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Estudos de Psicanálise

versão impressa ISSN 0100-3437versão On-line ISSN 2175-3482

Estud. psicanal.  no.55 Belo Horizonte jan./jun. 2021

 

PSICANÁLISE: CLÍNICA E TEORIA

 

Onde está Eros? Sobre inveja e superego invejoso1

 

Where is Eros? About envy and envious superego

 

 

Eliane Michelini MarracciniI, II; Luís Cláudio Figueiredo III, IV

I Instituto Sedes Sapientiae
II Associação Universitária de Pesquisa em Psicopatologia Fundamental
III Círculo Psicanalítico do Rio de Janeiro
IV Universidade Católica de São Paulo

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

A partir da noção de inveja primária, este trabalho examina a constituição e a ação do superego invejoso, noção pouco estudada desde sua apresentação por Melanie Klein em 1957. Na clínica psicanalítica são frequentes casos que suscitam a pergunta "Onde está Eros?", nos quais a pulsão de morte conduz à simples sobrevivência, sem realizações subjetivas e sem investimento libidinal nos objetos. Único laço forte com a não vida, o que produz extenso apagamento subjetivo. A inveja primária exacerbada promove a internalização dos restos do objeto primário atacado destrutivamente, deslancha a constituição de um ego frágil e um superego invejoso com força intensificada pelo predomínio da pulsão de morte. Com a ação dominadora que submete e tiraniza o ego, o superego invejoso destrói sorrateira e persistentemente as possibilidades de desenvolvimento egoico desde o início da vida mental. Uma submissão atravessada por intensos conflitos que encerram o sujeito no círculo vicioso da ameaça, da culpa, da autopunição e da impossibilidade de reparação.

Palavras-chave: Inveja primária, Superego invejoso, Círculo vicioso, Compulsão à repetição, Autopunição.


ABSTRACT

Based on the notion of primary envy, this paper aims to examine the constitution and action of the envious superego, a notion that has been little examined since its presentation by Melanie Klein in 1957. In the psychoanalytic clinic, there are frequent cases that raise the question "Where is Eros?", in which the death drive leads to simple survival, without subjective achievements and without libidinal investment in objects. The only strong bond being with non-life, producing extensive subjective erasure. The exacerbated primary envy promotes the internalization of the remains of the primary object destructively attacked, triggers the constitution of a fragile ego and an envious superego with strength intensified by the predominance of the death drive. Within a dominating action that subdues and tyrannizes the ego, the envious superego sneakily and persistently destroys the possibilities of ego development since the beginning of mental life. A submission crossed by intense conflicts, which enclose the subject in the vicious circle of threat, guilt, self-punishment and impossibility of reparation.

Keywords: Primary envy, Envious superego, Vicious circle, Compulsion to repeat, Self-punishment.


 

Em nossa experiência clínica têm se apresentado casos em que nos desafiam questões instigantes. Onde está Eros? Como esses pacientes têm conseguido existir desde sempre, como muitos reforçam, sem a circulação da pulsão de vida, que imprime sentido ao viver? O que esses pacientes teriam perdido ao longo da vida, ou nem teriam chegado a constituir, para essa sobrevivência sem pulsação libidinal?

Esses pacientes padecem de um sofrimento que é silencioso a maior parte do tempo, mas que pode promover fortes angústias e somatizações importantes. Uma vida frágil e desvitalizada, cronicidade de uma existência em que é destacada a resistência em estabelecer vínculos e renovar laços. O único laço forte que indica ser exatamente com a não vida. A vitalização defensivamente evitada para não haver modificação do " status quo " de morbidez e linearidade.

O tributo imposto é o apagamento subjetivo, a existência amorfa, encolhida e amedrontada com a vida. Seriam sujeitos sob o domínio da pulsão de morte, no sentido entendido por (FREUD, [1920] 1996), a inércia conduzindo silenciosamente o organismo para o fim?

O atendimento a esses pacientes tem nos remetido à nossa tese de doutorado ( Marraccini , 2007), em que aprofundamos a investigação clínica em torno de pacientes impossibilitados de elaboração de perda(s) sofrida(s), fator determinante para o deslanchar de ampla falência e ruir em sua vida.

Em continuidade às inquietações envolvendo a constituição psíquica e o desenvolvimento primitivo, emerge nosso interesse atual nos pacientes que "vivem na perda". Nunca tentaram um viver significativo nem ser vencedores na sua própria vida.

