática do conselheiro de carreira. O trabalho empírico de Inês Nascimento, Soraia Ferreira e Priscila Rodrigues (Universidade do Porto, Portugal), intitulado Keep on going: Apoio à escolha estratégica do estágio curricular, apresenta e descreve um projeto de intervenção que visa apoiar jovens na fase final do processo formativo, na escolha estratégica do contexto de estágio curricular. Por sua vez, o estudo de autoria de Tatiane Rose Oliveira de Mendonça e Larissa Medeiros Marinho dos Santos (Universidade Federal de São João del-Rei, MG), intitulado Trajetórias de egressos de um Programa de Orientação Profissional: contextos e escolhas, contempla a experiência de indivíduos que participaram de um programa de orientação profissional, após a conclusão de tal experiência. Mais especificamente, este artigo empírico aborda as trajetórias educacionais e profissionais de cinco egressos de um programa de Orientação Profissional. Enfoca, para isso, a relação dialética entre elementos do contexto, escolhas e ações dos indivíduos.

Os três últimos estudos descrevem o processo de adaptação e apresentam evidências de validade de medidas aplicáveis ao contexto de aconselhamento de carreira dentro e fora das organizações, um campo em expansão na pesquisa e na prática. Assim, o sétimo artigo intitula-se Adaptação do Inventário de Sentido do Trabalho (WAMI) para o contexto brasileiro, de autoria de Maria da Gloria Lima Leonardo, Michelle Morelo Pereira (Universidade Salgado de Oliveira, RJ), Felipe Valentini (Universidade São Francisco, SP), Clarissa Pinto Pizarro de Freitas (Universidade Salgado de Oliveira, RJ), e Bruno Figueiredo Damásio (Universidade Federal do Rio de Janeiro, RJ). Nele, os autores apresentam evidências iniciais de validade do Inventário de Sentido do Trabalho (WAMI) para o contexto brasileiro e suas correlações com a autoeficácia ocupacional, motivação intrínseca, e engajamento laboral. O oitavo artigo, intitulado Evidências de validade baseadas na estrutura interna para escala de atitude empreendedora (ATEBr), de autoria de Pedro Afonso Cortez (Universidade São Francisco, SP), Heila Magali da Silva Veiga (Universidade Federal de Uberlândia, MG) e Jonilto Costa Sousa (Universidade de Brasília, Brasília, DF), apresenta os resultados da aplicação da medida em uma amostra de universitários. A nona contribuição, o artigo Adaptação e Evidências de Validade da Escala de Parâmetros da Carreira Caleidoscópica, de Patrícia Bock Bandeira (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, RS), Alexsandro Luiz De Andrade (Universidade Federal do Espírito Santo, ES), Marcelo de Campos Velho Nora, Marianna Marques Braga e Manoela Ziebell de Oliveira, da (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, RS), apresenta o estudo dessa medida em uma amostra de profissionais brasileiros adultos. Adicionalmente compara os resultados segundo as características sociodemográficas dos participantes, reforçando a possibilidade de aplicação da teoria para o aconselhamento de carreira.

Na expectativa de que a diversidade de temas e contextos reunidas neste fascículo promova reflexões sobre as diferentes possibilidades para a área de orientação profissional e de carreira em termos de ensino, pesquisa e intervenção, desejamos a todos uma boa leitura!

Manoela Ziebell de Oliveira,
Editora

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