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Eureka (Asunción) en Línea

versão On-line ISSN 2220-9026

Eureka vol.9 no.2 Assuncion  2012

 

Artículos

 

"Consistencia Estructural de la Escala Multidimensional de Reactividad Interpersonal: un Estudio con Jóvenes Civiles y Militares"

 

"Structural Consistency of the Interpersonal Reactivity Multidimensional Scale: A Study with Civil and Military Youth

 

Consistência estrutural da Escala Multidimensional de Reatividade Interpessoal: um estudo com jovens civis e militares

 

 

Nilton FormigaI; Lilian De S. GalvãoII; Miriane Da S. SantosIII; Cleonice Dos S. CaminoIV

I Doutor em Psicologia Social pela Universidade Federal da Paraíba; atualmente é professor no curso de Psicologia na Faculdade Mauricio de Nassau. Endereço para correspondência: Avenida Guarabira, 133. Manaíra. CEP.: 58030- 140. João Pessoa - PB. e-mail: nsformiga@yahoo.com.
II Doutora em Psicologia Social pela Universidade Federal da Paraíba, professora da Universidade Federal de Campina Grande. e-mail: liliangalvao@yahoo.com.br.
III Doutoranda em Psicologia Social pela Universidade Federal da Paraíba, Professora da Universidade Estadual do Piauí. e-mail: minianesantos@hotmail.com
IV Doutora em Psicologia pela Université Catholique de Louvain (Bélgica), professora da Pós-graduação em Psicologia Social da Universidade Federal da Paraíba.e-mail: cleocamino@yahoo.com.br.

 

 


Resumen

De forma general, la empatía puede ser comprendida como la capacidad de una persona en se colocar en el lugar del otro, capaz de inferir sus sentimientos y, con base en conocimiento adquirido en el proceso empático, responder afectivamente de forma más adecuada para la situación que el otro pasa. Recientes estudios en el Brasil ha validado y confirmaron la estructura trifactorial de la Escala Multidimensional de Reactividad Interpersonal (EMRI); con eso, este estudio tiene como objetivo evaluar la consistencia estructural de la Escala EMRI en muestras de jóvenes de distintos contextos socioeducativos. 376 hombres y mujeres, de 17 y 33 años, de la secundaria de instituciones de educación pública y militar de la ciudad de João Pessoa-PB; han respondido la EMRI y a un cuestionario demográfico. Se observó que en la muestra total y, por separado, a de los jóvenes militares y civiles, la escala presentó indicadores psicométricos que han garantido la estructura trifactorial, la cual, ya encontrada por otros autores brasileños. Estos resultados señalan, conceptual y empíricamente, la consistencia de la EMRI, Independiente de la diversidad muestral. Aún se ha constatado que los jóvenes civiles presentaran medias superiores a la de los jóvenes militares en la consideración empática y angustia personal, pero, en la tomada de perspectiva, el resultado se invirtió.

Palabras clave: Empatía, Modelación Estructural, Jóvenes Civiles y Mlitares.


Abstract

In general, empathy can be understood as the ability of a person to put yourself in the other's sight, able to infer their feelings and, based on knowledge acquired in the empathic process, respond affectively more adequately to the situation that the other is going through. Recent studies in Brazil validated and confirmed the factorial structure of the Interpersonal Reactivity Multidimensional Scale (IRMS), with this, this study aims to evaluate the structural consistency of the IRMS Scale in a sample of young people from different socio-scholars contexts. 376 men and women of 17 to 33 years of a public and military high school educational institution of the city of João Pessoa, answered to the IRMS and a demographic questionnaire. It was observed that the total sample and, separately, for the young soldiers and civilians, the psychometric scale showed indicators that ensured the factorial structure, which as found by other Brazilian authors. These results show, both conceptually and empirically, the consistency of IRMS, regardless of the sample diversity. It was still found that young civilians had higher means for the young soldiers into empathetic consideration and personal anguish, but in perspective taking, the result was reversed.

