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Revista do NUFEN

versão On-line ISSN 2175-2591

Rev. NUFEN vol.10 no.2 Belém maio/ago. 2018

https://doi.org/10.26823/RevistadoNUFEN.vol10.n02editorial 

Editorial

 

 

 

Dossiê Gestalt-Terapia

 

 

Adelma Pimentel, Tommy Akira Gotto, Lucivaldo Araújo, Marciana Farinha, Kamilly Vale

 

O Número especial da revista do NUFEN, intitulado Dossiê de Gestalt-terapia, contempla trabalhos de diversas regiões do Brasil. Apresentando as produções das ações realizadas por profissionais que utilizam a abordagem gestáltica e a Gestalt-terapia como fundamentação teórica e metodológica em diversos âmbitos da prática do psicólogo e nos diferentes espaços nos quais estão inseridos. Integram um olhar para práticas que envolvem a clínica, a escola, a universidade, e temas como a espiritualidade/religiosidade, o câncer de Mama, o desenvolvimento humano, a imigração, dentre outros, que são extremamente importantes para o debate nesta abordagem da psicologia. A diversidade também é percebida nas múltiplas configurações e influências epistemológicas que compõe os textos. Assim, acreditamos que diante deste cenário é possível suscitar reflexões críticas e oferecer subsídios para novas produções acadêmicas, bem como, contribuir para o avanço e enriquecimento do modo como o conhecimento científico vem sendo produzido e compartilhado.

Celia Cristina de Albuquerque Bandeira, Luciana Machado Schmidt, Virginia Grünewald, Francisco Antônio Pereira Fialho, apresentam uma interlocução entre os conceitos de Self e Neurose no texto “Ensaio relacionando sistema self e camadas de neurose em Gestalt-terapia.” O objetivo é de oferecer, através da integração de tais categorias conceituais, um instrumento teórico-metodológico que pode ser utilizado na prática clínica do Gestalt-terapeuta, tanto na compreensão do processo de psicodiagnóstico quanto na psicoterapia.

Através da reflexão do tema Espiritualidade/Religiosidade, Lázaro Nascimento e Adriano Hollanda, realizam uma busca nas obras de Fritz Perls (1942-1973), objetivando encontrar fundamentos que abordam esta temática na literatura do referido autor. O texto nos convida a pensar criticamente, acerca da utilização de práticas espirituais/religiosas, principalmente no campo da psicoterapia e da saúde, já que segundo a pesquisa realizada pelos autores, é comum que frente a situações adversas tais ações emerjam como possibilidade de lidar com o sofrimento.

Magaly Fernandes Santiago Karpen, expõe perspectivas teóricas sobre o desenvolvimento humano e aprendizagem, buscando ampliar este campo de conhecimento em relação a ótica da Gestalt-terapia. Demonstra que a compreensão de tais pontos de vistas sobre o desenvolvimento humano contribuí para a consolidação e aprofundamento de estudos nesta abordagem psicológica e que através da concepção de um novo modo de pensar o desenvolvimento humano, como um processo “des-envolver-se”, é possível dialogar com outras teorias.

Laura Cristina de Toledo Quadros, Erika da Silva Araújo e Deborah da Silva de Souza, apresentam um relato de experiência de estágio clínico em Gestalt-terapia numa universidade pública, a partir da narrativa da supervisora e das estagiárias acerca da vivência do processo que configuram o ensinar e o aprender. Com uma linguagem acessível e dialogada, as autoras descrevem as questões que emergem neste processo inicial de formação em clínica e apontam para a importância da articulação entre teoria e prática como um fator que favorece um espaço de acolhimento, ético e de cuidado na construção de uma atuação profissional que inclua uma dimensão criativa e singular.

