EDITORIAL

Brindemos!

Hoje os psicólogos organizacionais e do trabalho têm motivo para uma festa. Muitos entre nós almejavam e agora se alegram com este evento.

Finalmente, temos um periódico para atender aos profissionais e estudantes de Psicologia e áreas afins que estejam dispostos a contribuir para o enriquecimento do debate crítico da pesquisa e do ensino da Psicologia Organizacional e do Trabalho. As possibilidades que se abrem são óbvias e podem atenuar necessidades antigas em nosso contexto de atuação e formação.

A falta de identidade do segmento chega ao ponto de alguns colegas revelarem que "Já nem se sentem psicólogos", tal é a intensidade das leituras, práticas e interações com profissionais de outras origens acadêmicas. A existência de um periódico da área, a partir de hoje, aumenta as oportunidades de cada um espelhar-se nas atividades dos pares e ampliar o próprio fazer. Fortalece, portanto, a identidade profissional e nos agrega. Ao mesmo tempo, permite que se acumule sistematicamente as produções nos contextos de abrangência da Revista e aponta para caracterizar, de um modo mais claro, a Psicologia Organizacional e do Trabalho que construímos.

A presente edição só foi possível graças ao apoio e participação de muitas pessoas e instituições. Entre elas, o imprescindível suporte financeiro confiado pelo Conselho Federal de Psicologia e viabilizado pelo gerenciamento do Conselho Regional de Psicologia -12ª região (SC); a disponibilidade dos recursos materiais do Programa de PósGraduação em Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina, possibilitando realizar as operações necessárias à feitura da Revista; o incentivo e a colaboração de nossos editores regionais e de nosso conselho editorial; e nossos auxiliares de edição, Dianne Françoise Wruck e Cristiano de Andrade Carneiro, testemunhas de todo labor para trazer este trabalho à luz.

Cinco artigos e duas resenhas, escolhidos conforme os critérios de publicação da rPOT, permitiram a longa elaboração deste primeiro número. O artigo de Antônio Virgilio B. Bastos e Fabíola Marinho Costa, descreve um estudo, conduzido em duas organizações de distintos segmentos industriais, que utiliza duas estratégias metodológicas para analisar os vínculos de trabalhadores frente a três focos: organização, sindicato e carreira. A seguir, Livia de Oliveira Borges analisa crenças no trabalho, objetivando diagnosticar os sistemas mais valorizados por dirigentes de empresas e acadêmicos (professores, gestores e profissionais de nível superior) no Brasil. Arménio Rego tem como objetivo fornecer material empírico que permita medir a congruência pessoa-organização, no domínio dos climas éticos, satisfazendo critérios de comensurabilidade para as duas entidades do binômio pessoa-organização. Neus Roca-Cortés analisa um tipo de inovação profissional, em três fases denominadas recriadora, auto-iniciada e fundamental, em 22 departamentos sob inovações, cada uma dentro de alguma das três fases do processo e a partir das variáveis nível de grupalidade e qualidades grupais inovadoras. Maria das Graças Torres da Paz, Ana Magnólia Bezerra Mendes e lannis Gabriel investigam as relações entre as configurações de poder organizacional - autocracia, missionária, instrumento partidário, sistema fechado e meritocracia - e os estilos de caráter narcisista, obsessivo, coletivista, individualista heróico e cívico. As duas resenhas que encerram o número tratam, a primeira, de um livro de Christophe Dejours, da participação e consentimento das pessoas em relação ao que o autor considera formas de exclusão e injustiças sociais praticadas em nome do modo de produção da sociedade contemporânea; a segunda, de um livro de José Carlos Zanelli, cuja preocupação central é a análise da formação e das atividades profissionais do psicólogo nas organizações de trabalho.

Todos que se alegram com esta edição inaugural, tenho certeza, esperam uma ampla difusão da Revista. Divulguen-na entre seus colegas e demais possíveis interessados.

José Carlos Zanelli
Editor Geral