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Aletheia

versão impressa ISSN 1413-0394

Aletheia vol.54 no.2 Canoas jul./dez. 2021

https://doi.org/DOI10.29327/226091.54.2-14 

DOI 10.29327/226091.54.2-14

REVISÃO SISTEMÁTICA

 

Orientação à dominância social (SDO) e autoritarismo em adolescentes: Uma revisão sistemática

 

Social Dominance Orientation (SDO) and Authoritarianism in Adolescents: A Systematic Review

 

 

Alejandro Jose Mena1; Nicolas de Oliveira Cardoso2; Irani Iracema De Lima Argimon3

Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, PUCRS

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O estudo do autoritarismo e da orientação à dominância social (SDO) tem virado foco de pesquisas recentemente, devido à sua importância na vida das pessoas. O artigo objetivou investigar a presença dos construtos autoritarismo e SDO em adolescentes e as variáveis comumente associadas, por meio de uma revisão sistemática utilizando o modelo PRISMA . Dois juízes consultaram as bases Pubmed, BVS, Scopus, Web of Science, PsycINFO e EBSCO. Dos 278 artigos encontrados 12 artigos foram selecionados. Identificou-se três categorias: transgeracionalidade, caraterísticas cognitivo-comportamentais, e valores sociopolíticos. Os principais resultados sugerem que a transmissão do autoritarismo e da SDO está associada à relação estabelecida pelos pais, a fatores como a inteligência e a personalidade e a participação em atividades cívicas e sociais. Verificou-se a ausência de estudos experimentais e o predomínio de pesquisas com delineamento quantitativo transversal. É importante a identificação de posicionamentos políticos e visões sobre o mundo durante a adolescência.

Palavras-chave: Autoritarismo; Orientação à dominância social; Adolescência.


ABSTRACT

The study of authoritarianism and Social Dominance Orientation (SDO) has recently become the focus of research, due to its importance in people's lives. This article aimed to investigate the presence of the concept authoritarianism and SDO and the variables commonly associated in adolescents, through a systematic review using the PRISMA protocol. Two judges consulted the databases Pubmed, BVS, Scopus, Web of Science, PsycINFO and EBSCO. Of the 278 articles found, 12 articles were selected. Three categories were identified: transgenerationality, cognitive-behavioral characteristics, and socio-political values. The main results suggest that the transmission of authoritarianism and SDO is associated with the relationship established by the parents, with factors such as intelligence and personality and participation in civic and social activities. There was an absence of experimental studies and a predominance of research with a quantitative cross-sectional design. It is important to identify political positions and world views during adolescence.

Keywords: Authoritarianism; social dominance orientation; adolescents.


 

 

Introdução

Um dos debates mais frequentes em torno da conduta humana está relacionado a asseverações de que ela é influenciada e ao mesmo tempo influencia, em alguma medida, a sociedade. Assim, a maioria das interações humanas são influenciadas por hierarquias (e.g. família, escola, trabalho). Nesse sentido, as pessoas comumente desenvolvem uma orientação perante as hierarquias sociais, umas rejeitando a sua natureza desigual e outras defendendo essas diferenças. Contudo, essa hierarquização pode apresentar diversos matizes, algumas vezes raciais, culturais ou de gênero (Pratto, Sidanius & Levin, 2006).

Ao mesmo tempo, vários estudos sugerem que esses comportamentos de disparidade relacionados às diferenças de gênero, raça, cultura assim como às atitudes agressivas, tendem a estar vinculadas a dois constructos frequentemente associados em estudos sobre valores sociopolíticos e traços de personalidade: Orientação à Dominância Social (do inglês Social Dominance Orientation - SDO) e o Autoritarismo (do inglês Right Wing Authoritarianism - RWA) (Oosterhoff, Shook, Clay & Metzger, 2017). Nesse sentido, a psicologia do desenvolvimento tem apontado que valores sociopolíticos, como as percepções a respeito da autoridade, da cidadania e da riqueza material, têm suas origens na adolescência (Benson, Roehlkepartain & Rude, 2003; Osterhoff, Ferris & Metzger, 2017).