Objetivando conferir no funcionamento mental desses pacientes um comprometimento relativo à origem da vida mental e estruturação psíquica, decidimos investigar a conflitiva entre as instâncias psíquicas no interior do self e nas relações com os objetos internos. E a partir daí, as significativas repercussões na interação do sujeito com a realidade e os objetos externos, incluindo a relação analítica.

Fomos levados a supor que a predominância da pulsão de morte comprometia o desenvolvimento não apenas do ego mas também do superego e suas respectivas funções. Para Klein (1957), a pulsão de morte estaria ligada à destrutividade e à agressividade, e atacaria tanto o próprio sujeito quanto os objetos internos e externos, além de contaminar a realidade externa por meio de projeções e identificações projetivas.

Essa visão imprime outra perspectiva no sentido da pulsão de morte particularmente significativa na clínica desses pacientes, que vivem um inferno particular interno. Eles apresentam não propriamente uma renúncia à vida, mas uma impossibilidade conflitiva de se libertar para viver a vida a que teriam direito.

A retomada da teoria das relações objetais de Melanie Klein (1957) e dos autores que a sucederam foi a direção de nossa escuta do sofrimento desses pacientes, examinando as relações objetais fundantes com o objeto primário e investigando as ligações e disjunções na dinâmica intrapsíquica que promovem efeitos comprometedores na subjetividade.

Nessa direção, há especial sentido em considerar as questões da inveja primária, que ataca a habilidade de valorizar e apreciar a vida na sua origem, como apontou Caper (2020). E particularmente a ação nefasta do superego invejoso junto ao ego e suas funções, produzindo expressivos reflexos na relação analítica e obstáculos para o avanço do tratamento.

 

Sobre a inveja primária

A noção de inveja primária, inserida fundamentalmente no campo da destrutividade e com efeito desvinculador, é derivada da ação da pulsão de morte e se configura como a mais radical das suas manifestações, conforme Klein (1957) concebeu em seu trabalho inaugural Inveja e gratidão.

Apesar das controvérsias iniciais sobre a ênfase atribuída à base constitucional da inveja, com variações de intensidade em distintos sujeitos, a noção de inveja primária, complexa e multideterminada, foi plenamente incorporada no pensamento psicanalítico desde então.

A inveja primária se refere à relação dual, de características essencialmente narcísicas, entre o bebê e o seio, quando ambos ainda não estão plenamente diferenciados. O investimento libidinal prévio dirigido ao seio, compreende a ânsia do bebê por tentar restaurar em fantasia o ambiente pré-natal, com sentido de plenitude e como paradigma de satisfação absoluta, em que a união narcísica é um ideal.

Confere-se, portanto, o paradoxo que abriga a noção de inveja primária, com aspectos libidinais e destrutivos imbricados. As fantasias de ataques sádico-orais pretendem se apossar destrutivamente de todo o conteúdo idealizado do objeto seio, sua criatividade, enquanto os ataques sádico-uretrais e sádico-anais visam inoculá-lo de conteúdos destrutivos, buscando extinguir as qualidades disparadoras da inveja.

O bebê não consegue tolerar nem a separatividade, nem a dependência do bom que lhe é ofertado, pois a ferida narcísica pela frustração na experiência real com o objeto desvela sua incompletude e escancara sua falta.

Ao compreender que a fonte de vida está fora do eu, a criança reage com fúria narcísica. Essa fúria pode ser interpretada como a inveja na teoria de Klein. (CHUSTER; TRACHTENBERG, 2009, p. 57).

O surgimento da inveja só provocará danos extremos ao objeto primário caso seja exacerbada ou patológica, como alguns preferem denominar. A intensidade ampliada interfere substancialmente na acentuada cisão do objeto, obstaculizando a integração de seus aspectos bons e maus. Essa integração conduziria ao reconhecimento da realidade psíquica, ao sentimento de culpa em relação aos ataques e, consequentemente, à reparação dos danos cometidos em fantasia.

A inveja contribui para as dificuldades do bebê em construir um objeto bom, pois ele sente que a gratificação de que foi privado foi guardada, para uso próprio, pelo seio que o frustrou... A inveja é o sentimento raivoso de que outra pessoa possui e desfruta algo desejável – sendo o impulso invejoso o de tirar este algo ou de estragá-lo. (KLEIN, 1957, p. 212).

