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versão impressa ISSN 0101-3106
Ide (São Paulo) vol.39 no.63 São Paulo jan./jun 2017
EM PAUTA | PENSAMENTO CLÍNICO E CULTURA DO ESPETÁCULO
Expressões da intimidade nos vínculos: interferências da cultura1
Intimacy's expression in the links; interferences of the culture
Ruth Blay Levisky
Psicóloga, psicanalista de grupos, casal e família. Mestre e doutora em genética humana (USP), membro da Associação Internacional de Psicanálise de Casal e Família e do grupo Vincular
RESUMO
O objetivo desse trabalho é discutir a intimidade na cultura atual e como ela se expressa e se organiza na complexa rede de arranjos vinculares existentes. Refletir sobre a relação entre a constituição mental do sujeito e seu modo de expressão dos afetos na cultura real e virtual; o que chamamos hoje de intimidade entre sujeitos na vida real seria equivalente nas relações virtuais? Como alcançar na relação analítica um espaço de intimidade que abra condições para a exploração do íntimo? Em muitas letras de músicas populares brasileiras atuais não se tem tratado sobre o tema família, mas sim, de questões sociais, do vazio e dos desencontros. O que estaria representando a família e os vínculos amorosos atuais na mente criativa desses artistas da cultura contemporânea?
Palavras-chave: Intimidade. Cultura. Vínculos. Realidade objetiva. Virtualidade.
SUMMARY
This paper discusses intimacy in today's culture and how it is expressed and organized in the complex network of existing links. Reflecting on the relationship between the mental constitution of the subject and the way affect is expressed in real and virtual culture raises the question whether what we call intimacy between subjects in real life today has any equivalent in virtual relationships? How can we achieve a space of intimacy in the analytical relationship that creates conditions for exploration of the intimate? The lyrics of many Brazilian pop songs today do not address the subject of family, but instead touch on social issues, misunderstandings and breakups. Where are the family and today's amorous links represented in the creative minds of these artists and contemporary culture?
Keywords: Intimacy. Culture. Links. Objective reality. Virtuality.
Introdução
O tema deste número da ide despertou meu interesse e minha inquietude ao perceber a complexidade que envolve a esfera da intimidade. Conversando com alguns jovens, tenho me surpreendido com os diversos modos como eles estabelecem as relações afetivas - são capazes de ter uma amizade profunda e duradoura e, ao mesmo tempo, beijar alguém sem ao menos saber o nome, pela satisfação de um simples desejo momentâneo. Como o campo de investigação é amplo, escolhi aprofundar e discutir:
1. A organização e a expressão da intimidade na complexa rede de configurações vinculares existentes na cultura.
2. A relação entre a constituição mental do sujeito e seu modo de expressão dos afetos nos espaços real e virtual; o que chamamos hoje de intimidade entre sujeitos na vida real seria equivalente à vivida nas relações virtuais?
3. Como alcançar na relação analítica um espaço de intimidade que abra condições para a exploração do íntimo?
4. A estreita relação entre o íntimo e a percepção de si mesmo na busca do encontro com o verdadeiro.
5. O que chamamos de intimidade?
Íntimo é uma palavra derivada do latim, intimus, cujo prefixo "in" refere-se ao interior, ao profundo, ao intrínseco; a natureza íntima de um ser, presente no âmago, nas profundezas da alma; sentimento privado compartilhado com a família, entre pessoas próximas ou até desconhecidas. Pode-se ter "intimidade" com um determinado assunto ou com um cantinho especial da casa. Intimidade é, portanto, a qualidade de ser íntimo (Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa). Intimidade é um sentimento abrangente e complexo, que se expressa de maneiras diferentes, dependendo do contexto e do momento histórico e sociocultural. Para discutir essa variabilidade, usarei como exemplos alguns dados da iconografia e de letras de músicas populares brasileiras em diferentes períodos.