Porém, existem lacunas na literatura a respeito da gênese desses construtos, mesmo que tenha se argumentado que eles são alcançados no marco da aprendizagem social, através da interação com a família, da influência da mídia e do contexto educativo. Nessa linha de raciocínio, estudos referem que durante a infância existe maior submissão, conformidade e menor resistência à autoridade (Duckitt & Sibley, 2016; Marasca, M., Marasca, R., & Imhoff, 2013) . No entanto, durante a adolescência essa conduta é questionada (Altemeyer,1998; Kandler, Bell, & Riemann, 2016; Marasca, et al. 2013). Assim o conceito de SDO diz respeito à maneira com que as pessoas e as sociedades normalizam crenças e mitos que promovem a predominância de um grupo sobre os outros, a fim de legitimar seu poder (Pratto, et al., 2006).

Alguns autores salientam que a SDO é definida como uma predisposição à aceitação das hierarquias sociais não igualitárias (Cantal, Milfont, Wilson & Gouveia, 2015). Assim visivelmente ou não, mantém-se as diferenças na estratificação social promovendo o domínio dos grupos poderosos sobre os grupos considerados inferiores (Cichocka, Dhont & Makwana, 2017; Holt & Sweitzer, 2018). Além disso, a SDO descreve comumente as hierarquias sociais perante uma estrutura de três fatores: idade, gênero e diversos tipos de relações sociais (Cichocka et al. 2017; Pratto, et al., 2006). Dentre essas diversas relações sociais, salienta-se a construção de hierarquias sociais através da utilização de qualquer variável que permita caracterizar e diferenciar grupos como raça, cor de pele, etnia, cultura, religião, nacionalidade, orientação política ou nível socioeconômico (Pratto et al., 2006; Romero et al., 2020).

Do mesmo modo, o autoritarismo é entendido como um dos caminhos que marca a maneira como as pessoas enxergam o mundo, e suas relações interpessoais (Kandler, et al. 2016). As pessoas com altos níveis de autoritarismo percebem o mundo como um lugar perigoso e ameaçador. Elas lidam com esse fato através de seus altos níveis de conformidade social e submissão a figuras de autoridade, respeito pelas hierarquias e promoção de um mundo necessariamente hierarquizado (Altemeyer, 2006; Klann, Wong, & Rydell, 2018). Assim, as pessoas com traços autoritários frequentemente são mais conservadoras e submissas perante a autoridade e apresentam atitudes de rejeição aos grupos externos como o nacionalismo exacerbado (Espinosa, János, Páez & Lewis, 2021; Duckitt & Sibley, 2016).

Ainda não se tem clareza ou consenso a respeito dos fatores preditores do autoritarismo, porém alguns autores sugerem que pessoas que eram predominantemente temerosas, conflitivas, inseguras, rígidas e ansiosas seriam incapazes de lidar efetivamente com mudanças sociais ou interpessoais como a inovação, a novidade e a diversidade (Adorno et al., 1950). Portanto, apresentariam maiores níveis de autoritarismo. Porém, outros autores salientam que a adoção de traços autoritários não apresenta relação com caraterísticas pessoais ou individuais, sendo que esses traços estariam vinculados principalmente com medos aprendidos, ameaças coletivas, assim como respeito pela coesão grupal, pelos princípios normativos da sociedade e pela seguridade coletiva (Bilewicz, Soral, Marchlewska & Winewski, 2017; Duckit, 1989).

Nessa lógica, a literatura contemporânea aponta que as atitudes de SDO e autoritarismo são influenciadas tanto pela personalidade quanto por fatores do contexto (Cichocka, et al. 2017; Kandler, et al. 2016). No tocante à personalidade, ambos os construtos se correlacionam com uma baixa abertura a novas experiências e com um alto nível de consciência (Ciarrochi, & Leeson, 2011; Duckitt & Bizumic, 2013; Heaven, Ciarrochi & Leeson, 2011; Radkiewicz, 2016). No que diz respeito aos fatores do contexto e as atitudes autoritárias, os dados empíricos parecem mostrar que existe correlação entre essas atitudes e a percepção de ameaça (Duckitt & Sibley, 2016; Duckitt & Bizumic, 2013; Radkiewicz, 2016). Logo, pessoas que percebem seu ambiente externo como ameaçador ou perigoso, mostram consistentemente maiores níveis de atitudes autoritárias (Duckitt & Bizumic, 2013; Heaven, et al. 2011; Radkiewicz, 2016).

