EDITORIAL

Boletim de Psicologia 60 anos!

Em continuação à comemoração dos 60 anos do Boletim de Psicologia, neste número estão sendo publicados os índices relativos aos últimos 10 anos de existência deste periódico científico, abrangendo de 1999 a 2010, completando os índices publicados no número 111, comemorativo do cinqüentenário.

Nos últimos 10 anos muita coisa mudou no cenário dos periódicos brasileiros, tendo aumentado consideravelmente o número de títulos editados, bem como ocorreu uma modificação na qualidade dos mesmos, tendo em vista a criação de critérios de avaliação propostos pela CAPES/ANPEPP. Esses critérios levaram a uma hierarquização das publicações com o objetivo de avaliar a qualidade dos programas de Pós-Graduação, o que conseqüentemente causou a valorização de algumas publicações, que se tornaram mais procuradas e uma desvalorização das demais, tal fato provavelmente causou a extinção de alguns periódicos. Esses critérios sofreram várias modificações até chegarem ao momento atual, em que o que é considerado como critério principal é a sua indexação em bases de dados internacionais. Na última classificação realizada foram incluídos inúmeros periódicos internacionais, nos quais havia publicações de docentes e alunos da Pós-Graduação e que acarretou uma desvalorização ainda maior dos periódicos nacionais. Assim nas categorias mais altas, A1 e A2 pouquíssimos periódicos brasileiros foram incluídos. Nessa última avaliação o Boletim de Psicologia foi classificado como B2 e estão sendo realizados esforços para melhorar essa classificação com a tentativa de obter novas indexações.

Entre as exigências feitas aos periódicos nacionais nas avaliações da CAPES está a necessidade de publicar o periódico online com acesso gratuito, quando quase todos os periódicos internacionais só permitem o acesso online mediante pagamento, o que torna a situação muito desfavorável para os nacionais. Na verdade é sabido que o Portal de Periódicos da CAPES paga uma “fortuna” aos periódicos internacionais, para que eles possam ser acessados gratuitamente pelos pesquisadores brasileiros, mas tem uma política totalmente diferente para os nacionais, que devem arcar com os custos das suas publicações online e impressa. Esta política perversa traz dificuldades financeiras ainda maiores para os periódicos nacionais, principalmente pelos mantidos e publicados por associações científicas, cuja principal, e muitas vezes única, fonte de renda é o pagamento das anuidades pelos associados ou assinatura por bibliotecas das universidades. Devendo ser lembrado que a grande maioria das universidades não concorda em assinar uma publicação que existe disponível online gratuitamente, o que torna a situação insustentável para a manutenção de excelentes periódicos atualmente em circulação.

Por essa razão, estamos comemorando os 60 anos de sobrevivência do Boletim de Psicologia, mas ao mesmo tempo estamos muito pouco confiantes que seja possível continuar a sua publicação, pois ainda que haja a possibilidade de obter verbas de agências de fomento, elas são escassas e criam dificuldades cada vez maiores para a solicitação de auxílios. Isto pode ser visto pelo Edital do CNPQ de 2009 para auxílio aos periódicos, que exigiu que o editor tivesse bolsa de produtividade do CNPQ para poder concorrer ao mesmo.

Apesar das dificuldades e deste desabafo, desejamos a todos uma ótima leitura e vamos torcer para que o Boletim de Psicologia possa sobreviver mais 10 anos.

IRAI CRISTINA BOCCATO ALVES
PAULO FRANCISCO DE CASTRO
Editores