Keywords: Empathy, Structural Modeling, Young Civilian and Military.


Resumo

De forma geral, a empatia pode ser compreendida como a capacidade de uma pessoa em se colocar no lugar do outro, capaz de inferir seus sentimentos e, com base no conhecimento adquirido no processo empático, responder afetivamente de forma mais adequada para a situação que o outro está passando. Recentes estudos no Brasil validaram e confirmaram a estrutura trifatorial da Escala Multidimensional de Reatividade Interpessoal (EMRI); com isso, este estudo tem como objetivo avaliar a consistência estrutural da Escala EMRI em amostra de jovens de diferentes contextos sócio-escolares. 376 homens e mulheres, de 17 e 33 anos, do ensino médio de instituição de ensino pública e militar da cidade de João Pessoa-PB; responderam a EMRI e a um questionário demográfico. Observou-se que na amostra total e, separadamente, para a dos jovens militares e civis, a escala apresentou indicadores psicométricos que garantiram a estrutura trifatorial, a qual, já encontrada por outros autores brasileiros. Esses resultados apontam, conceitual e empiricamente, a consistência da EMRI, independente da diversidade amostral. Ainda se constatou que os jovens civis apresentaram médias superiores à dos jovens militares na consideração empática e angustia pessoal, mas, na tomada de perspectiva, o resultado se inverteu.

Palavras-Chave: Empatia, Modelagem Estrutural, Jovens Civis e Militares.


 

 

 

A Empatia é definida, neste artigo, como a capacidade que uma pessoa tem de colocar-se no lugar do outro (role-taking), inferir seus sentimentos e, a partir do conhecimento gerado por este processo, dar uma resposta afetiva mais adequada para a situação do outro do que para sua própria situação (Hoffman, 1991, 2003).

Nesse sentido, uma pessoa empática é percebida como sendo capaz de experimentar vicariamente emoções sentidas por outra pessoa, adotar o ponto de vista do outro, compreender suas motivações e necessidades e atribuir atitudes e comportamentos ao outro, com a função de prover ajuda, agregação, cuidado, justiça e solidariedade (Batson, Eklund, Chermok, Hoyt & Ortiz, 2007; Batson, Tricia, Highberger & Shaw, 1995; Davis 1983; Hoffman, 2000; Sampaio, Camino & Roazzi, 2009; Sampaio, Guimarães, Camino, Formiga, & Menezes, 2011).

Em função da relevância do tema, a empatia vem sendo abordada em diferentes áreas do conhecimento, como as ciências humanas, as sociais e da saúde (Galvão, Camino, Gouveia & Formiga, 2010; Formiga, Rique, Galvão, Camino, Mathias & Medeiros, 2011)

Em relação às pesquisas empíricas, essas têm sido realizadas, sobretudo, com instrumentos tipo lápis e papel, merecendo destaque, de acordo com Pérez-Albéniz, Paúl, Etxeberría, Montes e Torres (2003): a Hogan Empathy Scale (HES – escapa de empatia de Hogan, Hogan, 1969), que é considerada uma medida de empatia cognitiva; o Questionnaire Measure of Emotional Empathy (QMEE – questionário de emoção empática, Mehrabian & Epstein, 1972), considerado uma medida de empatia emocional; e, o Interpersonal Reactivity Index (IRI – índice de reatividade interpessoal, Davis, 1980), uma medida multidimensional.

Apesar de existir uma quantidade significativa de escalas para avaliar a empatia (Falcone et al., 2008; Galvão, Camino, Gouveia & Formiga, 2010; Gouveia; Guerra; Santos; Rivera & Singelis, 2007), o IRI (Davis, 1983) é a escala mais utilizada para medir este construto. Note-se que, nos últimos cinco anos, foram encontrados 101 trabalhos empíricos, indexados ao PsycINFO, que relataram o uso do IRI, versus 8 que utilizaram o QMEE, e 7 que usaram o HES.

