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Construção psicopedagógica
versão impressa ISSN 1415-6954versão On-line ISSN 2175-3474
Constr. psicopedag. vol.31 no.32 São Paulo jan./jun. 2022
https://doi.org/10.37388/CP2021/v31n32a06
SEGUNDA PARTE: ASSUNTOS GERAIS
RELATO DE PESQUISA
A concepção de professores do ensino fundamental nos anos iniciais e finais sobre dislexia: um estudo de caso
The conception of teaching teachers fundamen-tal in the initial and final years on dyslexia: a case study
Wilne Neves M. LustosaI, 1; Yloma Fernanda de O. RochaII, 2
IFaculdade FAESPI, Teresina, Piauí, Brasil
IIFaculdade FAESPI, Teresina, Piauí, Brasil
RESUMO
A dislexia é uma dificuldade específica da leitura, pois algumas crianças têm dificuldades de identificar, reconhecer e fazer a conexão entre as letras e os fonemas correspondentes a essas letras. Os disléxicos podem sofrer algumas consequências, como: êxodo escolar, trauma na escola, fobia escolar ou até mesmo abandonar os estudos e se envolver com problemas sociais. O objetivo desse artigo é caracterizar os níveis de informação sobre a dislexia de 05 professores de Língua Portuguesa, assim como a intervenção psicológica. Os resultados revelaram a concluir que se tratava de uma amostra com experiência no ensino fundamental I e II e que a formação dos entrevistados não aborda a temática da dislexia. O estudo concluiu embora o alto nível de formação de base, pois todas as professoras e psicólogas tinham curso superior e pós-graduação, porém sem formação na área da dislexia, mas as maiorias relatam ter experiências com crianças dislexia.
Palavras-chave: dislexia; formação; docentes.
ABSTRACT
Dyslexia is a specific learning difficulty wich cause problems in reading. Children with dyslexia have difficulty in identifying, recognizing and making the connection between letters and their phonemes. They may suffer some consequences, such as: school dropout, trauma at school, scolionophobia, or even they give their studies up and get involved in social problems. The aim of this paper is to characterize the levels of information of five Portuguese Language teachers about dyslexia, as well as the psychological intervention. The results revealed that this was a sample with experience in elementary school I and II, and that the interviewees' training does not deal with the issue of dyslexia. The study concluded that all the teachers and psychologists didn't have postgraduate degree in the knowledge area of dyslexia. However, the most of them said they have experiences with dyslexic children.
Keywords: dyslexia; training; teachers.
Introdução
A dislexia é um dos distúrbios do neurodesenvolvimento e pode ser identificada como um transtorno da linguagem escrita, que prejudica até 10% da população, independente do gênero, classe social ou cultura. Manifestações parecidas às da dislexia - dificuldades com escrita, soletração e leitura - acontecem em aproximadamente 85% das dificuldades de aprendizagem; todavia, deve-se ter a precaução de não as relacionar como idênticas (CUNHA; MARTINS; CAPELLINI, 2017).
Na maior parte dos casos, os quadros de dislexia são acompanhados por uma série de condutas que tornam o disléxico uma criança diferenciada. Autores apontam sinais e sintomas específicos da dislexia nas diferentes etapas da vida, revelando que a transformação acompanhará o sujeito ao longo do seu desenvolvimento (NASCIMENTO; ROSAL; QUEIROGA, 2018).
Assim, a escrita é expressa por símbolos gráficos, por meio de letras sequenciais, já que o aluno disléxico tem dificuldade nessa organização. Para ler e escrever precisa de uma sequência, da junção de som e letra, de uma série de habilidades que permeiam a linguagem. Em geral, algumas crianças aprendem a escrever e a ler sem obstáculos, porém outras mostram dificuldades, pois o fato de não saber ler faz com quer venham a ter problemas com a escrita (BARBOSA et al.,2015).
