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Revista da ABOP
versão impressa ISSN 1414-8889
Rev. ABOP v.3 n.1 Porto Alegre jun. 1999
Uma perspectiva da orientação profissional para o novo milênio
Jorge Castellá Sarriera11
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - Faculdade de Psicologia
RESUMO
Este artigo pretende ser uma reflexão sobre os desafios atuais da orientação profissional e propor um novo enfoque teórico que intente dar conta das complexas relações indivíduo-sociedade. O paradigma teórico-sistêmico da perspectiva ecológica da orientação profissional é apresentado. Além disso, os principios interativos são desenvolvidos.
Palavras-chave: Paradigma ecológico, Orientação profissional, Inserção ocupacional.
ABSTRACT
This article intends to make some reflections about current challenges on profesional orientation and proposes a new theoretical perspective , which can deal with de complex relationships betwen individual-society. The theorical-systemic paradigm from ecological perpective about profesional orientation is introduced. Besides that, the interactives principles are developed.
Keywords: Ecological perpective, Vocational guindance, Occupational placement.
O presente texto desenvolve as bases teóricas da perspectiva ecológica aplicadas à orientação profissional. Esse enfoque visa oferecer uma análise integrada e contextualizada dos diferentes elementos que intervém no processo de escolha profissional e da inserção do jovem no mercado de trabalho.
Uma constatação rápida na entrada no novo milênio, evidencia os avanços da tecnologia, através da internet e do sistema globalizado de comunicações, e as características do sistema político neoliberal, imperante em muitos países, que gera o desemprego estrutural e muda em grande parte as relações de trabalho. Neste contexto, o perfil das profissões está mudando e adaptando-se as necessidades atuais e futuras do mercado.
Atualmente, o acúmulo de conhecimentos e as especializações no trabalho não tem tanta importância quanto a formação plural e polivalente, com boa instrumentalização em habilidades pessoais e sociais. Desta forma, se estará bem mais preparados para adaptar-se às mudanças atuais no mercado de trabalho e no mundo das profissões.
As características que identificam o mundo de hoje nem sempre são assumidas por aqueles que tem a responsabilidade de formar os futuros profissionais. Basta olhar para os nossos centros educativos: escolas, colégios, universidades e verificar o que se está fazendo em termos de preparação dos jovens para seu futuro. Vejamos a distância que existe entre os conteúdos estudados e a realidade fora da escola; a pouca relevância que os responsáveis pelas instituições de ensino dão à orientação vocacional ou profissional; o descaso no acompanhamento avaliativo que as instituições fazem sobre a eficácia do seu ensino e sua orientação a partir dos seus alunos egressos. Esses são alguns dos graves problemas com os quais nos defrontamos na área da orientação profissional.
Expomos a seguir as bases de uma nova forma de olhar o campo da orientação profissional Acredito que muitos dos conhecimentos sobre outras teorias vocacionais poderão se inserir dentro desta perspectiva multiteórica e multinivel que passamos a desenvolver.
Perspectiva Ecológica da Orientação Profissional.
A teoria ecológica nasce dos estudos da biologia e se expande na antropologia e sociologia. Na área da Psicologia e da Educação foi Kurt Lewin, fundador da teoria topológica, ou de campo, o pioneiro em transpor os pressupostos biológicos, na explicação do comportamento humano, definindo o mesmo como produto da interação de forças ou valências entre o sujeito e o ambiente. Seus pressupostos serviram de base para estudos atuais com este enfoque, entre eles podemos citar: a Ecologia do Desenvolvimento Humano (Bronfenbrenner, 1987): a Ecologia Social (Moss, 1974); a Psicologia Ambiental (Barker, 1968); e o Enfoque Ecológico-contextual da Psicologia Comunitária (Kelly, 1992). Essas teorias de bases ontológicas, epistemológicas e metodológicas afins, conformam o chamado Paradigma Ecólógico das Ciências Sociais, conforme afirma Fernández-Ballesteros, 1987).
