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Interamerican Journal of Psychology
versão impressa ISSN 0034-9690
Interam. j. psychol. v.43 n.1 Porto Alegre abr. 2009
Um estudo sobre o desenvolvimento da gratidão na infância
A study about the development of gratitude in childhood
Lia Beatriz de Lucca Freitas1, 2; Paula Grazziotin Silveira; Maria Adélia Minghelli Pieta
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil
Resumo
O objetivo deste estudo é identificar se há um desenvolvimento do sentimento de gratidão na infância. Além disso, investiga-se a influência do tipo de benfeitor (adulto ou criança) nas respostas dos participantes. Os participantes foram 12 crianças, igualmente distribuídas em três grupos etários (5-6, 7-8 e 11-12 anos) e por sexo. Utilizaram-se seis histórias sobre situações hipotéticas, três com um benfeitor criança e três com um benfeitor adulto. Após cada história, realizou-se uma entrevista clínica com a criança. Os resultados sugerem diferenças significativas entre os grupos etários quanto a: (a) os tipos de sentimento positivo atribuídos ao beneficiário da ação e (b) o tipo de relação estabelecida entre a satisfação experienciada pelo beneficiário e o benfeitor. Todavia, não se encontraram diferenças significativas quando se compararam dois tipos de benfeitor (criança versus adulto). Os dados encontrados, discutidos à luz da literatura, sugerem novas questões de pesquisa.
Palavras-chave: Desenvolvimento; Sentimentos; Gratidão.
ABSTRACT
The goal of this study is to assess the development of the feeling of gratitude during childhood. In addition, the influence of the kind of benefactor (adult or child) was investigated. The participants were 12 children, distributed equally across three age groups (5-6, 7-8, and 11-12 years) and by sex. The study used six stories about hypothetical situations, three with a child benefactor and three with an adult benefactor. Following each story, a clinical interview was conducted with each child. The results suggest significant differences among the age groups in terms of: (a) the types of positive feeling attributed to the beneficiary of the action and (b) the types of relation established between the satisfaction felt by the beneficiary and the benefactor. However, no significant differences were found when comparing the two types of benefactor (child versus adult). These results, discussed in light of the literature, suggest new research questions.
Keywords: Development; Feelings; Gratitude.
A gratidão é valorizada na maioria das culturas, visto que pode criar ou fortalecer vínculos sociais. A ingratidão, pelo contrário, é considerada uma falha moral. O não reconhecimento adequado de uma benesse recebida por um indivíduo gera indignação nas pessoas e resulta, geralmente, em desaprovação ou até mesmo exclusão social daquele que é considerado ingrato. Adam Smith (1759/2002) acreditava que a gratidão seria um dos principais motivadores da benevolência, sendo, portanto, um importante sentimento para manter a estabilidade de uma sociedade fundada na boa vontade. Para o filósofo, esse tipo de sociedade seria mais atrativo do que aquela baseada apenas em relações utilitárias. Vários autores contemporâneos têm apontado o fato de que a gratidão pode não apenas construir vínculos sociais, mas também contribuir para promover o bem-estar e melhorar a qualidade de vida das pessoas que a experienciam (Andersson, Giacalone, & Jurkiewicz, 2007; Emmons & Crumpler, 2000; Emmons & McCullough, 2003; Fredrickson, 2001, 2004; Mengarda, 2002; Paludo & Koller, 2006; Seligman & Csikszentmihalyi, 2000).
Segundo Komter (2004), "uma teoria da gratidão deveria integrar suas dimensões psicológica, moral, social e cultural" (p. 208). Na psicologia, porém, a gratidão tem sido menos estudada que outros sentimentos considerados importantes à moralidade (McCullough, Emmons, Kilpatrick, & Larson, 2001). Um pequeno número de pesquisas foi realizado sobre as relações entre gratidão, ingratidão e moralidade (Shelton, 2004). Estudos realizados com crianças também são raros. Embora pesquisas indiquem que as crianças são capazes não apenas de expressar, mas também de entender a gratidão (Baumgarten-Tramer, 1938; Becker & Smenner, 1986; Gleason & Weintraub, 1976; Graham, 1988; Graham & Barker, 1990; Harris, Olthof, Meerum Terwogt, & Hardman, 1987; Russell & Paris, 1994), ainda não foi definido em que idade isso ocorre. Tampouco está claro, na literatura, se há mudanças nas formas de expressão, de compreensão e de vivência da gratidão, ao longo da infância.
