EDITORIAL

Durante os últimos meses, temos assistido a uma expansão e disseminação eletrônica de artigos científicos como nunca visto antes. Acredito que, assim como tantos outros editores, tenho exercido meu papel em tempos muito diferentes: tempos em que a revista era impressa e o tempo em que a revista assumiu a editoração eletrônica. E com essas mudanças, cresceram meus receios e dúvidas diante desta nova contingência de produção de nossa publicação. Sempre vinham à mente dúvidas sobre a aceitação da revista por parte dos articulistas que nos confiam seus trabalhos.

Com o passar desse breve tempo, acalmaram-se essas dúvidas, pois nossa revista foi disponibilizada eletronicamente com os mesmos critérios de avaliação por pares, assim como manteve rigorosamente os quesitos de editoração contidos nas normas da publicação.

Nunca antes tinha me disposto a dividir esses receios e temores com os colegas que consultam nossa publicação, mas creio estar no direito de expor essas preocupações porque compartilhamos mudanças semelhantes muito gratificantes no mundo todo.

Uma dessas mudanças diz respeito àquela boa notícia que sempre ouvimos com extrema satisfação: ampliação do acesso gratuito e irrestrito a diversos periódicos de altíssima qualidade científica. Para poder acreditar nessa boa notícia temos de comprovar este acesso. E o mesmo só acontece mediante a publicação em formato eletrônico. Vários exemplos desses acessos encontramos nos recém-lançados Open Access Central, no Reino Unido, na expansão da cobertura da Coleção SciELO e da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e, mais especificamente, em uma coleção organizada preferencialmente para revistas científicas em Psicologia que, em uma parceria entre a Biblioteca Virtual em Saúde–Psicologia (BVS-Psi) e a Associação Brasileira de Editores Científicos de Psicologia (ABECiP), deu origem ao PePSIC, Periódicos Eletrônicos em Psicologia. Já em setembro do presente ano, o portal PePSIC, por exemplo, contava na sua base de dados com 30 títulos diferentes de revistas na área de Psicologia, totalizando 90 fascículos.

Dentro de todas essas iniciativas bem contextualizadas, estamos divulgando para a comunidade científica nosso último fascículo correspondente a 2006, destacando que finalizamos o ano com uma editoração eletrônica completa da revista.

O primeiro artigo trata de um estudo de validação da versão portuguesa das escalas de táticas de conflito revisadas e pertence a Alexandra e Figueiredo. Um outro trabalho de Macedo, Capovilla, Duduchi, D’Antino e Firmo apresenta uma pesquisa em que se avalia a linguagem receptiva a partir do teste de vocabulário por imagens peabody, na versão tradicional e na versão computadorizada. Seguidamente Raghavan publica um estudo sobre valores como competências interculturais comparando grupos de mulheres asiáticas-americanas e européias-americanas. Uma pesquisa de Rey estuda a forma como o conceito de representação social influencia os processos de subjetivação da doença em pessoas com câncer e hipertensão. Bazhuni e Sant’Anna apresentam relato de caso clínico em que se explora, por meio da expressão no jogo de areia, a experiência psíquica de um paciente cardíaco internado em processo de amputação do membro inferior. Meneghello, Pereira e Silvares publicam um trabalho sobre a eficácia em longo prazo do tratamento comportamental com o uso de alarme para enurese noturna em crianças e adolescentes. Finalmente dois artigos de revisão teórica encerram o fascículo: um trabalho pertence a Ribeiro e Neves, no qual se discutem as possibilidades de encontro entre a educação e a Psicanálise, e o outro, de autoria de Fonte, sobre o uso da narrativa no contexto da Psicologia como processo de construção de significados. Por último, Oliveira propõe uma resenha bibliográfica sobre o livro de Carpigiani Psicologia: das raízes aos movimentos contemporâneos.

Mais um ano chega ao fim e a publicação deste fascículo é o momento oportuno que nos permite agradecer a todos os membros do Conselho Editorial/Científico, aos membros da Comissão Editorial, à secretaria da revista, às coordenações do Curso de Psicologia e da Pós-Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento e, principalmente, aos articulistas que publicam e àqueles que nos enviam trabalhos, o esforço dispensado na leitura, análise, revisão e reformulação de cada um dos artigos que são publicados.

Como é mister, desejamos a você, caro leitor, uma prazerosa leitura de cada um dos artigos do fascículo, e lhe convidamos a produzir trabalhos científicos que mostrem uma Psicologia que ouve a crítica e cujo rumo é o desenvolvimento.

Finalizamos desejando a todos um Feliz 2007.

Maria Cristina Triguero Veloz Teixeira
Editora Acadêmica