RESENHA

Michele Gutierres Ignácio

Trata-se de uma obra importante tanto para a área da psico-oncologia, como para profissionais da saúde interessados nos temas abordados, que envolvem os aspectos psicológicos relacionados ao paciente com câncer, aos tratamentos e às possibilidades de trabalho em diferentes campos do saber.

Prefaciado por Maria Margarida M.J. de Carvalho -  professora doutora do Instituto de Psicologia da USP, sócia honorária da Sociedade Brasileira de Psico-Oncologia (SBPO), homenageada com o Prêmio Carmem Prudente em Oncologia (2007) - que presenteou a todos os organizadores e leitores com as suas palavras de agradecimento e com sua larga experiência no tema.

O termo psico-oncologia (com hífen) foi oficializado pelos organizadores deste livro na tentativa de reunir, neste conceito, todos os aspectos envolvidos no tratamento do paciente com câncer, incluindo o atendimento ao cuidador e familiares.

Na primeira parte, Maria Teresa Veit e Vicente Augusto de Carvalho apresentam os principais conceitos da psico-oncologia, sua área de atuação, que é específica à psicologia da saúde. Segundo os autores, em 1961, na Argentina, o cirurgião oncológico e psicanalista José Schavèlson propôs o termo psico-oncologia para referir-se a essa nova área do conhecimento.

Na segunda parte, diferentes autores discorrem sobre as definições do câncer, seus principais sítios, diagnósticos e formas de tratamento. Na terceira parte, Rafael A. Kaliks e Auro Del Giglio trazem considerações sobre a prevenção da doença, dividindo-a em: primária (exposição à fatores cancerígenos extrínsecos, como tabagismo, etilismo, obesidade, exposição ao sol, dieta e infecções), secundária (exames para detecção precoce, como mamografia, exame da próstata, Papanicolau, entre outros), e terciária (que envolve pacientes que já possuem uma neoplasia e que podem evitar a deterioração clínica e/ou complicações do tratamento, podendo denotar também falhas nas prevenções primária e secundária).

Estes mesmos autores apresentaram uma breve discussão sobre a orientação aos pacientes com predisposição genética ao câncer, principalmente no que se referiu aos aspectos psicossociais, introduzindo, desta forma, a quarta parte desta obra, que se dedicou aos aspectos psicossociais, como qualidade de vida, recursos de enfrentamento na trajetória da doença, vivências de adolescentes com câncer por meio da análise fenomenológica do TAT, e sobre a Psiconeuroimunologia.

Outros temas também são abordados, como: os aspectos psiquiátricos do paciente com câncer (quinta parte); sintomas, seqüelas do câncer e seus tratamentos (sexta parte); possibilidades de intervenções psicossociais (sétima parte) - que incluem a reabilitação psicossocial, psicoterapia, família, instituições, cuidados paliativos, aproximação da morte, o trabalho com pessoas enlutadas, a comunicação em oncologia e a espiritualidade no enfrentamento da doença.

Na oitava parte, diferentes profissionais apresentam possibilidades no tratamento de pacientes oncológicos, como fisioterapia, nutrição, terapia ocupacional e fonoaudiologia.

A nona parte é dedicada à psico-oncologia pediátrica e, a décima parte, à equipe multidisciplinar. Aqui, Regina Paschoalucci Liberato e Vicente Augusto de Carvalho apresentam o estresse e a síndrome de burnout em equipes que cuidam de pacientes com câncer, ressaltando a atenção ao cuidador profissional.

Os temas especiais, como direitos dos pacientes com câncer, pesquisas, internet, programas de educação continuada e grupos de ajuda, foram reservados para a décima primeira parte.

No epílogo, constituído pela décima segunda parte, Márcia Maria Alves de Carvalho Stephan apresenta a psico-oncologia no Brasil, com notas sobre o passado e o presente, e aspirações e estratégias para o futuro.

Sem dúvida, trata-se de um importante e completo material alcançado pelos esforços de excelentes profissionais preocupados e comprometidos com a psico-oncologia, tema de interesse na atualidade.