A inveja interfere na gratificação, perturba o desenvolvimento da capacidade de amar e, consequentemente, a gratidão, que não chegará a mitigar os impulsos destrutivos compreendidos na relação invejosa com o objeto primário.

A inveja traz uma emoção tão violenta que parece provocar o esvaziamento de quase toda a personalidade do bebê. Prossegue sua obra nefasta esvaziando ao extremo a parte projetada no seio. Por último, não sobra quase bebê algum para reintrojetar o terror sem nome. O objeto que retorna fica invejoso... é o resultado de uma dissecção e de um esvaziamento invejoso de tudo de bom que havia no bebê... devido à semelhança com o superego, afirma, incessantemente, sua superioridade, encontrando sempre alguma coisa para replicar. Parece odiar qualquer desenvolvimento novo na personalidade, como se essa eventualidade constituísse um novo rival. (BLÉANDONU, 1993, p. 168).

Nessa direção, consideramos a inveja, paradoxalmente, uma verdadeira "cilada" para o próprio sujeito invejoso. Em decorrência da perda da ilusão de união narcísica e dolorosa ferida impetrada, emergem poderosos impulsos sádicos, que atacam e visam destruir o bom do objeto, que é imprescindível para a efetiva e sólida constituição psíquica. Sem contar com o aporte do objeto bom para identificação e a consequente edificação de um eixo narcísico sólido, se constituirá um ego frágil e deficitário em suas funções, devido à incorporação de restos espoliados do bom objeto intensamente atacado pela inveja.

O ego que foi originariamente impulsionado a se defender, expelindo para dentro do objeto a poderosa perturbação da destrutividade que o invade, promove a cisão que, pela troca projetiva-introjetiva, inevitavelmente resultará na reintrojeção da própria destrutividade, impregnada nos restos do objeto que foi atacado. Resta, então, uma subjetividade comprometida, na qual deveriam prevalecer o amor e a gratidão ao objeto.

Em contraste com um ego especialmente frágil e pouco desenvolvido, se constituirá um superego impregnado de toda a força destruidora da inveja primária. O ego permanece submetido e penalizado pela força dominante e destruidora de um superego que inveja seu potencial de realização subjetiva.

Como se fosse a vingança internalizada do objeto que promove a destruição egoica, o self permanece impedido de evoluir pela ação dos restos do objeto atacado, que constituem o superego invejoso.

Nesse sentido, o ego se insere num círculo vicioso negativo de ameaça, culpa, necessidade de punição e impossibilidade de reparação, conforme Klein (1957) e diretamente estudado por Feldman (2020), destacando a desvalorização do self e os efeitos na relação analítica.

Por seu lado, Cintra e Figueiredo (2004, p. 130) enfatizam que

[...] a inveja excessiva impede a formação de elos associativos necessários à construção do pensar. É isso que torna a reflexão sobre a inveja tão interessante: o fato de que, sendo a manifestação por excelência da pulsão de morte, ela surja do próprio "ninho" de onde brota a pulsão de vida, com o objetivo de destruir Eros, a capacidade de associar e a de pensar.

Questões relevantes têm sido levantadas nos últimos anos a respeito da noção de inveja primária, em especial, o livro Revisitando "Inveja e gratidão". As organizadoras Priscilla  Roth  e Alessandra  Lemma (2020) reúnem autores que discutem aspectos importantes, como o momento do desenvolvimento, quando a inveja emergiria, quando predomina a indiferenciação entre sujeito e objeto ou quando a separatividade e a diferenciação já seriam vivenciadas pelo bebê, como ressaltou Britton.

Outro ponto é a relevância de fatores internos para o emergir da inveja exacerbada, contrapondo-se à experiência real com o objeto, de modo a constituir a personalidade atravessada pela inveja.

Fonagy e Erlich valorizam a constitucionalidade e os fatores internos, enquanto Brenman-Pick e O'Shaugnessy se detêm na complementaridade entre fatores internos e externos. Polmear privilegia a privação de continência afetiva do objeto primário e a possibilidade de a inveja da mãe contaminar o bebê. Como afeto que emerge na relação dual mãe-bebê, a inveja conteria o germe de uma triangularidade pré-genital, uma vez que o que fica retido pelo objeto eliciaria a fantasia inconsciente de estar destinado a um outro, geraria o ciúme como defesa contra a inveja.

