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Estudos e Pesquisas em Psicologia

versão On-line ISSN 1808-4281

Estud. pesqui. psicol. vol.21 no.3 Rio de Janeiro set./dez. 2021

https://doi.org/10.12957/epp.2021.62707 

Estudos e Pesquisas em Psicologia
2021, Vol. 03. doi:10.12957/epp.2021.62707
ISSN 1808-4281 (online version)

 

PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO

 

Encontro de Combate e Prevenção ao Suicídio: Relato de Experiência em uma Universidade Pública

 

Marcelo Leonel Peluso*; Arthur Teixeira Pereira**; Letícia Costa Leopoldino***; Vanessa Barbosa Romera Leme****
Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Endereço para correspondência

 

RESUMO

Este estudo tem por objetivo apresentar um relato de experiência do projeto Encontro de Combate e Prevenção ao Suicídio (ECPS), de iniciativa discente, cuja proposta é organizar, anualmente, um evento aberto ao público com palestras e atividades acerca do suicídio. Os encontros são organizados na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e, atualmente, conta-se com três edições, tendo cada uma abordado um recorte temático diferente sobre o suicídio. A fim de contribuir cientificamente com propostas de prevenção ao suicídio, todo encontro tem como procedimento o envio de dois formulários. O pré-evento possui a finalidade de investigar o interesse dos participantes e o pós-evento busca verificar seu impacto em relação à percepção dos ouvintes acerca das atividades e quais temas são considerados relevantes para o debate. Os formulários foram aplicados a 1053 respondentes. Os resultados indicaram que houve uma boa adesão ao projeto em virtude da quantidade de inscritos e do interesse em participar de outras edições do encontro. Por meio dos dados coletados e da narrativa dos organizadores, no que diz respeito às experiências e desafios, viabiliza-se a elaboração de projetos futuros que tenham como foco a prevenção do suicídio.

Palavras-chave: suicídio, prevenção, evento.


 

Suicide Combat and Prevention Meeting: Experience Report in a Public University

 

ABSTRACT

This study aims at presenting an experience report of the project named Suicide Combat and Prevention Meeting (ECPS), from a student initiative, whose proposal refers to the annual organization of a non-academic event with lectures and activities related to suicide. The meetings are organized at the State University of Rio de Janeiro (UERJ) and, currently, there are three editions, with different clippings of the theme. In order to contribute scientifically to suicide prevention programs, in every meeting, the organization sends two forms. The pre-event one has the purpose of investigating the participants' interest, and the post-event aims at verifying its impact on the activities, concerning the listeners' perception, as well as which themes were considered relevant to the debate. The forms were applied to 1053 respondents. The results showed that there was a good adherence to the project due to registers amount and to the interest in taking part of other meeting editions. The collected data and the organizers' narrative regarding experiences and challenges enable the elaboration of future projects that focus on the suicide prevention.

Keywords: suicide, prevention, meeting.


 

Encuentro de Combate y Prevención del Suicidio: Relato de Experiencia en una Universidad Pública

 

RESUMEN

Este estudio tiene como objetivo presentar un relato de experiencia del proyecto Encuentro de Combate y Prevención del Suicidio (ECPS), una iniciativa discente, cuya propuesta es organizar un evento anual abierto al público con conferencias y actividades sobre el suicidio. Los encuentros se organizan en la Universidad del Estado de Río de Janeiro (UERJ) y, actualmente, hay tres ediciones, que abordan un tema distintos acerca del suicidio cada una. Con el objetivo de contribuir científicamente a las propuestas de prevención del suicidio, cada encuentro tiene el procedimiento de enviar dos formularios. El pre-evento tiene el propósito de investigar el interés de los participantes, y el post-evento busca verificar su impacto en relación a la percepción de los oyentes acerca de las actividades y los temas que se consideran relevantes para el debate. Los formularios fueron aplicados a 1053 encuestados. Los resultados indicaron que hubo una buena adhesión al proyecto debido a la cantidad de inscriptos y al interés en participar de otras ediciones del encuentro. Por medio de los datos recopilados y de la narrativa de los organizadores a respecto de las experiencias y desafíos, es posible la elaboración de futuros proyectos que busquen la prevención del suicidio.

Palabras clave: suicidio, prevención, evento.