O ser humano, na perspectiva ecológica, é considerado indisoluvelmente unido a seu meio, como uma ‘unidade em funcionamento’ (Bronfenbrenner, 1996). O ambiente é tão ativo e tão modificador de possibilidades e de projetos pessoais, como o sujeito capaz também de modificar seu ambiente. A leitura separada de sujeito e meio, fragmenta a realidade, descontextualiza o indivíduo do ambiente, e poderá levar a uma visão parcial do fenômeno em estudo.
A orientação profissional, desde as primeiras décadas deste século, tem centrado seus esforços, na criação de modelos teóricos para explicar os motivos da escolha profissional. Desde as teorias psicodinâmicas, passando pelas desenvolvimentais e humanísticas, todas elas enfocam a origem, o desenvolvimento vocacional e a escolha profissional, a partir das características pessoais do jovem e de suas relações significativas com as pessoas mais próximas. O estudo do indivíduo visando sua realização pessoal através da profissão, tem sido altamente louvável. Mas lamentavelmente, a realidade nos diz que hà algo de errado no enfoque tradicional, quando observamos um terço dos estudantes universitários que fracassam atualmente na escolha de sua profissão e pedem reopção de curso, após de queimar tempo, dinheiro e sofrimento num curso inicialmente escolhido de forma errada. Verificamos também, uma pléiade de outros jovens que concluiram a universidade e vão para outra profissão não escolhida por encontrar saturado. o mercado de trabalho na profissão cursada. O enfoque individual da orientação profissional é muito romântico, como diz o Boholavsky, (na auto-crítica que ele faz do seu trabalho da estratégia clínica, em 1993), mais está fora da realidade. O autor afirma de forma radical que o sujeito não escolhe a profissão, ele que é escolhido pela sociedade. Essa posição parte do determinismo social, em posição oposta ao determinismo individual, para nós essas posições extremas revelam partes importantes, mais parciales da realidade em estudo.
O planejamento da carreira se faz imprescindível, a prospectiva das dificuldades e das solicitações do mercado de trabalho também é necessária, além do estudo das motivações e expectativas do sujeito. Se olhar-mos outros países, a orientação profissional é focalizada visando sobretudo para que os jovem possam conseguir emprego, dedicando-se à implementação de programas de ‘inserção dos jovens no trabalho’. É aquilo que a Forrester (1997) lembra aos orientadores para cuidar de não estar alimentando uma ilusão nos jovens, por estar-mos diante de uma sociedade diferente, onde vez mais os empregos são inexistentes, as profissões mudam e o mundo do trabalho terá uma configuração diferente da atual.
Passamos a desenvolver alguns conhecimentos básicos da teoria ecológica, sua estrutura e seus princípios, ajudando a estabelecer um marco teórico explicativo válido que atinja os objetivos que toda orientação profissional se propõe.
1. Estruturas sistêmicas básicas:
O modelo ecológico se compõe de uma série de estruturas ou sistemas (Bronfenbrenner, 1996; Sarriera, J.C., 1998), em forma figurada de círculos concêntricos, que explicam os diferentes níveis da realidaded. A estrutura nuclear ou central é o microssistema. Nele se processam uma série de atividades que o orientando desenvolve conforme seu momento evolutivo e seu contexto (na familia, por exemplo, hábitos de higiene, organização, exploração; na escola: estratégias de aprendizagem, hábitos de estudo, habilidades sociais...). Em cada microssistema se assumem também papéis esperados e incorporados por cada indivíduo de forma original, relativos a cada situação (de filho, de aluno, de amigo...). Se desenvolvem, também, no microssistema, relações ou vínculos afetivos com pessoas ou objetos do meio que vão construindo aspectos da personalidade e modificando a estrutura sistémica. Neste processo desenvolvimental, de atividades, papéis e vínculos, vai-se estruturando a identidade pessoal e vocacional do indivíduo.
