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Revista Brasileira de Orientação Profissional
versão On-line ISSN 1984-7270
Rev. bras. orientac. prof vol.23 no.2 Campinas jul./dez. 2022
https://doi.org/10.26707/1984-7270/2022v23n0207
10.26707/1984-7270/2022v23n0207
ARTIGO
Perfil e trajetória profissional de egressos de um curso de doutorado1
Profile and professional trajectory of graduates of a PhD program
Perfil y trayectoria profesional de los egresados de un curso de doctorado
Laurent Franck Junior CharlesI; Simone Dutra Lucas Delba Teixeira Rodrigues BarrosI; Sérgio Dias CirinoI
IUniversidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Brasil
RESUMO
Este estudo buscou investigar a trajetória profissional dos egressos do doutorado do Programa de Pós-graduação em Psicologia da UFMG. Analisou-se a trajetória profissional de 88 doutores dos sexos feminino (56) e masculino (32), com tempos de inserção profissional diferentes, formados entre 2012 e 2018. Usou-se o método de análise documental, com dados obtidos por meio do currículo Lattes e de outras fontes. Avaliaram-se o perfil acadêmico e profissional, a procedência e os destinos profissionais dos egressos. Os resultados apontam que, do total da amostra, 73 egressos (83%) trabalham como docentes de ensino superior público e privado. A quantidade de egressos atuando como docentes coincide com o que relata a literatura, mostrando que a universidade é a principal empregadora dos doutores.
Palavras-chave: psicólogo; pós-graduação; mercado de trabalho
ABSTRACT
The main objective of this research was to investigate the professional trajectory of the alumni who graduated from the Psychology Doctoral Program at UFMG. We analyzed the professional trajectory of 88 doctors (56 females and 32 males) who graduated from UFMG from 2012 to 2018. The methodology used was documentary analysis, with data obtained through the curriculum Lattes, LinkedIn, among others. This analysis aimed to examine the academic and professional profile of the doctors, origin, and professional destinations. The results showed that, of the total sample, 73 (83%) doctors currently work as teachers in public and private higher education institutions. Moreover, this finding is consistent with previous studies that pointed out that universities are the main employers of doctors.
Keywords: psychologist; graduate school; labor market
RESUMEN
Este estudio buscó indagar en la trayectoria profesional de los graduados de doctorado del programa de posgrado en Psicología de la UFMG. Se analizó la trayectoria profesional de 88 doctores (56 mujeres y 32 hombres) con diferentes tiempos de inserción, egresados entre 2012 y 2018. Se utilizó el método de análisis de documentos, con datos obtenidos a través del currículum Lattes, LinkedIn, entre otros. Se evaluó el perfil de los egresados, su procedencia y destinos profesionales. Los resultados mostraron que, de la muestra total, 73 egresados (83%) trabajan como profesores de educación superior pública y privada. El número de egresados que actúan como profesores coincide con la literatura, señalando que la universidad es el principal empleador de doctores.
Palabras clave: psicólogo; posgrado; mercado de trabajo
Introdução
No Brasil, a pós-graduação stricto sensu foi instituída pelo Parecer Newton Sucupira do Conselho Federal de Educação, na década de 1960 (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior [Capes], 2017). Ela compreende dois níveis de formação, que são o mestrado e o doutorado, cursos direcionados à pesquisa e à formação científica e acadêmica. Os cursos implicam no cumprimento de créditos em disciplinas obrigatórias e optativas, na participação em projetos de pesquisa, ensino e extensão e na defesa de uma dissertação, no caso do mestrado, ou de uma tese, no caso do doutorado (Navarro et al., 2021).
O principal objetivo dos cursos de pós-graduação é formar mestres e doutores com capacidade de responder a novos desafios científicos com independência intelectual, contribuindo para o progresso tecnológico, econômico, social e científico do Brasil (Capes, 2018a), possibilitando ao estudante alcançar alto padrão de competência científica ou técnico-profissional (Capes, 2018b). Assim, a razão da implantação dos Programas de Pós-Graduação (PPG) no Brasil é a formação de mestres e doutores para atuar como docentes dos cursos de graduação do país (Capes, 2019). No Brasil, assim como nos demais países, defender a qualidade da formação e a empregabilidade dos doutores é tema em discussão (Capes, 2018b). Assim, a Capes tem demonstrado a importância do monitoramento das atividades dos egressos após a formação, sobretudo no que diz respeito à inserção no mercado de trabalho (Navarro et al., 2021), sendo parte relevante do processo avaliativo dos programas (Capes, 2018a).
Desde o seu surgimento, a pós-graduação brasileira tem seguido uma expansão qualificada, estruturada e consecutiva, o que explica grande parte de seu sucesso (Capes, 2021). O Sistema Nacional de Pós-graduação (SNPG), reconhecido nacional e internacionalmente como robusto e eficiente, resulta de esforços conjugados de organizações diversas, como as universidades, as instituições e os centros de pesquisa, os PPG, a Capes, com a centralidade de seu papel, entre outros (Capes, 2018a).
O sistema de pós-graduação no mundo vem aumentando de modo significativo. A título de exemplo, nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o número de doutores cresceu de 158 mil, no ano 2000, para 247 mil em 2012, um aumento de 56% (Levecque et al., 2017). Em 2011, o Brasil registrou um total de 12.321 doutores; em 2019, esse número subiu para 24.432 (Capes, 2021). Todavia, o processo de expansão na formação de doutores não foi seguido pelo aumento dos investimentos públicos em ensino e pesquisa, o que prejudicou a geração de empregos no mercado de trabalho acadêmico (Capes, 2018b; 2021). As dinâmicas características da pós-graduação demandam um planejamento constante no sentido de aumentar seu impacto na sociedade e aprimorar a qualificação dos recursos humanos formados (Capes, 2019). Apesar do crescimento na proporção de doutores em relação à população (6,4/100 mil habitantes em 2011 para 11,6/100 mil em 2019), a necessidade de atuação desse público em espaços não acadêmicos da sociedade continua (Capes, 2021). De acordo com dados do Sistema de Informações Georreferenciadas da Capes (GeoCapes), em 2021, último ano registrado no sistema, foram titulados 20.683 doutores.