O IRI se destaca, em relação às demais escalas, por apresentar um caráter multidimensional, sendo, por isso, considerada mais aperfeiçoada e acurada (Strayer & Eisenberg, 1987).

A escala de Davis (1980) possui originalmente quatro dimensões, sendo duas afetivas [personal distress (angústia pessoal) e emphatic concern (consideração empática) – e duas cognitivas [role-taking (tomada de perspectiva) e fantasy (fantasia)]. A angústia pessoal refere-se a um sentimento de tensão e desconforto, frente à condição de necessidade do outro, podendo gerar comportamentos de afastamento ao invés de comportamentos de ajuda. A consideração empática diz respeito à capacidade de avaliar e sentir como o outro, de reconhecer os afetos e as necessidades do outro, podendo motivar a simpatia e a ajuda para com o outro. A tomada de perspectiva do outro referese à capacidade cognitiva voltada para a compreensão e coordenação de percepções do outro, que visem a solução de conflitos interpessoais e sociais.

E, a fantasia diz respeito à habilidade de se identificar com personagens ficcionais em novelas, filmes e romances e sentir, junto com eles, uma adesão involuntária as condições afetivas de alegria, tristeza, raiva etc. e/ou de necessidade do outro.

Desde que foi criada em 1983, a escala de Davis, intitulada IRI, tem sido amplamente traduzido e validado em várias línguas, podendo ser encontrado em espanhol, holandês, chinês, sueco, polonês e português (Cliffordson, 2001; DeCorte, Buysse, Verhofstadt, Roeyers ponnet & Davis, 2007; Escrivá, 2004; Kazmierczak, Plopa & Retowski, 2007; Koller, Ribeiro & Camino, 2002; Sampaio, Guimarães, Camino, Formiga & Menezes, 2011; Siu & Shek, 2005).

No entanto, alguns pesquisadores têm encontrado dificuldades para adaptá-la a determinados contextos culturais, e, por tal motivo, veem realizando alterações na sua composição original que precisam ser melhor exploradas. Siu e Shek (2005) realizaram um estudo com estudantes secundaristas e universitários da China utilizando uma versão traduzida e adaptada do IRI. Os resultados revelaram que, apesar das análises confirmatórias corroborarem o modelo de Davis (1983), análises exploratórias apontaram para a existência de um modelo com três e não quatro fatores: no primeiro fator predominaram os itens da sub-escala angustia pessoal; no segundo os itens da sub-escala fantasia e no terceiro fator houve um agrupamento dos itens da sub-escalas consideração empática e da tomada de perspectiva, o que sugere que pode não ter havido distinção para os jovens chineses entre os componentes cognitivos e afetivos da empatia, tal como eles são mensurados no IRI.

No Brasil, Koller, Ribeiro e Camino. (2002) desenvolveram um estudo com adolescentes brasileiros, de 14 a 16 anos, de escolas privadas e públicas, utilizando uma versão adaptada do IRI, denominada pelos autores de Escala Multidimensional de Reatividade Interpessoal (EMRI), em que foram retirados os itens referentes à dimensão fantasia. Nessa amostra foi aplicada a EMRI apenas com três dimensões (tomada de perspectiva, consideração empática e angústia pessoal), distribuídas em 21 itens (7 por dimensão). Porém, nos resultados de análises exploratórias, observou-se que alguns itens não apresentaram escores fatoriais e alfas aceitáveis estatisticamente. Diante desses resultados, Koller et al. (2002) decidiram reduzir a EMRI para 17 itens: consideração empática (7 itens), tomada de perspectiva (5 itens) e a angustia pessoal (5 itens). Essas dimensões apresentaram, respectivamente, alfas de 0.67, 0.63 e 0.54. Ademais, os autores verificaram correlações positivas entre todas as dimensões do IRI. Note-se que a correlação entre a dimensão denominada angústia pessoal e as demais dimensões, difere do previsto teoricamente e do encontrado em pesquisas transculturais (Escrivã, Navarro & Garcia, 2004; Pérez-Albéniz et al., 2003; Siu & Shek, 2005), mas, por outro lado, assemelha-se aos achados de outros estudos realizados no Brasil (Galvão, 2010; Sampaio, 2007).