Questões importantes como essas precisam ser examinadas e, em alguma medida, o serão neste trabalho, entretanto demandariam um espaço amplo para aprofundamento, o que não constitui aqui o escopo principal. Serão reservadas para futuro desenvolvimento.

 

Sobre o superego invejoso

Klein (1958) considerou que o ego é impulsionado pela pulsão de vida, que tem a função de defletir para o exterior a pulsão de morte, em sua luta contra a ameaça interna e a angústia de aniquilamento que coloca em risco a sobrevivência do sujeito.

Ao se defender da inundação dos impulsos destrutivos e da ansiedade persecutória, o ego lança mão da cisão, da deflexão e da projeção de parte desses impulsos para o exterior, fundamentalmente o objeto. O processo de introjeção, também a serviço da pulsão de vida, promove a introjeção do seio nutridor e assenta alicerces para todos os processos de internalização.

Essa relação objetal primitiva investe o seio com fantasias destrutivas constituindo o objeto mau originário com projeção de fantasias libidinais e o objeto bom originário. Como esses objetos polarizados serão reintrojetados, a pulsão de vida e a pulsão de morte, que haviam sido projetadas, vão operar novamente no interior do self.

Para Klein (1957), o núcleo do superego é o seio da mãe, tanto o bom quanto o mau, e fundamentalmente é a instância psíquica que traz em si as marcas do intersubjetivo, além de manter o psiquismo aberto à intersubjetividade, constituindo um mundo de objetos não assimilados ao Eu, que é resultante da internalização dos objetos primários que mantêm relações internas entre eles. (FIGUEIREDO, 2009).

Rosenfeld (1968) destacou que Klein (1946) é quem mais contribuiu para a compreensão das origens arcaicas do superego, considerando inclusive que o superego da latência proposto por Freud teria função defensiva contra as ansiedades do superego primitivo de características pré-genitais.

Na concepção de Klein (1946) sobre a posição esquizoparanoide, o caráter ameaçador do superego predomina com ação cruel e destrutiva, porque promove no ego intensa ansiedade persecutória e determina todos os processos do início da vida mental.

O desejo por um seio inesgotável e sempre presente inclui o desejo de que o objeto seio possa liquidar ou controlar os impulsos destrutivos originários da pulsão de morte. Nessa imago idealizada do seio, reside a fantasia de que ele proteja o objeto bom, salvaguardando o bebê contra ansiedades persecutórias, dominando a ameaça de aniquilamento e garantindo a sobrevivência do ego.

Em muitos pacientes esquizofrênicos crônicos e fronteiriços, os objetos idealizados e os objetos persecutórios têm algumas funções do superego, como enfatizou Rosenfeld (1991). Os objetos idealizados incrementam a severidade do superego pelas exigências rigorosas e impossíveis, muitas vezes sentidos como persecutórios e tornando difícil a diferenciação entre eles.

A noção de superego invejoso mencionada por Klein (1957) indica que ele é intrinsecamente relacionado à intensidade da força perniciosa da inveja primária dirigida ao seio e sua criatividade. A reintrojeção do objeto atacado constitui o superego invejoso, que interfere nas tentativas de reparação dos estragos ao objeto bom, pois expele sentimentos de perseguição, engendra sentimento de culpa e necessidade de punição. Ele encontra satisfação no incremento da desvalorização do eu e instaura um verdadeiro círculo vicioso que se retroalimenta, como reforçou Brenman-Pick (2020). A descrição desse círculo vicioso é uma das maiores contribuições de Klein, na opinião de Smith (2020).

Constituído primordialmente pela introjeção dos restos do objeto espoliado pela inveja, o superego invejoso permanecerá com suas funções fixadas e comprometidas pela primazia da pulsão de morte. Destaca-se, em especial, sua ação destrutiva junto ao ego: ele constitui uma dimensão patológica do superego persecutório, que se desenvolve originalmente na posição esquizoparanoide.