O ano de 2020 terminou com 4.543 programas de pós-graduação em funcionamento, integrando um total de 5.299 cursos de mestrado e doutorado no país (Capes, 2021). O Documento de Área de Psicologia contabilizava, até 2019, último ano analisado, 64 doutorados, 86 mestrados acadêmicos e 14 mestrados profissionais, totalizando 164 cursos, distribuídos em 100 programas de pós-graduação (Capes, 2019). Sobre o número de matrículas na pós-graduação stricto sensu, considera-se que vem crescendo a cada ano (Barros, Moreira, Martins, & Ambiel, 2018). De acordo com dados do GeoCapes, em 2021, último ano analisado, havia 145.422 estudantes matriculados no curso de mestrado acadêmico, 131.832 no doutorado acadêmico, 46.611 no mestrado profissional e 1.342 no doutorado profissional, somando um total de 325.207 alunos matriculados.
Sobre a atuação profissional, estudo clássico na área de Psicologia, financiado pela Capes em cooperação com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), indica que desde meados de 2000 o principal destino dos doutores é a universidade (e.g., Weber, 2003). Atualmente, estudos realizados no âmbito da Capes (e.g., Capes, 2017, 2018b) sobre os egressos da pós-graduação indicam que a carreira acadêmica ainda é o principal destino profissional dos portadores de títulos de doutorado, e que a maior parte dos alunos que procuram a formação doutoral almeja a carreira científica.
No que se refere à carreira dos egressos do doutorado no exterior, percebe-se que a realidade não é diferente. O último estudo realizado pela European Science Foundation (ESF), em 2017, com 2046 participantes (o primeiro estudo foi feito em 2015), sobre a inserção profissional de doutores, indicou que, dentre os doutores empregados, a maioria (80%) trabalha como pesquisador. Sobre a taxa total de desemprego, ela é de 4%, passando para 9% quando considerados somente os doutores das Ciências Humanas (ESF, 2017). No Brasil, entre 2009 e 2017, as taxas de emprego formal de doutores diminuíram de 75% para 72% (Centro de Gestão e Estudos Estratégicos [CGEE], 2019).
É importante destacar o acompanhamento de egressos como relevante estratégia institucional para obtenção de informações sobre qualidade da formação discente e adequação às novas exigências da sociedade e do mercado de trabalho (Capes, 2018a, 2019; CGEE, 2019). Nos países estrangeiros, as pesquisas sobre egressos do doutorado são realizadas por universidades, agências de fomento e organizações científicas com objetivo de documentar melhor a carreira dos doutores, a fim de avaliar o impacto dos investimentos no desenvolvimento da carreira científica (Machado-Taylor, Soares, & Teichler, 2017; ESF, 2017). Embora a Capes destaque a necessidade de definições e parâmetros mais claros para o acompanhamento de egressos, as instituições ainda não desenvolveram e implantaram políticas de acompanhamento sistemático dos egressos da pós-graduação que favoreçam a geração de dados relativos às suas trajetórias de formação em relação com sua inserção profissional (Capes, 2018a).
Este trabalho teve como objetivo principal analisar a trajetória profissional dos egressos do doutorado do Programa de Pós-graduação em Psicologia (PPGPsi) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Procurou-se examinar, por meio de análise documental, o perfil acadêmico e profissional, a procedência e os destinos profissionais dos egressos. Para tanto, alguns questionamentos foram necessários: quem são e onde estão os doutores em Psicologia da UFMG? Como ocorre a inserção do egresso do doutorado em Psicologia no mercado de trabalho? Como a formação contribuiu para a inserção no mercado de trabalho? Antes de tudo, fazemos uma breve contextualização do campo em que se deu esta pesquisa, a partir de informações disponíveis no site e no regulamento dos cursos de mestrado e doutorado do Programa, com enfoque no curso de doutorado.
O curso de doutorado em Psicologia da UFMG
O Programa de Pós-graduação em Psicologia da UFMG é constituído pelos cursos de mestrado e doutorado. Ele objetiva a formação de pessoal qualificado nas áreas de conhecimento da Psicologia e das Ciências Humanas, de modo geral, para o exercício de atividades de ensino e pesquisa, e concede os graus de mestre e doutor. O curso de doutorado começou em 2008, abrangendo, à época, três áreas de concentração: Estudos Psicanalíticos, Psicologia Social e Desenvolvimento Humano que, posteriormente, em 2016, desvinculou-se e passou a compor o Programa de Pós-Graduação em Psicologia: Cognição e Comportamento. De acordo com o regulamento do curso, aprovado pela Pró-reitoria de pós-graduação em 18 de março de 2020, o doutorado tem por objetivo o desenvolvimento da habilidade de realizar pesquisa original e independente em Psicologia e pesquisas inter e transdisciplinares que envolvam conhecimentos da área da Psicologia (UFMG, 2020).
A estrutura curricular do curso está sistematizada em disciplinas e atividades a serem realizadas pelo aluno. Essas disciplinas estão organizadas em obrigatórias de núcleo comum, metodológicas comuns, obrigatórias de área, optativas comuns a todas as áreas e optativas da linha de pesquisa ou área de concentração do aluno. Segundo o Art. 36 do regulamento do curso, o doutorado tem duração mínima de 24 meses e máxima de 48 meses, nesses prazos incluída a defesa de trabalho final ou equivalente. O Art. 38 estipula que as atividades do curso de doutorado são organizadas em duas fases, sendo a primeira, com duração de até quatro semestres, destinada ao cumprimento dos créditos exigidos e à finalização do projeto de pesquisa, e a segunda, com duração de até quatro semestres, destinada à realização da pesquisa e à defesa do trabalho final ou equivalente.