 

 

Apesar de o suicídio ser uma problemática de grande impacto na sociedade, esse ainda é tratado como um tabu em diversos contextos (Marquetti, 2014). Schlösser, Rosa e More (2014) destacam que esse fenômeno encerra as dinâmicas interrelacionais entre o indivíduo e seus grupos sociais numa dimensão micro, como a família, os amigos e o trabalho, e macro, como políticas públicas, práticas culturais e religiosas. Dessa forma, há um impacto em diferentes proporções, mobilizando uma parcela significativa da sociedade quanto a esse tema, o que torna sua discussão imprescindível. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), este fenômeno é a segunda maior causa de morte em adolescentes com idades de 15 a 29 anos (World Health Organization, [WHO], 2014), demonstrando, assim, a importância de ser alvo de intervenções das diferentes áreas da saúde. No Brasil, entre 2011 e 2015, registraram-se 55649 óbitos por suicídio, apresentando uma taxa geral de 5,5/100 mil habitantes (Ministério da Saúde, 2017).

Apesar da existência de programas e projetos com o objetivo de prevenir o suicídio no país (Leme et al., 2019; Müller, Pereira, & Zanon, 2017), Botega (2015) alerta para a necessidade de haver maior efetividade em tais propostas, isto é, que seja possível pôr em prática as diretrizes preventivas no dia a dia tanto a nível das relações interpessoais quanto das intervenções políticas. Desse modo, cabe ressaltar a importância da criação e implementação de estratégias de prevenção ao suicídio para este cenário.

De acordo com o Conselho Federal de Medicina [CFM] (2014), o desconhecimento e a falta de atenção ao tema do suicídio configuram-se como barreiras à sua prevenção. Visando a superar esses obstáculos, destaca-se, como uma das estratégias, a importância de transmitir informações acerca de práticas preventivas ao suicídio. A psicoeducação, ferramenta criada por médicos e atualmente explorada também por psicoterapeutas, refere-se à passagem terapêutica de conhecimento à comunidade geral com objetivo pedagógico (Beck, 2013).

Tendo em vista essa perspectiva, idealizou-se o projeto Encontro de Combate e Prevenção ao Suicídio (ECPS), a fim de promover um espaço propício para o debate acerca do suicídio. Esse evento, que ocorre anualmente na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), é estruturado por atividades que acontecem ao longo de um dia, como palestras, mesas redondas e oficinas, e tem como público-alvo tanto a comunidade acadêmica quanto a população externa. Dessa forma, este relato de experiência tem como objetivo descrever o projeto supracitado, destacando sua fundamentação, bem como apresentar as atividades realizadas, ao relatar o processo de planejamento das três edições. Posteriormente, busca-se discutir os dados que foram coletados pelos encontros e expor a experiência de organização, a fim de auxiliar o desenvolvimento de possíveis novos projetos em outros contextos que visem à prevenção ao suicídio, a partir de uma perspectiva psicoeducativa.

Projeto ECPS

O projeto ECPS surgiu em 2017, por meio de uma iniciativa discente, em um contexto de dificuldades para a UERJ, uma vez que esta passava por um momento de greve devido à falta de pagamento dos salários dos funcionários e das bolsas discentes. Apesar desta conjuntura desfavorável, viabilizou-se um espaço na universidade para abordar o tema do suicídio, que estava sendo muito discutido com o lançamento da série 13 Reasons Why, desenvolvida por Brian Yorkey e lançada em 2017 pela plataforma de streaming Netflix.

Esta série tornou-se polêmica por conter forte teor de violência além da exibição de uma cena retratando um ato suicida. Embora haja necessidade de se veicular informações relacionadas ao tema do suicídio, é imprescindível o conhecimento sobre as diretrizes e guias para o uso de recursos audiovisuais ao tratar do tema (OMS, 2000).  Para além de debater sobre o quão adequada foi a série, buscou-se recolher seus frutos e utilizá-los de forma condizente com a realidade brasileira. Assim, o projeto não pretendeu estabelecer uma crítica da série, mas sim, possibilitar um espaço de diálogo e acolhida para a comunidade refletir sobre seu impacto.

Apesar de muito comentado à época da série, o ato suicida não foi alvo de um debate aprofundado e comprometido com a sua prevenção em alguns contextos. A partir disso, levando-se em consideração o elevado índice de tentativas de suicídio na UERJ (Pereira, Leopoldino, & Peluso, 2018), houve uma grande mobilização por parte dos autores para atuar, de alguma forma, na prevenção do suicídio e do adoecimento mental originando a construção desse evento.

Inicialmente, tratava-se de uma ação breve, com um público-alvo pequeno, que aglomerasse pessoas que estivessem passando por aflições e que poderiam se beneficiar de informações do campo da saúde mental, no que tange à lida com os possíveis efeitos e fatores de risco de seus sofrimentos. Ou seja, desde o princípio, um dos pontos norteadores do projeto foi compartilhar o conhecimento produzido por especialistas para o público, indo ao encontro do que é indicado por Witter (1998), ao ser revelada a importância de propostas que conciliem o saber acadêmico à população em geral. Além disso, tendo em vista o caráter social do projeto, não se pretendia haver cobrança para entrada, o que permitiria maior adesão ao evento. Entretanto, a cada inscrito seria oferecida a possibilidade de contribuir com 1 Kg de alimento não-perecível a ser doado pela organização para obras sociais.