Dados iconográficos
Percebe-se através de pinturas, fotografias, gravuras, tapessarias e esculturas, mudanças de hábitos, gestos, costumes e ritos corporais ao longo de várias épocas. Nos primeiros 500 anos do cristianismo as pessoas eram batizadas nuas, despidas de vestes, joias, como uma maneira de se aproximar de Deus, do modo mais simples, íntimo e verdadeiro. Ao visitar a exposição sobre a intimidade da toilette feminina em 2015, no Museu Marmottan em Paris, observei numa tapessaria do século XV o banho de mulheres numa suntuosa banheira de pedra, ladeada por instrumentos musicais, flores e perfumes; domésticas preparavam e ajudavam as nobres senhoras a desfrutar desse espaço de plenitude e prazer. O momento íntimo era coletivo. A exposição do corpo feminino na hora do banho revelava que os espaços da intimidade e da sexualidade eram compartilhados com outras mulheres e com as serviçais da casa. Em muitas pinturas, a mulher aparecia vestida na hora do banho com uma camisola transparente, que ao mesmo tempo recobria e descobria o corpo, mostrando partes de sua intimidade. Era um período em que alguns momentos íntimos eram expostos, ora de forma velada, ora explícita, mas em grupo. Essa obra retrata a nobreza da época. Como seria a mesma intimidade na casa dessas serviçais? Já no século XVIII a toilette feminina sofreu uma mudança, passando a ser representada num espaço mais privativo e íntimo. Essa privacidade foi se acentuando no século XIX, com a criação dos banheiros ou salas de banho e a exigência do isolamento para viver esses momentos. No século XX algumas mulheres já aparecem imersas numa banheira, mostrando que o pudor e a exposição do corpo nesse momento íntimo e a relação entre empregados e patrões foram sofrendo mudanças e produzindo hábitos diferentes; a privacidade nesse contexto tornou-se mais comum (La toilette, 2015). Mas, o que falar sobre a intimidade no século XXI? A exposição e a preocupação com o corpo de forma geral na contemporaneidade é grande e explícita.
Música e intimidade
A música tem uma capacidade para transmitir de modo poético as vivências, ausências e conflitos da vida instalados no interior do sujeito. Observo em algumas letras de músicas populares brasileiras que temas ligados à família têm sofrido mudanças ao longo do tempo. Os mitos e a música funcionam como se fossem "máquinas de abolir o tempo", uma vez que transportam o sujeito a vivências e a identificações ligadas à sua vida presente e à passada (Lévi-Stauss, 1996). A música costuma expressar o íntimo da alma, denunciar a falta e cantar o belo. Os artistas têm uma capacidade extraordinária para transmitir a essência dos sentimentos. Poetas, pintores, músicos, escritores, e também me atreveria a incluir alguns psicanalistas e psicoterapeutas, usam recursos como percepção, sensibilidade, intuição e conhecimento para captar, comunicar, compartilhar e refletir sobre as emoções e os conflitos existenciais. A experiência psicanalítica acaba sendo uma viagem criativa, na qual o imaginário do sujeito, seus conteúdos latentes, imagos, desejos, sonhos e fantasias encontram condições para emergir das criptas imersas no fundo da alma e para entrar em contato com o mundo real. É um caminho que geralmente possibilita a produção de conhecimentos e de transformações.
Pela análise feita em algumas letras de músicas populares brasileiras da década de 1960 a 1990, observei que o tema família era bastante comum. Já na contemporaneidade, a temática é preponderantemente ligada a aspectos sociais, sexualidade, desencontros, drogas e vazio. Que razões existiriam para, em muitas letras de nossas músicas atuais, o tema família não estar sendo tratado como em outros tempos? Como estariam representados a intimidade da família e os vínculos amorosos atuais na mente criativa dos músicos da cultura contemporânea? Esse fenômeno observa-se em outras partes do mundo também? São questões que merecem um estudo aprofundado. Não realizei uma pesquisa formal sobre esse assunto, mas me ative a analisar algumas dessas letras que aqui apresento. A observação de alguns trechos dessas músicas escritas e cantadas, em diversos contextos e momentos culturais distintos, levaram-me a questionar por que os conteúdos das letras sofreram diferenças com o passar dos anos?
"Trem das Onze", de Adoniram Barbosa (1964), focava em seus versos a preocupação com a família:
Não posso ficar nem mais um minuto com você
[...] Minha mãe não dorme enquanto eu não chegar,
Sou filho único, tenho minha casa para olhar...
Caetano Veloso, autor e cantor de "Alegria, alegria" (1968), música da época em que vivemos a ditadura no Brasil, onde os refugiados tiveram que se desgarrar da pátria, desnudar-se de sua origem, de sua família e dos amigos:
Caminhando contra o vento, sem lenço e sem documento,
No sol de quase dezembro, eu vou
[...] Ela pensa em casamento e eu nunca mais fui à escola
Sem lenço e sem documento, eu vou...
Nada no bolso ou nas mãos, eu quero seguir vivendo...
A música de Belchior, "Como nossos pais" (1976), cantada pela inesquecível Elis Regina, transmite o peso que as heranças familiares transgeracionais repesentam na transmissão de valores:
Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo que fizemos
Ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais.
A música "Pais e filhos", de autoria de Renato Russo (1989), já nos mostra um triste viés social, da pobreza, da família desorganizada, da tristeza e da desesperança.