Para obter o grau de Doutor em Psicologia, com especificação da área de concentração, o/a discente deverá satisfazer, pelo menos, as seguintes exigências, no prazo mínimo de 24 meses e no máximo de 48 meses: i) completar, em atividades acadêmicas de pós-graduação, o número mínimo de 44 créditos, distribuídos segundo a estrutura curricular em vigência; ii) ser aprovado/a em Exame de Língua Estrangeira; iii) ser aprovado/a em Exame de Qualificação; iv) ser aprovado/a na defesa de trabalho final ou equivalente (UFMG, 2020).
O PPG em Psicologia, ao qual o curso de doutorado está vinculado, é avaliado hoje pela Capes com nota cinco. Coordena suas atividades de ensino, pesquisa e extensão por meio de duas áreas de concentração: Estudos Psicanalíticos e Psicologia Social, divididas em quatro linhas de pesquisa, incorporando doutores com formações variadas nessas duas áreas, totalizando 22 professores permanentes e quatro professores colaboradores, com título de doutor. Até outubro de 2022, foram defendidas 801 dissertações de mestrado e 156 teses de doutorado, o que indica um total de 957 egressos, sendo 694 mulheres e 263 homens.
Método
Participantes
Os participantes da pesquisa foram os egressos do curso de doutorado em Psicologia da UFMG. Considerando o objetivo desta investigação de analisar a trajetória profissional dos egressos, não foram considerados os doutores formados em 2019, uma vez que eles não teriam tempo de inserção profissional suficiente para as análises. Portanto, os egressos estudados têm tempos de inserção diferentes (o maior tempo é de sete anos de atuação e o menor tempo é de um ano, considerando os que defenderam em 2018). Os critérios de inclusão dos participantes foram: a) ser titulado do doutorado do PPGPsi da UFMG entre 2012 e 2018; b) ter no mínimo um ano de titulação e/ ou de atuação profissional no momento da pesquisa.
Instrumentos
O levantamento das informações foi feito por meio de consulta de dados publicizados em plataformas virtuais, como Lattes, LinkedIn e bibliotecas de dissertações e teses, além de documentos fornecidos pela secretaria do Programa.
Procedimentos
A pesquisa em questão constitui-se como um estudo exploratório quantitativo e qualitativo, operacionalizado por meio da alimentação de um banco de dados sobre os egressos do PPGPsi da UFMG, composto por uma planilha eletrônica referente aos titulados doutores (n = 88), de 2012 até agosto de 2018. A pesquisa não precisou ser submetida ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), por utilizar fontes de domínio público. As informações coletadas foram organizadas na planilha, na qual foram inseridos: nome do egresso, título, banca examinadora, data de titulação, ano de defesa, orientador, coorientador, linha de pesquisa, área de concentração, instituição de graduação, instituição de mestrado, área de graduação, ano de graduação, especializações, área de mestrado, ano de mestrado, bolsista, doutorado-sanduíche, lattes, atualização do lattes, LinkedIn, docência após o doutorado (vínculo atual), docência após o doutorado (vínculo anterior), outra ocupação profissional após o doutorado (vínculo atual), outra ocupação profissional após o doutorado (vínculo anterior), setor outra ocupação profissional após o doutorado (vínculo atual), setor outra ocupação profissional após o doutorado (vínculo anterior), pós-doutorado.
Obtiveram-se as informações nos dados fornecidos pelo Programa, no currículo lattes de cada egresso, nas teses, no site do Programa, nos documentos referentes ao processo seletivo de entrada do egresso, na divulgação das bancas de qualificação e/ou defesa e no LinkedIn. Buscaram-se os perfis dos egressos no próprio LinkedIn e por meio de pesquisas no Google.
Análise de dados
Para o tratamento e a análise de dados, optou-se pela Análise de Conteúdo (Bardin, 2008). A análise documental por meio da Análise de Conteúdo, de acordo com a autora, pode ser feita a partir de três principais etapas, que representam três polos cronológicos: 1) a pré-análise; 2) a organização do material; 3) o tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação. Nesse sentido, a pré-análise constituiu a fase da organização do material (escolha e seleção dos documentos), tendo por objetivo sistematizar e tornar operacionais as ideias iniciais. Já na exploração do material foi feita a codificação (seleção das unidades de contagem), a categorização (escolha das categorias) e a classificação (escolha das regras de contagem). O tratamento dos resultados foi feito por meio da interpretação referencial, a partir de proposições de inferências e interpretações baseadas nos objetivos previstos.
A etapa seguinte consistiu na conversão dos dados da planilha em um mapa, além de tabelas e gráficos, para melhor compreensão e leitura das informações relativas à proveniência e à atuação profissional dos egressos. A construção do mapa revelou a espacialização do destino profissional dos egressos do doutorado do PPGPsi da UFMG áreas de concentração em Psicologia Social, Estudos Psicanalíticos e Desenvolvimento Humano.
Resultados
Os dados obtidos nesta pesquisa serão apresentados em duas seções: a) Perfil e Procedência dos egressos do PPGPsi/UFMG; b) destino profissional dos egressos.
a) Perfil e Procedência dos egressos do PPGPsi/UFMG
A Tabela 1 sintetiza dados associados ao perfil e à procedência dos egressos. Dentre os principais dados, verifica-se que, dos 88 egressos do doutorado formados até agosto de 2018, a maioria obteve o grau nesse mesmo ano, representando 23% (20). Em relação ao número de defesas por ano em função do sexo dos egressos, de 2012 a 2018, nota-se que o número de mulheres foi maior, se comparado com o número de homens. Percebe-se, ainda, que a maioria dos egressos escolheu as áreas de Psicologia Social e de Estudos Psicanalíticos, totalizando 43% (38) e 38% (33), respectivamente. Percebe-se que a maioria das mulheres obteve o título de doutora em Estudos Psicanalíticos (25-29%), sendo que a maioria dos homens obteve o título de doutor em Psicologia Social (21-24%). Verifica-se também que 31% (27) dos egressos receberam bolsa de órgão de fomento à pesquisa da Capes, enquanto 8% (7) tiveram bolsa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig). Sobre a formação complementar, percebe-se que 46 egressos fizeram especialização. Frequentaram 39 cursos, sendo a maioria ligada à Psicologia. Um total de 11 egressos cursaram mais de uma especialização, e dois fizeram mais de três.
