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Psicologia: teoria e prática
versão impressa ISSN 1516-3687
Psicol. teor. prat. vol.19 no.3 São Paulo dez. 2017
EDITORIAL
Alessandra Gotuzo Seabra
Editora
Prezados leitores, a revista Psicologia: Teoria e Prática publica o terceiro número de 2017. Com artigos nas cinco seções de revista, apresentamos produções nacionais e internacionais, contemplando a diversidade geográfica e temática da Psicologia. Classificada no extrato A2 na área da Psicologia, na avaliação Qualis realizada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), referente ao quadriênio 2013-2016, a revista Psicologia: Teoria e Prática continua avançando rumo à internacionalização, com a publicação bilíngue de grande parte dos artigos. Apresenta-se, portanto, como instrumento importante de divulgação científica na área.
No presente número, a seção de Psicologia Clínica apresenta quatro artigos. Em "Rastreio de alterações cognitivas em crianças com TEA: estudo piloto", as autoras Letícia S. Tomazoli, Thaís H. F. Santos, Cibelle A. H. Amato, Fernanda D. M. Fernandes e Daniela R. Molini-Avejonas, da Universidade de São Paulo e Universidade Presbiteriana Mackenzie verificaram a eficácia do Ages & Stages Questionnaires (ASQ) para rastrear alterações cognitivas em crianças com TEA. O questionário mostrou-se eficaz para identificar crianças com comprometimento cognitivo. O artigo contribui, portanto, para disponibilizar informações psicométricas acerca de um importante instrumento para o estudo do TEA.
No segundo artigo, "Intervenção cognitivo-comportamental em grupo para ansiedade: avaliação de resultados na atenção primária", Keila M. Pedrosa, Gleiber Couto e Roselma Luchesse, do Centro de Ensino Superior de Catalão, da Universidade Federal de Goiás e da Universidade de São Paulo, avaliaram a efetividade de um grupo terapêutico, fundamentado na Terapia Cognitivo-Comportamental e no atendimento a mulheres com transtorno de ansiedade. Após a intervenção, observou-se mudança positiva confiável na maioria das participantes, sugerindo que a intervenção terapêutica, baseada na abordagem da TCCG, pode ser uma ferramenta útil no contexto da atenção à saúde mental na atenção primária.
As autoras Maíra B. Sei e Isabel C. Gomes, da Universidade de São Paulo, no artigo "Caracterização da clientela que busca a psicoterapia psicanalítica de casais e famílias", estudaram a clientela que buscou a psicoterapia psicanalítica de casal e família em um serviço-escola de Psicologia. Os resultados descreveram as características específicas da amostra, em termos de composição familiar, renda, religião, busca por outros tratamentos médicos, via de encaminhamento e queixas apresentadas pelos casais e famílias. Diante da escassez de serviços e de pesquisas relativas à psicoterapia de casais e famílias no Brasil, a compreensão das características do público que a busca é relevante e pode contribuir para o aprimoramento de serviços desse tipo.
No quarto artigo da seção de Psicologia Clínica, "Adaptação transcultural do programa 'Everybody's Different' para a promoção da autoestima em adolescentes: processo de tradução para português do Brasil", Gabriela S. X. Moreira, Carmem B. Neufeld e Sebastião S. Almeida, da Universidade de São Paulo, realizaram a adaptação transcultural do programa "Everybody's Different" para o Brasil, visando a sua aplicação em adolescentes com idades entre 10 a 14 anos, de modo a promover a autoestima e a aquisição de uma imagem corporal positiva. O artigo descreve os passos seguidos, conforme recomendações internacionais para a adaptação de instrumentos. Como resultado, o programa "Todos São Diferentes" encontra-se disponível para ser avaliado e aplicado na população brasileira.
A seção de Psicologia Social traz o artigo intitulado "Participação social e subjetividade: vivências juvenis em uma comunidade vulnerável". De autoria de Danilo M. Anhas e Carlos R. C. Silva, da Universidade Federal de São Paulo, o artigo objetivou analisar a influência dos fatores psicossociais na construção e no fortalecimento de processos de participação social entre jovens moradores da Vila dos Pescadores, em Cubatão, SP. Os resultados apontam as dificuldades dos jovens em viver em uma comunidade de alta vulnerabilidade, mas revela também as estratégias de enfrentamento usadas.
Cinco artigos compõem a seção de Avaliação Psicológica. Em "Evidências de validade para uma medida de estilos de aprendizagem", Katya L. Oliveira, Acácia A. A. Santos e Fabio A. P. Scacchetti, da Universidade Estadual de Londrina, da Universidade São Francisco e da Universidade Tecnológica Federal do Paraná buscaram evidências de validade para uma escala de estilos de aprendizagem. A análise fatorial sugeriu estrutura de três fatores: condições pessoais e da atividade, ambientais e sociais. Os estudantes avaliados mostraram-se mais orientados pelos estilos de condições pessoais e condições da atividade. O estudo contribuiu, portanto, para a compreensão das características da escala, relevante para possibilitar identificação dos estilos de aprendizagem dos estudantes.