Embora se observe um crescente interesse dos pesquisadores pelo tema, há poucas pesquisas sobre a gratidão na infância. Em uma busca realizada no banco de dados PsycInfo, encontraram-se 88 artigos utilizando-se o descritor gratitude, no período compreendido entre 2000 e 2007. Desses, apenas um relatava uma pesquisa realizada com crianças. No Brasil, realizou-se a mesma busca nos bancos de dados da Scielo e da Biblioteca Virtual de Saúde em Psicologia (BVS-PSI) e nenhuma referência foi encontrada (descritores utilizados: gratitude, gratefulness, thankfulness, gratidão). Considerando que "o estudo da criança nos permite conhecer não apenas as características dos seres humanos de uma determinada idade, como também todo o processo pelo qual se chega a ser adulto" (Delval, 2002, p. 34), acredita-se que pesquisas sobre o desenvolvimento da gratidão na infância possam contribuir significativamente na construção de uma teoria da gratidão.
O Sentimento de Gratidão
O fenômeno da gratidão encontra-se presente em vários contextos pessoais e sociais. Fala-se de gratidão não apenas entre indivíduos, mas também entre nações. Na literatura sobre o assunto, não existe consenso entre os pesquisadores sobre em que consiste a gratidão. Ela tem sido concebida de diversas maneiras nos estudos científicos da psicologia: afeto moral (McCullough et al., 2001), emoção positiva (Fredrickson, 2001, 2004), sentimento interindividual (Baumgarten-Tramer, 1938), traço afetivo (McCullough, Emmons, & Tsang, 2002), virtude moral (La Taille, 2000, 2001). Neste estudo, enfoca-se a gratidão no contexto de serviços prestados e recebidos, sendo considerada como um sentimento interindividual, ou seja, forjado na relação com o outro (Freitas, 1999).
A gratidão foi descrita como um sentimento reativo (Baumgarten-Tramer, 1938) ou retributivo (Westermarck, 1908/1928) de um indivíduo a uma ação generosa de outro. A capacidade de um indivíduo sentir satisfação ou um sentimento positivo, em função de uma ação benevolente de outrem, tem sido apontada como condição necessária à gratidão por autores de diferentes campos do conhecimento (Bonnie & de Waal, 2004; Klein, 1957/1991; Komter, 2004; Piaget, 1954). Para Bonnie e de Waal (2004), "embora um apreço aos favores recebidos seja um componente necessário da gratidão, a resposta emocional de sentir-se bem por si só não é suficiente" (p. 221-222). Esses autores acreditam que o papel da gratidão nas trocas recíprocas seria promover sentimentos positivos em relação ao benfeitor, o que levaria o beneficiário a buscar retribuir os serviços recebidos. Assim sendo, a gratidão necessitaria de algumas habilidades cognitivas sofisticadas, tais como o reconhecimento de indivíduos específicos e a capacidade de armazenar e de lembrar eventos prévios. Baseados em evidências empíricas de que alguns desses pré-requisitos se encontram também no comportamento de primatas não-humanos, Bonnie e de Waal (2004) propuseram um modelo para explicar os processos psicológicos implicados na gratidão. Quando um indivíduo recebe uma ação generosa de outro, esta ação dá origem a um bom sentimento. O beneficiário associa esse sentimento ao benfeitor. Além disso, ele reconhece os custos da ação e atribui boas intenções ao benfeitor (o beneficiário não sente gratidão por ações não intencionais). Em função disso, o beneficiário torna-se grato não apenas pela ação recebida, mas também ao próprio benfeitor. O beneficiário, então, sente uma dívida em relação ao benfeitor e uma obrigação de retribuir o favor. Finalmente, o beneficiário retorna o favor ao benfeitor e o ciclo continua, porque o benfeitor inicial (agora beneficiário) sente-se bem, etc.
Esse seria o ciclo completo da troca recíproca que conduziria ao sentimento de gratidão, o qual Bonnie e de Waal (2004) denominaram "Ciclo 3". Este ciclo, porém, nem sempre está presente em uma troca de serviços. Muitas vezes, a retribuição de um favor é realizada quase que automaticamente, sem que qualquer tipo de sentimento esteja envolvido ("Ciclo 1"). Outra possibilidade seria a de que um sentimento positivo seja despertado no beneficiário, sem que esse sentimento leve, contudo, a uma avaliação dos custos da ação para o benfeitor ou de suas intenções ("Ciclo 2"). Neste caso, pode-se gerar uma atitude positiva do beneficiário em relação ao benfeitor, mas não haveria uma valorização positiva do próprio benfeitor e, conseqüentemente, não surgiria o sentimento de obrigação de retribuir o favor.