Em relação à procedência dos doutores, percebe-se que a maioria estudou na UFMG, totalizando 51% (45). Além disso, 67% obtiveram a sua formação em instituições públicas. No que se refere às regiões do país, considerando as instituições de origem, os dados revelam que os egressos eram procedentes do Sudeste (98%) e do Nordeste (2%), como mostra a Tabela 1.
b) Destino profissional dos egressos
A Tabela 2 contém dados referentes aos vínculos profissionais dos egressos investigados. Em suma, no que se refere ao vínculo profissional atual dos egressos, observa-se que, daqueles que atuam na docência 73 egressos , a maioria atua no setor privado, totalizando 46%. Percebe-se que, desses doutores, 38 são da área de Psicologia Social, 23 da área de Estudos Psicanalíticos e 12 da área de Desenvolvimento Humano, totalizando 43%, 26% e 14%, respectivamente. Nota-se que a maioria é oriunda da área de Psicologia Social.
Um grupo de 15 egressos (17%) não atuam como docentes. Verifica-se que, dentro desse percentual, a maioria é mulher. Observa-se também que, dos 15 egressos, 11 (74%) são da área de Estudos Psicanalíticos, dois (13%) da área de Psicologia Social e dois (13%) da área de Desenvolvimento Humano. No que se refere aos locais de trabalho dos egressos, observa-se que a maioria atua em universidades/faculdades, representando 74% da amostra. Sobre a carga horária de trabalho semanal, nota-se que a maioria trabalha 40 horas semanais, totalizando 56%. A respeito dos vínculos anteriores dos egressos, percebe-se que 19% (17) do total da amostra tiveram outras ocupações profissionais. Depois, no que se refere ao setor das outras atuações, verifica-se que a maioria (29%) trabalhou no setor público.
Sobre a espacialização do destino profissional dos egressos, do total estudado (n = 88), foi possível localizar a maioria (86); apenas de dois deles não se pôde obter informações suficientes quanto à cidade e ao estado em que trabalham. Os egressos estão repartidos em 11 estados. Observa-se que a maior concentração ocorre em Minas Gerais: em 14 cidades, há um total de 69 profissionais formados pelo Programa, que atuam em diversos setores público, privado, autônomo e organização social. Cabe ainda assinalar que, desses egressos, 58 atuam em diversas capitais do país, como mostra a Tabela 2.
Discussão
Consideraram-se para essas análises os dados referentes ao perfil acadêmico e profissional e à trajetória profissional dos egressos. Assim, esta seção está dividida em dois subitens: a) Perfil do profissional formado pelo programa; b) Trajetória profissional dos egressos.
a) Perfil do profissional formado pelo programa
A fim de entender o perfil dos egressos do doutorado do PPGPsi/ UFMG, investigou-se, entre diversas variáveis, o sexo dos doutores. Percebe-se que a maioria é do sexo feminino. Os achados do estudo corroboram a literatura no que diz respeito ao sexo predominante na profissão, apontando que, no Brasil, a Psicologia é considerada ocupação majoritariamente feminina (Conselho Federal de Psicologia [CFP], 2018; Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira [Inep], 2020). De acordo com o Censo da Educação Superior de 2020 (atualizado em fevereiro de 2022), entre os 20 maiores cursos em termos de número de matrículas, 15 têm maior presença feminina. Na Psicologia, as mulheres aparecem com um percentual de 79,6% (Inep, 2020).
Pesquisa do CGEE (2019) mostra que, no ano de 2017, as mulheres representaram a maioria entre os titulados em cursos de doutorado em todas as regiões do país. Sobre a formação por áreas do conhecimento, dados do mesmo estudo indicam que, entre 1996 e 2017, as mulheres tornaram-se maioria entre os doutores titulados na grande área do conhecimento das Ciências Agrárias, e passaram a corresponder a mais de dois terços dos titulados nas Ciências da Saúde. Apresentaram crescimento levemente pequeno nas Engenharias e reduziram sua participação nas Ciências Exatas e da Terra (CGEE, 2019). No entanto, dados do Censo da Educação Superior sobre o atual perfil dos docentes do ensino superior indicam que, tanto na rede privada quanto na rede pública, os docentes mais frequentes são homens (Inep, 2020). Estudos futuros, especialmente de caráter qualitativo, poderão contribuir para o entendimento do desenvolvimento de carreira feminino no mercado de trabalho acadêmico.
No caso da Psicologia, especificamente, além de marcar grande presença nos cursos de graduação em Psicologia, as mulheres representam mais de 80% dos profissionais inscritos nos conselhos regionais (CFP, 2018). Isso indica que ser psicólogo motiva mais pessoas do sexo feminino do que masculino. Dados do site do CFP (atualizados em outubro de 2022) indicam que, dos 429.527 psicólogos inscritos no Conselho, as mulheres representam a maioria em todos os estados da Federação, o que indica uma predominância do sexo feminino na área de Psicologia (Macêdo et al., 2018; Santana, Souza, & Ribeiro, 2022).
Os achados também mostram que existem diferenças entre homens e mulheres em relação ao interesse pelas áreas de concentração. Os dados apontam que a maioria das mulheres egressas do doutorado teve como área de concentração os Estudos Psicanalíticos. Os achados da presente investigação vêm ao encontro de um levantamento feito pela Capes, que mostrou que, das 252 linhas de pesquisa ativas nos programas até 2017, categorizadas em 14 subáreas, a subárea da Psicanálise representa um conjunto de 22 linhas de pesquisa (Capes, 2019).