Observa-se assim que, analisar de forma aprofundada a presença de atitudes autoritárias e de SDO na adolescência é de essencial importância para compreender como essas condutas evoluem ao longo da vida. Embora existam estudos a respeito desses conceitos, pouco se sabe sobre a maneira que eles se instalam e evoluem a partir da adolescência. Diante disso é necessário salientar que a adolescência é um período crítico de maturação geral, é quando diversas atitudes comportamentais surgem e pavimentam o caminho para os traços de personalidade permanentes na vida adulta (Altmeyer, 1998; Polek, et al. 2018).

No entanto, outros autores consideram a adolescência como a fase formativa crucial, assim as atitudes que são adquiridas durante a adolescência seriam razoavelmente resistentes às mudanças (Heaven, et al. 2011; Imhoff & Brussino, 2017). É importante destacar que o autoritarismo e a SDO não são considerados traços de personalidade, mas sim crenças cognitivas relativamente maleáveis. Assim, múltiplos estudos têm atestado a importância destas dimensões como formadoras primárias das atitudes sociais gerais e das relações intergrupais (Altemeyer, 1998; Duckitt & Sibley, 2016; Marasca, et al. 2013; Polek, et al. 2018).

Desta forma, o objetivo deste estudo é investigar a presença dos construtos autoritarismo e SDO em adolescentes e identificar as variáveis comumente associadas a estes construtos. Assim a principal contribuição do artigo é demonstrar como se configura o cenário de pesquisas, uma vez que a literatura nacional e internacional apresenta lacunas tanto na identificação precoce quanto na evolução do autoritarismo e da SDO.

 

Método

A presente revisão sistemática da literatura foi estruturada em acordo com o modelo de PRISMA (preferred reporting itens for systematic review and meta-analyses). Este modelo utiliza métodos sistemáticos visando localizar, reunir e sintetizar os resultados de pesquisas sobre um delimitado tema ou questão, realizando posterior análise crítica dos estudos selecionados, para contribuir com a disseminação do conhecimento, assim como apontar novas direções para estudos empíricos (Moher, Liberati, Tetzlaff, & Altman, 2009).

Os dados foram coletados através da consulta as bases de dados: US National Library of Medicine and National Institutes of Health (PubMed), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Scopus, Web of Science (ISI), American Psychological Association Database (PsycINFO) e EBSCO. A chave de descritores utilizada foi: (Authoritarianism and " social dominance " and adolescents). Todos os descritores foram consultados no Thesaurus da PsycINFO e no Medical Subject Headings (MeSH) da PubMed.

A revisão foi realizada entre novembro de 2018 e março de 2019 por dois juízes independentes e sem limite de data de publicação. Os resultados gerados pelas bases de dados consultadas foram importados para o website do Rayyan (Ouzzani, Hammady, Fedorowicz, & Elmagarmid, 2016). Todas as etapas de seleção, até a inclusão final dos artigos ocorreu neste website. O Rayyan é uma ferramenta de pesquisa similar ao Covidence, desenvolvido com o intuito de auxiliar os pesquisadores a desenvolverem revisões sistemáticas em menor tempo e com maior qualidade. Nos últimos anos, o Rayyan tem ganhado destaque no meio cientifico, principalmente por ser um instrumento gratuito e de fácil aprendizagem. Além disso, estima-se que o Rayyan seja capaz de reduzir o viés de seleção dos artigos, entre os juízes, em até 40% (Ouzzani, et. al., 2016).

Os critérios de inclusão estabelecidos para seleção dos artigos localizados foram: 1) artigos empíricos; 2) que utilizaram as duas variáveis: autoritarismo e dominância social; 3) estudos realizados com adolescentes (11-18 anos); 4) artigos publicados em inglês, espanhol ou português. Já os critérios de exclusão foram: 1) estudos que não contemplaram no título ou resumo ao menos uma das palavras-chave consultadas; 2) revisões de literatura, livros, capítulos de livros, testes, dissertações e trabalhos de conclusão de curso 3) estudos qualitativos e sem informações sobre a seleção dos participantes ou das análises efetuadas. Após a análise inicial dos títulos e resumos dos artigos encontrados, assim como a exclusão dos repetidos, foram excluídos também os estudos que embora contemplassem no título ou resumo as palavras-chave, não se aproximaram do tema da presente revisão.

