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Revista Subjetividades
versão impressa ISSN 2359-0769versão On-line ISSN 2359-0777
Resumo
DANELINCK, Daniela. O papel da vergonha na teoria lacaniana dos quatro discursos. Rev. Subj. [online]. 2022, vol.22, n.1, pp.1-12. ISSN 2359-0769. https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v22i1.e11655.
O objetivo deste trabalho é compreender por que Jacques Lacan colocou o sentimento como o de vergonha no cerne de sua Teoria dos Quatro Discursos, que é uma teoria puramente formal do laço social. Dado que nosso tempo insiste em negar ou desonrar a vergonha como um sentimento puramente negativo, além de pensar como um sentimento obsoleto que tenderia a desaparecer nas democracias capitalistas modernas, o presente trabalho pretende repetir o gesto da estudiosa australiana Elspeth Probyn em seu livro Blush: Faces of Shame, e sustentar que "algo sobre a vergonha é muito importante". Dividida em três partes, a primeira argumenta que sempre que nossa sociedade contemporânea invoca abertamente a vergonha, como, por exemplo, nos escândalos políticos e sexuais, é sempre uma noção imaginária que está em jogo: a vergonha espetacular. Na segunda parte, avançamos para uma abordagem diferenciada da vergonha, considerada no marco da teoria lacaniana dos Quatro Discursos como um sentimento privilegiado do vínculo social: a vergonha de viver. A terceira e última parte concentra-se no Seminário 17 de Lacan para interrogá-lo em relação à vergonha, do ponto de vista de suas últimas palavras: "Se há algumas razões um pouco menos do que ignóbil para sua presença aqui em tais números [...] é porque não muito, mas apenas o suficiente eu faço você se envergonhar". Assim, uma conceituação ad hoc de vergonha é proposta para a última aula do seminário: a vergonha de viver como aquele sentimento privilegiado que revela aos falantes sua existência dividida em um discurso.
Palavras-chave : vergonha; espetáculo; laço social; teoria dos quatro discursos; Lacan.