No que se refere à formação complementar dos doutores, verifica-se que mais da metade dos egressos fizeram especialização, o que corrobora a literatura. Há mais de uma década, pesquisa no campo da Psicologia (e.g., Bardagi, Bizarro, Andrade, Audibert, & Lassance, 2008) já mostrava que existe uma certa preocupação por parte dos psicólogos em se manter atualizados na profissão. No estudo realizado por Bardagi e colaboradores (2008), por exemplo, percebeu-se que, dos 79 participantes, mais de 88% fizeram algum curso de formação complementar. Em pesquisa mais recente, Lopes e Silva (2018) observaram que um dos principais motivos dos participantes para realizar uma formação continuada está relacionado ao preenchimento de lacunas da formação generalista (e.g., CFP, 2018; Santana, Souza, & Ribeiro, 2022) do curso de graduação em Psicologia.
Marinho-Araújo e colaboradores (2022), a partir de um levantamento feito no período pós-pandêmico, destacaram a importância da formação continuada em Psicologia, em razão dos novos desafios do mercado de trabalho impostos pela pandemia de COVID-19. Historicamente, a criação dos novos campos de atuação demandou do psicólogo um outro perfil profissional, em que os saberes e práticas tiveram de ser amplificados e variados (Santana, Souza, & Ribeiro, 2022). Destaca-se aqui a importância dos espaços de formação continuada, que permitem não apenas o desenvolvimento e a atualização de novas competências, mas também a busca pelo aprimoramento da qualidade e da utilidade dos serviços prestados à sociedade, reforçando o compromisso social da Psicologia (Matos & Rossato, 2020).
Os resultados deste estudo indicam que uma parcela dos egressos fez doutorado-sanduíche no exterior. Segundo informações do site da Capes, o Programa de Doutorado-Sanduíche no Exterior (PDSE) tem por objetivo apoiar a formação de recursos humanos de alto nível por meio da concessão de bolsas-sanduíche no exterior. Ele é considerado parte do processo de internacionalização dos PPG, no que diz respeito às interações acadêmico-científicas, que consistem, em parte, na realização, por discentes, de estágio/treinamento no exterior (Capes, 2019).
De acordo com o último levantamento do GeoCapes, de 2020 (atualizado em abril de 2021), foram concedidas, naquele ano, 2.463 bolsas-sanduíche, sendo 72 na área de Psicologia. Comparando-se com o ano de 2018 (124 bolsas-sanduíche), percebe-se que houve uma diminuição de 42% na área de Psicologia. Os dados ainda indicam que os países mais procurados pelos alunos em 2020 foram: Estados Unidos (637 alunos), França (302), Espanha (243), Reino Unido (241) e Canadá (163).
Dos egressos estudados, menos da metade recebeu bolsas de estudo durante o curso. O fato chama a atenção, pois indica que os egressos tiveram de fazer o curso com recursos próprios. Esse dado pode ser interpretado em função do aumento dos cursos de pós-graduação no país. Percebeu-se que, até o final do ano 2020, havia 4.543 programas de pós-graduação em funcionamento no Brasil, integrando 5.299 cursos de mestrado e doutorado, nas cinco regiões do país (Capes, 2021). Sobre o doutorado em Psicologia, o último levantamento, que contempla a Avaliação Quadrienal de 2017, mostra que há 64 cursos na área, distribuídos em 100 programas de pós-graduação (Capes, 2019).
Além disso, a partir do final da última década, observou-se que houve cortes nos financiamentos de bolsas de estudo que possibilitam a realização do trabalho dos pós-graduandos e pesquisadores, em especial na área das Ciências Humanas (Machado, Hahne, & Martinez, 2020). Apesar de o orçamento da Capes ter atingido o patamar de R$ 7,1 bilhões (período 2011-2014), ocorreu uma restrição de recursos na execução orçamentária de 2015, que se intensificou nos últimos anos, com impactos nas ações e nos programas, somados às repercussões diversas da crise pandêmica da COVID-19 (Capes, 2021). Dados do GeoCapes mostram que houve uma redução de bolsas de estudo no país entre os anos 2017 (44.316 bolsas de doutorado) e 2019 (43.327 bolsas de doutorado), indicando uma diminuição de 2,24% na quantidade total de bolsas ofertadas no nível de doutorado.
Outro ponto que vale destacar é a desvalorização das bolsas de estudo da pós-graduação, o que muitas vezes prejudica o trabalho dos pós-graduandos que a possuem como única fonte de renda. Costa e Nebel (2018) observaram que, em 2008, as bolsas de doutorado representavam 4,3 salários-mínimos. Em 2018, correspondiam a 2,3 salários (Costa & Nebel, 2018). De modo geral, no Brasil, desde o ano 2013 os valores das bolsas de estudo não foram reajustados, sendo a inflação acumulada no período (dezembro de 2013-dezembro de 2020) de 47,6% (Capes, 2021).
O pós-doutorado também foi uma variável investigada. Os resultados indicam que parte dos egressos realizou pós-doutorado após a formação. Tais achados corroboram estudo realizado pela ESF (2017), que indica que um terço dos pesquisadores da amostra analisada estava fazendo pós-doutorado no momento da pesquisa. A partir da redução da quantidade de cargos nas universidades, do quadro de demissão em massa de professores nas universidades privadas e da escassez de vagas no mercado de trabalho, o pós-doutorado apresenta-se como uma alternativa e uma oportunidade de aperfeiçoamento do currículo para aqueles que almejam a carreira acadêmica (Capes, 2018b).