Bion (1988) destacou que o seio sofre mutilações nas fantasias sádicas do bebê. O paciente se sente aprisionado num estado mental do qual é incapaz de fugir, pois se ressente da falta do aparelho de percepção da realidade, que constituiria a chave que permitiria sua libertação. Ao tentar reaver os objetos na tentativa de restaurar o ego, o paciente terá de trazê-los de volta mediante a identificação projetiva invertida, vivenciando o reingresso como uma invasão, um ataque, uma tortura. Sua capacidade de unir, sintetizar estará comprometida pela hiperatividade da cisão e da identificação projetiva, características da parte psicótica da personalidade e mecanismos mais primários do que a repressão.

Por seu lado, O'Schaughnessy (1999) considera inadequada uma concepção unitária do superego e demonstra a disjunção e o antagonismo entre as formas normal e patológica do superego. Baseia-se na concepção bioniana de que o superego patológico se ergue em cima das falhas de comunicação entre mãe e bebê, experenciadas como ataques ao vínculo tanto pela mãe, que se recusa a ingressar nas comunicações do infante, quanto pelo infante, que impede ou ataca a comunicação com raiva e inveja. Desse modo, um "super" ego que destrói vínculos é formado e permanece essencialmente atuante.

O'Schaughnessy (1999) destaca que a natureza do superego anormal não se caracteriza pela exacerbação de traços do superego normal, já que tem natureza e ação distintas. O superego normal se forma a partir das relações precoces. O superego anormal se origina das dissociações primitivas e seu objetivo é dissociar o paciente, atacar o vínculo com o objeto.

O superego anormal coexiste na personalidade junto com o superego normal, tal como Bion supôs com a parte psicótica e parte não psicótica da personalidade, e cada um deles tem um espaço e abrangência. O superego anormal predomina nos sujeitos mais regredidos e de funcionamento primitivo, enquanto o superego normal predomina no funcionamento de pacientes neuróticos.

Nessa perspectiva, é importante considerar que o superego anormal pode comportar uma dimensão eminentemente destrutiva e invejosa, persistente ao longo da vida como superego invejoso, além de ser impermeável à integração com o superego normal. A falta de permeabilidade entre eles os mantêm fundamentalmente cindidos dentro da própria instância superegoica.

A ação do superego invejoso dentro do psiquismo é entendida como regente da orquestra destruidora do ego, com função antivida conforme concebeu Feldman (2020). O ego e sua vitalidade são encarados como uma grande ameaça de alteração do status quo instituído, representando perda do domínio e supremacia do superego invejoso. As defesas implementadas com função de se opor, deter ou paralisar a ação superegoica destrutiva permanecem condenadas à ineficácia, conflitiva, que compromete o self em sua solidez e seu equilíbrio interno.

Trata-se de um ego que não consegue romper a repetição do círculo negativo impetrado pela inveja, um ego que não tem força para superar o sentimento de culpa e o sistema autopunitivo, quebrar a compulsão à repetição regida pela pulsão de morte, entendida como instinto antivida, como sugeriu Steiner (2020). Além do mais, esse ego não consegue desenvolver a capacidade de pensar e reparar, seja os danos fantasiosos ao objeto, seja os efeitos resultantes no próprio ego.

A lamentável submissão a esse sistema inaugurado pela inveja primária e autoengendrado pela constituição do superego invejoso, que impede a introjeção do bom objeto e a sua integração no núcleo do ego. É essencial que o self desenvolva relações objetais libidinais, que a gratificação ative a capacidade de amar e conduza ao sentimento de gratidão, como destacou O'Schaughnessy (2020). Isso é fundamental para a recuperação do laço amoroso com o objeto, a vivificação da troca com ele para a consolidação da confiança em si e na própria criatividade.

Assim, a bússola fundamental para a escuta psicanalítica do sofrimento inconsciente causado pela inveja e pela ação dominadora do superego invejoso é a cuidadosa atenção à fragilidade e à desvitalização egoica, mediante submissão ao sistema sustentado pela destrutividade circulante internamente, o que compromete a subjetividade e suas relações objetais. A função inimiga não está fora. A principal vítima é o próprio sujeito, enredado e sequestrado, sem alcançar a libertação desse sistema dominante.

Como bem apontou Britton (2020, p. 197),

[...] os analistas devem ter em mente: a pessoa afligida por uma natureza invejosa não é apenas um agressor em potencial; ela também é vítima de suas predisposições.