No modelo proposto por Piaget (1965/1977) para explicar a troca social, encontra-se também a idéia de que, na gratidão, o beneficiário valoriza não apenas a ação do benfeitor, mas o próprio benfeitor. É dessa valorização positiva do próprio benfeitor que decorre o sentimento de uma dívida psicológica do beneficiário e uma obrigação de retribuir-lhe o favor. Segundo Chapman (1986), é essa dívida que transforma a transferência inicial de valor (do benfeitor ao beneficiário) em um ato de troca propriamente dito. Para Komter (2004), essa dívida psicológica seria o cerne moral (moral core) da gratidão.
Tanto Bonnie e de Waal (2004) quanto Piaget (1954, 1965/1977) inspiraram-se nas idéias de Westermarck (1908/1928), para quem a gratidão seria um sentimento retributivo benevolente, ao contrário do sentimento de vingança que, embora retributivo, derivaria do ressentimento. Solomon (2004) também vê na gratidão uma espécie de avesso da vingança: enquanto esta última foi caracterizada por Sócrates como a retribuição do mal com o mal, a gratidão seria uma retribuição do bem com o bem.
Neste estudo, parte-se da idéia de que o modelo de Bonnie e de Waal (2004) poderia não apenas explicar os comportamentos de ajuda mútua e reconhecimento que ocorrerem, com diferentes graus de complexidade, em diferentes espécies, mas também para descrever o desenvolvimento do sentimento de gratidão na infância. Neste caso, os ciclos mais elementares (Ciclos 1 e 2) seriam precursores do ciclo mais complexo (Ciclo 3), o qual explicaria a gratidão propriamente dita.
O desenvolvimento do sentimento de gratidão. Uma noção elementar de "eu" é um pré-requisito para que sentimentos interindividuais sejam possíveis (Freitas, 1999) e, portanto, para que um ser humano vivencie algum tipo de reconhecimento pela a ação de outrem (McAdams & Bauer, 2004; Piaget, 1954). O bebê evidentemente estabelece trocas afetivas com outras pessoas. No entanto, os afetos desaparecem quase imediatamente após o afastamento da pessoa que os causou. Ora, o reconhecimento, mesmo em suas formas mais elementares, requer a conservação da satisfação vivida no tempo. Assim, antes do aparecimento da função simbólica (Piaget, 1945/1994), não haveria as condições necessárias para esse reconhecimento.
Alguns estudos mostram que as crianças são capazes tanto de expressar gratidão quanto de compreender esse sentimento. Baumgarten-Tramer (1938) encontrou quatro maneiras de expressar gratidão entre crianças e jovens suíços de 7 a 15 anos. No que diz respeito à compreensão do sentimento de gratidão pelas crianças ainda não existe consenso entre os pesquisadores. Alguns autores acreditam que essa compreensão não ocorreria antes dos 7 anos de idade (por exemplo, Harris et al., 1987). Outros, porém, sugerem que desde os 4 anos as crianças têm alguma idéia sobre gratidão (Russell & Paris, 1994).
A relação entre o sentimento de gratidão e a intencionalidade da ação do benfeitor também parece desenvolver-se durante a infância. Antes dos 7-8 anos, as crianças tendem a levar em conta apenas o benefício recebido (Lourenço, 2003) e não a intenção do benfeitor (Graham, 1988; Graham & Barker, 1990).
Outro aspecto estudado foi o agradecimento por um presente recebido. Gleason e Weintraub (1976) constataram que poucas crianças (21%) com menos de 6 anos agradecem a um adulto que lhe deu uma bala, enquanto mais de 80% das crianças de 10 anos agradecem na mesma situação. Esse dado chama atenção, visto que, em geral, desde muito cedo, pais e professores incentivam as crianças a agradecer, quando recebem um presente ou algum tipo de ajuda. Becker e Smenner (1986) compararam o agradecimento a adultos e crianças e verificaram que crianças pré-escolares (entre 3½ anos e 4½ anos) agradecem mais um adulto que uma outra criança quando recebem um pequeno presente.