Uma das recomendações da comissão especial de acompanhamento do Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG) de 2011-2020 sobre a ampliação da internacionalização é o aperfeiçoamento do modelo de concessão de bolsas de pós-doutorado no exterior, no formato de bolsa-sanduíche (Capes, 2021). No que diz respeito à área de Psicologia, especificamente, o estágio pós-doutoral no exterior é considerado um elemento importante, tanto no processo de internacionalização como na avaliação quadrienal dos PPG em Psicologia (Capes, 2019). Em 2020, a Capes, como agência de fomento federal, ofertou um total de 5.281 bolsas de pós-doutorado, de acordo com o GeoCapes. Até a finalização deste trabalho, ainda não constavam no GeoCapes informações sobre os anos de 2021 e 2022.
b) Trajetória profissional dos egressos
No que se refere à trajetória profissional dos doutores, observa-se que a maioria atua na docência o que coincide com pesquisa da Capes (2018b), cujos achados mostraram que a carreira acadêmica ainda é o principal destino profissional dos portadores de título de doutorado. Vale retomar as razões da implantação dos programas de pós-graduação no país: formar mestres e doutores para trabalhar como docentes dos cursos de graduação do país (Capes, 2018a). Achados de estudo realizado na Europa com 2046 doutores indicam que 80% atuavam na academia no momento da pesquisa (ESF, 2017). No entanto, apesar dessa predominância da atuação profissional na academia, os egressos de Psicologia inserem-se tanto no sistema de ensino superior quanto no mercado de trabalho não acadêmico (Capes, 2019), o que sugere uma demanda por qualificação de profissionais para atuar em diversos setores institucionais.
Os achados do presente estudo são semelhantes aos obtidos pelo CFP (2018), que mostrou que, a partir da expansão da Psicologia, a docência deixou de ser considerada uma atividade complementar dos psicólogos, passando a constituir-se numa área de atuação exclusiva. Os achados também corroboram os resultados da pesquisa do CGEE (2019), que mostrou que 75% dos egressos do doutorado investigados atuavam no ensino superior. Além do mais, vêm ao encontro das informações apresentadas nos documentos da Capes, que apontam que ao longo de muitos anos a pós-graduação brasileira teve como foco, principalmente, a formação de professores e pesquisadores para as universidades (Capes, 2018a, 2019).
Essa fraca interação entre o setor industrial e a academia pode ter como um dos motivos o pouco investimento nas áreas de Ciência e Tecnologia no país (Capes, 2018b). Em 2014, apenas 12% (73.935) dos egressos da pós-graduação estavam empregados em entidades empresariais privadas (Capes, 2017) o que mostra uma necessidade de mudança no foco da pós-graduação em função das novas demandas da sociedade (Capes, 2021). Sendo assim, a comissão especial de acompanhamento do PNPG 2011-2020 recomenda uma evolução para dois novos focos: a) o avanço do conhecimento, incluindo a formação de docentes e pesquisadores para o meio científico-acadêmico; b) a atuação no desenvolvimento econômico e social (Capes, 2018a; Capes, 2021). Isto significa, em outros termos, uma ampliação no número de doutores atuando em segmentos não acadêmicos da sociedade (Capes, 2021).
Frente a esse fenômeno, foram instituídos os mestrados e os doutorados profissionais, no sentido de atender demandas da sociedade para a formação de profissionais que possam se inserir rapidamente no mercado não acadêmico (Capes, 2017, 2018b, 2021). De acordo com o Documento de Área de Psicologia de 2019, embora haja normas vigentes na Capes atinentes ao doutorado profissional, a área ainda não conta com essa modalidade, uma vez que depende da consolidação dos cursos de mestrado profissionais (Capes, 2019).
Os doutores que são docentes do ensino superior atuam, principalmente, em instituições de ensino superior (IES) privadas. Esses dados são condizentes com informações sobre a expansão do ensino superior contemporâneo (Albanaes, Nunes, Bardagi, & Farias, 2020). No Brasil, especificamente, houve um crescimento significativo do ensino superior. A partir de análise de dados do Inep, demonstrou-se que, em 2006, houve 4.944.877 matrículas, enquanto em 2016 o número de matrículas chegou a 8.052.254 (Campos & Bardagi, 2020). As IES privadas representam mais de 87% das IES do país (Inep, 2020). Quanto aos estudantes matriculados, dados do Inep (2020) apontam que as IES privadas têm uma participação de mais de 77% no total de matrículas de graduação. Nesse sentido, a grande quantidade de egressos do presente estudo atuando na rede privada pode significar uma maior oferta de vagas de trabalho no ensino privado durante o período analisado (2012-2018).
O destino profissional dos doutores ligado à universidade pode ser explicado por diversos fatores. Um deles se refere à ampliação do número de matrículas em cursos de graduação, o que pode ter contribuído para o aumento de vagas no mercado de trabalho para professores universitários. De acordo com o Censo da Educação Superior, em 2020, o número de matrículas no ensino superior continuou crescendo, atingindo 8,680 milhões (Inep, 2020). Também teriam contribuído a demanda e a oferta para pós-graduados, as alterações nas políticas para o ensino superior brasileiro (e.g., Macedo, Reis, Bezerra, & Abreu, 2022) e a avaliação da oferta dos cursos, cuja titulação docente é um dos indicadores de qualidade (Capes, 2018a, 2018b, 2019). Dados sobre o perfil do docente do ensino superior indicam que os profissionais com doutorado são mais frequentes no ensino público. Na rede privada, o grau de formação mais frequente é o mestrado (Inep, 2020).
Os resultados mostraram que um contingente de egressos exerce outras ocupações profissionais, atuando em todos os setores e combinando atividades em vários segmentos. Tais achados corroboram as informações do Documento de Área, mostrando que os egressos de Psicologia também estão inseridos no mercado de trabalho não acadêmico (Capes, 2019). Apesar da fraca interação entre o setor industrial (de inovação) e a academia, observada em 2014 (e.g., Capes, 2017), estudo realizado pelo CGEE mostra que em 2017 os doutores foram empregados em diversas categorias, como: administração pública federal, administração pública estadual, administração pública municipal, entidades empresariais estatais, entidades empresariais privadas, entidades sem fins lucrativos, entre outras (CGEE, 2019). A redução no financiamento do ensino superior, a falta de ofertas e a instabilidade no mercado de trabalho acadêmico contemporâneo (e.g.,Capes, 2018b, 2021; Lopes, 2021) podem fazer com que os doutores procurem trabalho em outros campos, fora da academia.