Eu moro na rua, não tenho ninguém
Eu moro em qualquer lugar...
Já morei em tanta casa que nem me lembro mais...
[...] É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã...
Você me diz que seus pais não entendem, mas você não entende seus pais...
Você culpa seus pais por tudo, isso é absurdo
São crianças como você, o que você vai ser quando você crescer?
Criolo, cantor brasileiro contemporâneo de hip hop, compõe a música "Ainda há tempo" em 2006, com uma mensagem de esperança diante das mazelas da vida:
Por que as pessoas sadias adoecem?
Bem alimentadas ou não, por que perecem
Tudo está guardado na mente
O que você quer nem sempre condiz com o que o outro sente
Eu tô falando é de atenção que dá colo ao coração e faz marmanjo chorar
Se faltar um simples sorriso, às vezes um olhar
[...] As pessoas não são más, mano, elas só estão perdidas, ainda há tempo
Na sua música "Não existe amor em SP", composição quase mais falada que cantada, Criolo nos mostra a intimidade do que significa viver em São Paulo, numa cidade rodeada de arranha-céus e muros, convivendo num espaço vazio, com drogas, desesperança, o caos de uma cidade que não soube crescer, com uma busca desesperada pelo olhar e pelo carinho do outro e da família. Essa música revela a solidão do homem contemporâneo que vive nas grandes metrópoles. Os bares estão cheios de almas vazias, que buscam alguém que as escute.
Não existe amor em SP.
Os bares estão cheios de almas tão vazias.
No último álbum de Zeca Baleiro, recém-produzido (2016), ele escreve "Um homem só", sobre a melancolia, a deseperança e a solidão do homem contemporâneo. Nessa composição fala sobre sua reflexão diante do envelhecer, que segundo ele é "uma solidão da existência".
Meu amor gastei em sonhos sem futuro, esperanças vãs reduzidas a pó
Minha luz desperdicei e agora escuro, solidão é o que resta a um homem só
Azevedo (2013) pesquisou as transformações que a família foi sofrendo nas expressões artísticas brasileiras ao longo de gerações. Segundo o autor, o tema família tende a desaparecer de certos discursos da nossa moderna música popular e de boa parte da poesia contemporânea brasileira. O antropólogo Dumont (2000) também entende que a família representa um elemento pré-moderno, em processo de exclusão do discurso social. No entanto, Azevedo observou que, tratando-se de samba, o que se entende por família é a sua extensão à comunidade e ao coletivo; a família continua bastante presente nos pontos de encontro e na criação dos sambas até hoje. Nos bairros rurais brasileiros também é comum estender o conceito de família à vizinhança; quando um membro da comunidade é ofendido, o grupo se sente atacado (Brandão, 1990).
Diante da mudança na legislação sobre o direito familiar e das inúmeras transformações ocorridas nas configurações vinculares das famílias, o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa fez uma pesquisa em 2016, com uma amostra da população brasileira, para atualizar o verbete família. Obteve o seguinte resultado: "Família é um núcleo social de pessoas unidas por laços afetivos, que geralmente compartilham o mesmo espaço e mantêm entre si uma relação solidária".
Penso que essa definição atual é ampla, mas questionável, pois não acredito que para definir família basta que as pessoas ocupem o mesmo espaço, desenvolvam laços afetivos e tenham solidariedade. Com o aumento do divórcio existem reorganizações familiares em que certos casais nem moram na mesma casa e se consideram constituindo uma outra família. Também, nessa definição de família não há diferenciação dos espaços ocupados pelas pessoas: existem as que ocupam espaços políticos e sociais e outras que ocupam espaços nos quais são compartilhadas relações afetivas e íntimas. É possível ter relações afetivas e solidariedade entre pessoas que compartilham uma mesma ideologia, mas nem por isso se constituem como família. Nesse caso acredito numa identificação de valores entre pessoas.
Proponho uma outra definição do que entendo ser uma família:
Família, independentemente de sua estrutura, organização, gênero e tempo, é um espaço vincular íntimo, com sentimentos de compromisso recíproco. Apresenta em sua essência uma continuidade que possibilita a transmissão de valores, hábitos, processos e conflitos psíquicos no decorrer de gerações, mesmo com as transformações e mutações que possam ocorrer ao longo da história. É o espaço em que são vivenciadas e construídas relações afetivas de qualquer natureza, amorosas ou perversas, e nas quais podem se desenvolver sentimentos de reciprocidade, de cumplicidade, e através das identificações relacionais são construídos modelos e valores, afetos são internalizados, aspectos fundamentais para o desenvolvimento da personalidade do sujeito, seja hoje ou amanhã.