Embora devam ser considerados com cautela, uma vez que um agradecimento nem sempre expressa gratidão (Bonnie & de Waal, 2004), esses resultados são muito sugestivos. É verdade que muitas vezes agradecemos por uma questão de polidez e não porque nos sentimos genuinamente gratos. Todavia, segundo La Taille (2001), é através das regras de polidez que a criança pode começar a compreender certas virtudes: "o `obrigado' aponta para a gratidão" (p. 116). Komter (2004) sugeriu que a forma como a gratidão seria vivenciada nas relações assimétricas seria diferente da gratidão experienciada nas relações simétricas. Sabe-se que esses dois tipos de relação estão presentes no processo de socialização da criança e são muito importantes na construção da consciência moral (Piaget, 1965/1977, 1932/1992). As relações assimétricas de coação (por exemplo, criança adulto) e as relações simétricas de cooperação (entre pares) não apenas dão origem a diferentes tipos de valores (Youniss & Damon, 1992), mas também a diferentes formas de sentimentos morais: nas relações de coação, há respeito unilateral e obediência (o sentimento de dever é externo à consciência); na cooperação, o respeito é mútuo e há obrigação moral propriamente dita, ou seja, o dever é interno (Freitas, 2003).
Neste artigo, entende-se a gratidão como um sentimento interindividual (Freitas, 1999), mais especificamente, um sentimento reativo (Baumgarten-Tramer, 1938) de um indivíduo a uma ação generosa de outro. O objetivo deste estudo é identificar se há um desenvolvimento do sentimento de gratidão na infância. Além disso, investiga-se a influência do tipo de benfeitor (adulto ou criança) nas respostas dos participantes.
Método
Participantes
Neste estudo, participaram 12 crianças, igualmente distribuídas em três grupos etários: 5-6 anos, 7-8 anos e 11-12 anos. Em cada nível etário, havia igual número de meninas e meninos. As crianças foram selecionadas numa creche e numa escola públicas de Porto Alegre.
Material e Procedimentos
Foram realizadas entrevistas com as crianças a partir de situações hipotéticas. A observação do comportamento da criança seria difícil, pois seria neces-sário esperar que uma ação generosa ocorresse. Outra possibilidade seria criar uma situação, na qual, de fato, uma outra pessoa (adulto ou criança) daria alguma coisa ao participante e, então, observar a sua reação. Neste caso, seria necessário perguntar ao participante o que ele desejaria (ou necessitaria), visto que, na ação generosa, "dá-se a outrem, não o que lhe cabe de direito, mas sim o que corresponde a uma necessidade singular" (La Taille, 2006, p. 10). Em função disso, seria difícil padronizar uma situação que servisse para todos os participantes. Mesmo assim, seria necessário pedir à criança para falar sobre seus sentimentos.
As crianças foram entrevistadas individualmente em sua própria escola. Foram utilizadas seis histórias sobre situações hipotéticas vivenciadas por crianças no ambiente escolar ou familiar, nas quais uma personagem (benfeitor) prestou algum tipo de serviço a outra (beneficiário). Em três histórias, tanto a personagem benfeitora quanto a beneficiária eram crianças; nas outras três, o beneficiário era uma criança e o benfeitor um adulto. Cada história tinha duas versões, sendo as personagens crianças sempre do mesmo sexo do participante entrevistado. A ordem de apresentação das histórias foi sistematicamente modificada. As histórias enfocaram diferentes tipos de ação benevolente. Por exemplo:
Ricardo (Raquel)3 tinha que usar óculos e por isso os meninos de sua escola o chamavam de quatro-olhos. Um belo dia, a sua professora4 disse: "Ricardo (Raquel) usa óculos, porque é um menino muito inteligente". Nunca mais os meninos de sua escola o chamaram de quatro-olhos.
Uma vez que se constatasse que a história havia sido compreendida pela criança, realizava-se uma entrevista clínica, a partir de algumas perguntas básicas. Por exemplo: (a) Como Ricardo (Raquel) se sentiu? Por quê?; (b) Ele(a) sentiu mais alguma coisa?; (c) Ricardo (Raquel) sentiu alguma coisa pela professora? Por quê? Nas demais histórias, seguiu-se o mesmo roteiro, adequando-se as perguntas às personagens de cada história. As duas primeiras perguntas tinham por objetivo investigar que tipo de sentimento o participante atribuía à personagem beneficiária. A terceira pergunta visou investigar diretamente se o participante atribuía algum sentimento do beneficiário ao benfeitor, caso ainda não o tivesse feito em suas respostas anteriores. As perguntas de justificação buscaram investigar qual a relação estabelecida pela criança entre o sentimento do beneficiário e o benfeitor.