A apresentação de elementos de um atendimento clínico conduzido por um dos autores deste trabalho tem o objetivo de indicar na subjetividade comprometida a função prevalente da inveja primária exacerbada e a ação dominante de um superego invejoso.

 

Preguiça de viver

Helena iniciou a sessão dizendo não saber o que falar. Estava especialmente preguiçosa de tudo. Preguiça da vida. Embora soasse como condição especial, era o estado em que vivia. À espera de algo que não sabia. Desde pequena fora assim, mas nos últimos tempos a inércia se ampliara. Não via sentido na vida. Sem estímulo para sair do refúgio doméstico, onde criara um ambiente confortável que dividia na companhia do seu cachorro. Na imobilidade ele a admirava e ela se alimentava desse olhar encantado, um amor incondicional que jamais sentira ser possível contar. Não sabia o que faria quando ele partisse.

Helena era espectadora da vida pelo celular. Seguia os que tinham projeção nas redes sociais. Figuras idealizadas que acenavam com uma vida agitada que jamais sonhara desfrutar. Viver nesse encanto parecia lhe bastar, imaginando sempre ser o outro portador do atributo valorizado. Quanto mais observava seus ídolos, mais se sentia só fracasso, distante da perfeição fantasiada. Considerava-se feia desde que nasceu. O cabelo ralo e a pele caída. Lutava para não voltar a engordar como em muitos períodos. Com amplo descrédito em si, poderia interessar a alguém e estabelecer relação viva de companheirismo? Preguiça e falta de esperança em conhecer pessoas, estabelecer laços.

O namorado morava distante, e quando vinha, não desejava sair, o que lhe era muito confortável. Tinha de tolerar a bagunça, dava trabalho, mas preferia assim. Era o tributo que pagava para não se mover dali. Ficava parado o desejo de sair, se distrair, mas restava a inércia compartilhada. Tinha a complementaridade de um parceiro que também apenas sobrevivia, embora sempre com o pé na estrada. Prometia mudanças, fazia planos, mas desembocava no nada. Tudo estático há anos ou desde sempre.

Quando ele se ia, Helena recolocava tudo estritamente no lugar. Voltavam a imperar a ordem asséptica e a ausência de vestígios de que por ali passara um outro, com alguma pulsação ou energia vital. Helena voltava para seu refúgio inalterado, onde nada podia se vitalizar. Assim, evitava angústias poderosamente perturbadoras que beiravam o desespero.

Atormentada por obsessões e compulsão à repetição, Helena procurou análise. Sofria demais com as angústias emergentes, o sentimento de culpa perturbador, a dolorosa cobrança pela perda da ilusão perfeccionista, a urgência acentuada em reparar danos e promover o restabelecimento do status quo, com toda a força de seu controle onipotente. Qualquer alteração em seu reduzido entorno a desestabilizava.

As novas aquisições só traziam a preocupação em ter que zelar para o bem, não perder o estado de perfeição inicial. Vivenciava muita angústia quando era necessária a reparação de algo, sempre urgente e imperiosa. Alimentava a certeza de que tudo ficaria pior, exigindo novas reparações, sempre insuficientes e ineficazes. Refém de sua tortura particular, mantinha-se escravizada à impossibilidade de atingir o ideal e não conseguir a imobilidade definitiva de seu túmulo em vida.

Seus intestinos dominavam parte de sua vida. Não podia sair, viajar, marcar compromissos, enquanto não resolvesse o funcionamento orgânico. Penitência de toda uma vida, refém dos restos que resistiam em ser eliminados, mas que também podiam surpreendê-la fugindo inesperadamente ao seu controle.

De tudo fizera para reduzir a obesidade, enfrentando até cirurgias, porém a mansidão de sua vida encontrava nas guloseimas um escape, um gozo escondido. Alguns quilos e, então, como aliviar a culpa de ter se excedido no que não devia? Decretava castigo merecido escondendo-se de todos, buscando se esconder de si mesma. Em círculo vicioso, recorria novamente a algum consolo no excesso, o que aumentava o peso e a culpa.

Seu lugar sempre fora o daquela que invejava as irmãs. Uma com a beleza e a outra com a graça atraíam olhares e admiração. Para ela, a não contemplada, restavam as críticas maternas ao peso excedente, a necessidade de fazer dieta desde menina. E quando a mãe se dedicava a embelezar seus cabelos e roupas, os piorava ainda mais, aos olhos de Helena. Era reconhecidamente inteligente, mas esse atributo não emergia na superfície nem atraía o encantamento da mãe. Entre ciúme e inveja se consumia: o ciúme defensivo em relação à inveja, mais primitiva.