A escola como contexto institucional da ação educativa é o principal meio de acesso da criança à língua escrita e oral. Por essa razão, é essencial que os professores conheçam os distúrbios de aprendizagem e se adaptem aos métodos de ensino para que sejam capazes de atender todas as crianças que possuem alguma dificuldade.
Outro fato a ser considerado é que o problema conhecido como dislexia do desenvolvimento associa-se comumente à dificuldade de memória de curto prazo; concentração; organização e sequenciação (dos meses, dos dias da semana e do alfabeto etc.), assim como outros comprometimentos observados na dislexia, como reconhecimento das palavras, leitura oral, compreensão da leitura e soletração.
Nesse contexto, os professores são os agentes fundamentais no processo de alfabetização que, por intermédio das estratégias usadas em sala de aula e suas percepções sobre o comportamento dos alunos, permitem que os educandos desenvolvam seu vocabulário na escrita (ALMEIDA; KOZLOWSKI; MARQUES, 2015). "A docência e a ensinagem só serão significativas se forem sustentadas por uma permanente atividade de construção do conhecimento" (TABAQUIM et al., 2016, p.133).
Diante dessa breve exposição, compreendeu-se como um problema a ser exposto: O Educador possui conhecimento necessário para observar o aluno que possua Dislexia? Visto que a dislexia não tem cura, mas tem tratamento, quais as formas de tratamento que o psicólogo pode usar com o aluno disléxico?
Para a explanação desses questionamentos, objetivou-se por meio desse estudo identificar a quantidade de professores capacitados para ensinar alunos com dislexias através de um questionário respondido pelos os professores, verificando-se as séries que possuem professores capacitados; caracterizando-se por faixa etária, formação, tempo de atuação profissional na área e regência de aula; e descrevendo o comportamento e o desenvolvimento de habilidades da pessoa disléxica.
Breve olhar sobre a dislexia
Os transtornos não têm cura, mas têm solução, havendo a necessidade de se valorizar esse profissional. O pedagogo prepara o indivíduo desde as séries iniciais até as séries finais, para que se desenvolvam em cada etapa de sua vida. A dificuldade desse tempo da educação do século XXI é potencializar transtornos, visto que desde o ano 1400 que os transtornos existem. Para mudar esse quadro, é importante trazer novas tecnologias, novas habilidades, reconhecer as novas competências, tornando dinâmica a educação do Século XXI. Existem transtornos que são causados pela má estruturação familiar, assim como a falta de informação na escola. (RAMOS, HAMDAN, 2016).
A dislexia é uma dificuldade específica da leitura, pois algumas crianças têm dificuldades de identificar, reconhecer e fazer a conexão entre as letras e os fonemas correspondentes a essas letras. Na dislexia fonológica é comum acontecer trocas, do tipo de letras, como exemplo ''p'' por ''b'', na escrita, ''d'' por ''t'', o ''f'' por ''v'', o som do ''k'' pelo som do ''g'', podendo ou não estar presente na fala da criança anteriormente. Na dislexia visual a criança não reconhece a palavra como um todo, então ela tem uma alteração do processamento visual da palavra. É muito comum o tipo de erro na escrita dessa criança, por exemplo, o ''p pelo ''b'', o ''m'' pelo ''w''. Na dislexia mista, que tem um pouco da característica de cada uma delas, é feita a associação disso tudo, por isso a importância de determinar os subtipos, assim como a escola deve fazer orientações para os pais. (SILVA et al., 2018).
Não existe uma comprovação que prove a dislexia e não há uma questão estrutural alterada. O que se encontra é uma alteração na funcionalidade, existindo várias teorias. São três áreas conhecidas: o lobo occipital, que é responsável pela visão; o lobo temporal e o frontal, contendo as áreas de linguagens, que são as áreas de Broca e Werneck. Elas percebem na dislexia que a forma de funcionar está alterada (hipoativa), então, há menos ativação nessas áreas. Por isso, a importância das avaliações da fonoaudióloga, psicopedagoga, neurologista e neuropsicóloga para chegar ao diagnóstico na questão interdisciplinar. Em relação ao teste no Brasil, existem alguns estudos, mas ainda não existe um teste específico para que se comprove a presença da dislexia. (ANDRADE; CELESTE; ALVES, 2019).