A partir da leitura das entrevistas, construíram-se duas categorias de análise: (a) tipos de sentimentos positivos atribuídos ao beneficiário e (b) relação entre sentimento positivo do beneficiário e benfeitor. Dois juízes independentes leram todos os protocolos e classificaram as respostas das crianças de acordo com essas categorias. Houve um elevado acordo entre os dois juízes quanto à codificação das respostas. A confiabilidade foi estimada pelo coeficiente Kappa: as medidas obtidas foram acima de 0,82, exceto em um caso, no qual foi de 0,66. Analisou-se a variação na freqüência das respostas, de acordo com as três faixas etárias estabelecidas (5-6 anos, 7-8 anos e 11-12 anos).
Resultados
Tipos de Sentimentos Positivos Atribuídos ao Beneficiário
A Tabela 1 apresenta a freqüência das respostas quanto ao tipo de sentimento positivo atribuído pelos participantes aos beneficiários das seis histórias, em função da faixa etária. As respostas das crianças foram classificadas em duas categorias: (a) sentimentos intra-individuais (feliz, alegre, bem, etc.) e (b) sentimentos interindividuais, sendo esta última subdividida em duas subcategorias: "gratidão" (grato, agradecido, reconhecido, etc.) e "outros" (ajudado, apoiado, etc.). Para fins de análise, considerou-se apenas a resposta de maior complexidade ou especificidade dada por cada participante. Por exemplo, se a criança disse que a personagem beneficiária se sentiu feliz e ajudada, classificamos sua resposta na categoria b sentimentos interindividuais, subcategoria "outros". Da mesma forma, se ela disse que o beneficiário se sentiu apoiado e grato, classificamos sua resposta na categoria b sentimentos interindividuais, subcategoria "gratidão".
A análise da Tabela 1 mostra que todos os participantes de 5-6 anos atribuíram um sentimento positivo intra-individual à personagem que recebeu a benesse. A gratidão, por outro lado, não foi mencionada. Este sentimento apareceu apenas entre os participantes de 7 anos ou mais, juntamente com outros sentimentos interindividuais. Os três grupos diferem claramente no padrão de suas respostas, χ2 (4) = 27.87, p < 0,001. Tanto o grupo das crianças de 7-8 anos, χ2 (2) = 13.26, p < 0,001, quanto o das crianças de 11-12 anos, χ2 (2) = 26.32, p < 0,001 diferiram significativamente do grupo das crianças pré-escolares. Os dois últimos grupos tendem a responder diferentemente, embora a diferença não seja significativa (χ2 (2) = 4.85, p < 0,09). Relações entre o Sentimento Positivo do Beneficiário e o Benfeitor
Analisou-se também a relação estabelecida pelos participantes entre o sentimento positivo atribuído ao beneficiário e o seu benfeitor (Tabela 2). Três subcategorias foram definidas: (a) sem relação o participante não estabeleceu qualquer relação entre o sentimento positivo atribuído ao beneficiário e o benfeitor; (b) com a ação o participante estabeleceu uma relação entre o sentimento positivo atribuído ao beneficiário e a ação do benfeitor e (c) com o benfeitor o participante estabeleceu uma relação entre o sentimento positivo atribuído ao beneficiário e o próprio benfeitor ou o sentimento atribuído ao beneficiário consistiu em uma valorização positiva do próprio benfeitor e não apenas de sua ação. Levou-se em conta apenas a resposta de maior complexidade dada por cada participante ao longo da entrevista. Por exemplo, uma menina disse que Raquel se sentiu "feliz". Quando questionada por quê, ela respondeu: "Porque as meninas nunca mais chamaram ela de quatro-olhos." Neste caso, sua resposta foi classificada na subcategoria a (sem relação). Uma outra menina disse que Raquel se sentiu "bem feliz, porque a professora dela ajudou ela". Neste caso, a menina estabeleceu uma relação entre o sentimento positivo do beneficiário ("bem feliz") e a ação do benfeitor. Assim, sua resposta foi classificada na subcategoria "com a ação". Um bom exemplo da subcategoria c foi a de um menino que disse: Ricardo sentiu "um afeto maior" pela professora.