Por ser um encontro de caráter não acadêmico que abordaria um tema tratado ainda como tabu pela sociedade, a comissão organizadora preocupou-se com o receio ou constrangimento que as pessoas poderiam sentir ao frequentar uma atividade específica para debater o suicídio. Ainda há um preconceito muito grande com pessoas que estão em sofrimento (Silva & Marcolan, 2018), tornando possível que algum interessado no encontro se sentisse desconfortável em participar, pois poderia causar a impressão de estar revelando alguma ideação suicida e percebendo-se vulnerável. A fim de atenuar essa possibilidade, foi informado na divulgação do projeto que o público-alvo poderia pertencer a duas categorias: (1) pessoas que estão em sofrimento ou que sejam acometidas por algum transtorno; (2) indivíduos que convivam com pessoas da primeira categoria.  Tal aspecto permitiu a adesão de diferentes pessoas, garantindo um espaço de respeito e aceitação para todos os participantes, independentemente de sua motivação a estarem presentes no evento.

Serão apresentados os três eventos que já ocorreram, sendo eles: I ECPS: Um exercício de empatia (2017); II ECPS: Uma perspectiva institucional (2018); III ECPS: Um olhar para as minorias (2019). Foram elaborados e enviados dois formulários para o público desses encontros que foram respondidos em sua totalidade por 1053 sujeitos sendo 962 do formulário pré-evento e 91 do pós-evento. No que diz respeito às 962 respostas, 231 se referem ao I ECPS, 390 ao II ECPS e 341 ao III ECPS. Quanto ao formulário pós-evento, 46 foram respondidos por participantes do I ECPS, 25 do II ECPS e 20 do III ECPS. A amostra não foi caracterizada por sexo, idade e escolaridade, em virtude desses dados sociodemográficos não terem sido coletados na primeira edição do evento. O primeiro formulário (pré-evento) foi respondido por aqueles interessados em se inscrever no evento, enquanto o segundo (pós-evento) foi enviado somente àqueles inscritos que, de fato, participaram do encontro. Tais dados permitem traçar um perfil dos participantes, bem como investigar informações que auxiliem a elaboração tanto de edições posteriores desse projeto como o de projetos futuros que visem à prevenção ao suicídio.

O formulário de inscrição da primeira edição colheu informações como preferência dos temas, o meio pelo qual cada participante tomou conhecimento do projeto e o turno de participação no evento (manhã/tarde/ambos) a fim de garantir a ocupação integral do auditório ao longo de todo o encontro. Na segunda e na terceira edição, esse formulário teve a solicitação das mesmas informações que o primeiro, acrescentando-se apenas os dados sociodemográficos dos participantes, como idade, sexo e escolaridade.O formulário pós-evento das três edições foi composto por perguntas de múltipla escolha direcionadas à percepção dos ouvintes quanto ao desenvolvimento do tema central, recepção e organização do evento, pertinência das atividades, preferência pelos temas tratados e interesse de participar do evento seguinte. Além disso, foram elaboradas questões abertas no que diz respeito aos aspectos positivos e negativos do evento bem como sugestões de tópicos para futuras edições.

A divulgação do primeiro evento foi feita por meio de cartazes que foram afixados em diversas universidades do Rio de Janeiro, bem como na rede social Facebook, com a criação de uma página onde todos poderiam acompanhar as informações do evento a qualquer momento, e no Whatsapp a partir de conteúdos compartilhados em grupos. O objetivo desse modo de divulgação foi atingir não só universitários, mas também a comunidade de forma ampla. Em virtude da adesão à edição anterior e do interesse explicitado em participar do II ECPS, a divulgação foi realizada inicialmente por um e-mail direcionado ao público do primeiro encontro. Ademais, contou-se com exposição de cartazes na UERJ, uma página do evento no Facebook, bem como o compartilhamento de conteúdos pelo Whatsapp. A recepção foi expressiva, pois em uma semana de divulgação, feita na página do evento pelo Facebook, foram realizadas 341 inscrições.

ECPS: Um exercício de Empatia

Buscaram-se, para a primeira edição do evento, na cartilha da OMS (2006), temas indicados como relevantes para serem abordados em uma atividade com tal propósito: depressão; ansiedade; estresse; estereótipo do suicida. Além disso, em virtude de sua popularização, foi realizada uma mesa redonda sobre a série 13 Reasons Why e uma oficina de empatia foi conduzida com o objetivo de sensibilizar e instruir os participantes cuja motivação era acolher aqueles em sofrimento psíquico, propiciando redes de apoio pautadas na escuta e verbalização empáticas e no acolhimento. A inserção do tema empatia nas atividades e, inclusive, no título se deve, primeiramente, ao viés informativo do evento que abarca não somente as pessoas que estão em sofrimento. Outrossim, a empatia é uma habilidade social que favorece relacionamentos interpessoais saudáveis e, portanto, propicia redes de apoio importantes (Del Prette, Lopes, & Del Prette, 2017) o que é considerado como fator de proteção ao suicídio (OMS, 2006).