A dislexia é uma alteração neurológica, caracterizada por uma disfunção neurológica. Os 3 tipos conhecidos da dislexia são: a fonológica, a visual e a mista. É importante classificar os subtipos para determinar qual é o tipo de tratamento para que a criança tenha conquista prévia, quando o tratamento é feito especificamente em cima da inabilidade que possui (MEDINA; MINETTO; GUIMARÃES, 2017). "Entre as competências do profissional especialista em Fonoaudiologia Educacional está a atuação em parceria com os educadores, visando contribuir para a promoção do desenvolvimento e da aprendizagem escolar" (GONÇALVES; CRENITTE, 2014, p. 817).
O distúrbio específico de aprendizagem é um problema na história da humanidade relativamente recente, porque embora tenha sido inventada há milhares de anos, na realidade é recente essa generalização da alfabetização como uma necessidade básica. (FUSCO, GERMANO, CAPELLINI, 2015).
A concepção do professor e dos pais
O professor é o mediador e através da sua prática em sala de aula consegue identificar os alunos que são retraídos e que tendem a ficar mais quietos, sem contar o problema, agindo de forma mais tímida. É importante ficar atento se aqueles comportamentos acontecem apenas durante a aula ou no recreio também, assim como se acontecem na saída e na entrada para que se possa diferenciar cada situação. A escola quer ensinar ao aluno o conteúdo, a forma de pensar, o raciocínio, mas, infelizmente, os educadores só utilizam um meio - a leitura, e a criança vai achar que não sabe nada. Na verdade, ela só não entende a língua que está sendo falada, mas o conteúdo ela pode aprender. (INÁCIO et al, 2017).
"O Distúrbio de Aprendizagem é reconhecido por profissionais da saúde como um transtorno neurobiológico cognitivo e/ou processamento de linguagem causado pelo funcionamento cerebral atípico" (LOPES; CRENITTE, 2013, p. 1214). O desafio é usar outras estratégias com essas crianças. Fazer a leitura do problema para ela na conta de matemática ao invés de ela fazer tudo sozinha. Saber a dose do quanto precisam ser ajudados - essa é a maior dificuldade depois de entender os problemas de comportamento, e isso o professor vai avaliar todas as vezes que estiver com ela (SILVA; CAPELLINI, 2015).
A criança com dislexia tem dificuldade especifica de leitura. Isso quer dizer que ela não é deficitária em tudo. Como tudo na escola é mediado pela leitura, pode contribuir para ir mal em todas as matérias por não entender o que se está pedindo na hora de responder o exercício. Por outro lado, o disléxico tem outras habilidades, sendo capaz de ser um ótimo esportista, autor, artista, pintor, contador de história e de piadas; enfim, quando a criança começa a ser alfabetizada, sua autoestima melhora e as dificuldades diminuem. (ROMERO et al, 2018.
Os pais devem solucionar o problema do filho e procurar ajuda para montar uma equipe que contribua com a progressão e evolução dessa criança, uma vez que os pais precisam entender o que é dislexia. Afinal, dislexia é uma dificuldade que a criança apresenta muito além do esperado para as outras capacidades que ela tem, ou seja, a criança não tem uma deficiência auditiva, visual e intelectual que justifique essa dificuldade tão grande de adquirir habilidade de ler e escrever. (GOMES; CASTRO, 2017).
A família deve procurar tratamento adequado e compreender que o tratamento vai durar bastante tempo, além de entender que essa criança vai se desenvolver mais quando se relaciona com a leitura, mesmo que o tempo para ela seja diferente. Dessa forma, é necessário que se desenvolva nela também os outros recursos, fazendo algumas atividades orais e outras atividades para se conseguir perceber outras formas que ela consiga aprender, que não seja só através da leitura. Portanto, é uma criança que precisa ter o acompanhamento de um fonoaudiólogo, psicopedagogo e muitas vezes terapia psicológica para a compreensão dos seus aspectos emocionais, assim como entender o que é dislexia e o que acontece com o cérebro (PAIS; MENEZES; NUNES, 2016).