Vê-se aqui a necessidade de uma reforma na educação doutoral pelos programas. Em um contexto em que cada vez mais profissionais com título de doutor procuram empregos fora da academia, percebe-se a necessidade de se ensinarem novas habilidades aos estudantes de doutorado, além das qualificações para ensinar e pesquisar, tal como aponta a ESF (2017). Dentre as principais recomendações dessa Fundação está a inclusão, no currículo do curso, de matérias que visem à promoção de habilidades transferíveis (transferable skills). Entende-se por habilidades transferíveis aquelas que são desenvolvidas em um contexto específico (e.g.,pesquisa), mas podem ser usadas também em outro contexto (Capes, 2018b), como: trabalho em equipe, gestão de carreira, comunicação, gestão de projetos etc. (ESF, 2017). Isso indica que os estudantes de doutorado também representam um público para a área de orientação profissional e de carreira (e.g., Barros et al., 2018).
Uma parcela dos egressos tem como campo de atuação a Psicologia Clínica. Mesmo que a atuação do profissional psicólogo tenha aumentado, a Psicologia Clínica continua sendo vista, tanto pelos próprios profissionais quanto pelas pessoas leigas, como a área de atuação mais comum e com maior inserção (Bardagi et al., 2008; CFP, 2018). "Uma das possibilidades é considerar que a escolha da área de atuação pela aluna e aluno egresso está ligada à representação social da psicóloga e do psicólogo, marcada pelo seu caráter clínico e terapêutico" (CFP, 2018, p. 49).
A Psicologia Clínica, durante muito tempo, reuniu maior carga horária nos currículos dos cursos, além de representar a atividade principal do psicólogo. De acordo com os resultados do estudo de Bardagi e colaboradores (2008), percebeu-se que a maioria dos participantes (41,7%) teve a atuação clínica como primeira inserção. Novos estudos sobre o fenômeno (e.g., CFP, 2018; Santana, Souza, & Ribeiro, 2022) indicam que ainda hoje existe uma hegemonia da Psicologia Clínica, apesar da expansão do trabalho do psicólogo para novos campos.
Mesmo que o egresso, durante os anos de formação, tenha obtido conhecimento sobre os diversos campos de atuação da Psicologia, ainda prevalece a idealização do consultório como locus desejado de trabalho (CFP, 2018). No presente estudo, constatou-se que a maioria dos egressos que atuam na clínica tiveram como área de concentração, durante sua formação, os Estudos Psicanalíticos. Em função disso, acredita-se que esses egressos já trabalhassem com o atendimento clínico no momento do ingresso no doutorado.
Investigaram-se nesta pesquisa os locais de trabalho dos psicólogos que têm uma única inserção profissional. Os achados demonstram que os doutores atuam, hoje, em universidades/faculdades, consultórios particulares, hospitais, associações e órgãos ligados à criança e ao adolescente. Tais informações contrastam com dados do CFP (2018), que indicaram que os consultórios particulares eram os locais de atuação mais frequentes dos profissionais. No presente estudo, os espaços que aparecem com a maior porcentagem são as universidades/faculdades. Vale destacar que esse resultado era esperado, uma vez que os psicólogos que participaram da investigação têm o título de doutor.
Os resultados desta pesquisa indicam que uma das áreas de atuação mais frequentes é a Psicologia da Saúde. No Brasil, a Psicologia tem sido inserida nas políticas de saúde a partir do processo de implantação do Sistema Único de Saúde. O psicólogo da saúde tem como função a promoção do conhecimento e a educação para a saúde, auxiliando o paciente a entender o tratamento e acompanhar os procedimentos médicos envolvidos, bem como o processo de saúde-doença (Santos, Gomes, & Silveira, 2020). A Psicologia da Saúde é praticada em diversos espaços, principalmente nos hospitais (Machado & Kind, 2019). Vale destacar que, embora a atividade tenha surgido em 1970 (Santos, Gomes, & Silveira, 2020), sua nomenclatura é considerada recente no cenário brasileiro. Todavia, o presente estudo corrobora a literatura, mostrando que a Psicologia da Saúde tem se configurado como um subcampo importante dentro da área de Psicologia no Brasil.
Observou-se que existe um grupo de profissionais que não atua no campo da Psicologia. Nesse sentido, é preciso levar em conta que a expansão do SNPG se deu por via estatal (e.g., Capes, 2017, 2018a), mas que a restrição de recursos na execução orçamentária dos anos que precederam a titulação desses egressos (e.g., Capes, 2021) provocou diminuição da oferta de posições e bolsas. Tal cenário pode ter ocasionado a necessidade de se buscar outras ocupações (e.g., Lopes, 2021). Vale lembrar também que o processo de expansão na formação de doutores não foi acompanhado pelo aumento dos investimentos públicos em ensino e pesquisa (Capes, 2018b), o que dificultou a geração de empregos no mercado acadêmico e, consequentemente, a inserção profissional dos novos doutores. Esse fato pode ter sido resultado da crise econômica, da diminuição do número de concursos para professores universitários, da redução do investimento em ensino e pesquisa, além do quadro de demissão em massa de professores nas IES privadas.
Há mais de uma década, pesquisas no campo da atuação profissional (e.g., Bardagi, Lassance, & Paradiso, 2003; Bardagi, Lassance, Paradiso, & Menezes, 2006) vêm analisando as dificuldades e as facilidades na inserção profissional do psicólogo. A insatisfação desses trabalhadores com a remuneração aparece como um dos fatores que dificultam a adaptação às transições (Silva & Melo-Silva, 2021). Existe também uma insegurança dos alunos em final de curso (Bardagi et al., 2006; Lopes, 2021), que se sentem despreparados para o ofício (Melo-Silva, Munhoz, & Leal, 2019; Santana, Souza, & Ribeiro, 2022), o que pode indicar uma maior dificuldade dos doutores recém-titulados para inserção no mercado de trabalho.