Formiga, Rique, Galvão, Camino, Mathias e Medeiros (2011), considerando os limites metodológicos e psicométricos do estudo realizado por Koller et al. (2002), realizaram um estudo com duas amostras de jovens brasileiros para verificaram a adequabilidade da estrutura fatorial da EMRI, a partir de análises confirmatórias e de modelagem estrutural. Os resultados indicaram que a escala revelou indicadores psicométricos aceitáveis, que não somente corroboraram a escala tridimensional apresentada por Koller et al. (2002), como também forneceram uma avaliação mais robusta para mensuração desse construto em jovens.

Diante do que foi exposto sobre a EMRI, parece claro que ela, de fato, pode contribuir para a compreensão do fenômeno empatia. No entanto, como problematizam seus criadores, é necessário que outros estudos investiguem a sua adequação a outros contextos. É neste sentido que o presente estudo se propõe a verificar a acurácia dessa escala com base nos indicadores psicométricas da estrutura fatorial encontrada por Formiga et al. (2011), assim como, a adequabilidade dessa estrutura com amostras de sujeitos em diferentes contextos sócio-escolares.

 

Método

Participantes

376 estudantes do ensino médio da cidade de João Pessoa-PB, Brasil, sendo 200 de uma instituição pública de ensino, de 17 a 20 anos, predominantemente do sexo feminino (54%), e 176 de uma instituição militar de ensino, de 17 a 33 anos, predominantemente do sexo masculino (76%). Esta amostra foi nãoprobabilística, isto é, de conveniência, tendo participado as pessoas que, convidadas, aceitaram colaborar.

Instrumentos

- Escala Multidimensional de Reatividade Interpessoal de Davis – EMRI. Trata-se de um instrumento tipo lápis e papel, elaborado por Davis (1983) e adaptado por Koller, Ribeiro e Camino (2002) para o contexto brasileiro. É composta por 21 itens objetivos que devem ser respondidos em uma escala de 5 pontos (1 = baixa empatia e 5 = alta empatia). A EMRI mensura a empatia a partir de duas dimensões afetivas (consideração empática e angústia pessoal) e uma cognitiva (tomada de perspectiva), descritas na introdução deste trabalho. A estrutura trifatorial da EMRI foi confirmada por Formiga et al. (2011) [χ2/gl = 0.87, GFI = 0.96, AGFI = 0.93, CFI = 1.00, RMSEA (90%IC) = 0.00 (0.00-0.02), CAIC = 784.54 e ECVI = 1.01 (1.00-1.11)]

Procedimentos

Todos os procedimentos adotados nesta pesquisa seguiram as orientações previstas na Resolução 196/96 do CNS e na Resolução 016/2000 do Conselho Federal de Psicologia (CNS, 1996; ANPEPP, 2000).

Para a aplicação do instrumento, o responsável pela coleta dos dados contatou diretamente os diretores e/ou coordenadores das instituições de ensino pesquisadas. Em seguida, pediu autorização, junto aos professores, para ocupar uma aula e aplicar os questionários. Após ser autorizado, o responsável pela coleta de dados apresentou, de forma sumária, os objetivos da pesquisa aos estudantes, os convidando para participar voluntariamente do estudo. Aos estudantes foi dito que não havia resposta certa ou errada e que eles não deveriam se sentir obrigados a responder aos questionários, podendo desistir a qualquer momento, seja quanto tivesse o instrumento em suas mãos ou ao iniciar a leitura, ou em outra eventual condição.

