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Revista do NUFEN
versão On-line ISSN 2175-2591
Rev. NUFEN vol.10 no.3 Belém set./dez. 2018
https://doi.org/10.26823/RevistadoNUFEN.vol10.n03editorial
Editorial
DOI: 10.26823/RevistadoNUFEN.vol10.n03editorial
A psicologia fenomenológica na atualidade
Adelma Pimentel, Tommy Akira Goto, Lucivaldo Araújo, Marciana Farinha, Kamilly Vale
É com entusiasmo que entregamos este novo número da Revista Eletrônica do Núcleo de Pesquisas Fenomenológicas, "Revista do Nufen". O leitor observará que neste volume trazemos um Dossiê inédito: "Fenomenologia e Psicologia Fenomenológica na atualidade: conceitos e temas"; uma Seção de artigos livres e resenha, todos em uma diversidade de temas, objetos de estudos e referenciais atuais que envolvem tanto o campo da Psicologia quanto da Fenomenologia.
Importante dizer que a partir da fundação da Fenomenologia pelo matemático e filósofo Edmund Husserl (1859-1938) tem-se a possibilidade da reformulação da Psicologia moderno-científica para uma "Psicologia Fenomenológica", considerando para tanto as contribuições de suas obras desde as Investigações Lógicas (1900-1901) até os seus últimos escritos (1934-1937), todos reunidos na denominada obra "A Crise das ciências europeias e a Fenomenologia Transcendental. Para Husserl a Psicologia, antes de aplicar seus conceitos em experimentos científicos, deveria primeiramente descrever as vivências psíquicas, no intuito de esclarecer suas estruturas vividas e explorar a totalidade dos modos de consciência psíquica. A "semelhante estatística reúne fatos preciosos, e descobre neles regularidades preciosas, porém muito indiretas" (Husserl, 1911/1935, p.21), por isso é necessário uma crítica radical à experiência mundana, para que se possa abrir o campo da experiência própria da subjetividade.
A concepção de Psicologia Fenomenológica surgiu, desde os primeiros escritos de Husserl, devido à proposta da Fenomenologia em ser uma ciência da subjetividade. Husserl (1927/1990) assim o definiu na introdução do Artigo da Enciclopédia Britânica em 1927 quando, por exemplo, afirmou que ao mesmo tempo em que surgiu a Fenomenologia filosófica, surgiu também a Psicologia Fenomenológica, uma psicologia que tem como finalidade ser o verdadeiro e autêntico fundamento para a Psicologia.
Nesse sentido, a Psicologia Fenomenológica aparece nas análises de Husserl com um afã reformador, no sentido de restabelecer, a partir do método fenomenológico, a "essência" da vida psíquica (intencionalidade, atos intencionais). Essa nova Psicologia se torna radical em relação às outras Psicologias (científica, descritiva), por estar dirigida peculiarmente à vida psíquica em si mesma e às suas estruturas. Assim, da mesma maneira que o fenomenólogo procede, o psicólogo também busca apreender as essências psíquicas na reflexão psicológico-fenomenológica. O seu interesse se dirige aos fenômenos psíquicos, aos atos e vivências psíquicas, ou ao que Husserl (2012) chamou de "interesse puro ao ser subjetivo".
Nesse volume a área "Psicologia Fenomenológica" recebe destaque em uma revista brasileira de Psicologia, com textos que honram o universo acadêmico-científico pela relevância dos temas tratados e pelas contribuições baseadas em reflexões fundamentadas e pesquisadas. Esta coletânea tem o objetivo de apresentar e desenvolver o que Husserl elaborou como sua nova Psicologia, mas também trazer análises e discussões atuais e interdisciplinares para se pensar a promissora Psicologia Fenomenológica.
Estão reunidos aqui textos de autorias nacionais e internacionais, cujos pesquisadores têm se dedicado à temática com profundidade e rigor. Com a publicação deste Dossiê esperamos colaborar e fomentar, de alguma forma, os debates sobre a ainda pouco conhecida "Psicologia Fenomenológica".
Uma boa leitura a tod@s!
REFERÊNCIAS
Husserl, Edmund. (2012). A Crise das Ciências Europeias e a Fenomenologia Transcendental – uma introdução à filosofia fenomenologia. Forense Universitária: Rio de Janeiro.
Husserl, Edmund (1965). A Filosofia como ciência de rigor. Lisboa: Atlântica. [ Links ]
Husserl, Edmund. (1990). El Articulo de la Encuclopaedia Britanica. Mexico: UNAM. [ Links ]