Para além das palestras, foram convidados para a atividade de abertura representantes dos projetos de extensão Núcleo de Acolhida ao Estudante da UERJ (NACE) e Programa de Desenvolvimento Interpessoal para a Prevenção do Suicídio e Promoção de Saúde Mental no Curso de Vida (PRODIN) e do programa de extensão UERJ pela Vida. Essa iniciativa foi fundamentada na importância de ter ações que promovam a saúde mental e no conhecimento por parte da população de propostas disponíveis na Universidade o que viabiliza a busca desses serviços.

Responderam ao formulário pré-evento 231 pessoas. Assim, evidenciaram-se quais atividades despertaram mais interesse entre os participantes, sendo possível eleger mais de uma opção. Dentre elas, o tema "Depressão e suicídio" foi eleito como mais interessante por 200 (86,60%) inscritos, seguido de: "Estereótipo do suicida" (86,10%), "Ansiedade e suicídio" (81,80%), "Oficina de empatia" (72,30%), "Estresse e suicídio" (71,40%) e "Mesa redonda sobre 13 reasons why" (58,40%). Tais informações auxiliaram a compreender, previamente, quais temáticas, para a população interessada, precisariam ser debatidas em outros eventos sobre prevenção ao suicídio. De acordo com o mesmo questionário, a forma de divulgação mais efetiva foi por meio das mídias sociais tendo em vista que na inscrição a maioria dos respondentes revelaram ter conhecido o evento a partir do Facebook (48%) e Whatsapp (29%). Além disso, esse público apresentou-se majoritariamente como universitários (74%) de instituições de ensino públicas e privadas.

O formulário pós-evento foi enviado a 112 participantes e foi avaliado como "Muito bem desenvolvido" por 33 (71,70%) dos 46 respondentes e as atividades foram classificadas em "Excelente" (54,30%), "Muito bom" (37%) e "Bom" (8,70%), apesar de terem sido oferecidas as opções "Regular", "Ruim", "Muito ruim" e "Péssimo". Também foram avaliadas com nota máxima, em sua maioria, a organização (69,60%) e a recepção (76,10%) do evento. As atividades "Oficina de empatia" e "Estereótipo do suicida" foram as indicadas como mais impactantes para o público, empatando com 17 votos (37%). Após, estão as atividades sobre "Depressão e Suicídio" (10,90%), "Ansiedade e Suicídio" (6,50%) e, por último, "Estresse e Suicídio" e "Mesa redonda sobre 13 reasons why", empatando com 2 votos (4,30%). Cabe ressaltar que os respondentes deveriam escolher apenas uma opção que representasse a atividade que tinha sido mais impactante.

Ademais, após o término do evento, levantaram-se quais temas foram considerados pelos participantes como mais importantes de se abordarem nas próximas edições, com destaque para: medicação; identidade de gênero; cuidados com familiares de suicidas; e o suicídio como problema de saúde pública. Para além de representar sugestões para novas edições do evento, essas demandas apontaram para quais debates ainda são incipientes e que precisam, portanto, de uma atenção maior. Esse problema se apresenta como um desafio especialmente aos profissionais da área da Psicologia, visto que são comumente chamados a responder e a orientar questões relativas à problemática do suicídio (Conselho Federal de Psicologia [CFP], 2013). De forma geral, todos os resultados das pesquisas online foram positivos, tendo 97,8% dos respondentes marcado que desejavam ir à edição seguinte o que, portanto, inspirou e motivou a organização a realizar o II ECPS.

II ECPS: Uma Perspectiva Institucional

Para a segunda edição do evento, ocorrida em agosto de 2018, o tema abordado foi o suicídio a partir de uma perspectiva institucional. A cartilha de prevenção ao suicídio da OMS (2006), por sua vez, destaca que diferentes instituições e organizações sociais (família, escola, universidade, trabalho, etc.) podem relacionar-se com a problemática do suicídio tanto como fatores de risco quanto como fatores protetivos. De acordo com Bock, Teixeira e Furtado (1995), a sociedade está imersa em instituições à medida que todo indivíduo experimenta a convivência em grupos sociais em algum momento da vida. Segundo Lourau (1996), as instituições são importantes fatores no debate de problemáticas que enovelam as relações sociais, posto que, em alguma medida, elas estruturam e ensejam a existência da sociedade. Desse modo, o cronograma foi construído de modo a contemplar os seguintes temas: escola; desempenho acadêmico; família; redes sociais; mídias; trabalho; e saúde pública. Além disso, foi convidada uma representante do Centro de Valorização da Vida (CVV) para a abertura do evento, visto a importância de seu trabalho prestado à comunidade na prevenção ao suicídio no contexto nacional (Dockhorn & Werlang, 2008).