A todos foi assegurado o anonimato das suas respostas, enfatizando que elas seriam tratadas estatisticamente em seu conjunto. Apesar do questionário ser autoaplicável, contando com as instruções necessárias para serem respondidos individualmente, um aplicador, previamente treinado, esteve presente para apresentar os instrumentos, para retirar eventuais dúvidas ou realizar esclarecimentos que se fizessem indispensáveis, e, para conferir a qualidade geral das respostas emitidas pelos respondentes.

 

Análise de Dados

A tabulação e a análise dos dados foram efetuadas por meio do pacote estatístico SPSS – versão 16.0. Porém, para a análise fatorial confirmatória, utilizou-se o programa AMOS 16.

Este tipo de análise permite testar hipóteses específicas sobre a estrutura latente do modelo (por exemplo, número de fatores, cargas fatoriais), apresentando os respectivos indicadores do "goodness", os quais possibilitam avaliar a qualidade de ajuste do modelo a que se propõe (Hair, Tatham, Anderson & Black, 2005; Tabachnick & Fidell, 2001; Van de Vijver & Leung, 1997), como por exemplo:

O X² (qui-quadrado) testa a probabilidade do modelo teórico se ajustar aos dados; quanto maior este valor pior o ajustamento. Este tem sido pouco empregado na literatura, sendo mais comum considerar sua razão em relação aos graus de liberdade (X²/g.l.). Neste caso, valores até 3 indicam um ajustamento adequado.

O Goodness-of-Fit Index (GFI) e o Adjusted Goodness-of-Fit Index (AGFI) são análogos ao R² em regressão múltipla. Portanto, indicam a proporção de variância-covariância nos dados, explicadas pelo modelo. Estes variam de 0 a 1, com valores na casa dos 0,90, indicando um ajustamento satisfatório.

Raiz Quadrada Média Residual (RMR), que indica o ajustamento do modelo teórico aos dados, na medida em que a diferença entre os dois se aproxima de zero (Joreskög & Sörbom, 1989).

A Root-Mean-Square Error of Approximation (RMSEA), com seu intervalo de confiança de 90% (IC90%), é considerado um indicador de "maldade" de ajuste, isto é, valores altos indicam um modelo não ajustado. Assume-se como ideal que o RMSEA se situe entre 0,05 e 0,08, ou menos.

O Comparative Fit Index (CFI) compara, de forma geral, o modelo estimado com o modelo nulo, considerando valores mais próximos de um como indicadores de ajustamento satisfatório (Hair, Anderson, Tatham & Black, 2005).

Tucker-Lewis Index (TLI), apresenta uma medida de parcimônia entre os índices do modelo proposto e do modelo nulo. Varia de zero a um, com índice aceitável acima de 0,90 (Bilich, Silva & Ramos, 2006).

O Expected Cross-Validation Index (ECVI) e o Consistent Akaike Information Criterion (CAIC) são indicadores geralmente empregados para avaliar a adequação de um modelo em relação a outro. Valores baixos do ECVI e CAIC expressam o modelo com melhor ajuste.

 

Resultados

Neste estudo, buscou-se avaliar a estrutura da Escala Multidimensional de Reatividade Interpessoal de Davis (EMRI) em duas amostras de jovens em diferentes contextos sócio-escolares. Efetuaram-se, no pacote estatístico AMOS 16.0, análise fatorial confirmatória e modelagem de equação estrutural para as duas amostras, individualmente, e para amostra total, hipotetizando a existência de três fatores de acordo com a solução estatística e teórica proposta de Formiga, Rique, Galvão, Camino, Mathias e Medeiros (2011): consideração empática (CE), tomada de perspectiva (TP) e angústia pessoal (AP).

As covariâncias (phi, φ) entre os fatores foram deixadas livres, e, observou-se que os indicadores de qualidade de ajuste do modelo com a amostra geral, com a amostra dos jovens civis e com a amostra dos jovens militares, atenderam às recomendações apresentadas na literatura (Byrne, 1989; Tabachnick & Fidell, 1996; Van de Vijver & Leung, 1997). Os resultados obtidos nessas análises, observados em negrito, na Tabela 1, revelaram, em todas as amostras, a adequabilidade do modelo trifatorial para mensurar a empatia, o qual já validado por Koller et al. (2002) e confirmado por Formiga et al. (2011).