"Intimidade"nas relações reais e virtuais
A delimitação entre os espaços público e privado nas novas tecnologias eletrônicas é algo complexo e presente no mundo contemporâneo. Estamos assistindo a um novo tipo de relacionamento amoroso, o "netloving", em analogia ao "networking", que é representado por relacionamentos com vários sujeitos ao mesmo tempo, providos ou não de sexualidade, criando poliamores, polifamílias e polifidelidades, nos espaços reais ou virtuais. São novos modos de se criar relações afetivas. A legislação sobre os direitos de família tem sido revisada diante das demandas oriundas dessas novas formas de configurações vinculares. Torna-se cada vez mais comum o acesso a sites de relacionamentos virtuais, para as pessoas se conhecerem, marcar encontros e trocar confidências. Certos indivíduos sentem mais facilidade para compartilhar "intimidades" pela internet do que presencialmente; penso que isso pode acontecer pelo fato das defesas estarem mais afrouxadas e pela diminuição fantasiosa da crítica. Casais que vivem juntos há muitos anos nem sempre alcançam esse estado (Blay Levisky, 2014). Algumas pessoas vivem a esperança de transformar essa experiência virtual num compromisso real; outras se prendem apenas às aventuras do momento. Em certos casos o final é feliz, mas, em outros, restam o vazio e a frustração. Chegamos ao ponto de se pagar por um serviço disponibilizado na internet, chamado "Namoro Fake", que posta relacionamentos falsos, com mensagens criadas pelos donos do site para os clientes, que são geralmente pessoas solteiras, que desejam melhorar sua imagem perante amigos e familiares mostrando que estão comprometidas ou querem provocar ciúmes em ex-namorados. Estamos vivendo numa vitrine de aparências e expondo intimidades a qualquer preço.
Freud, em "Mal-estar na cultura" (1930), já dizia que o homem luta para alcançar a felicidade e que uma das maneiras que usa para fugir do sofrimento é a criação de mecanismos ilusórios. O autor considera a realidade nossa inimiga e responsável pela origem do sofrimento. Estar conectado à internet poderia ser o representante dessa busca ilusória da felicidade, de um desligamento, que, embora fantasioso, pode representar uma maneira de lidar e fugir do desconforto da realidade, da solidão e do desamparo.
Experiências novas têm surgido em nossos consultórios e (aler-to para) questões a serem refletidas. Relato algumas que vivenciei:
1. Um casal que entrevistei e que se conheceu pela internet me relatou: "primeiro a conheci por dentro, depois a casca e isso facilitou o nosso relacionamento". Os dois disseram-me que: "não imaginavam que seriam capazes de se apaixonar tão intensamente pela internet e que foi mais fácil iniciarem uma troca de intimidades à distância"; acreditam que a experiência virtual pode ter favorecido se conhecerem mais profundamente, num tempo menor do que seria presencialmente. Continuam casados e dizem que se sentem felizes (Blay Levisky, 2010).
2. Uma vez recebi um email de uma paciente que estava em análise, com os seguintes dizeres:
Sou uma mentirosa. Precisamos falar mais sobre a minha relação com o Sergio. São assuntos muito difíceis para te dizer pessoalmente, por isso recorri ao computador. Tenho vergonha de mim mesma. Penso que se você souber o que me atormenta, falar sobre minha intimidade, mesmo que seja à distância, será mais fácil para mim e para você me ajudar. Por favor, preciso conversar sobre essas questões, me ajude!
Na sessão seguinte ela faltou, talvez por resistência a dividir comigo, no plano real, suas verdades. Mas, com o andamento do trabalho analítico, essas angústias puderam emergir nas sessões e serem analisadas. Sabemos que o anonimato gera menor censura e facilita a comunicação de certas intimidades. Diante dessa inusitada experiência fiquei refletindo sobre o lugar e a função que o computador já está ocupando em nosso trabalho e qual é o nosso papel e a nossa maneira de conduzir a entrada de interferências externas no setting.
3. Uma ex-paciente, que se mudou de país e a atendo por Skype há anos, disse-me que o uso dessas novas tecnologias per-mite a oportunidade de poder continuar nosso trabalho; acrescenta que o computador proporciona a ela um espaço para troca de intimidades e de reflexão tanto na terapia quanto com seus amigos e com a família. O computador veio para ficar, assim como qualquer fato novo que é introduzido pela cultura. Cabe a nós refletir, discutir e rever nossas práticas e nossas teorias para não ficarmos rígidos e engessados, defendendo-nos do novo, que muitas vezes já nem é mais novo.