 

Resultados

Inicialmente, através da utilização dos descritores pré-estabelecidos, foi localizado um total de 278 artigos em todas as bases de dados. A figura 1 ilustra os passos seguidos durante a seleção dos artigos, com base no Prisma , até a inclusão final dos 12 artigos remanescentes.

 

 

Na tabela 1 estão sintetizados os dados mais relevantes dos artigos incluídos nesta revisão. Esses dados foram utilizados como referência ao longo deste artigo.

 

 

No que diz respeito ao delineamento uma acentuada porcentagem de estudos (75%) foi realizada com delineamento descritivo, além disso, 83% dos estudos adotaram um recorte transversal; apenas 17% dos estudos foram analisados longitudinalmente. Por fim, somente um estudo (8,33%) utilizou delineamento experimental.

Número de artigos publicados por ano

Os artigos analisados foram publicados entre 2006 e 2017, porém o número de publicações não adotou um padrão linear e sim um modelo de oscilação evidente, visto que não houve publicações nos anos: 2008, 2010, 2012, 2014,2016 e, até o momento, em 2018. Destaca o ano 2017 como o ano com maior quantidade de publicações: (33 %) o que sugere crescimento de interesse neste tópico.

A tabela 2 apresenta dados relacionados aos instrumentos utilizados, o nível de confiabilidade e as principais caraterísticas das amostras participantes nos estudos selecionados. Na primeira coluna os números utilizados fazem referência aos estudos expostos na tabela 1. As referências citadas nas colunas dois e três fazem menção a versão dos instrumentos utilizados pelos 12 estudos incluídos nesta revisão.

 

 

A soma total de participantes dos estudos analisados foi de 10.331 com idades entre 11 e 18 anos. Os adolescentes eram oriundos de países como Bélgica, Estados Unidos, Espanha, Polônia e Austrália, sendo que 50% dos estudos foram desenvolvidos na Bélgica e 25% nos Estados Unidos. No que concerne aos instrumentos de coleta para avaliar os construtos Autoritarismo e SDO, percebeu-se poucas diferenças visto que a maioria dos estudos utilizaram as escalas (ou adaptações delas) RWA Scale (Altmeyer, 1981) e a SDO Scale (Pratto et al., 1994). Esse dado é interessante uma vez que parecem existir poucas mudanças nos instrumentos mesmo com a presença de divergências teóricas ao redor de ambos os construtos. Por outro lado 100%, dos estudos apresentaram dados de fidedignidade dos instrumentos, a média do Alpha de Cronbach para as escalas de Autoritarismo foi de 0,74, e de 0,79 para as escalas de Dominância social. Nesse sentido, cabe salientar que só um dos estudos apresentou níveis de fidedignidade questionáveis em ambos os instrumentos (Meeusen & Dhont, 2015).

De acordo com os dados encontrados, parece existir um incremento nas publicações que aparentam acompanhar a construção de atitudes vinculadas às condutas de participação social, principalmente durante à adolescência e o início da vida adulta. Assim fica evidente que é durante os anos de formação que muitas das atitudes absorvidas ao longo da vida começam a ser expressas no contexto social. Com base nos 12 estudos selecionados e levando em conta os objetivos, as variáveis incluídas, os resultados e as amostras escolhidas, observaram-se padrões de publicações que foram agrupados nas seguintes categorias: Transgeracionalidade, caraterísticas cognitivo-comportamentais e Valores sociopolíticos.

Transgeracionalidade

Um percentual considerável das pesquisas incluídas nesta revisão (50%) utilizou elementos que salientam a presença do autoritarismo e da SDO (em conjunto com outras variáveis) como um processo transmitido pela família, principalmente através das relações estabelecidas pelos pais. Fazem parte dessa categoria estudos que incluem variáveis como a promoção de objetivos e metas por parte dos pais, formação do preconceito, sexismo e racismo. Os resultados indicam que a promoção de objetivos e metas extrínsecas dos pais, como o sucesso material, o reconhecimento e o status social, estão fortemente associados à formação de comportamentos autoritários e de dominância social (Dueriez, 2011; Duriez & Soenens, 2009; Duriez, et al. 2008; Duriez, et al. 2007; Garaigordobil & Aliri, 2013; Meeusen & Dhont, 2015).