Considerando-se o número expressivo de tentativas de suicídio dentro da UERJ (campus Maracanã), um grupo de discentes e docentes da universidade criaram um abaixo-assinado, em 2018, solicitando a colocação de telas de proteção em todas as rampas do edifício João Lyra Filho, que tem doze andares. Tal iniciativa mobilizou toda a universidade e foi apoiada pela organização do ECPS. A partir disso, programou-se uma apresentação intitulada "Unir esforços é preciso!", proferida pelos idealizadores do projeto, em que pôde-se discutir a importância da atuação de diferentes agentes sociais e propostas de prevenção, como a instalação das telas protetivas, cujo fim era promover maior segurança e reduzir os fatores de risco ao suicídio, presentes na estrutura arquitetônica da universidade. Além disso, em vista do crescimento do projeto e do interesse do público, decidiu-se estabelecer parcerias a fim de obter apoio para a realização da segunda edição. Assim, o encontro foi apoiado pelo restaurante Universidade Gourmet, na UERJ, que ofereceu desconto nas refeições dos participantes.

Inscreveram-se 390 pessoas, com idade entre 17 a 67 anos (M = 29,98; DP = 10,65). A maioria tinha ensino superior incompleto (60,77%), seguido de ensino superior completo (33,85%) e ensino médio completo (4,62%). A divulgação mais efetiva manteve-se sendo a virtual, uma vez que a rede social Facebook posicionou-se em primeiro lugar (46,15%). Dos temas estabelecidos no formulário pré-evento, os avaliados como mais interessantes foram: "Suicídio e saúde pública" (28,46%), "Suicídio e desempenho acadêmico" (27,69%), "Suicídio e o cotidiano escolar" (22,82%), "Oficina sobre relações familiares" (18,97%), "Suicídio no trabalho e organizações" (17,69%) e "Mesa redonda sobre suicídio e tecnologia" (17,43%). Cabe ressaltar que os respondentes poderiam marcar mais de uma opção e 62,82% escolheram a alternativa "Todas as opções" na pergunta acima.

Responderam ao formulário pós-evento 20 dos 115 que estiveram presentes. O desenvolvimento do tema foi avaliado pela maioria como "Muito bem desenvolvido" (60%), seguido de "Bem desenvolvido" (40%). O conjunto de atividades dessa edição foi classificado como "Muito bom" por 60% dos respondentes, "Excelente" por 35% e "Bom" por 5%; vale mencionar que foram oferecidas as opções "Regular", "Ruim", "Muito ruim" e "Péssimo". Além disso, a organização e recepção do evento foram avaliadas como "Muito boa" por 60% e 85% dos respondentes, respectivamente. As atividades foram avaliadas por ordem de impacto da seguinte forma: "Oficina sobre relações familiares" (20%), "Suicídio e desempenho acadêmico" (15%), "Suicídio e o cotidiano escolar" (15%), "Mesa redonda sobre suicídio e tecnologia" (15%), "Unir esforços é preciso!" (15%), "Introdução ao evento: Centro de Valorização da Vida (CVV)" (10%) e "Suicídio no trabalho e organizações" (5%).

Foram investigados os temas que os ouvintes consideraram mais relevantes para a edição posterior, em sua relação com o suicídio, com destaque para: uso de drogas; posvenção; sexualidade e gênero. Por fim, a avaliação geral do evento foi expressivamente positiva, visto que 95% dos participantes afirmaram que estariam presentes em uma nova edição. O levantamento desses dados indicou a importância da discussão do tema do suicídio, no que diz respeito à influência das instituições sociais. Ademais, tais informações também são relevantes para a elaboração de possíveis novas edições do encontro.