A alfabetização e a dislexia
"A Dislexia é um Transtorno Específico de Aprendizagem com prejuízo na leitura, que se caracteriza por déficits no reconhecimento de palavras, na decodificação e na compreensão em leitura" (INÁCIO; OLIVEIRA; MARIANO, 2017, p. 448). A alfabetização é a aquisição do código da escrita e da leitura, realizando-se por meio de uma técnica. O sujeito apresenta o domínio alfabético, domínio ortográfico, domínios dos instrumentos da escrita, das habilidades de ler e escrever, organização do espaço da folha e manipulação de diversos materiais inscritos (LUZ; OLIVEIRA, 2015).
Por volta dos seis aos sete anos, começa-se a ser observada a exploração da letra cursiva, visto que o aluno começa a fazer o lado certo da letra (a direção da letra), o que é de suma importância. A leitura da letra bastão é melhor do que a letra cursiva, porque a letra bastão mais separada, e na percepção visual de uma criança fica simples de ler. Já para escrever, ela pode até começar com a letra bastão, mas depois de estimulada a criança escolhe a letra cursiva, pois ela é uma extensão do pensamento, estimulando a passar o pensamento mais rapidamente para o papel (AMARAL, 2015).
Crianças que são alfabetizadas com letra cursiva têm o percentual cognitivo maior do que crianças que são alfabetizadas com um tablete, por exemplo, porque pega o movimento de pinça e quando elas escrevem erram menos as questões ortográficas, assim como a probabilidade de ter problemas ortográficos é menor, porque a criança tem uma memória motora melhor do que quando ela escreve com outro tipo de letra (MARQUES; MARANDINO, 2017).
Há 80 anos a maioria das pessoas não sabia ler nem escrever e vivia uma vida normal. Hoje a leitura é algo fundamental para ter acesso à vida, assim como estabelecer comunicação com outras pessoas e compreender o mundo ao seu redor. Por isso, com essa mudança na história da humanidade, a leitura e as pessoas com a dificuldade de aquisição desse conhecimento acabam sendo excluídas (ALVES et al, 2015).
As características da leitura, tanto silenciosa como oral, nesses indivíduos, são marcadas por distorções, substituições ou omissões, em que predominam a lentidão e os erros na compreensão (CIDRIM; MADEIRO, 2017).
Conforme exposto, compreende-se que é muito importante que se consiga ler e escrever, e as pessoas que têm algum tipo de dificuldade podem sofrer algumas consequências, como: êxodo escolar, trauma na escola, fobia escolar ou até mesmo abandonar os estudos e se envolver com problemas sociais.
Metodologia
Métodos da pesquisa
Para a execução do presente estudo, ora apresentado neste artigo, utilizou-se uma abordagem qualitativa por meio de uma pesquisa de campo descritiva. Foram realizadas entrevistas com 03 professores do ensino fundamental I e II que lecionam em uma escola particular da cidade de Teresina, no Piauí, além de duas psicólogas lotadas na mesma instituição. Esta pesquisadora, nesse caso, procurou observar, registrar e interpretar os dados colhidos pelos os entrevistados.
Cenário e participantes do estudo
Foram selecionadas duas professoras de Língua Portuguesa do Ensino Fundamental I do 3º ao 4º ano, dos quais foram caracterizados os níveis de informação sobre a dislexia; duas psicólogas com a intervenção psicológica e uma professora formada em Letras Português do ensino fundamental II. Verificou-se as séries que possuem professores capacitados, caracterizou-se por faixa etária, formação, tempo de atuação profissional na área e regência de aula.
Foi realizada uma entrevista com a participação de educadores do ensino fundamental I, II e as psicólogas na escola particular na cidade de Teresina, no Piaui.