Considerando que todas as saturações (Lambdas, λ) estiveram dentro do intervalo esperado |0 - 1| e que foram estatisticamente diferentes de zero (t > 1.96, p < 0.05), denotou-se, em relação a amostra total, não existir problemas de estimativa para corroborar a existência dos três fatores para se avaliar a empatia. As associações entre as dimensões foram positivas, isto significa dizer que a existência de uma dessas formas de empatia, possivelmente, influenciará as outras formas.

Na Figura 1, é possível observar as associações entre as dimensões da empatia para amostra total.

Na Figura 2, pode-se observar a existência de lambdas (λ) associativos, também positivos, entre as dimensões da empatia para a amostra de jovens civis. Note-se que os resultados seguem em semelhante direção dos resultados observados na amostra geral.

Na Figura 3, na amostra de jovens militares, as dimensões da empatia apresentaram, também, lambdas (λ) que se associaram positivamente. Os resultados dessa amostra se assemelham aos encontrados na amostra geral e na dos jovens civis, e revelam uma consistência na mensuração da empatia na especificidade amostral desses sujeitos.

Desta maneira, considerando os resultados apresentados, assume-se o modelo trifatorial da EMRI como adequado, tanto para a amostra geral, quanto para a amostra dos jovens civis e para a amostra dos jovens militares, com componentes claramente discerníveis:

- Consideração Empática, diz respeito à tendência a sentir sentimentos de compaixão, simpatia e preocupação por outras pessoas que passam por experiências negativas, dolorosas ou de sofrimento;

- Tomada de Perspectiva, referese à capacidade de colocar-se no lugar do outro e ver as coisas a partir de outros pontos de vista;

- Angustia Pessoal, diz respeito à tendência a sentir sentimentos de angústia ou aflição, ao observar ou inferir que outras pessoas estão vivenciando sentimentos negativos ou desagradáveis.

Diante dos resultados obtidos e apresentados, julga-se que o presente estudo contribuiu com a corroboração da evidência psicométrica e estrutural da EMRI, em convergência com os resultados encontrados por Formiga et al. (2011). Vale destacar, que os indicadores de ajustes apontam na mesma direção dos encontrados por Formiga e colaboradores, apoiando com isso, a consistência e fidedignidade da escala EMRI para o contexto brasileiro. Porém, chama-se a atenção para a estrutura desta escala na amostra de jovens militares, pois, no caso do 'AGFI', este, não se encontra superior a 0,90, no entanto, essa condição não pode ser considerada um problema, é possível que a característica da amostra e a quantidade dos sujeitos tenham influenciados.

Com a estrutura fatorial comprovada em diferentes amostras, efetuou-se uma ANOVA com o objetivo de comparar as pontuações médias das dimensões da empatia versus instituições de educação civil e militar; encontraram-se seguintes resultados:

- em relação a consideração empática, a média dos jovens civis (M= 3.61, DP = 0.71; IC – 3.51-3.71) foi superior quando comparada a dos jovens militares (M = 2.95, DP = 0.48; IC – 2.88-3.03) [F (1,381 = 107.05, p < 0,01];

- no que diz respeito a tomada de perspectiva, os jovens militares pontuaram mais alto (M = 3.50, DP = 0.45; IC – 3.44-3.57) do que a media dos jovens civis (M = 3.36, DP = 0.65; IC – 3.27-3.46) [F (1.381 = 5.74, p < 0,01];

- por fim, no que se refere a angustia pessoal os jovens civis pontuaram mais alto (M = 3.19, DP = 0.61; IC – 3.11-3.28) nessa dimensão da empatia do que os jovens militares (M= 2.96, DP = 0.54; IC – 2.88-3.06) [F (1,381 = 91.51, p < 0,01];

