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Construção psicopedagógica

versão impressa ISSN 1415-6954versão On-line ISSN 2175-3474

Constr. psicopedag. v.16 n.13 São Paulo dez. 2008

 

RESENHA

 

História da Psicopedagogia e da ABPp no Brasil IV*

 

 

Rose Skripka N. Gabriel**

 

 

A mensagem essencial deste livro organizado por Maria Helena Maluf e Quezia Bombonatto refere-se às reflexões sobre os sentidos e a importância da história no processo de aprendizagem e também apresenta a trajetória histórica da Psicopedagogia nas diferentes instâncias de atuações e regiões do Brasil. Muitos dos autores dos artigos são protagonistas desta história, e suas contribuições são marcos referenciais para a construção do conhecimento e da identidade dos psicopedagogos.

Eloísa Fagali, psicopedagoga e doutora em Psicologia, apresenta-nos reflexões com enfoque psico-sócio-pedagógico sobre a aprendizagem associada ao valor e aos sentidos da história e ao resgate das raízes dos aprendizes, sejam eles relacionados a pessoas, organizações ou culturas. Desenvolve suas reflexões trazendo como exemplo a história e os primeiros construtores da formação em Psicopedagogia no Instituto Sedes Sapientiae em São Paulo e a evolução dos projetos psicopedagógicos. Adverte sobre os problemas de aprendizagem resultantes de uma globalização que nega diferenças culturais, e que pode gerar pulverização de saberes e desenraizamento das instituições e aprendizes em qualquer faixa etária. Sugere a necessidade de se valorizar uma aprendizagem que não leve à estagnação pelo excesso de alterações contínuas ou devido às fixações nas matrizes originais. Sua proposta aponta numa perspectiva de considerar as antigas matrizes de identidades e desta forma apoiar a criação e desenvolvimento de novos projetos.

Leda Barone, psicopedagoga e doutora em Psicologia Escolar, traz reflexões sobre a aprendizagem e as dificuldades da leitura, não dissociando este processo do sujeito desejoso e da sua história de vida. A autora traz explanações sobre as funções da literatura, ressaltando as associações entre leitura e construção de identidade.

A relação com o saber é desencadeada pela “boa pergunta”. É o que nos sugere Edith Rubinstein, psicopedagoga e mestre em Psicologia, defendendo que o professor sensível é que deve procurar jeitos de provocar o aluno que não pergunta, contribuindo para que ele possa construir seu próprio estilo de perguntar.

Margarida Azevedo Dupas, mestre em Psicologia Clínica, a partir de sua experiência profissional como pedagoga, psicopedagoga e psicanalista elucida os subsídios da Psicanálise no processo educacional, levando-nos à reflexão sobre a subjetividade humana que permeia a função da família, da escola e do professor na educação, e a atuação do psicopedagogo, ouvidor das angústias na relação entre educadores e crianças.

Maria Helena Bartholo, psicopedagoga, tece sua leitura sobre as questões de aprendizagem do sujeito, incluindo as conformações familiares para o entendimento do sintoma fundamentando-se na visão sistêmica e histórico-social, na Psicanálise e na teoria de Piaget. Apresenta a idéia de que se faz necessário conhecer mais sobre os padrões relacionais das famílias reconstituídas, o que possibilita reflexões quando há a desconstrução e construção do núcleo familiar.

Maria das Graças Sobral Griz, psicopedagoga, traz sua reflexão sobre a Ética no Brasil, e acredita que a Educação pode solucionar esta questão. Aponta como imprescindível a existência do diálogo, desde que legitimando o interlocutor. Refere-se ao psicopedagogo como profissional habilitado a ajudar na valorização das diferenças, promovendo o reconhecimento mútuo das pessoas como autoras capazes de criar os processos de inclusão.

Grácia Maria Fenelon, psicopedagoga e mestre em Psicologia, descreve sua percepção sobre o atendimento psicopedagógico de adolescentes incluindo a avaliação do sistema familiar no NECASA – Núcleo de Estudos e Coordenação de Ações para a saúde do Adolescente, num dos ambulatórios do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás. A autora apresenta um elo entre a interdisciplinaridade e a Psicopedagogia, enfatizando a ampliação de fronteiras e articulação de saberes.

O vínculo existente entre a Psicopedagogia e a escola é um fenômeno comprovado, como afirmam Clara Geni Berlim, psicopedagoga e Fabiani Ortiz Portella, psicopedagoga e mestre em Educação. As autoras indicam as contribuições do psicopedagogo que atua na escola e tem visão sistêmica na qualificação do professor, na atenção às diferenças e preparação dos jovens para a competitividade, embora a Psicopedagogia inserida no ambiente escolar ainda esteja em construção.

Os capítulos dedicados a narrar o processo de institucionalização da Psicopedagogia no Brasil são organizados numa ordem cronológica de eventos e ações, cujo mote principal é registrar os movimentos das gestões da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp) e o percurso de formação das Seções e Núcleos brasileiros, mencionando os esforços para o avanço da fundamentação teórica e prática, a divulgação e compartilhamento de saberes e a luta pela regulamentação da profissão.

Este livro é proveitosa fonte para a pesquisa histórica da Psicopedagogia e nos lega a noção inspiradora da dedicação, trabalho árduo e persistência de todos os psicopedagogos e profissionais de outras áreas de conhecimento que contribuíram para a construção desta trajetória.

 

 

* Maluf, Maria Helena e Bombonatto, Quezia (Org.). Rio de Janeiro: Wak Ed., 2007 188p.: 28 cm
** Elaborada por Rose Skripka N. Gabriel (Psicóloga e Psicopedagoga).

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