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Pensando familias
versão impressa ISSN 1679-494X
Pensando fam. vol.23 no.1 Porto Alegre jan./jun. 2019
EDITORIAL
Helena Centeno Hintz*
Há 20 anos foi lançado o primeiro número da Pensando Famílias. O caminho percorrido foi extremamente rico e de grande importância no panorama da Terapia de Família no Brasil. A revista ocupa hoje um espaço significativo na divulgação de temas referentes à Família e ao Casal, priorizando a reflexão sobre sentimentos, pensamentos e relações dos indivíduos no contexto familiar, e em outros sistemas onde a família encontra-se inserida. Gradativamente tem aumentado o número de trabalhos submetidos e publicados vindo a contribuir para o desenvolvimento dos profissionais que se dedicam à busca de novos rumos e ideias para ampliar o entendimento da família nos diversos cenários em que vivencia seus relacionamentos.
Esta foi uma questão presente no XV Congresso RELATES realizado em junho deste ano em Barcelona, que teve como tema central “As origens da terapia familiar: A vigência dos pioneiros”. O intuito foi de buscar através de uma compreensão mais aprimorada dos estudos dos pioneiros que, com o amadurecimento permitido pelo passar dos anos, possibilitou maior reflexão sobre a terapia atual e como poderá ser sua construção no futuro. Esta é uma visão relevante frente às questões de âmbito sociocultural que estamos vivenciando.
Nesta edição encontram-se trabalhos que permitem ao profissional visitar vários temas referentes às relações conjugais ou relações filho-parental, que oportunizam discussões construtivas, viabilizando a curiosidade exploratória necessária ao terapeuta.
Dentre os temas sobre relações conjugais encontram-se investigações sobre como se apresentam as ideias a respeito da infidelidade entre homens e mulheres, como lidar com ligações extramatrimoniais; a formação de casais considerando os diversos aspectos intrapsíquicos e intersubjetivos, como se processa o vínculo amoroso e como se estrutura uma relação conjugal com uma duração longa onde se percebem afetividade e fidelidade.
Outro tema explorado são as relações entre mães e bebês, onde há pesquisas sobre os sentimentos de mães ao constatarem as conquistas de seus filho; a influência da chegada de um filho no relacionamento conjugal com as possibilidades de crise nesta importante transição dentro de um contexto de depressão pós-parto; a participação paterna com filhos no primeiro ano de vida na vida familiar; assim como o exercício da parentalidade após divórcio entremeado por conflitos conjugais e a possibilidade da guarda compartilhada. Dentro desta questão, o processo de ser filho em recasamento dos pais é relevante, envolvendo a presença de uma adoção afetiva dos filhos do cônjuge e que não são seus filhos.
Um assunto exposto e relevante nesta edição é a violência doméstica, trazendo possibilidades de prevenção e intervenção como forma de romper o ciclo de violência. A agressão conjugal está hoje muito presente no dia a dia das pessoas, trazendo consequências muito graves para os implicados e para todos os membros da família onde a agressão ocorre. A importância da terapia familiar feminista é reiterada quando nos defrontamos com situações de violência contra a mulher, sendo necessário desconstruir padrões familiares mantidos por uma cultura mais tradicional que, muitas vezes, permitem e/ou normatizam tais atos contra a mulher. As consequências desta violência são gravíssimas para o sistema familiar e para a sociedade.
A relevância do idoso na sociedade atual é um estudo interessante e pertinente. Como fazê-lo perceber que não é alguém descartável, que pode e deve estar inserido na sociedade, podendo se sentir como alguém útil e respeitado? Isso é algo que cada vez mais estaremos enfrentando devido às conquistas que a ciência tem propiciado, contribuindo para a longevidade e qualidade da pessoa idosa.
Uma questão presente na vida das famílias é o adquirir, o consumir. A facilidade com que os indivíduos, atualmente, podem ter acesso a variedade de produtos é imensa, podendo produzir satisfação e felicidade de forma imediata. Que resultados poderemos ter disso? Que influências podem exercer sobre as crianças? Esse é o objetivo de um estudo publicado nesta edição.
A proposta deste número da Pensando Famílias é estimular a reflexão sobre as diferentes perspectivas dos assuntos complexos e diversos que perpassam a vida dos casais e famílias.
* Helena Centeno Hintz.