III ECPS: Um Olhar para as Minorias

Com relação ao terceiro evento, realizado em 2019, decidiu-se trazer à discussão a realidade das minorias sociais. O tema foi selecionado embasando-se no elevado índice de desigualdade e preconceito sofrido por grupos minoritários (Carmo, 2016). Segundo pesquisadores, pertencer a grupos, tais como LGBTQIA+, está associado a maiores níveis de sofrimento psíquico, o que afeta a qualidade de vida desses sujeitos (Nazroo & Williams, 2006; Pieterse & Carter, 2007; Cruz, 2010; Martínez-Guzmán & Íñiguez-Rueda, 2017), além de representar um fator de risco e ser correlacionado a tentativas de suicídio (OMS, 2006; Costa et al., 2017). Desse modo, o cronograma foi organizado a partir das seguintes atividades: palestras sobre deficiência; racismo; psicofobia; mesa redonda sobre sexualidades e suicídio (gayfobia, lesbofobia e transfobia); mesa redonda sobre relações de gênero e suicídio (machismo, movimentos feministas e papéis de gênero); bem como uma oficina acerca do perfeccionismo e autocriticismo. Para a introdução do evento, foi convidada uma profissional para palestrar sobre o suicídio e o desafio da liberdade a fim de discutir as dificuldades intrínsecas às tentativas de suicídio ao longo da história, como o preconceito, a estigmatização e a punição.

O enfoque dado ao encontro tem relevância político-social, por referir-se a um público que, apesar de ser chamado de "minoria", aludindo a uma pequeno número de pessoas (Carmo, 2016), trata-se de uma população expressiva que se encontra em desvantagem social, os grupos minoritários (Silva, 2013; Carmo, 2016), sendo vítima de discriminação, de intolerância e de hostilidade (Albuquerque, Parente, Belém, & Garcia, 2016). Há inúmeros casos de desrespeito à liberdade desses sujeitos, além de manifestações de um discurso discriminatório presente na sociedade (Carmo, 2016), o que nos faz refletir a respeito de como o corpo social ignora a diversidade (Sinhoretto & Morais, 2018). Por estas razões, faz-se necessária a promoção de discussões públicas referentes ao mal-estar social que o preconceito e a discriminação geram, de modo que discussões não se restrinjam apenas entre as minorias.

Para tanto, buscaram-se palestrantes que tivessem vivência não só acadêmica e profissional acerca dos temas, mas também pessoal, à medida que pertenciam às minorias das quais foram porta-vozes. Tal disposição fundamentou um espaço para o lugar de fala desses indivíduos, frequentemente, silenciados pelos "grupos maioritários". Proporcionar a oportunidade de ouvir os convidados, a partir de suas experiências, viabiliza um olhar mais aproximado da realidade (Freitas, 2019). Além disso, o evento contou com a parceria do Instituto de Gestalt-Terapia e Atendimento Familiar do Rio de Janeiro (IGT-Rio) e manteve-se o apoio do restaurante Universidade Gourmet.

Inscreveram-se, por meio de uma plataforma online denominada Sympla, 341 pessoas, com idade entre 16 a 54 anos (M = 30,1; DP = 25,54). A maioria cursava o ensino superior (53,60%), seguido de ensino superior completo (38,70%), ensino médio completo (6,15%) e ensino médio incompleto (1,46%). A divulgação mais efetiva manteve-se sendo a virtual, uma vez que a rede social Facebook posicionou-se em primeiro lugar (86,67%). Os temas que mais geraram interesse nos respondentes foram: "Suicídio e racismo" (76,80%); "Mesa redonda sobre relações de gênero e suicídio (machismo, movimentos feministas e papéis de gênero)" (76,50%) e "Mesa redonda sobre sexualidades e suicídio (gayfobia, lesbofobia e transfobia)" (69,80%). Além destas, havia as opções: "Deficiência e suicídio" (66,50%); "Psicofobia e suicídio" (57,10%) e "Oficina Buscando atingir padrões: meus ou dos outros?" (53,90%) e "Suicídio: desafio da liberdade?" (8%). Cabe ressaltar que os indivíduos poderiam escolher mais de uma opção ao registrarem seu interesse e, ademais, todas as atividades foram eleitas por mais da metade dos inscritos.

Responderam a este questionário 25 dos 97 inscritos que estiveram presentes. O encontro foi avaliado pela maioria como "Muito bem desenvolvido" (76%), seguido de "Bem desenvolvido" (24%). O conjunto de atividades dessa edição foi classificado pelos respondentes como "Excelente" (52%), "Muito bom" (40%) e "Bom" (8%); vale ressaltar que foram oferecidas as opções "Regular", "Ruim", "Muito ruim" e "Péssimo". Além disso, a organização do evento foi avaliada como "Boa" (60%) e a recepção "Muito boa" (76%). Por fim, as atividades foram avaliadas por ordem de impacto da seguinte forma: "Suicídio e racismo" (36%), "Mesa redonda sobre sexualidades e suicídio" (28%), "Deficiência e suicídio" (16%), "Suicídio: desafio da liberdade?" (8%), "Reflexão acerca do impacto da psicofobia" (4%) e "Mesa redonda sobre relações de gênero e suicídio." (4%). Quando questionados sobre o interesse de participar de um possível próximo evento, 92% dos participantes responderam positivamente.

