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Psicologo informacao

versão impressa ISSN 1415-8809

Psicol inf. vol.13 no.13 São Paulo out. 2009

 

Editorial

 

É com muita satisfação que apresentamos essa edição da Revista Psicólogo InFormação.

Mais uma vez, esperamos divulgar ao público o conhecimento científico, bem como promover a troca desse mesmo conhecimento acumulado e em desenvolvimento entre instituições de ensino, pesquisa, e de segmentos sociais que aplicam esse conhecimento psicológico nas práxis mais variadas.

Além disso, tal como previsto no estatuto desse periódico, vimos a público com a incessante preocupação de estimular a iniciação da escrita científica, já que a veiculação de investigações realizadas por iniciantes na vida acadêmico-científica é de grande valia e são aqui apresentados preciosos relatos dessa natureza.

É no cumprimento desses propósitos que trazemos mais essa edição de Psicólogo InFormação, que apresenta relatos de pesquisa e textos reflexivos. Esses artigos são apresentados numa ordem préestabelecida pelo periódico: artigos originais de pesquisa e artigos teóricos e comunicações.

O primeiro artigo "Esforço e recompensa no trabalho de uma amostra de profissionais de enfermagem", das professoras Eveli Vasconcelos e Liliana Guimarães da Universidade Dom Bosco, Mato Grosso do Sul, traz uma contribuição à compreensão do trabalho em enfermagem. Avalia o equilíbrio entre o esforço e a recompensa no trabalho de profissionais da área de enfermagem, verificando haver uma estreita associação entre o desequilíbrio e a percepção de esforço empregado por esses trabalhadores. Esse texto vem contribuir com a ciência na medida em que levanta indicativos de que há um "perfil de risco" do trabalhador de enfermagem, principalmente aqueles do sexo masculino e com sobrecarga de trabalho. Traz ao leitor a possibilidade de refletir e levantar novas hipóteses sobre essa importante relação homem-trabalho no mundo atual.

Um segundo artigo, que trata da "História e identidade dos nisseis" da região oeste do estado de São Paulo, realizado pelo doutor Roberto Yutaka Sagawa e pela iniciante em pesquisa Lílian Cerquetani Sousa, da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Assis, traz ao público uma interessante discussão acerca dos filhos de imigrantes japoneses e sua adaptação a nossa cultura. Assim, o trabalho busca conhecer mais profundamente as particularidades da cultura e identidade desses nisseis e abre possibilidades para revelar questões como individualidade, estereótipos, preconceitos e frustrações sofridas ao longo da vida dessas pessoas. O presente texto convida o leitor a refletir sobre importantes aspectos, como o "choque" de identidade e cultura, mostrado pela ambiguidade causada pelos costumes e hábitos transmitidos pela família com aqueles transmitidos pela cultura ocidental, indicando que essa oscilação entre a identificação de si como japoneses e como brasileiros traz angústia e sofrimento e deve ser mais estudada pela ciência psicológica.

Em seguida, apresenta-se outro relato de pesquisa que trata das "Convicções de saúde e capacidade de adesão de mães de crianças com doenças graves e crônicas", realizado pelo grupo de pesquisa da Universidade Metodista, coordenado pela professora Marília Martins Vizzotto com as psicólogas Elen Santana, Vanessa Fazan de Lima e Vanessa Faria; mostra a capacidade de adesão ao tratamento relacionada às convicções de saúde das mães. O texto suscita ainda a discussão em torno da "suscetibilidade", uma convicção subjetiva de saúde que traduz a capacidade do cuidador em sentir como sua a doença do outro, e que é o principal indicativo de adesão ao tratamento.

Um quarto relato de pesquisa qualitativa apresentado diz respeito a uma "Descrição de queixas e diagnósticos de famílias atendidas em psicoterapia domiciliar", de autoria da professora Marília M. Vizzotto e do pesquisador iniciante Rodrigo Azevedo Gomes, da Universidade Metodista. Fruto de pesquisa financiada pelo CNPq, no programa de iniciação científica – Pibic, o trabalho se utiliza de prontuários da clínica-escola do curso de Psicologia e busca sistematizar as principais queixas e hipóteses diagnósticas levantadas nos casos de famílias atendidas pela instituição universitária. É um texto que convida o leitor a pensar sobre os principais conflitos familiares, bem como sobre a relevância desta modalidade de atendimento psicológico domiciliar.

Após essa seção de relatos de pesquisa, são apresentadas duas importantes comunicações que abordam a questão da "escuta psicológica" – uma das mais valiosas ferramentas da prática psicológica e que aponta para uma distinção essencial entre ouvir e escutar. A primeira comunicação, "A escuta psicanalítica e a educação", da doutora Alice Bastos, da Universidade Gama Filho, discute a escuta psicanalítica e suas implicações não só para a práxis psicanalítica, mas também para o campo da educação. Mas, para abordar a escuta em educação, a autora percorre um importante caminho, retomando suas origens em Freud, mostrando que a função da escuta não é passiva (tal como apontam os jargões populares muitas vezes apresentados pela mídia ou pelo cinema); pelo contrário, é ela que coloca o sujeito em movimento; e é nesse eixo de esclarecimento que se encontra sua importância em educação, pois os aprendizes precisam que os mestres permitam sua expressão, para que possam falar e ser escutados.

Finalizando essa edição está o texto "O que fazemos quando fazemos psicologia do trabalho?", do Prof. Edu Manso Bastos, da Universidade Metodista, que, assentado numa concepção psicodinâmica do trabalho, fomenta uma discussão acerca de um fazer psicológico que possa refletir, em primeira instância, sobre o desejo do psicólogo no trabalho organizacional, a quem ele serve, bem como seu compromisso com a ética e a saúde. No desenvolvimento do texto o autor busca mostrar o mundo do trabalho baseado numa racionalidade instrumental e a tradicional dicotomia entre concepção de trabalho e execução de tarefas. E, munido do olhar dinâmico e das preciosas ferramentas psicológicas, entre elas a escuta, o autor defende a mobilização psíquica do trabalhador como salutar; porém, isso só parece possível se a ideia simplista de "execução de uma organização de trabalho prescrita" der lugar a uma concepção de trabalho. Finaliza seu texto fincado na tese de que se ao trabalhador for dada a oportunidade de participar do coletivo, rompendo seu isolamento e individualismo, em seu processo de emancipação esse trabalhador poderá pensar sobre seu próprio desejo na realização de seu trabalho. De modo que o texto do Prof. Bastos também pode sugerir uma alusão ao trabalho do próprio psicólogo que haverá de refletir sobre seu próprio desejo na realização de seu labor – se de execução ou de concepção. Por isso, há de se perguntar: O que fazemos quando fazemos psicologia do trabalho?

Assim, caros leitores, com mais essa edição esperamos contribuir para a reflexão acerca do conhecimento psicológico.

Finalizando, gostaríamos de aproveitar o espaço dessa apresentação para enaltecer nossos colegas, professores dessa casa, que, graças a seu incomensurável esforço, têm contribuído para a manutenção desse periódico. Também estendemos nosso agradecimento aos demais professores e pesquisadores de outras instituições que têm nutrido esse periódico com suas reflexões e com suas penas na elaboração de trabalhos de valor inestimável para a ciência psicológica. Por fim, destacamos o apoio incondicional da Universidade Metodista de São Paulo, das comissões editoriais e dessa reitoria, para a manutenção de um periódico que completa 13 anos de existência.

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