De forma geral, ao salientar os resultados da anova destaca-se que os jovens militares tiveram médias superiores em suas respostas na dimensão empática da tomada de perspectiva quando comparado aos jovens civis; esse resultado não deve ser considerado uma surpresa, acredita-se que isto se deveu a perspectiva social e educacional que a instituição de ensino da policia militar tem apresentado atualmente, no Estado da Paraíba; esta intituição tem focado tanto os trabalhos pedagógicos e didáticos desses jovens, para uma Educação em Direitos Humanos. Essa condição, provavelmente, influenciou uma maior pontuação na consideração empática e da angustia pessoal por parte dos jovens militares.

O construto em questão, independente do contexto escolar em que os sujeitos estão inseridos, foi capaz de reconhecer e avaliar a empatia; assim, poderia ser de grande valia o desenvolvimento de atividades sócioeducacionais que invista no fortalecimento de situação-sujeito que gere a preocupação com o outro, fomentando, de acordo com Formiga, Rique, Galvão, Camino e Mathias (2011), uma ressonância interpessoal. Esta condição, por pressupor que a pessoa que sente empatia é aquela que busca o respeito, a compreensão do outro e a participação no espaço sóciocognitivo no campo dos problemas do outro, contribuiriam não somente para vida profissional, mas, também, para a dinâmica social, familiar, escolar, etc. O fato é: aquele que pode ajudar dispõe de aberturas no espaço interpessoal afetivo, permitindo perceber a situação do outro, colocar-se no lugar do outro, sentir o que o outro sente e ter motivação para ajudá-lo.

 

Conclusão

Espera-se que o objetivo deste estudo tenha sido alcançado, principalmente, no que diz a respeito à verificação da consistência e acurácia estrutural da escala de empatia (EMRI). Desta forma, corrobora-se tanto a estrutura quanto a condição de mensuração desse instrumento, o qual, confiável na avaliação e operacionalização da empatia em jovens, especificamente, aqueles de instituição civil e militar; tais resultados revelam que os sujeitos são capazes de avaliar a capacidade empática em relação a outra pessoa, conduzindo assim, a uma dinâmica interpessoal mais qualitativa.

Julga-se que o objetivo deste estudo foi alcançado, principalmente, no que diz a respeito à verificação da consistência e acurácia estrutural de uma escala de empatia. É importante salientar que tanto o presente estudo como os desenvolvidos por Formiga et. al. (2011), foram realizados com amostras brasileiras, o que significa que ao se considerar os resultados do presente estudo em outros contextos sociais e políticos, deve-se ter em conta as dimensões locais, específicas ou exclusivas – emics – da cultura em que os produziu, bem como, e não menos importante, as suas dimensões universais – etics – (Muenjohn & Armstrong, 2007; Triandis et. al., 1993; Triandis, 1996; Van De Vijve & Leung, 1997).

Em futuros estudos sugere conhecer os aspectos que podem ser comuns as outras culturas e aqueles que são específicos, o que contribuirá para consolidar um marco na teoria e na mensuração da empatia, já que, hipoteticamente, é possível encontrar variações desse construto ao considerar diferentes variáveis (como as sociodemográficas e geo-politicas). Nessa direção, seria importante reunir evidências da validade e precisão intra, inter e pan-cultural, capaz de avaliar a validade (de critério ou a convergente) com construtos correlatos, bem como conhecer a estabilidade temporal (testereteste) e replicá-la com amostras maiores e diversificadas em relação às características dos participantes.

 

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Recibido: 17 de noviembre de 2012
Aceptado: 19 de noviembre de 2012

 

 

1 Correspondencia remitir a: revistacientificaeureka@gmail.com, norma@tigo.com.py"Centro de Documentación, Investigación y Difusión de la Carrera de Psicología", FFCH-Universidad Católica de Asunción-Paraguay.