Refletindo sobre a Experiência

A partir do que foi exposto, considera-se importante refletir e debater sobre os desafios enfrentados pela organização, a fim de retratar as dificuldades da elaboração de um projeto de prevenção ao suicídio. Com o objetivo de lidar com tais demandas, vale investigar a percepção dos participantes dos eventos, no que tange aos aspectos positivos, que auxiliam na continuidade desses, e sugestões para a realização de edições futuras. Por fim, são abordados os frutos do projeto no tocante a experiências vivenciadas pelos organizadores em outros contextos.

Dentre os desafios que atravessaram o projeto, destaca-se que o suicídio é um tema complexo e muitas vezes de difícil abordagem. Abordar essa problemática em uma universidade pública é ainda mais delicado, visto que, além da dificuldade intrínseca ao próprio conteúdo do evento, a UERJ é um espaço onde concentra-se um número significativo de tentativas de suicídio no Rio de Janeiro, conforme destacado anteriormente. Apesar disso, considera-se importante que o evento seja sediado neste local a fim de atingir de forma direta principalmente o público que o ocupa.

Além disso, por se tratar de um encontro aberto à comunidade externa, ponderou-se a maneira de se abordar as atividades. Se, por um lado, recomendou-se aos palestrantes convidados que não utilizassem muitos termos técnicos, por outro, foi necessário assegurar que o tema fosse tratado de modo fidedigno às orientações profissionais acerca do assunto. Por meio da participação ativa dos ouvintes e da coleta de dados dos formulários pós-evento, notou-se que foi possível tratar da temática de forma acessível em todas as edições.

O processo de organização dos eventos também representou um desafio. Apesar de contar com o apoio e assistência de parte do corpo docente do Instituto de Psicologia da UERJ, todas as edições foram inteiramente organizadas por três discentes, sem financiamento e durante a pior crise financeira e política que o Estado do Rio de Janeiro enfrentou. Dessa forma, foi necessária uma busca ativa por planejar aspectos burocráticos, como reserva de auditório, convite aos palestrantes, elaboração dos formulários e dos materiais entregues durante o evento, confecção e envio dos certificados.

Enquanto experiência subjetiva, vale mencionar que a organização e construção do projeto foi muito formadora, tendo em vista que tem sido uma oportunidade de aproximação com o campo profissional, com a população em geral e com a própria universidade. É comum atribuir-se à imagem do aluno uma noção de passividade, isto é, de alguém que somente irá receber informações e conteúdos, em vez de ser concebido como um agente do aprendizado (Almeida, 2002). A organização do evento demarcou uma mudança significativa, no que diz respeito a esse ponto, pois os discentes ocuparam um papel ativo na comunidade e na universidade.

Embora a experiência tenha se configurado como desafiadora para os idealizadores, observa-se que o projeto foi bem recebido pelos participantes, no que tange à organização, à abordagem, aos subtemas e aos palestrantes. Em geral, a maior parte da procura do público do ECPS revela um interesse de aprender a como interagir com quem tem ideação suicida, seguida de como cuidar de seus próprios sofrimentos psíquicos, que possam implicar o suicídio.

Além disso, nos formulários pós-evento, havia um espaço para que os inscritos fizessem sugestões para eventos futuros. Dentre estas, cabe mencionar que muitos sugeriram haver mais dias de evento, além de maior oferta de vagas para inscrição, o que indica um interesse expressivo por parte do público. Ao longo das edições, foram consideradas as sugestões de temas pelos quais os participantes demonstravam interesse, de modo que a segunda e a terceira edições foram pautadas nessas manifestações. Diante disto, o principal desafio foi subdividir os assuntos de modo que apresentassem coerência entre si e pertinência com o tema.

Analisando as narrativas dos participantes com relação aos aspectos positivos do evento, destacam-se algumas: "A abertura dos palestrantes em ouvir a plateia e a maneira breve e precisa que abordaram os temas."; "Os temas foram muito plurais, o que fez com que as pessoas pudessem se identificar mais com o evento."; "A abordagem sobre como devemos interagir com uma pessoa com ideação suicida. Para mim, que sou leiga no assunto, foi de grande aprendizagem.". Tais depoimentos ilustram a importância da aproximação do público leigo ao conhecimento científico, bem como a necessidade do cuidado, ao se buscar temas pertinentes e profissionais com experiência no conteúdo abordado.