Estudo recente sobre a formação e o ingresso profissional de doutores (e.g., CGEE, 2019) mostra que a taxa de emprego formal de titulados de cinco anos diminuiu, passando de 79,8% em 2012 a 76,5% em 2017. Esse dado reforça a necessidade dos Programas de acompanhar o destino de seus egressos, uma vez que, tal como aponta a Capes (2018a, 2019), a natureza e o impacto de sua atividade após a titulação representam um excelente indicador de qualidade do egresso, da instituição e do programa pelo qual é formado.
Sobre a espacialização do destino profissional dos egressos, observou-se que a maioria atuava, no momento da pesquisa, em diversas capitais do país. Contudo, demonstrou-se uma interiorização da profissão, por meio do deslocamento expressivo de profissionais e de uma redefinição da Psicologia como área típica de grandes centros urbanos e capitais nacionais, tal como foi historicamente considerada (e.g., Macedo, Fontenele & Gomes, 2022). Analisaram-se dados colhidos entre 2011 e 2019, na área de Assistência Social, com 25.131 psicólogos, localizados principalmente nas regiões Sudeste e Nordeste do país. Percebeu-se que 85,3% atuavam em municípios do interior, com maior peso para localidades de pequeno porte populacional (45,7%). Tal retrato pode ser resultado da reorientação das políticas e a interiorização do ensino superior (Prates, Feitosa, Monteiro, & Castelo Branco, 2019; Macedo, Reis, Bezerra, & Abreu, 2022).
No presente estudo, a maioria dos egressos atuava, à época da coleta, na cidade de Belo Horizonte, capital do estado de Minas Gerais. Considerando que a maioria exerce docência no ensino superior, pode-se inferir que essa tendência tem a ver com a quantidade de cursos de graduação disponíveis nas capitais. Em 2020, dos 2.457 cursos de graduação em funcionamento no país, 856 concentravam-se nesses centros, o que indica um percentual de 34,83% dos estabelecimentos (Inep, 2022). Portanto, são necessárias mais investigações sobre a formação e a atuação do psicólogo no interior do país, uma vez que, conforme observaram Prates e colaboradores (2019), poucos estudiosos pesquisam a formação de psicólogos e suas diferentes realidades fora de e em comparação com as capitais.
Até o momento da coleta de dados, somente 4% dos egressos não tinham vínculos formais de trabalho, o que indica uma taxa de emprego formal de 96%. Esses achados demonstram êxito do Programa, uma vez que a inserção dos egressos no mercado, quer como docentes, quer como profissionais, representa um excelente indicador de eficácia e uma importante dimensão na sua avaliação (Capes, 2018a, 2019). O alto índice de atuação profissional, levando em conta o pouco tempo de titulação de muitos egressos, pode apontar para a qualidade da formação recebida e dos profissionais ou para boas oportunidades do mercado de trabalho (e.g., Bardagi et al., 2008), durante o período analisado.
Considerações finais
A realização deste estudo permitiu a obtenção de dados relevantes sobre a atuação profissional dos egressos do doutorado do PPGPsi/UFMG. Em suma, quanto ao perfil do egresso do curso de doutorado em Psicologia, pode-se afirmar que: a maior parcela (23%) doutorou-se em 2018, e a maioria dos egressos é de sexo feminino e oriunda da graduação (91%) e do mestrado (82%) em Psicologia. Em relação à trajetória profissional, para 36 dos 73 egressos que atuam na docência, o magistério é a única atividade. Cerca de 47% lecionam na rede privada e 44% em instituições públicas, sendo a maioria oriunda da área de Psicologia Social.
Este estudo apresenta importante contribuição para o campo de pesquisa com egressos, mostrando a importância do monitoramento de suas trajetórias na avaliação dos programas pelos quais são formados. Traz também significativa ajuda para a área de orientação profissional e carreira, uma vez que seus achados permitem pensar em métodos para se trabalhar com os doutorandos, público relevante para o campo.
Quanto às limitações, elas estão relacionadas com a falta de informações sobre alguns aspectos, como: raça/etnia, religião, idade, renda mensal etc. Além do mais, o estudo não contempla dados sobre a percepção dos egressos no tocante à formação recebida e às dificuldades e/ou facilidades encontradas em sua inserção no mercado de trabalho. Por isso, recomendamos que sejam realizadas, no âmbito do CFP, análises mais aprofundadas, com a inclusão de variáveis que não puderam ser estudadas na presente pesquisa, para uma melhor compreensão da atuação profissional dos psicólogos no Brasil contemplando, sobretudo, os impactos causados pela pandemia de COVID-19.
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Endereço para correspondência:
Rua Deputado André de Almeida, 220, apto 202, bloco 1. Ouro Preto, Belo Horizonte, MG. CEP: 31330-530.
Recebido: 26/10/2021
1ª reformulação: 17/10/2022
Aceito: 17/01/2023
1 Este trabalho recebeu financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Sobre os autores:
Laurent Franck Junior Charles é Psicólogo. Mestre e Doutorando em Psicologia com ênfase em Psicologia Social pela Universidade Federal de Minas Gerais. Bolsista Capes.
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-9216-4269
E-mail: laurentcharles57@gmail.com
Simone Dutra Lucas é Cirurgiã-dentista. Professora aposentada da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais.
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-7875-4492
E-mail: simonedlucas@gmail.com
Delba Teixeira Rodrigues Barros é Psicóloga. Professora aposentada e voluntária do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais.
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7144-1730
E-mail: delbabarros@terra.com.br
Sérgio Dias Cirino é Psicólogo. Professor Titular do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais. Bolsista PQ2 do CNPq.
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-9216-4269
E-mail: sergiocirino99@yahoo.com