Coleta dos dados
Como ferramenta de coleta de dados utilizou-se o google forms, por ser uma opção acessível para navegar pelo smartphone. Dessa forma, foi utilizado este meio para o registro de dados e as perguntas foram selecionadas pensando na observação, na maneira que os entrevistados responderam ao questionário.
Com relação aos entrevistados, utilizou-se um roteiro elaborado com questões norteadoras dos assuntos a serem tratados. O roteiro foi elaborado nas informações que se buscou a relação que os professores possuem sobre o assunto. Nesse contexto, e com base no método da pesquisa, o grupo focal semiestruturado caracterizou-se o mais indicado para o tipo de relato do estudo, em que o indivíduo foi capaz de informar suas percepções, com base em questões, mas com autonomia de responder.
Organização e análise de dados
Além da coleta de dados pessoais dos entrevistados (tempo de docência, sexo, tempo de formação, dentre outros) foram realizadas entrevistas semiestruturadas individuais, usando como parâmetro perguntas norteadoras.
Resultados
A Tabela 1, abaixo, apresenta o perfil de 03 professoras e 02 psicólogas participantes do estudo. Com interesse de não identificar as participantes, foi criado um símbolo E (entrevistada) acompanhado pela sequência de entrevistas, no sentido de apontar cada uma das professoras entrevistadas.
Tabela 1 - Clique para ampliar
As professoras e psicólogas se formaram com datas distintas entre 2004 e 2012 - todas do sexo feminino -, e atuam em uma escola particular de Teresina. Todas as entrevistadas possuem pós-graduação e nenhuma delas possui especialidade em dislexia. Informa-se ainda que elas possuem tempo de serviço no período de 8 a 15 anos (com a média de 11,8).
Todas essas informações levam a concluir que se tratava de uma amostra com experiência no ensino fundamental I e II e que a formação dos entrevistados não aborda a temática da dislexia.
Bem como foi dito acima, embora o alto nível de formação de base, pois todas professoras e psicólogas tinham curso superior e pós-graduação, porém sem formação na área da dislexia, mas a maioria relata ter experiências com crianças disléxica.
No Tabela 1, a seguir, é caracterizado por algumas questões que os entrevistados relataram na hora que estavam respondendo o questionário. Todos foram cientes em afirmar que entendia sobre a dislexia, que de alguma forma tinha algum conhecimento a respeito do assunto.
Em relação à experiência com aluno disléxico, 4 descrevem ter uma ligação próxima e apenas 1 citou não ter trabalhado em sala de aula com esse aluno. Ainda nesse contexto, foi declarado que a dislexia não é falta de inteligência, sendo que esse aluno é capaz de se tornar um cidadão habilitado a conquistar seu espaço no mercado de trabalho, podendo desde cedo ser reconhecido com essa dificuldade na sua leitura e escrita.
O indivíduo pode então fazer o tratamento adequado e melhorar sua qualidade na aprendizagem. Os entrevistados concordam que esse aluno disléxico deve ter um atendimento especial em sala de aula e todo o suporte necessário para que melhore seu desempenho escolar.
No gráfico 1 pode-se perceber que algumas respostas foram diferentes no quesito "para quem encaminhar o aluno com dislexia". Duas pessoas citaram que se deve levar o caso para a coordenação; três responderam que acha melhor levar na fonoaudióloga; uma disse que levaria à psicopedagoga; e, por fim, uma apenas disse que era para levar à neurologista.
No gráfico 2, os entrevistados relataram a quem devem ser encaminhados quando se suspeitar da criança com dislexia. A entrevistada E1 encaminharia para a coordenação, que, consequentemente, entrará em contato com a família e, assim, levará para o serviço de fonoaudiologia. A entrevistada E2 e E3 citaram a fonoaudióloga, porque consideram que o caso precisa ser melhor tratado. A entrevistada E4 disse que melhor seria levar o caso para a coordenação. A entrevistada 05 disse que seria melhor levar para várias especialidades, sendo a psicopedagoga, a fonoaudióloga e o neurologista.