O exame da Tabela 2 indica a existência de uma evolução das relações estabelecidas pelas crianças entre o sentimento do beneficiário e o benfeitor. A maioria das crianças pré-escolares não estabelece qualquer tipo de relação entre o sentimento positivo do beneficiário e o benfeitor. Pelo contrário, as crianças de 7-8 e, espe-cialmente, as de 11-12 anos estariam propensas a estabelecer algum tipo de relação entre o sentimento positivo do beneficiário e o benfeitor. A análise dos resultados indicou a existência de uma diferença significativa entre os três grupos, χ2 (4) = 31.43, p < 0,001. Observaram-se diferenças significativas entre as crianças pré-escolares e as de 11-12 anos, χ2 (2) = 30.59, p < 0,001. As crianças de 7-8 anos mais que as crianças pré-escolares relacionam o sentimento positivo do beneficiário com o benfeitor ou, principalmente, com a sua ação, χ2 (2) = 9.727, p < 0,008. Além disso, os dois últimos grupos também diferiram significativamente, χ2 (2) = 8.91, p < 0,05, sendo que as crianças de 11-12 anos mais que as de 7-8 anos estabelecem relação entre o sentimento positivo do beneficiário e a ação benevolente ou o próprio benfeitor. Benfeitor Criança Versus Benfeitor Adulto
Realizou-se a mesma forma de análise comparando-se as respostas dos participantes às histórias em que o beneficiário era uma criança e o benfeitor um adulto com as respostas àquelas em que tanto a personagem benfeitora quanto a beneficiária eram crianças.
A Tabela 3 apresenta a freqüência das respostas quanto ao tipo de sentimento positivo atribuído pelos participantes às personagens beneficiárias, em função da faixa etária e do tipo de benfeitor.
A análise dos resultados mostrou que não existe uma diferença significativa no tipo de sentimento positivo atribuído ao beneficiário, quando o benfeitor é um adulto ou uma criança, nos três grupos etários.
No que diz respeito às relações entre o sentimento do beneficiário e o benfeitor, pode-se observar, na Tabela 4, que as respostas dos participantes também não diferiram quando se compararam os dois tipos de benfeitor.
Discussão
Este artigo apresenta dados de uma pesquisa que visa investigar o desenvolvimento do sentimento de gratidão na infância. De modo mais específico, procurou-se saber se haveria diferenças no padrão de resposta das crianças de três grupos etários (5-6, 7-8 e 11-12 anos) quanto a dois aspectos: (a) tipos de sentimentos positivos atribuídos ao beneficiário e (b) relações estabelecidas entre o sentimento positivo do beneficiário e o benfeitor. Investigou-se ainda se haveria diferenças nas respostas dos participantes a situações em que um benfeitor adulto presta serviço a uma criança e àquelas nas quais tanto benfeitor como beneficiário são crianças.
A maioria dos participantes atribuiu um sentimento positivo à personagem beneficiária. Este resultado vai ao encontro da idéia de que uma ação benevolente gera satisfação, e a capacidade do beneficiário experienciar um bom sentimento é condição necessária à gratidão (Bonnie & de Waal, 2004; Klein, 1957/1991; Komter, 2004; Piaget, 1954). Os resultados da pesquisa indicam ainda uma diferença, ao longo da infância, entre os tipos de sentimento positivo atribuídos ao beneficiário: todas as crianças de 5-6 anos disseram que o beneficiário se sentiu feliz, alegre, bem (sentimentos intra-individuais), enquanto a partir dos 7 anos elas referiram-se também a sentimentos interindividuais: ajudado, apoiado, agradecido, grato. Mais estudos são necessários para se definir se isso ocorre apenas por que as crianças de 5-6 anos desconhecem as palavras (grato, agradecido, ajudado, apoiado) e seus respectivos significados ou se há outros fatores que contribuem para isso. Não está claro ainda, na literatura, a partir de que idade (em média) as crianças conhecem palavras, tais como: gratidão, grato, agradecido.
Os sentimentos negativos também apareceram nas respostas dos participantes. Esses sentimentos, porém, nunca apareceram isoladamente. Os sentimentos negativos foram sempre atribuídos ao beneficiário no início da história, isto é, antes, e nunca após, a ação generosa. Por exemplo, uma menina de 11 anos disse: "Eu acho que a Raquel, no começo, se sentiu muito mal. E, depois que a professora falou, explicou pros colegas dela, acho que ela se sentiu melhor por não ser mais chamada de quatro-olhos". Este resultado é relevante, uma vez que uma ação generosa nem sempre gera um sentimento positivo (Baumgarten-Tramer, 1938; McCullough et al., 2001).
