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Neuropsicologia Latinoamericana

versão On-line ISSN 2075-9479

Resumo

FERRE, Perrine et al. Perfis clínicos de déficits comunicativos após acidente vascular cerebral de hemisfério direito: clusters transculturais. Neuropsicologia Latinoamericana [online]. 2009, vol.1, n.1, pp.32-40. ISSN 2075-9479.

Após mais de um século de obscuridade, atualmente é aceito que uma lesão de hemisfério direito pode acarretar distúrbios da comunicação. Aproximadamente 50% dos indivíduos com lesão de hemisfério direito apresentam alterações dos componentes comunicativos verbais prosódico, discursivo, pragmático e/ ou léxico-semântico. Tais aspectos da comunicação têm sido descritos de modo isolado na literatura, sendo que nenhum estudo tem se dedicado à busca da coexistência de certos padrões no mesmo indivíduo. Assim como a taxonomia das afasias associada à lesão de hemisfério esquerdo, a descrição de padrões comunicativos após uma lesão de hemisfério direito auxiliará a identificar dificuldades e a permitir uma intervenção clínica adequada na fonoaudiologia. A amostra foi composta por 71 adultos com lesão de hemisfério direito de três nacionalidades (canadenses, brasileiros, argentinos), com características clínicas e sociodemográficas controladas. Os participantes foram examinados por meio dos 14 subtestes lingüísticos do Protocole MEC. Uma análise de clusters hierárquicos identificou cinco distintos perfis de déficits comunicativos. O primeiro grupo apresenta dificuldades comunicativas múltiplas e severas, o segundo, predominantemente déficits conversacionais, o terceiro, dificuldades semânticas e pragmáticas, o quarto, déficits semânticos e prosódicos, enquanto o quinto grupo não possui distúrbios significativos. Estes perfis parecem ser parcialmente influenciados por certas variáveis clínicas (tipo de lesão) e demográficas (idade), mas pouco relacionadas à cultura, sugerindo a existência de perfis translingüísticos. Este estudo em desenvolvimento propõe uma taxonomia inicial dos transtornos comunicativos de indivíduos com lesão de hemisfério direito. A continuação desta investigação e a exploração de locais de lesão e de déficits neuropsicológicos subjacentes contribuirão para uma melhor intervenção neuropsicológica e fonoaudiológica para esta população.

Palavras-chave : Hemisfério direito; Comunicação; Doença cerebrovascular; Perfis; Avaliação.

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