As autoras Marcela Soares e Wanderlea Ferreira, realizaram uma pesquisa bibliográfica acerca do funcionamento autista abordando a perspectiva biomédica realizando um contraponto a partir da compreensão deste fenômeno sob a ótica da Gestalt-terapia que compreende o sujeito em sua totalidade e não o reduz a uma mera classificação. Jurandir Sá, psicólogo e Gestalt-terapeuta, apresenta um ensaio acerca do tema Intercâmbio cultural, a partir de sua experiência pessoal e clínica. Aponta em seu texto os múltiplos desdobramentos que este fenômeno pode repercutir na vida do sujeito e indica possibilidades de manejar clinicamente, a partir do enfoque da Gestalt-terapia. Através da articulação entre a compreensão da experiência do sujeito e da atitude existencial/fenomenológica do psicoterapeuta frente as diversas etapas que integram tal vivência.

Sheila Antony resgata a transmissão geracional como uma forma de compreender a violência sexual contra crianças. Segundo a autora é possível que a violência ocorrida na geração atual seja fruto de um ciclo abusivo e que compõe a história de vida destas famílias, já que em muitos casos existem situações inacabadas que envolvem maus-tratos, negligências, exclusões e que podem levar a uma compulsão à repetição. Para a articulista, é tarefa do psicoterapeuta desvelar as questões que envolvem tal processo e que são perpetuados em família através de várias gerações.

Fruto de uma Pesquisa de iniciação cientifica (PIBIC/Cnpq) realizada na Universidade Federal do Acre (UFAC) Jênnyfer Cristina Almeida de Freitas, Karla Carine Moreira Guerra e Luciane Patrícia Yano, apresentam uma articulação entre a Gestaltterapia e a teoria da Personalidade Big Five – os 5 grandes fatores da Personalidade, através da análise da relação do estilo de contato retroflexão como um possível fator predisponente ao câncer de mama. Foram entrevistadas 30 mulheres que fazem tratamento médico para o câncer de mama na Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia – Unacon, anexo do Hospital das Clínicas da cidade de Rio Branco, Estado do Acre. As autoras ressaltam a multifatorialidade que compõe a etiologia da doença, no entanto, revelam que raramente são utilizados em pesquisas aspectos psicossociais e da personalidade, para a compreensão do fenômeno.

Leticia Marques Oliveira e Eleonôra Torres Prestrelo, fazem reflexões pertinentes acerca do espaço escolar e da necessidade de que ele se torne um local onde todos sintamse incluídos. É de extrema importância na formação social de crianças e jovens que a inclusão escolar não seja apenas um debate político mas que na prática seja possível vivenciar um lugar onde os alunos com deficiências não se sintam à parte ou segregados socialmente. As autoras utilizaram como recurso metodológico um diário de campo com fundamentação gestáltica e uma prática pautada no que denominaram de “Fazer COM”. Tais reflexões contribuem para a construção de uma escola inclusiva onde toda a comunidade escolar se envolve e desenvolvem um trabalho em rede.

A partir de inquietações oriundas de um trabalho realizado com um grupo de pais, Elise Haas de Abreu e Fabíola Mansur Polito Gaspar, propõem reflexões acerca das nuances que envolvem o processo de cuidado e educação entre pais e filhos. Incluem uma perspectiva dialógica e relacional compreendendo os dois lados que compõe a díade (Pais e filhos) e buscam formas criativas de estabelecer e sustentar os limites fundamentais para o crescimento das crianças de forma saudável, tanto em aspectos emocionais quanto relacionais.

No texto Autenticidade e individualismo: desafios da contemporaneidade a partir da perspectiva gestáltica, Gilberto Hoffmann Marcon realiza uma pesquisa teórica sobre o individualismo. O autor utiliza a Gestalt-terapia e as investigações descritivas de Charles Taylor acerca do individualismo contemporâneo para alcançar uma compreensão sobre os desafios específicos relacionados a uma forma de estar no mundo na atualidade. O texto analisa como a valorização excessiva de processos individuais podem desencadear bloqueios de contato e atitudes de não cuidado ao outro, bem como resgatar a partir da Gestalt-terapia novos modos integrativos e autênticos de interação.

Convidamos @s leitor@s a conhecerem os diversos modos de produção acadêmica e de intervenções a partir da perspectiva gestáltica apresentadas neste Dôssie. Desejamos uma excelente leitura!

 

 

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