Além disso, os estudos que analisaram a contribuição do sexismo e racismo salientam duas vertentes: quanto mais frequentes as discussões em casa a respeito da realidade sociopolítica, menores chances de desenvolver condutas autoritárias e de dominância social. Em contraposição quanto maior a presença de traços autoritários dos pais e das mães, maiores as chances no desenvolvimento dessas condutas (Duriez & Soenens, 2009; Duriez, et al. 2007; Garaigordobil & Aliri, 2013; Meeusen & Dhont, 2015).

Caraterísticas cognitivo-comportamentais

Em relação às caraterísticas cognitivo-comportamentais 17% dos artigos encontrados avaliaram construtos vinculados a processos cognitivos e a dimensões subjetivas como a inteligência e a personalidade. A respeito da inteligência as principais constatações dos trabalhos salientam que o construto autoritarismo está associado com menores níveis de inteligência verbal e geral. No entanto, a SDO está associada unicamente a baixos níveis de inteligência verbal (Duriez & Soenens, 2006; Heaven, et al. 2011).

Nesse sentido, adolescentes com habilidades verbais inferiores são mais propensos a adotar posições autoritárias e de dominância social. Em relação à personalidade, constatou-se que o autoritarismo está associado a atitudes submissas e é caracterizado por uma baixa abertura à experiência e alta conscienciosidade. No entanto, a dominância social é caracterizada pela baixa abertura à experiência e baixa amabilidade. Já o autoritarismo e a SDO em conjunto são variáveis preditoras do racismo (Duriez & Soenens, 2006; Heaven, et al. 2011).

Valores sociopolíticos

Vale salientar que outra das caraterísticas evidenciadas nas publicações, refere-se às condutas vinculadas aos valores sociopolíticos. Conforme evidenciado na presente revisão, em 25% das publicações selecionadas, esses valores são orientados à díade proibição-aprovação do discurso de ódio e à participação em movimentos cívicos ou religiosos (Bilewicz, et al. 2017; Oosterhoff, et al, 2017a; Oosterhoff, et al. 2017b). Apenas um dos estudos apresentou resultados a respeito da proibição ou aceitação do discurso de ódio, identificando que tanto o autoritarismo quanto a dominância social eram fatores que predizem ou regulam o discurso de ódio. Porém, existem diferenças entre os desfechos de ambos os construtos, levando em conta que o autoritarismo aparece associado à proibição, enquanto a SDO aparece associada a não proibição da expressão do discurso de ódio (Bilewickz, et al. 2017).

As análises dos artigos selecionados revelaram que no que tange as atividades comunitárias, religiosas ou esportivas os adolescentes com maior participação em esportes mostraram maiores níveis de autoritarismo, ao passo que jovens realizavam atividades artísticas e voluntariado mostraram menores níveis de dominância social (Oosterhoff, Ferris, & Metzger, 2017A; Oosterhoff, Ferris, & Metzger, 2017B).

 

Discussão

Comumente, as relações sociais nas quais nasce o autoritarismo e a SDO são relacionamentos permeados por uma tendência à imposição de poder, tanto a nível interpessoal quanto intragrupal e intergrupal. Cabe salientar que na presente revisão tanto o autoritarismo quanto a SDO fazem parte apenas de um recorte vinculado às condutas próprias da visão do mundo e mesmo que elas apareçam frequentemente associadas na literatura, existem outras variáveis que poderiam potencialmente ampliar a compreensão do processo de aquisição de condutas hostis.

Como esperado, foram encontrados poucos estudos que mediram os dois construtos em adolescentes, embora a literatura seja abundante em estudos que medem essas variáveis em adultos. Um maior conhecimento nesse sentido permitiria identificar como essas condutas evoluem no espaço e no tempo, analisando desde sua constituição até sua evolução e definição para a vida adulta (Marasca, et al. 2013; Terrizzi, Shook, & McDaniel, 2013).