Discussão
O que dizer sobre o sentido que a intimidade ocupa no século XXI? Vivemos na era digital, em que o real e o virtual muitas vezes se confundem e a intimidade é por vezes compartilhada até com estranhos. Estamos num momento em que há uma predominância de relações pouco duradouras, de caráter líquido (Bauman, 2001), uma diversidade de configurações familiares, uma tendência narcísica do sujeito viver, uma vitrine de celebridades e uma velocidade de acontecimentos tão alta que nossas mentes têm dificuldades para elaborar. Será que a intimidade compartilhada pelas redes eletrônicas seria a mesma que a vivenciada presencialmente?
Para discutir essa questão, penso ser importante compreender as diferenças conceituais entre relacionamento virtual e vínculo. Entendo por relacionamento virtual a conexão que se cria com um ser humano que, apesar de estar concretamente ausente, está presente gerando estímulos sensoriais, como se fosse real, graças aos artifícios tecnológicos que interferem na plasticidade da mente e da subjetividade. Prefiro chamar de vínculo a relação presencial estabelecida entre objetos reais (Blay Levisky, 2014). Trachtenberg (2013) afirma que na relação vincular ocorre uma bidirecionalidade dos egos envolvidos, pois eles são ao mesmo tempo lugar e realização do desejo um do outro. Penso que nas relações virtuais nem sempre está presente essa bidirecionalidade dos egos envolvidos; muitas vezes na internet se fala sozinho e esse outro virtual pode estar conectado apenas pela fantasia e pelo desejo de quem está abrindo suas intimidades. Mesmo sabendo que o anonimato facilita a expressão de aspectos íntimos sem a menor censura, não é evidente que exista um compartilhamento. Uma coisa é a construção da intimidade pelo fortalecimento dos vínculos afetivos, outra é a descarga impulsiva de aspectos íntimos, não importando com quem são compartilhados.
Tisseron (2001) usou o termo extimité para expressar o desejo que existe no ser humano para mostrar por meio de gestos, palavras ou imagens, partes de sua vida íntima, sejam elas de natureza física ou psíquica. Esses movimentos de extimité não são necessariamente conscientes e funcionam como se fossem atos "instintivos". Acredito que essa foi uma maneira didática que o autor desenvolveu para expressar aspectos das diversas dinâmicas de exposição e de compatilhamento de partes do íntimo pelo sujeito.
Como a intimidade é expressa de diferentes modos, penso ser importante discriminar onde e como ela é compartilhada: a intimidade vivida no espaço social e religioso é diferente da experienciada no âmbito pessoal e analítico. Nas religiões, partidos políticos e movimentos sociais, o sujeito parte de uma crença preestabelecida com a qual ele se identifica, passa a fazer parte daquele grupo ou ideologia e cria uma "intimidade" com esses valores e com seus seguidores. Confunde-se aqui o conceito de intimidade com o de identificação de valores.
No plano pessoal e analítico, a intimidade é usada no senti-do da interioridade. O sujeito, para percorrer os meandros do inconsciente e atingir aspectos íntimos, precisa desbravar um árduo e complexo caminho para dentro de si mesmo. A coesão do self, assim como uma relação vincular mais integrada, pode possibilitar um maior contato do sujeito com seus aspectos íntimos. Esse percurso apresenta vários níveis de aprofundamento; alguns são inatingíveis, nunca alcançados, nem compartilhados e revelados para outros nem para si mesmo.
Alguns entendem que partes da intimidade podem ser vividas e atingidas consigo mesmo, entre pares, com um grupo, com a família, com desconhecidos e com membros que se identificam por acreditar em valores semelhantes.
As identificações, muitas vezes, podem ser um facilitador para abrir caminho para a exploração do íntimo. Ao serem transmitidas e estruturadas a partir da história e das vivências do sujeito, elas podem levar à aproximação e união das pessoas, facilitar o convívio, a comunicação e a construção de uma identidade comum. Puget (2015) assinala que somos participantes e receptores dos efeitos, vivências e comunicações a que estamos expostos na vida do cotidiano. Esses elementos entram em nosso universo e produzem efeitos que podem ser desestabilizantes, criativos e interferirem na organização de nosso mundo mental. A questão central são as vicissitudes do que implica pertencer a diversos contextos em mundos descontínuos (Puget, 2015). As vivências nos espaços reais e virtuais produzem efeitos desestabilizantes e abrem novos dispositivos anatômicos, conceituais e experienciais que precisam ser refletidos e atualizados por nós. O avanço das neurociências tem trazido conhecimentos inusitados. Levisky (2014) defende a ideia de que a repetição e a banalização de vivências ao longo da vida vão construindo modelos internos que carregam valores que serão incorporados e transmitidos às próximas gerações. Tornam-se valores da cultura. Por isso, o que já foi vivido como transgressão numa determinada época passa a ser comum e aceito em outros momentos. A intimidade também sofre influências e transformações no decorrer do tempo, vai adquirindo uma gama de expressividades que variam de acordo com a cultura e com as vivências do sujeito, durante o seu processo de desenvolvimento.