Um participante não atribuiu qualquer tipo de sentimento ao beneficiário, em uma das histórias. Uma vez inquirido sobre como o beneficiário se sentiu, quando recebeu ajuda de um adulto (no caso, a professora), disse apenas: "Normal". Embora seja apenas uma única resposta, cabe lembrar que, muitas vezes, tomam-se como "naturais" ações benevolentes, especialmente quando estas são praticadas por pessoas próximas (Furth & Youniss, 2000; McCullough et al., 2001).
A relação estabelecida entre a satisfação vivenciada pelo beneficiário e o benfeitor parece ser um elemento fundamental da gratidão. O estabelecimento de tal relação seria condição necessária, embora não suficiente, para o surgimento desse sentimento. A gratidão implicaria uma valorização positiva do benfeitor e não apenas de sua ação generosa (Bonnie & de Waal, 2004; Piaget, 1965/1977). É dessa valorização positiva do próprio benfeitor que decorreria o reconhecimento do beneficiário de sua dívida psicológica e a conseqüente obrigação de retribuir o favor recebido. Adam Smith (1759/2002) já havia chamado atenção para essa especificidade da gratidão: "de todos os deveres da beneficência, os que a gratidão nos recomenda são os que mais se aproximam do que chamamos perfeita e completa obrigação" (p. 98). Fala-se de dívida de gratidão, mas não de caridade, de generosidade ou de amizade observou o filósofo.
Os resultados encontrados neste estudo indicam que existem diferenças significativas entre os três grupos etários quanto ao tipo de relação estabelecida entre a satisfação experienciada pelo beneficiário e o benfeitor.
Em mais de 80% das respostas das crianças de 5-6 anos não se verificou a associação entre o sentimento positivo do beneficiário seja com a ação benevolente seja com o benfeitor. Este resultado está de acordo com o fato anteriormente constatado de que, antes dos 7-8 anos, as crianças tendem a levar em conta apenas o benefício recebido (Lourenço, 2003). Esse tipo de resposta decresceu progressivamente com a idade: as crianças de 7-8 e, especialmente, as de 11-12 anos tendem a relacionar o sentimento positivo do beneficiário seja à ação benevolente seja ao próprio benfeitor. Em outras palavras, os resultados sugerem que o "Ciclo 3" proposto por Bonnie e de Waal (2004) caracterizaria, especialmente, as respostas encontradas entre as crianças de 11-12 anos. Antes disso, porém, um sentimento positivo seria despertado no beneficiário, sem que este estabeleça uma relação entre esse sentimento e a ação generosa ("Ciclo 2"). Os dados sugerem ainda que, antes de valorizar o próprio benfeitor, haveria um momento intermediário, no qual as crianças valorizariam a ação benevolente. A realização de novas pesquisas poderá mostrar se, de fato, existe esse momento intermediário, o qual não faz parte do modelo proposto por Bonnie e de Waal (2004).
Nesta pesquisa, não se investigou sistematicamente o sentimento de dívida do beneficiário em relação ao benfeitor. Assim, nada se pode dizer sobre a hipótese de que é da valorização positiva do próprio benfeitor que decorre o sentimento de uma dívida psicológica do beneficiário e uma obrigação de retribuir-lhe o favor (Bonnie & de Waal, 2004; Piaget, 1965/1977). Da mesma forma, nada se pode afirmar sobre o "Ciclo 1" (retribuição automática de um favor, sem o envolvimento de qualquer sentimento). Alguns participantes, porém, disseram que o beneficiário disse "obrigado" ao seu benfeitor. Observaram-se diferenças entre as justificativas das crianças dos diferentes grupos etários sobre o porquê disso. Por exemplo, um menino de 7 anos disse: "porque sempre quando a gente ganha alguma coisa ou ganha uma coisa emprestada tem que falar a palavrinha mágica: é obrigado, com licença, por favor". Um menino de 11 anos, porém, explicou: "agradecer por ela [professora] ter ajudado, tipo nas aulas ele ser um aluno bom, agradar ela quase todos os dias... fazendo coisas boas pra ela, ajudando ela". Em outras palavras, no primeiro caso, parece que dizer "obrigado" não envolve qualquer sentimento, porque o sentido dessa palavra, desde cedo ensinado por pais e professores, não foi ainda inteiramente compreendido; no segundo, parece ser uma forma de expressar gratidão pela ajuda recebida. Sugere-se que esses aspectos do modelo de Bonnie e de Waal (2004) sejam investigados em futuros estudos.