Em termos da orientação profissional, o orientando com suas características peculiares, está inserido em vários microssistemas dos quais ele faz parte no seu dia-a-dia (família, escola, comunidade...). Muitas das teorias vocacionais se inserem dentro desta unidade de análise microssistêmica, como forma explicativa da escolha profissional.
Os microssistemas se relacionam entre si, conformando um sistema de ordem superior que chamamos de mesossistema. O messosistema se configura como unidade de análise mais favorável para a orientação profissional. Uma visão integrada dos sistemas familiar, escolar, de trabalho e social confere competência para facilitar os caminhos da escolha e da inserção profissional.
Outro sistema que influi nos outros sistemas anteriores mas que procede de forma indireta, é o exossistema. São ambientes experienciados por pessoas que estão no círculo de influência do sujeito. Por exemplo, as experiências dos pais no seu trabalho; o grau de satisfação/ insatisfação dos professores com as políticas educacionais, etc). Embora de forma indireta, o ambiente do sujeito é impactado por essas experiências, positivas ou negativas, das pessoas significativas. É conhecida a forte influência das experiências profissionais dos pais ou professores, como modelos de identificação, na escolha profissional
O sistema que abrange todos os demais sistemas é o macrossistema. Compõe o macrossistema: o sistema político, econômico, o sistema cultural, ideológico, religioso... nos quais os indivíduos estão inseridos. Ele também é determinante do mercado de trabalho, das oportunidades de emprego, dos recursos para formação, dos valores... Numa sociedade globalizada, cada vez mais dependemos desses elementos macro-estruturais. Anteriormente, a realidade profissional era mais estática e a orientação profissional se voltava mais com o estudo do orientando e sua compatibilidade com alguns perfís elaborados por testes vocacionais. Essa realidade mudou, e uma nova análise, a macrossistémico, se insere no contexto da orientação profissional de forma relevante. Mesmo porque já estamos entrando no novo milênio, as possibilidades de trabalho, emprego e formação entre os países do Mercosul, poderá ser uma realidade a curto praço. É evidente que um orientador profissional para o novo milênio deve-se preparar para entender das diferenças entre culturas e subculturas, das características diferenciais das mesmas profissões, das mudanças que alteram o mercado de trabalho e das diferentes relações de trabalho. Temos uma nova sociedade que não estará definida pelo emprego, porque não existirá emprego para a maioria, levará a transformar a conceição do trabalho de forma mais criativa para novos rumos desconhecidos.
Acredito que aprofundar na perspectiva ecológica da orientação profissional seja o indicador mais saudável para criar uma nova mentalidade de cunho mais explicativo, integrativo e criativo, que possa preparar orientandos para novos desafios.
2. Princípios básicos norteadores do enfoque ecológico:
a) Interdependência entre estruturas e elementos.
Qualquer mudança de um elemento do ecossistema produz mudança nos outros elementos. Portanto, existe uma constante interação entre as diferentes estruturas sistémicas e seus elementos. A realidade é percebida dinamicamente e as influências entre sujeitos e ambientes, são constantes.
O orientando deverá estar preparado de forma madura e flexível, para as mudanças externas e internas. Por isso é preciso mais do que conhecimentos estáticos, proveer ao orientando de habilidades pessoais para afrontar as solicitações ambientais para seu crescimento pessoal, sem se estressar. Um estudo interessante é o de Frischenbruder, (1999) ao verificar o baixo índice de comportamento exploratório vocacional de jovens portoalegrensese e ao mesmo tempo associar de forma muito significativa este comportamento com o autoconceito e auto-estima. Constata-se, pois o pouco trabalho desenvolvido na orientação profissional em termos de habilidades exploratórias e ao mesmo tempo, o alicerce de toda instrumentação, o desenvolvimento de um autoconceito positivo.