Relação entre o processo psicanalítico e a intimidade
Como psicanalistas, tentamos, através da relação construída com os pacientes, atingir a dimensão de algumas partes do íntimo, trazer à tona conteúdos encobertos e abrir espaço para dar sentido às fantasias e aos conteúdos reprimidos. Como se organizam, são constituídos e que características teriam os vínculos entre analista e seus pacientes, entre membros de uma família ou entre relações de forma geral, para que os sujeitos possam alcançar dimensões íntimas? Relações de confiança e de afinidade podem ser fatores que contribuem para o desenvolvimento de intimidade entre sujeitos. Pessoas introspectivas, narcísicas, inseguras, com fantasias persecutórias, podem sentir maior dificuldade para se abrir a um compartilhamento íntimo com o outro e para consigo mesmas. Acabam não desenvolvendo uma capacidade para atingir aquilo que há de mais profundo e verdadeiro do seu ser e nem compartilhando aspectos de sua intimidade com os outros. Geralmente se prendem ao que é externo e visível, pois lidar com a angústia do desconhecido, ter a persistência de tentar buscar algo que não sabem, pode ser assustador e também bloqueá-los. As defesas surgem justamente para mascarar e trancafiar a esfera do íntimo, minimizar fantasiosamente a angústia e a frustração. O aprofundamento do trabalho analítico, seja individual, com grupos ou famílias, pode levar ao desenvolvimento de uma relação de confiança entre o analista e seus pacientes, entre eles mesmos, e criar um espaço relacional que possa promover gradativamente uma trajetória para o interior de seu ser. A possibilidade do sujeito encontrar um espaço para colocar seus afetos amorosos e agressivos no processo analítico pode colaborar para uma quebra gradual desse aprisionamento defensivo dos conteúdos latentes e ir possibilitando o encontro de caminhos que possam levá-lo a desvendar aspectos de sua intimidade para si mesmo, conduzindo-o a um maior autoconhecimento. A qualidade e a natureza de como são formados os vínculos, a história da vida pessoal de cada uma das partes, os modelos identificatórios transmitidos pelas famílias, os modos de mostrar e lidar com os afetos, são fatores que podem facilitar ou impedir o desenvolvimento da intimidade entre sujeitos. A transferência dos valores familiares para outras gerações fica facilitada quando a memória e a palavra conseguem criar um sentido para o sujeito. Dessa maneira, o diálogo com o passado torna-se presente e facilita a transmissão transgeracional.
Kaés (1991) fala da existência de três tipos de memória: do sujeito com a singularidade de sua história; da espécie, que Freud denominou de herança arcaica da humanidade; e dos conjuntos transubjetivos, que sustentam nossa identidade e nossas "pertenças" a grupos. Esses três tipos de memória se inter-relacionam, embora apresentem configurações próprias. Como não é possível falar de recordações sem a inclusão do tempo, é fundamental que se faça a distinção entre "tempo histórico" e "tempo psíquico". Kaés define "tempo histórico" como uma sucessão de acontecimentos ordenados cronologicamente, e "tempo psíquico" como a experiência emocional do sujeito com o seu passado e com o seu presente. Penso que os tempos histórico e psíquico se imbricam e estão relacionados com a formação da identidade do sujeito, com as memórias e com as transmissões psíquicas recebidas no decorrer de gerações. A psicanálise vincular trabalha no viés dos tempos histórico e psíquico, das representações e das transformações advindas da cultura. A análise é um processo investigativo no qual o sujeito precisa de tempo de elaboração para abrir um espaço mental necessário para ressignificar o material reprimido. Daí Freud ter escrito em carta a Fliess a seguinte reflexão:
Tu sabes que trabalho com o suposto de que nosso mecanismo psíquico se origina por estratificação sucessiva, pois de tempo em tempo o material pré-existente das ondas mnêmicas experimenta um reordenamento segundo novos arranjos, uma retranscrição. Todo passado não pode ser transformado em recordação. (Freud, 1896/1986, p. 301)
As memórias, sejam elas históricas, sociais, políticas, das mentalidades, das descobertas, das tradições familiares, trans-mitem-se através de heranças transgeracionais, que podem ter naturezas onto e filogenéticas e ficar registradas e impressas em nosso mundo mental. As fantasias e os registros mnêmicos das experiências vivenciadas pelo sujeito podem permanecer encriptados no inconsciente, manifestarem-se por meio de sintomas ou ser elaborados e transformados. É por intermédio desse valioso e misterioso material psíquico que os psicanalistas tentam auxiliar o sujeito a ter um maior conhecimento de si, do seu modo de funcionamento mental, assim como encontrar meios para lidar com seus conflitos e entrar em contato com partes de seu íntimo.