O resultado mostrou que as participantes da pesquisa consideram o caso a ser tratado em diferentes especialidades. Sendo assim, o tratamento da dislexia é melhor adequado em uma equipe interdisciplinar, abrangendo a equipe pedagógica (coordenação junto com os professores), a psicopedagoga, a fonoaudióloga e o neurologista para melhor atender à necessidade desse aluno.
Conhecimento sobre dificuldades escolares e transtornos de aprendizagem
Por meio do ponto de vista dos entrevistados (E1, E2, E3, E4 e E5), e da sua compreensão sobre a dislexia, compreendeu-se que seria pelos motivos descritos a seguir. Conforme a entrevistada E1, a palavra mal pronunciada; dificuldade em aprender e lembrar o nome da letra; De acordo com a entrevistada E2, dificuldade em decodificar palavras simples, dificuldade na leitura e na escrita e comprometimento da discriminação visual e auditiva. Segundo a entrevistada E3, quando ela tem dificuldade de ler e interpretar o texto. A entrevistada E4 relatou que quando a criança tem dificuldade na realização da leitura, tem dificuldade de encadear as letras e formar as palavras, assim como a entrevistada E5 apresenta dificuldade de reconhecer palavras e decodificá-las, além de lentidão na escrita e também na leitura.
A relação entre as dificuldades escolares, o distúrbio de aprendizagem e a dislexia foram apontadas desta forma: a primeira entrevistada E1 concorda em dizer que a dislexia é a dificuldade de memorização; distúrbio de aprendizagem é um déficit na leitura e na escrita; dificuldades escolares são as dificuldades de aprendizagem no geral. As entrevistas E2 e E3 apontam as disfunções relacionadas ao processo natural da aquisição da aprendizagem. Já para a entrevistada E4, a dislexia é um transtorno linguístico que dificulta a aprendizagem na leitura e na escrita. Já a dificuldade de aprendizagem pode recorrer de falhas no método de ensino, inadequações no ambiente escolar ou de problemas emocionais e/ou familiares. Por conseguinte, a entrevistada E5 argumenta que as dificuldades escolares estão ligadas ao fato de o aluno não conseguir seguir a rotina e as normas estabelecidas pela escola. O distúrbio de aprendizagem está ligado a alguma dificuldade cognitiva, já a dislexia está ligada ao caráter genético.
Sobre as concepções dos participantes a respeito das dificuldades escolares e as causas, de acordo com o pensamento da entrevistada E1, pode estar relacionada com a metodologia utilizada, os métodos, o ambiente físico e até o contexto de vida do aluno. Segundo as entrevistadas E2 e E3 consideraram como desordens manifestadas por dificuldade na aquisição e na utilização da leitura, da fala, do raciocínio e da escrita. As causas podem ser de ordem intelectual e/ou neurológica. Conforme a entrevistada E4, a dificuldade de aprendizagem é um termo utilizado para descrever uma série de problemas de aprendizado relacionados à maneira em que o cérebro absorve, usa, armazena e envia informações. A entrevistada E5 aponta que as dificuldades escolares podem ser causadas por problemas familiares, emocionais, metodológicos etc. (método usado pela escola).
O papel do professor perante a esse aluno com dificuldade escolar seria, segundo a entrevistada E1, procurar apoio psicológico, familiar e escolar. As entrevistadas E2 e E3 mencionam que devem auxiliar positivamente a realizar suas conquistas e reforçar a aprendizagem de forma que processe bem o proposto. A entrevistada E4 concorda em dizer que o professor precisa estabelecer um vínculo com a criança, criar rotinas e atividades interativas com elas. A entrevistada E5 compreendeu que, primeiramente, deve-se tentar identificar a causa dessa dificuldade para elaborar as estratégias necessárias para ajudar essa criança.