No Brasil e em outros países, a orientação profissional já está voltada ao desenvolvimento de habilidades e conhecimentos nos alunos, durante o segundo grau, que impliquem numa opção ocupacional que seja capaz de flexibilidade e de conhecimentos de base (p.ex.: idioma e computação), para que possa ser inserido com facilidade no mercado de trabalho, assim como desenvolver ações figuradas de cooperativas, vivenciando antecipadamente os papéis profissionais.
Outras alternativas que revelam essa capacidade de seguir as transformações ocupacionais atuais, são o chamado ‘sistema dual’ da orientação profissional. Neste sentido os alunos do último ano de segundo grau dedicam meio turno a um estágio num local de trabalho e no outro meio turno são trabalhados na escola as dificuldades surgidas, técnicas e adaptativas no trabalho assim como continuam recebendo os temas de formação próprios do curriculum.
b) Processamento ou circularidade de recursos:
Os recursos se definem como estratégias, qualidades, estruturas ou acontecimentos que podem ser desenvolvidos no sujeitos e nos ambientes, para resolver um problema específico ou para desenvolvimento humano e social dos mesmos (Hombrados-Mendieta, 1996).. Os recursos são passíveis constantemente de serem desenvolvidos, modificados ou até criados. Trabalhar o orientando nas suas potencialidades é tão importante quanto que ele conheça bem os recursos do seu meio, e se utilize deles para seu desenvolvimento e toma de decisões.
Uma microteoria o modelo teórico que fornece um bom suporte ao processamento de recursos é o da potenciação ou empowerment, desenvolvido por Rappaport (apud Hombrados-Mendieta, 1996). A potenciação pode-se referir à determinação individual com a própria vida (auto-determinação), desenvolvendo o comportamento assertivo, a auto-confiança, a auto-eficácia percebida, que são as bases para todo e qualquer empreendimento profissional. Refere-se também à participação democrática na vida social, seja na escola, família, outras organizações; na medida que o sujeito tenha uma atitude exploratória e participativa do seu contexto. Refere-se também, ao sentido psicológico de controle pessoal para conhecer os direitos e deveres, como cidadão, estudante e futuro trabalhador (sindicatos, colégios profissionais...). A potenciação é, pois, um processo pelo qual as pessoas e as organizações podem ter maior controle e domínio sobre seu quotidiano.
Na maioria dos jovens não existe um conhecimento adequado dos recursos de sua comunidade, das dificuldades e realizações dos profissionais e dos trabalhadores de sua comunidade, da existência de organizações intermediárias para procura de emprego, do perfil atual esperado pelas empresas dos diferentes profissionais, etc... Também, nem sempre, existe um conhecimento aprofundado de si mesmos, e da estimulação e potenciação de suas possibilidades. Conseguir desenvolver esses conhecimentos e habilidades favorecem o controle e direção de sua vida e do contexto onde o orientando se insere.
Os estudos de Bisquerra-Alzina et al (1998) e Sarriera et al (1999), desenvolvem uma proposta curricular de Educação Emocional como atividade prioritária no conteúdo transversal de formação dos jovens. Nesta proposta as habilidades de identificação e expressão emocional, autocontrole, habilidades sociais, assertividade, maturidade emocional... entre outras, são objeto de estudo, desenvolvimento e avaliação.
c) Adaptação dinâmica e permanente:
Adaptar-se é buscar o equilíbrio entre as expectativas do sujeito e as oportunidades do seu meio. As pessoas mudam seus comportamentos em função dos recursos disponíveis nos seus ambientes. Isso implica saber selecionar os recursos e as estratégias mais adequadas com as suas características. Segundo Hombrados-Mendieta (1996), quanto maior seja o número de habilidades e de estratégias que o sujeito desenvolva, maior será sua capacidade de adaptação.