Com relação ao número pequeno de respondentes nos formulários pós-evento, pode-se elencar alguns prováveis fatores. Primeiramente, o público-alvo não era exclusivamente acadêmico, de modo que os inscritos leigos poderiam ter um acesso limitado a recursos tecnológicos, possuindo menos familiaridade com a plataforma online do formulário. Segundo, o envio do certificado de participação do evento não era condicionado à resposta ao formulário, o que pode ter afetado a motivação do público para respondê-lo. Por fim, vale dizer que o formulário pós-evento não foi divulgado durante o próprio evento e o público teve conhecimento desse apenas ao recebê-lo por e-mail, o que pode ter dificultada a adesão ao seu preenchimento. Tais hipóteses são importantes para refletirmos acerca das medidas que podemos tomar, para evitar um número baixo de respondentes em situações futuras como, por exemplo, condicionar o envio do certificado de participação do evento à resposta ao formulário e anunciá-lo durante o próprio evento, destacando a importância de que todos o respondam.

Ademais, a iniciativa possibilitou uma relação entre comunidade externa e universidade, sendo de suma importância para ambas as partes, sobretudo, no que tange ao serviço da UERJ, prestado enquanto instituição pública. A natureza integradora que os eventos sugerem é fundamentada nesse espaço, por ser um lugar do povo e para o povo adquirir e compartilhar conhecimento. Sua localização também foi descrita pelos participantes dos eventos como favorável e, para além disso, a circulação não apenas de alunos e funcionários, mas também da sociedade em geral, demarca a universidade como um espaço democrático e plural. Outrossim, os organizadores tiveram a oportunidade de apresentar o projeto em diversas ocasiões, a fim de que a comunidade científica adquirisse conhecimento acerca dessa iniciativa, possibilitando aos organizadores agregar experiência acadêmica. Cumpre ressaltar também a importância de se compartilhar as diretrizes da organização desse evento para que projetos similares possam ser implementados em outras universidades e estados.

Elaboraram-se resumos de trabalhos que foram submetidos a eventos acadêmico-científicos, sendo: "II Congresso Brasileiro de Prevenção de Suicídio", realizado no Espírito Santo (2018); "XIII Encontro Clio-Psyché - Resistências: Ciência e Política na História da Psicologia", no Rio de Janeiro (2018); e "VII Seminário Internacional de Habilidades Sociais: Habilidades Sociais em diversos contextos de atuação", no Maranhão (2019). Em todos esses eventos, foi possível compartilhar o conhecimento construído a partir do ECPS, o qual foi muito bem recepcionado e avaliado pelos examinadores e participantes.

Além disso, a comissão organizadora foi convidada a compor uma mesa redonda em um evento organizado pelo Instituto de Gestalt-Terapia e Atendimento Familiar (IGT-Rio), em 2019, intitulado "Prevenção ao suicídio nas universidades", com o objetivo de expor a iniciativa do projeto e compartilhar as vivências acerca do mesmo. A mesa foi exibida em um canal no Youtube, sendo acessada por profissionais e indivíduos leigos.

Para além de caminhos acadêmicos, o ECPS percorreu uma trajetória também direcionada para a comunidade em geral. Os idealizadores foram solicitados, em 2018, para realizar uma entrevista no programa "Nossa Night", que pertence ao canal CJC, no Rio de Janeiro. O conteúdo se encontrava inserido na programação especial para o Setembro Amarelo, em que diversos materiais voltados para o tema foram abordados. Ademais, foi concedida uma entrevista, em 2019, ao programa de rádio "Conteúdo Concreto", veiculado pela "Rádio UERJ - A universidade sem fronteiras", promovido pelo Centro de Tecnologia Educacional da universidade. Destarte, salienta-se que o projeto, apesar de ter se apresentado como um desafio para os idealizadores, foi recepcionado de forma satisfatória por seus participantes, o que abre espaço para projetos futuros abordarem essa mesma temática a partir de perspectivas diferentes, como grupos de apoio, debates, cartilhas informativas, entre outros. Espera-se que o ECPS inspire discentes, principalmente de Psicologia, na busca por atuar de forma mais ativa na comunidade científica e na sociedade em geral, contribuindo para a área da prevenção ao suicídio e à promoção de saúde mental.

 

Referências

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Endereço para correspondência
Marcelo Leonel Peluso
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Vanessa Barbosa Romera Leme
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Recebido em: 15/05/2020
Reformulado em: 14/08/2020
Aceito em: 21/09/2020

 

 

Notas

* Graduando de Psicologia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
** Graduando de Psicologia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
*** Tecnóloga em Recursos Humanos e Bacharel em Administração pela Universidade Estácio de Sá. Graduanda e Mestranda de Psicologia Social pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
**** Psicóloga e Mestra em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Doutora em Psicologia pela Universidade de São Paulo e Professora adjunta do curso de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

 

Agradecimentos: os autores agradecem a todos os ouvintes dos encontros e a todos os palestrantes pelo apoio, interesse e participação. Este agradecimento se estende à Universidade do Estado do Rio de Janeiro e ao Instituto de Psicologia pelo apoio institucional.

 

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