Não se verificaram diferenças significativas entre os três grupos etários, quando se compararam as respostas das crianças dadas às histórias em que o benfeitor era um adulto (familiar ou professora) e suas respostas às histórias em que tanto beneficiário quanto benfeitor eram crianças (amigo ou vizinho). Isso se deve, talvez, aos aspectos abordados nesta pesquisa. Não se investigou a expressão do sentimento de gratidão (Baumgarten-Tramer, 1938) ou o agradecimento (Becker & Smenner, 1986; Gleason & Weintraub, 1976), mas sim os sentimentos do beneficiário e os tipos de relação desses sentimentos com o benfeitor. O resultado encontrado por Gleason e Weintraub (1976) de que as crianças pré-escolares agradecem mais a um adulto que a uma criança pode ser talvez explicado pelo fato de que são os adultos que ensinam as crianças a agradecer. Piaget (1932/1992) constatou que as crianças, antes de entenderem realmente o sentido da proibição da mentira "a verdade é necessária porque enganar o outro suprime a confiança mútua" (p. 133) , acreditam que seja pior mentir para os adultos que para outras crianças, visto que são eles que impõem a proibição da mentira. Da mesma forma, pode-se pensar que, antes de compreender completamente o sentido do agradecimento (e os dados desta pesquisa indicam diferenças entre os grupos etários), as crianças agradeçam mais àqueles que lhes impõem essa norma de polidez (La Taille, 2001).
É importante salientar algumas limitações deste estudo. Em primeiro, deve-se referir ao pequeno número de participantes da amostra, o qual possibilita refinar questões de pesquisa mais que tirar conclusões. Em segundo lugar, cabe ressaltar que, através do tipo de instrumento utilizado, se obtém as representações que a criança tem e os juízos que ela faz. Desde Piaget (1932/1992) sabe-se que existe uma defasagem no tempo entre essas representações e juízos e aquilo que a criança pensa ou sente em situações vivenciadas por ela mesma. Todavia, o que as crianças dizem representa uma fase de desenvolvimento existente, embora possa já ter sido superada ou estar em vias de sê-lo (La Taille, 2002). Em terceiro lugar, há aspectos do modelo de Bonnie e de Waal (2004) que não foram abordados neste estudo. Mais pesquisas são necessárias para verificar se esse modelo pode descrever o desenvolvimento do sentimento de gratidão na infância.
Referências
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Received 15/12/2007
Accepted 08/08/2008
Lia Beatriz de Lucca Freitas. Doutora em Psicologia pela Universidade de São Paulo. Pós-Doutora pela University of North Carolina at Greensboro. Atualmente, é Professor Associado da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Paula Grazziotin Silveira. Psicóloga e mestre em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Doutoranda em Psicologia pela UFRGS.
Maria Adélia Minghelli Pieta. Mestranda em Psicologia pela UFRGS.
1 Endereço: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Instituto de Psicologia, Rua Ramiro Barcelos, 2600, Porto Alegre, RS, Brasil, CEP 90035-003. E-mail: lblf@ufrgs.br
2 Agradecemos às crianças que participaram deste estudo, bem como a todos os professores das instituições escolares que o tornaram possível. Gostaríamos também de agradecer a Marion O'Brien, Ben Hinnant, Jonathan Tudge (University of North Carolina at Greensboro, USA) e à psicóloga Claudia Cruz (Escola de Saúde Pública do Estado do Rio Grande do Sul) pelo auxílio recebido na criação e adaptação das histórias. Ao professor Jonathan Tudge, que nos auxiliou na análise estatística dos dados, somos especialmente gratas. Agradecemos a Fernanda Palhares e Tatiana Buchabqui Hoefelmann pela codificação dos dados. Agradecemos ainda pelo apoio financeiro recebido do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS) para a realização desta pesquisa.
3 O nome feminino entre parênteses foi empregado para entrevistar os participantes do sexo feminino.
4 Em uma outra história, foi uma criança, um(a) amigo(a), que atribuiu um valor positivo a uma característica pessoal que era motivo de escárnio.