A mãe fora sempre muito eficiente e dava conta de tudo para a família. Porém, a frieza afetiva e os safanões que ministrava, quando havia algo falho ou imperfeito, se encarregaram de marcar Helena para sempre. Uma mãe intolerante à falha e não receptiva à natureza que lhe pertencia, como se a cada vez denunciasse a decepção que Helena lhe causava. Desde pequena, a pergunta diária ajoelhada aos pés da mãe: "Você gosta de mim?". Ouvia resposta assertiva protocolar, cansada da insistência. No entanto, isso era suficiente para Helena se assossegar para o sono, apesar da falta de afeto em ser acolhida perante a ameaça de não merecer o amor materno e, de algum modo, ter perdão por ser quem era.

 

Na relação analítica

Quando Helena não se encontrava no mar de angústia por algo que fugira ao seu controle ou demandava pronta resolução ou reparação, seu discurso se empobrecia. Não conseguia tecer uma narrativa pelos meandros de seu mundo interior.

Frente à sua inércia, a analista se sentia alvo de pressão para encampar o papel vitalizador de dar sentido para seu existir, lembrá-la de sua condição de sujeito psíquico com possibilidade de pensar sobre si, destacar sua inserção no mundo e sua implicação nas relações objetais que eventualmente estabelecia.

O lugar destinado para a analista era, segundo dizia, o encontro com alguém que a compreendia. Porém, mais profundamente, sua expectativa era que a analista lhe oferecesse uma solução mágica e definitiva para seus males, uma vez que era atormentada pela culpa, pela cobrança, pela desvalorização de si, pela compulsão à repetição e pela impossibilidade de reparação. E que tudo se resolvesse sem ser necessário seu próprio trabalho psíquico! Um modo de resistir ao tratamento, com seu lado que, silenciosamente, se opunha ao fluir da energia vital, a transferência fazendo seu trabalho.

Na sua ilusão negativa da impossibilidade de recursos pessoais, imaginava-se passivamente se beneficiar dos recursos e da produção da analista. Destinava-lhe o lugar de ter de corresponder à sua fantasia, visando defensivamente controlá-la e impedi-la de se mover em outra função ou direção, como destacou Steiner (2020).

Sem perceber que reiterava sua dependência, vitimava-se em condição de inferioridade e fortalecia a certeza de que os recursos da analista jamais poderiam ser alcançados em si. Ferida narcisicamente desde sempre, condenada a viver na sombra do objeto invejado que obscurecia o ego, punida por sua inveja e voracidade em almejar ser e ter algo além.

Helena podia acompanhar as intervenções analíticas que ampliavam sua consciência sobre si. Afinal, era racional e inteligente. Mas as interpretações não conseguiam transpor a barreira inconsciente de seu refúgio psíquico, a ponto de sensibilizá-la e ela aceder ao trabalho psíquico que poderia ter a chance de alavancar mudança psíquica.

Helena não se surpreendia com essa impossibilidade, como se fosse velha conhecida, pois não se atribuía crédito em desenvolver condições melhores para enfrentar seus fantasmas, seus conflitos, suas cisões, suas projeções. A analista tinha a experiência emocional de se sentir impelida a lhe emprestar vida, doar-lhe sua seiva, fornecer-lhe energia para tentar desenvolver o potencial que mantinha guardado em seu arquivo morto.

A pulsão de vida mantinha Helena apenas na sobrevivência psíquica. Não conseguia vencer o embate da força mortífera, fosse da inércia como pretendia Freud, fosse da destrutividade como preferia interpretar Klein. Revelava-se uma verdadeira luta incansável, patrocinada pela pulsão de morte e com a cronicidade do ódio que revertia sobre si.

A resistência em relação à mudança psíquica poderia ser entendida como "reação terapêutica negativa", fruto do entrelaçamento entre inveja, culpa e ciúme, como destacou Brenman-Pick (2020), evitando a alteração do status quo com retirada para o refúgio psíquico em que mantinha um estado de irrealidade psíquica, como escreveu Weiß (2020).