Sabe-se que para a constituição da subjetividade e da personalidade do ser humano são imprescindíveis as experiências relacionais vivenciadas por meio do compartilhamento, do olhar, do ouvir, do falar e do sentir o outro. As primeiras relações do bebê com a mãe são fundamentais para a impressão dessas vivências emocionais primitivas, que ficam registradas na mente e servirão de modelos psíquicos para o desenvolvimento da personalidade. As heranças que recebemos de nossos pais nos são impostas e não escolhidas. A transmissão da vida psíquica entre gerações e entre membros de um grupo acontece através das alianças inconscientes, pois cada sujeito carrega em sua estrutura e em seu inconsciente traços, impressões, marcas, vestígios, signos e significantes próprios e dos outros; os materiais psíquicos encriptados podem ter sido herdados e recebidos como depósito ou as heranças podem ter sido transmitidas por meio de materiais recebidos e transformados pelo sujeito. O sujeito do grupo pode ser vis-to pelo psicanalista como sendo único e também como um elo, servidor, beneficiário e herdeiro de uma cadeia intersubjetiva, com a qual ele se constitui e está submetido, como um sujeito do inconsciente e como sujeito do vínculo (Kaés, 2005). Kaés define alianças inconscientes como uma formação psíquica intersubjetiva construída pelos sujeitos de um vínculo, para reforçar em cada um deles certos processos, funções ou estruturas originadas por recalque. Os traumas encapsulados são convertidos em restos que não podem ser transformados em pensamentos ou palavras e podem surgir sob a forma de sintomas físicos ou psíquicos no próprio sujeito ou em gerações seguintes. Transmitir é fazer passar um objeto de identificação, um pensamento, uma história, afetos de uma pessoa para outra, de um grupo para outro, de uma geração para outra. A cripta é uma sepultura onde habitam inconscientemente segredos familiares, lutos e traumas. A nova geração pode se tornar herdeira desses produtos encriptados ou eles podem se expressar por meio de doenças psicossomáticas (Trachtenbeg, 2013). Percebe-se a existência de uma estreita relação entre os vários modos de compartilhamento ou encapsulamento de partes do íntimo e os processos de transmissão psíquica entre gerações. Faz parte de nosso dia a dia como analistas trabalhar a quebra dos segredos encriptados inconscientemente que habitam nosso mundo mental e nosso íntimo. Sentimentos de confiança, continência, escuta e respeito na relação são elementos essenciais para se tentar construir um caminho que possa facilitar ao sujeito atingir um certo grau de intimidade. A análise é, por isso, um processo delicado, que requer tempo para se buscar condições emocionais que favoreçam o alcance desse estado íntimo. O desvendar do sonho numa terapia de família pode servir como uma ferramenta terapêutica importante para a revelação de aspectos íntimos que emergem através do compartilhamento de alianças inconscientes existentes entre os membros da família, no espaço da análise (Lito, 2015; Vottero, 2015). O sonho pode adquirir uma voz no grupo familiar e trazer revelações encriptadas, segredos que podem estar guardados durante gerações. Daí Kaés (2012) ter desenvolvido, na terapia de família, a ideia da existência de uma polifonia dos sonhos.
Para se entender o enraizamento do íntimo e o posterior desenvolvimento da intimidade é importante fazer a relação entre o objeto subjetivo de Winnicott (1960) e o estabelecimento do self. A identidade é um processo que vai tecendo uma unidade e dando contorno fundante ao sujeito. De início não há uma relação de objetos, não existe a possibilidade de se estar com, mas uma luta pela construção do self, fundamental para o estabelecimento da intimidade consigo mesmo e com o outro. Para que o íntimo se estabeleça e se transforme em intimidade é necessário percorrer esse percurso (Boraks, 2002). Cabe lembrar que o desenvolvimento de um falso ou verdadeiro self também tem uma relação com o modo de expressão da intimidade. O falso self para Winnicott (1960) é resultado de uma defesa para ocultar o verdadeiro self, para evitar a fantasia da criança de aniquilamento. Pessoas com predominância de um falso self apresentam com frequência uma necessidade de esconder, negar e não conseguir entrar em contato com sua realidade interna, gerando, dessa forma, dificuldades para desvendar aspectos de sua intimidade. Quando a criança desenvolve a capacidade de estar só consigo mesma, indica que ela já foi capaz de internalizar as figuras parentais, conter as fantasias persecutórias de abandono e desenvolver uma condição que a leve a alcançar partes de sua intimidade (Winnicott, 1982).