Nesse sentido, a diversidade de construtos analisados em conjunto com o autoritarismo e a SDO parece uma tendência, porém foi possível categorizar essa diversidade em três grandes categorias (Transgeracionalidade, Caraterísticas Cognitivo-Comportamentais e Valores Sociopolíticos). De tal modo, mesmo com a complexidade dos construtos e da dificuldade para categorizar as principais variáveis determinantes neles (Duriez, et al. 2007; Oosterhoff, et al. 2017), na presente revisão foi possível identificar variáveis como: estilos parentais, promoção de objetivos por parte dos pais (Duriez, et al. 2007: Duriez, 2011), sexismo e violência (Garaigordobil & Aliri, 2013), personalidade (Duriez & Soenens, 2006), inteligência (Heaven, et al. 2011), preconceito (Meeusen & Dhont, 2015), valores de defesa e proibição aos discursos de ódio, dentre outros (Bilewicz, et al. 2017).

A diversidade de construtos analisados ilustra que, embora haja um interesse marcante em conhecer ambos os fenômenos, ainda é difícil de definir ambos os construtos dentro de uma ou outra abordagem teórica. A respeito da construção das características cognitivo comportamentais, ao longo da presente revisão foi possível identificar que ambos os construtos foram conjuntamente associados com caraterísticas cognitivo comportamentais como a personalidade e a inteligência. Tanto a inteligência quanto a personalidade dizem respeito a como as pessoas pensam, interpretam e compreendem o mundo (Oliveira, Santos & Inácio, 2018; Stenberg 2000).

Também, a respeito da personalidade Duriez e Soenens (2006), indicaram que tanto o autoritarismo como a SDO formam parte de um conglomerado de atitudes vinculadas com o tipo de visão do mundo das pessoas. Segundo eles, particularmente o autoritarismo se mostrou negativamente associado com o fator de personalidade abertura à novas experiências e positivamente com o fator Conscienciosidade. Isso poderia potencialmente explicar a tendência a mostrar uma visão conservadora do mundo em conjunto com uma alta exigência pelo respeito das normas estabelecidas (Altmeyer,2006; Duckitt & Sibley, 2010). No entanto a SDO foi associada negativamente com abertura a novas experiências e com baixa agradabilidade (e.g. compaixão e cooperação) (Duckitt & Sibley, 2016; Duriez, & Soenens, 2006).

Nesse sentido os autores foram pioneiros ao indicar que, enquanto o autoritarismo encontra suas raízes na conformidade social, na simplificação cognitiva e na preservação de valores, a SDO tem suas bases na rigidez cognitiva, a falta de empatia e nos valores de auto aperfeiçoamento. Os autores de ambos os estudos destacam e concordam que, embora a personalidade seja um elemento importante para compreender as raízes do autoritarismo e da dominância social, ela explica apenas parcialmente sua presença (Duckitt & Sibley, 2016; Duriez & Soenens,2006).

Além disso, foi possível verificar que as variáveis analisadas na presente revisão foram associadas ao tipo de vínculo dos pais com seus filhos e aos valores morais transmitidos em casa (Duriez, et al. 2007; Oosterhoff, et al. 2016). Por exemplo Duriez (2011) menciona que, embora haja abundante literatura sobre a transmissão de valores de pais para filhos, não há clareza sobre como esses valores são transmitidos, ou seja, não se tem claridade se esses valores são intrínsecos, como o respeito ou empatia, ou extrínsecos como o sucesso e as conquistas pessoais. As implicações desses resultados são relevantes uma vez que se observa a necessidade de novos estudos que visem conhecer como o autoritarismo e a SDO interagem com outras variáveis e também as causas dessas condutas.

Igualmente, foram identificados diferentes tipos de padrões comportamentais e interacionais aprendidos com os pais ou figuras parentais (Duriez, et al. 2007; Oosterhoff, et al. 2016; Meeusen & Dhont, 2015). Por exemplo, foi identificado que os estilos parentais não mostraram incidência no autoritarismo nem na SDO em longo prazo, porém as mudanças no autoritarismo e na SDO se mostraram principalmente vinculadas com as expectativas e metas impostas pelos pais. Esses dados devem ser analisados com cautela levando em conta a importância dos estilos parentais na aquisição de condutas na adolescência (Duriez, et al. 2007).

A respeito das expectativas e dos valores de sucesso, eles fazem parte de uma dimensão que compreende valores referentes à autotranscedência como o universalismo e benevolência, como oposição aos valores de auto aperfeiçoamento como o poder e o sucesso (Schwartz, 1992). Assim, os valores de sucesso e poder, parecem estar moderadamente vinculados ao autoritarismo e fortemente associados ao construto SDO (Leone, Livi, & Chirumbolo, 2016; Livi, Leone, Falgares, & Lombardo, 2014).

