EDITORIAL

Apresentamos, com muita satisfação a Revista da ABOP N.3 V.1, com um tema Especial: A formação do Orientador Profissional no Brasil, incluindo também alguns trabalhos referentes a esta temática na Argentina. Estaremos publicando artigos originados de comunicações ocorridas em eventos da ABOP e APORA e outros inéditos, escritos especialmente para este volume pelos quais gostaríamos de agradecer aos colegas que atenderam ao nosso pedido de escreverem para esta revista.

Inicialmente Dulce Soares discorre sobre a formação do orientador profissional apresentando alguns modelos, e relatando um pouco do que está acontecendo no Brasil em termos de formação em universidades e em cursos livres. Apresenta ainda a ABOP e a AIOSP como entidades que congregam orientadores profissionais no Brasil e no Mundo.

Edite Krawulski e Dulce Soares apresentam sua experiência na formação de Orientadores Profissionais junto ao LIOP – Laboratório de Informação e Orientação Profissional da UFSC. Relatam como estrutura-se o estágio e sua vinculação com o Ensino, a Pesquisa e a Extensão, os três alicerces da formação universitária.

Mariza Lima nos relata como se organiza e se processa a disciplina Orientação Vocacional do Curso de Psicologia da PUC/Minas, bem como a vivência no “Estágio de Atendimento em Orientação Profissional/Vocacional”.

Marilu Lisboa apresenta sua experiência enquanto coordenadora do Curso de Formação em Orientação Profissional do INSTITUTO DO SER – Psicologia e Psicopedagogia. Até o momento, 11 turmas já participaram da formação em todo o Brasil com resultados bastante significativos para a formação do orientador profissional.

Maria Célia Lassance apresenta suas reflexões sobre a importância da teoria na prática da orientação profissional, defendendo a importância de uma fundamentação teórica sólida para a compreensão da problemática vocacional e para subsidiar a prática da orientação profissional / ocupacional.

Inalda de Oliveira, em seu artigo, visa refletir sobre o processo de formação de Orientadores Profissionais à luz dos processos de mudanças evidenciados na sociedade atual. Focaliza as mudanças no desenvolvimento do processo de orientação, articulando o uso pouco critico de técnicas com o movimento ambíguo da carência do novo e a nostalgia do antigo.

Jorge Sarriera, em seu texto, pretende fazer uma reflexão sobre os desafios atuais da orientação profissional, e propor um novo enfoque teórico que dê conta das complexas relações indivíduo-sociedade. O paradigma teórico-sistêmico da perspectiva ecológica da orientação profissional é apresentado.

Iúri Luna propõe a formação do psicólogo como um orientador profissional reflexivo e criativo ressaltando três aspectos desta formação: o conhecimento teórico, a habilidade prática e a condição pessoal. Para isso, discorre sobre a função do professor, e sobre a necessária distinção entre o seu papel de educador e de psicólogo, enfatizando a importância das atividades de formação em Orientação Profissional estarem vinculadas ao projeto pedagógico do curso.

Delba Barros, por sua vez, nos conta sobre a formação do orientador profissional na UFMG; destacando ser o reinício de um percurso. Apresenta, em linhas gerais, como se dá a formação do orientador profissional no curso de Psicologia desta Universidade.

Lucy Silva nos conta sobre seu trabalho realizado no Departamento de Psicologia e Educação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto-USP através de dois artigos: um primeiro sobre estágio profissionalizante em orientação profissional e a experiência de supervisão, descrevendo o seu funcionamento; e um segundo também sobre estágio profissionalizante em orientação profissional, agora sob a visão de alguns psicólogos-estagiários, onde apresenta a visão de alunos sobre o estágio em Orientação Profissional, aí realizados.

Mariita da Silva expõe algumas reflexões sobre os principais aspectos que devem compor a formação de um orientador profissional. Na visão da autora, esses aspectos giram em torno de três eixos básicos, dos quais derivam-se todos os outros: 1) uma sólida base teórico-técnica; 2) clareza na definição de homem no mundo e 3) resolução dos próprios conflitos quanto a escolha.

Mauro Magalhães ajuda-nos a refletir sobre as relações entre a Orientação Vocacional e a psicoterapia. Questiona: é possível delimitar uma fronteira entre a orientação vocacional/ocupacional e a psicoterapia? Serão estas atividades essencialmente unificadas, ou serão campos diferentes? Ou seria mais acertado considerar uma inter-relação mais complexa, com sobreposições e combinações que desafiam uma caracterização estrita?

Convidamos também, alguns colegas argentinos para contar-nos de sua experiência em seu país. Marina Müller apresentou no X Seminario Argentino de Orientación Vocacional o tema da formação do Orientador Profissional, relatando alguns trabalhos que vem sendo desenvolvidos na Argentina, apresentando uma reflexão sobre as novas necessidades para a formação e atualização do papel do orientador vocacional ocupacional.

Ségio Rascovan e Mercedes del Compare, representando a APORA – Associação Argentina de Profissionais em Orientação, nos falam da prática da orientaçao profissional na Argentina, bem como relatam os aspectos histórios de sua introdução como atividade profissional até o momento atual, de intercâmbio com a ABOP e iniciativas para integração do Mercosul.

Nesta Revista da ABOP teremos a oportunidade de constatar a diversidade de formações que estão sendo realizadas nos quatro cantos do Brasil. Entregamos ao público leitor este número especial, esperando que ele contribua para o aprimoramento da formação de orientadores profissionais no Brasil. Sómente com orientadores “bem” formados, com um base teórico científica e consientes de seu papel social é que poderemos esperar a valorização da oreintação profissional por parte de nossos clientes, individualmente ou representados por suas intituições, como escolas e empresas.

Dulce Helena Penna Soares
Editor