Meltzer (1996) entende que a intimidade é o vetor capaz de usar o outro como objeto de desejo, através das pulsões. Darchis (2003) descreveu dois tipos de intimidade: a primária, vivida durante o período perinatal e na qual o bebê tem sua primeira experiência de intimidade, e a secundária, quando a criança sai da fase fusional para formar sua própria identidade. Para compreender a enorme gama de expressividade que envolve a esfera da intimidade, penso ser interessante agregar à discussão o conceito de "reversão de perspectiva", de Bion (1991), no qual o autor descreve a capacidade do sujeito perceber as inúmeras formas e transformações de suas experiências emocionais, dependendo do ângulo que faz sua observação.
Por isso, sugiro o conceito de complexo íntimo, ou seja, as múltiplas expressões que a intimidade adquire ao longo da vida, dependendo do contexto, do momento em que se vive a experiência e dos mecanismos defensivos envolvidos. As próprias defesas também sofrem interferências do tempo e da cultura. Mecanismos defensivos ligados à histeria e à repressão sexual na época de Freud eram mais frequentes do que hoje; a negação, a fuga e as defesas narcísicas são mais comuns na contemporaneidade e contribuem para o aumento do vazio e da solidão. O complexo (Kaés, 2005) é definido sob o viés psicanalítico, como um conjunto de representações e de investimentos conscientes e inconscientes, formados a partir de fantasmas e de experiências emocionais vividas nas relações intersubjetivas. O aparelho psíquico faz parte de um complexo, por ter a capacidade de sofrer organizações e reorganizações a partir de seus próprios conflitos e vivências. Nossas mentes constroem identificações cruzadas, em sua maioria inconscientes, vindas do mundo externo e interno, a partir de vivências internalizadas por meio das relações interpessoais e das influências histórico-culturais. Esse emaranhado de estímulos e de vivências será o condutor que poderá nos levar a entrar em contato com partes de nosso íntimo, com maior ou menor facilidade, dependendo das características da personalidade de cada sujeito e da cultura.
Conclusão
As letras das músicas aqui selecionadas nos dão uma ideia da evolução de modos de viver, pensar, cantar e sentir em diferentes épocas. Percebe-se que, com o passar do tempo, os conteúdos dos poemas cantados foram se transformando e os músicos foram capazes, com sua sensibilidade, de captar e traduzir essas mudanças. A evolução é um processo intrínseco da humanidade, em que mutações e transformações fazem parte desse processo adaptativo; uns sucumbem, outros se adaptam e sobrevivem. Penso ser uma de nossas tarefas, enquanto psicanalistas, auxiliar o sujeito e a família a perceberem, refletirem e trabalhar suas dificuldades e preconceitos, para buscar dentro de si aquilo que lhes pareça ser mais íntimo e verdadeiro.
Diante dos novos paradigmas que fazem parte de nosso momento cultural é importante refletir sobre nosso papel e prática como psicanalistas. Tenho sentido necessidade de modificar, em alguns casos, minha forma de trabalhar, principalmente com as famílias. Como elas têm sofrido mutações em sua estrutura e dinâmica, torna-se necessário, para a compreensão de seu funcionamento mental, o desenvolvimento de flexibilidade, criatividade e liberdade por parte do profissional, para tentar compreender e conviver com essa transição. Tem sido cada vez mais frequente o atendimento a partes da família ou a novos agregados. É um desafio para o terapeuta encontrar condições e caminhos que ajudem as pessoas a desenvolver novas maneiras "de estar e de viver em família", sem perder a noção do setting analítico e a capacidade de observação terapêutica.
A intimidade é um sentimento perene, o que muda é sua expressão ao longo do tempo e na cultura.
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Endereço para correspondência:
RUTH BLAY LEVISKY
Rua Chiquinha Rodrigues, 274
05517-010- São Paulo - SP
tel.: 11 3721-8901 / 11 3722-1654 / 11 99911-9854
ruthlevisky@terra.com.br
Recebido 05.04.2017
Aceito 06.05.2017
1 Trabalho apresentado no VII Congresso Internacional de Psicanálise de Casal e Família, São Paulo, agosto de 2016.