Estes resultados são consistentes com os achados de Feather e McKee (2012), que em um estudo na Austrália descobriram que os valores de sucesso estavam altamente correlacionados com o preconceito de gênero, enquanto os valores benevolentes como a compaixão e a empatia estavam negativamente associados. Esses dados nos permitem inferir que, embora os valores sejam geralmente considerados como aspectos positivos, nem todos têm os mesmos resultados ao longo prazo e, além disso, sua internalização será mediada tanto pelo exemplo quanto pelo vínculo com os pais. Essa compreensão vai ao encontro da ideia de que, o clima de afeto na família é um importante preditor na presença de traços autoritários e de alta SDO, porém as expectativas dos pais parecem exibir maior poder preditivo nesses traços (Duriez et al. 2009; Meeusen & Dhont, 2015).

No tocante aos valores, quase a metade dos estudos analisados (42%) avaliaram ambos os construtos em conjunto com algum valor sociopolítico como a proibição ou aceitação do discurso de ódio e do racismo e a participação cívica, dentre outros. Portanto, a promoção ou limitação desses valores parece estar associada com a presença de traços autoritários ou de dominância social. Assim, o autoritarismo e a SDO mostraram comportamentos desiguais no apoio ao discurso de ódio. Por exemplo, o autoritarismo foi negativamente associado à promoção do discurso do ódio, enquanto o SDO o fez positivamente (Bilewicz, et al. 2017).

Essa diferença em ambos os construtos parece estar de acordo com a literatura, uma vez que embora ambos os construtos compartilhem características semelhantes, neste caso a SDO foi associada a comportamentos típicos de discursos de exclusão e rejeição enquanto o autoritarismo não. Salienta-se a importância da pesquisa em ambos os construtos e dos valores sociopolíticos, uma vez que existe consenso no sentido de que é durante o período da adolescência que os jovens fixam as posturas a respeito de valores como família, autoridade, desigualdade, poder, pátria ou religião (Adorno, et al. 1950; Altmeyer, 1998; Benson, et al. 2003; Romero et al., 2020).

No que diz respeito ao desenvolvimento e adaptação de instrumentos, percebe-se pouco interesse por parte dos pesquisadores na construção de novos instrumentos relacionados aos construtos avaliados, levando em consideração que todas as pesquisas utilizaram adaptações dos instrumentos originais. Esse dado parece contradizer no fluxo de produção científica vinculada aos construtos analisados, uma vez que a validação de instrumentos mais recente é do ano 2013, no entanto o padrão de produção é constante nos últimos doze anos (Bilewicz, et al. 2017; Duriez 2011; Duriez & Soenens, 2009; Duriez & Soenens 2006; Duriez, et al. 2007; Garaigordobil, & Aliri, 2013; Heaven, et al. 2011; Meeusen & Dhont, 2015; Oosterhoff, et al. 2017; Oosterhoff, et al. 2017).

No entanto, algumas limitações devem ser consideradas na apresentação dos resultados da presente revisão. A primeira é a falta de estudos realizados por pesquisadores pertencentes ao contexto latino-americano, reflexo do caráter ainda pouco conhecido no contexto académico. Deste modo, a falta de estudos impediu a realização de análises mais abrangentes sobre as temáticas associadas.

Outra das limitações do nosso artigo é fato de terem sido utilizadas bases de dados que privilegiam estudos realizados em inglês e por tanto predominantemente associados ao contexto ocidental, deixando de fora potenciais estudos realizados em outras realidades. Acredita-se que um dos grandes desafios, no tocante às futuras pesquisas, a respeito do autoritarismo e da SDO é a necessidade de aprofundamento nas suas causas, ao invés das suas consequências.

Além disso, à luz da literatura disponível, percebe-se a falta de artigos randomizados e experimentais. Isso ressalta a importância de aumentar o rigor metodológico a respeito de ambos os construtos. Mesmo que estudos descritivos sem grupo controle e não experimentais façam parte também dos avanços em termos de popularização e progresso no conhecimento científico.