Em "Avaliação psicológica de jogadores de videogame, tabuleiro e live: personalidade, raciocínio e percepção emocional", Fabiano K. Miguel, Lucas F. Carvalho e Thainã E. S. Dionísio, da Universidade Estadual de Londrina e da Universidade São Francisco, investigaram a relação entre preferência por jogos e características psicológicas, a saber: raciocínio abstrato e verbal, percepção de emoções e traços patológicos de personalidade. Houve correlações significativas entre diversas medidas. A importância atribuída a ser um usuário de jogos foi predita, de forma geral, por três traços da personalidade: Grandiosidade, Evitação a críticas e Impulsividade. Houve tendências de associação entre características psicológicas e preferência por jogos. Os autores concluem que parece existir um perfil de pessoas com alta tendência para o ato de jogar, resultado relevante para pesquisas futuras.
No terceiro artigo da seção, intitulado "Processo inicial de alfabetização: influência da consciência fonêmica e método de ensino", as autoras Dalva M. A. Godoy, Ângela M. Pinheiro e Sylvia A. C. Defior, da Universidade do Estado de Santa Catarina, da Universidade Federal de Minas Gerais e da Universidad de Granada, investigaram a importância de dois métodos de alfabetização para a aprendizagem da leitura e da escrita e para o desenvolvimento da consciência fonêmica. Os resultados revelaram que a consciência fonêmica foi um forte preditor da leitura e da escrita. Verificou-se ainda que a habilidade de leitura de palavras foi alcançada rapidamente nos dois métodos, porém a aprendizagem da escrita foi influenciada positivamente pelo método fônico.
O artigo "Conhecimento e autoeficácia de memória em adultos: relações com indicadores socioeducacionais", das autoras Camila S. Miná, Maxciel Zortea, Jaqueline C. Rodrigues e Jerusa F. Salles, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, comparou o Conhecimento e a Autoeficácia de memória (Metamemória) em dois grupos de escolaridade, bem como investigou a relação da metamemória com nível socioeconômico, frequência de hábitos de leitura e de escrita. Adultos com Ensino Superior completo relataram maior percepção de controle, maiores conhecimento e uso de estratégias de memória em comparação com o outro grupo. Quanto maiores o nível socioeconômico e a frequência de hábitos de leitura e escrita, tanto maior tendeu a ser o conhecimento de estratégias de memória e o controle das habilidades mnemônicas. Os resultados trazem importantes implicações acerca das atividades intelectuais de adultos.
O quinto artigo da seção de Avaliação Psicológica, "Indicadores emocionais no Desenho da Figura Humana: investigando evidências de validade", é de autoria de Ingrid P. Comparini, Solange M. Wechsler e Wagner L. Machado, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. No estudo, os autores investigaram evidências de validade por critério externo para o DFH enquanto instrumento de avaliação emocional de crianças. De acordo com os resultados, não foi observada validade do DFH como medida de problemas emocionais, tomando como critério externo o Youth-Self Report (YSR), sugerindo a necessidade de mais estudos sobre o tema.
Na seção de Desenvolvimento Humano, dois artigos são apresentados. Os autores Bruno S. F. Oliveira e Francis R. R. Justi, da Universidade Federal de Juiz de Fora, redigiram o artigo "A contribuição da consciência morfológica para a leitura no português brasileiro". Conforme as análises de regressão hierárquica realizadas, a consciência morfológica contribuiu para a leitura no 4º e 5º anos, enquanto a consciência fonológica contribuiu em todos os anos. Os autores reiteram a importância da estimulação das consciências morfológica e fonológica durante a alfabetização.
Em "Descrição cronológica das manifestações amorosas de adolescentes do sul do Brasil", Bárbara Barth, Adriana Wagner e Daniela C. Levandowski, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, objetivaram identificar uma possível cronologia acerca da idade de início das diversas manifestações amorosas de adolescentes. As autoras verificaram que, em média, aos 10-11 anos de idade, houve início do interesse romântico e, aos 14-15 anos, ocorreu a efetivação de um relacionamento amoroso, com diferenças significativas nas idades de início conforme o sexo. Discute-se a importância de compreender as manifestações amorosas de adolescentes e a necessidade de ampliar os estudos incluindo análises qualitativas e a perspectiva de outros sujeitos.
A seção Psicologia e Educação apresenta o artigo "Impacto das ações formativas no uso de tecnologias nas práticas docentes", redigido por Lucicleide A. S. Alves, Benedito R. Santos e Lêda G. Freitas, Universidade Federal de Juiz de Fora. Os autores fizeram uma revisão sistemática sobre o impacto, os efeitos e os desafios das ações de formação docente no uso de tecnologias. A revisão revelou resultados limitados de tais ações, com lacunas referentes ao uso da tecnologia no âmbito pedagógico. Os autores sugerem a necessidade de mais estudos e de outras ações que fomentem o uso efetivo das tecnologias de informação e comunicação por parte de professores.
Agradecemos autores, pareceristas, editores de seção e demais envolvidos no processo editorial e desejamos que todos tenham uma agradável e proveitosa leitura!