O desenvolvimento de recursos pessoais e o controle dos recursos do ambiente são elementos básicos para toda exitosa ‘transição ecológica’. Esse conceito central na teoria ecológica, referente à passagem do indivíduo para utro microssistema vital tem tudo a ver com o objetivo da orientação profissional. Preparar o jovem para o mundo do trabalho implica instrumentalizá-lo adequadamente para ser capaz de superar as dificuldades com as quais poderá se encontrar no novo sistema. Ao mesmo tempo conhecer as características do sistema do qual vai fazer parte, será um melhor preditor da consecução de um equilíbrio ou maturidade de resolução da transição ecológica.
Neste sentido outra microteoria poder vir a enriquecer a compreensão da dinâmica.
Das características de todo processo adaptativo, é o modelo do estresse psicossocial de Dohrenwend apud (Hombrados-Mendieta, 1996). O estresse psicossocial permite analisar o comportamento através da interação dos elementos pessoais e ambientais. Para a autora os eventos vitais são determinados pelas características psicológicas das pessoas na situação e pelos elementos ambientais. Os eventos estressante podem ser causados pelo ambiente ou pelo indivíduo. Diante dos eventos estressantes se produz uma reação de estresse transitória graças a ação dos mediadores situacionais (apoio social) ou psicológicos (habilidades, estratégias de afrontamento). A reação do sujeito ao estresse transitório produz algum tipo destas experiências: 1) domina-se a situação e se produz um crescimento psicológico; 2) não se produz nenhuma mudança substancial; -3) se produz uma reação disfuncional psicopatológica (continua e persistente).
O equilíbrio contínuo será procurado constantemente na universidade e no emprego. Não basta escolher uma profissão como ser capaz de superar as diferentes dificuldades que esta escolha possa supor, em termos de competição, flexibilidade e re-significação Estar preparado para afrontar o estresse implicará dominar a situação e superar la.
d) ‘Evolução-sucessão’ de pessoas e ambientes:
O ambiente e os sujeitos possuem uma história desenvolvimental. Essa história confere uma características peculiares extremamente importantes para entender de forma prospectiva tanto o orientando como o seu ambiente. A contextualização histórica e social é um elemento-chave. para poder elaborar um planejamento tanto do próprio orientando, como do seu ambiente. Verificar no orientando seus processos anteriores de toma de decisão, de socialização, de adaptação familiar e escolar, poderá prever seus passos posteriores conforme seus esquemas cognitivos e sua bagagem experiencial. Podemos prever a evolução do seu próprio ambiente em termos da história e ideosincrasia da região ou do país, valores culturais, aspectos político-ideológicos, impacto da globalização nas estruturas e sistemas sociais.
Esses princípios da dinâmica das relações entre sujeito e ambiente, podem ser enriquecidos com teorias convergentes sempre que não conflituem com os princípios epistemológicos do paradigma ecológico e contribuam com uma atitude investigativa mutidimensional, através da qual possamos compreender de forma mais complexa e integrada, como é no nosso caso, o processo da orientação profissional
Os processos metodológicos dentro desta perspectiva partem de uma atitude colaborativa entre orientador e orientando, onde o processo vivenciado vai sendo trilhado conforme as necessidades sentidas por ambos sujeitos da investigação. (Kelly et al., 1992).
Fiel ao posicionamento da análise multiteórica, a metodologia nesta perspectiva se configura como um intrumental a ser utilizado desde diferentes ângulos, para compreender melhor a diversidade do fenômeno em estudo. Neste sentido a triangulação de técnicas e métodos se considera desejável neste quefazer investigativo.
Esses tem sido são alguns breves apontamentos iniciais sobre o modelo ecológico que poderão contribuir para levantar o interesse do orientador profissional neste campo teórico. A bibliografia citada no artigo poderá servir para maior aprofundamento em alguns pontos esboçados neste trabalho.
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11 Doutor da Faculdade de Psicologia da PUCRS. E-mail: sarriera@pucrs.br.