Por último, corroborando com Oosterhoff et al., (2017) foi também evidenciado, nesta revisão, a presença de poucos estudos que possibilitem a compreensão de ambos os construtos a partir de uma perspectiva que ultrapasse as caraterísticas individuais e da família. Considerando que a literatura cientifica até hoje apresenta pouca presença de aspectos próprios do contato coletivo, das experiências relacionais e até da influência das experiências no contexto educativo.

Nesse sentido, torna-se importante estudar variáveis frequentemente associadas ao autoritarismo e a SDO, mas que ainda não foram estudadas na adolescência como a visão social do mundo. Visto que o mundo é considerado perigoso do ponto de vista do autoritarismo e a vida é uma selva competitiva na visão da SDO. Além disso, fatores genéticos e ambientais, indignação moral, raiva, preconceito generalizado e estigma psiquiátrico, também são fatores os quais devem ser analisados (Cantal, et al. 2015; Imhoff & Brussino, 2017; Kandler, et al. 2016; Kvaale & Haslam, 2016; Duckitt & Bizumic, 2013).

 

Considerações Finais

Esta revisão objetivou investigar a presença dos construtos autoritarismo e SDO em adolescentes e as variáveis comumente associadas a estes construtos. Evidenciou-se que a produção científica, neste campo de estudo, está fortemente concentrada em poucos autores com várias publicações e localizados geograficamente em poucos países, considerando que 75% dos estudos se concentraram em dois países (Bélgica e Estados Unidos). Sendo assim, salienta-se a importância de novos estudos que possam ser realizados visando identificar a evolução e consolidação de condutas associadas à visão do mundo como o autoritarismo e a SDO os quais possuem influência tanto no cotidiano, quanto nas ações e motivações sociopolíticas das pessoas.

Em termos de perspectivas teóricas, um dos objetivos do estudo foi identificar as duas variáveis em conjunto (Autoritarismo e SDO), nesse sentido não houve estudos que analisassem a interação entre elas isoladamente. Sendo que foi possível identifica-las sempre ao lado de outras variáveis como promoção de objetivos, estilos parentais e inteligência. Esses dados permitem inferir que ambos os construtos representam apenas uma parte de construções mais amplas, como ideologia, motivações sociopolíticas, visão do mundo ou personalidade e caráter. Assim, pode-se deduzir que os pesquisadores buscam incrementar evidências de veracidade das teorias que sustentam os construtos analisados na presente pesquisa.

Cabe ressaltar que além das variáveis vinculadas ao autoritarismo e à SDO na presente revisão existem muitas outras que ainda não foram analisadas em amostras compostas por adolescentes. Nesse sentido, a presente revisão amplia o corpo de literatura a respeito das variáveis pesquisadas, e ao mesmo tempo ressalta as lacunas existentes no estudo de condutas relacionadas ao comportamento e motivações sociopolíticas em adolescentes. Portanto, salienta-se a importância de os autores proporcionarem maiores informações a respeito não só de como eles interagem com outras variáveis, mas também de quais os fatores que geram a presença deles.

Os resultados da presente revisão podem ser uteis para pesquisadores que procuram informações gerais sobre o tema. Sendo assim, ressalta-se a importância da realização de novos estudos, sobretudo empíricos, longitudinais e com população brasileira, que foquem na presença e evolução dos construtos analisados, suas causas, consequências e como eles interagem com outras variáveis com o intuito de providenciar uma visão completa dos valores sociopolíticos e sua influência na visão do mundo.

 

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Endereço para correspondência
E-mail:jandromb@hotmail.com

Recebido em: julho de 2020
Aceito em: maio de 2021

 

 

1 Alejandro Jose Mena: Psicólogo pela Universidade Rafael Landívar da Guatemala. Mestre em psicologia Cognição Humana. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, PUCRS. Doutorando em psicologia Clínica. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, PUCRS.
2 Nicolas de Oliveira Cardoso: Psicólogo pela Universidade Luterana do Brasil, ULBRA. Mestre em psicologia Clínica. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, PUCRS. Doutorando em psicologia Clínica. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, PUCRS.
3 Irani Iracema De Lima Argimon: Psicologa. Pontificia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, PUCRS. Mestre em educação. Pontificia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, PUCRS. Doutora em psicologia Clínica. Pontificia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, PUCRS. Pós Doutora na Universidade Católica de Valência, Espanha UCV.

 

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