A relação da linguagem oral da criança com a aprendizagem como um todo e, também, com a leitura e a escrita. Conforme a entrevistada E1, a criança com dificuldade na leitura tem dificuldade de escrever e de se expressar. Segundo as entrevistadas E2 e E3, a linguagem oral é essencial para a aprendizagem, em que a leitura e a escrita são habilidades básicas que permitem adquirir conhecimentos. A entrevista E4 aponta que a linguagem oral tem papel fundamental no desenvolvimento da criança, pois faz parte dos elementos mais relevantes do seu aprendizado, porque essa é a sua principal forma de comunicação. A entrevistada E5 argumenta que a fala é mais dinâmica que a escrita e que a língua vai mudando com o passar dos anos.
Acerca das manifestações desenvolvidas pelas crianças com dislexia, A entrevistada E1 considerou que é uma dificuldade na leitura, dispersão, pronúncia de algumas palavras e fala tardia. Conforme as duas entrevistadas, E2 e E3, equivale a um fraco desenvolvimento da atenção, dificuldade em acompanhar histórias, dificuldade em aprender rimas e atraso do desenvolvimento visual. Segundo a entrevistada E4, disléxicos se atrapalham com as palavras, o comportamento varia, alguns são desorganizados e outros metódicos, alguns são falantes e outros tímidos. De acordo com a entrevistada E5, apresentam dificuldades em escrever e copiar, omissão de palavras e confundem letras.
O professor pode ajudar a criança disléxica da seguinte forma, de acordo com a entrevistada E1: O professor deve estar atento à grafia correta das palavras, com o traçado das letras dos alunos. Segundo as entrevistada E2 e E3, iniciar por leituras muito simples com livros atrativos; utilizar material estimulante e interessante; nunca criticar negativamente seus erros, procurando mostrar onde errou e como evitá-los. Dessa maneira, a entrevistada E4 adianta que o professor deve usar uma linguagem clara e objetiva quando se dirigir a ela, tratá-la com naturalidade, verificar discretamente se ela está entendendo a exposição do assunto. A entrevistada E5 menciona que se deve trabalhar com materiais concretos.
De acordo com a indagação "se os colaboradores gostariam de adquirir conhecimentos em relação a criança que possuem problemas para ler e escrever", a entrevistada E1 aponta que seriam necessários cursos de aperfeiçoamento para aprimorar as metodologias e conseguir obter resultados positivos. As Entrevistadas E2 e E3 mencionaram Consciência fonológica. Segundo a entrevistada E4, é necessário mais conhecimento de estratégias de leitura para essas crianças que apresentam essas dificuldades. A entrevistada E5 sugere que estratégias são necessárias para ajudar essa criança.
Considerações finais
A partir da análise realizada é possível identificar as informações dos participantes do estudo sobre a concepção dos professores e colaboradores sobre a dislexia. Todas essas informações levam a concluir que se tratava de uma amostra com experiência no ensino fundamental I e II e que a formação dos entrevistados não aborda a temática da dislexia.
Dessa forma, o nível de informação dos docentes participantes foi insuficiente para identificar sinais de risco do transtorno, mesmo com o alto nível de formação dos entrevistados, pois todas as professoras e psicólogas tinham curso superior e pós-graduação, porém sem formação na área da dislexia, mas a maioria relata ter experiências com crianças disléxicas. Todos foram cientes em afirmar que entendiam sobre a dislexia e que de alguma forma tinham algum conhecimento a respeito do assunto.
Este estudo colaborou para a reflexão de que o docente, especialmente o de português, da escola particular, necessita de fundamento teórico na sua formação, atentando para a necessidade de que a licenciatura em Letras contemple em sua grade curricular uma disciplina específica para o estudo sistematizado do processo do ato de ler, abrangendo o estudo regular das dificuldades de aprendizagem na leitura, como a dislexia.
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1 Graduanda em Licenciatura em Pedagogia - FAESPI. wilnezinha_lustosa@hotmail.com
2 Mestre em Saúde Mental - UFRGS. ylomafernandarocha@hotmail.com