E lá se acreditava imune a ter seu narcisismo ferido, dispensada da necessidade de integrar as cisões do ego, a realidade de seus impulsos e as demandas da realidade externa.

Entretanto, os aspectos narcísicos envolvidos, a relação desigual e inferiorizante em que sempre sentia que o outro dotado dos recursos e da potência que lhe faltavam, além de sua passiva dependência, apontavam flagrantemente para a circulação dos efeitos da inveja primária exacerbada não superada. E um trabalho plenamente exitoso do superego invejoso junto ao ego.

 

Considerações finais

O caso clínico de Helena levantou questões intrigantes: um quadro psicopatológico em que flagrantes traços e sintomas obsessivo-compulsivos conduziram à revelação de uma configuração psíquica muito mais primitiva e comprometida.

Ao longo do tratamento, foi possível identificar aspectos importantes da complexa e multifacetada inveja primária não superada, que promovia um funcionamento subjetivo amplamente perturbado pela ação destrutiva do superego invejoso, o que implicava amplas consequências na dinâmica psíquica, especialmente no intenso conflito entre ego e superego, na intersubjetividade das relações internas e externas, como na lida com a realidade externa.

Sua estruturação psíquica deficitária, com a edificação narcísica que não alcançara o fortalecimento do ego e a constituição de autoestima positiva, indicava que Helena era refém da cisão que a mantinha siderada pelo amor idealizado à mãe, objeto original, bem como refém do ódio que mãe também lhe despertava. Poder-se-ia pensar no desejo oculto e mortal de aniquilação nascido da admiração ao objeto, como sugere Fonagy (2020).

Como não havia lugar para a integração, a intensidade da dicotomia pulsional produzira a necessidade de permanecer na imobilidade de seu refúgio psíquico, a fim de evitar a desestabilização de seu equilíbrio frágil e instável. Para tanto, lhe era demandado excessivo controle interno e externo, a desorganização emocional sempre temida e iminente, a vida lhe soando sempre perigosa com seus estímulos e demandas.

Seu ego primitivo permanecia na sombra humilhante de não ser tudo o que almejava ser, ter e conter, distante do ideal na fantasia materna, o que a lançara no terreno da inveja exacerbada, seja por condições internas determinantes, seja pela contribuição de uma figura materna não receptiva às suas demandas afetivas, ou até decepcionada por Helena ser quem era, como acreditava.

O ciúme das irmãs era defensivo em relação à inveja oral mais primitiva que dera origem ao superego anormalmente sádico, mais especificamente um superego invejoso e destruidor do ego, flagrante ou silenciosamente. Uma dinâmica psíquica constituída pela internalização do embate invejoso com o objeto primário, que permaneceu introjetado no confronto insolúvel entre o ego e esse superego impulsionado pela força destrutiva da pulsão de morte.

O superego invejoso massacrava o ego com permanentes acusações indevidas e desqualificadoras. Acusava Helena de falhas cuja reparação obsessiva era ineficaz e distante do ideal. Cobrava-lhe culpas que compulsivamente ela procurava saldar sem conseguir reparar, enclausurada em círculo vicioso com intenso sistema autopunitivo atuante.

Tais circunstâncias deram origem à fragilidade de um self que se fixou no ideal de ego, não confiando na efetivação de um Eu que pudesse se desenvolver pela introjeção do bom objeto, para com ele se identificar e criativamente atingir a unicidade do self, alavancando uma vida com sentido e direção própria.

É importante destacar que o superego de Helena produzia ameaças internas em que predominavam não a ameaça persecutória em relação ao objeto, mas o secar da vida imposto pela ação destrutiva junto ao ego. A conflitiva original da inveja em direção ao objeto primário tinha sido revertida para a dramática dos embates intrapsíquicos entre ego e superego invejoso, destruindo a possibilidade de desenvolvimento do self.

Ao final, Helena tinha que pagar penitentemente pelos impulsos destrutivos originais com a moeda do próprio viver alienado, encolhido e culpado. O poder do superego invejoso coexistia, em alguma medida, com os aspectos de um superego mais maduro e generoso, mas nunca forte o suficiente para proteger o ego contra os ataques da dimensão destrutiva do superego invejoso. O superego invejoso sempre revidava e retaliava quando o ego cometia a ousadia de buscar libertar-se do sistema soberano e dominador do qual era refém. Um sistema que imperava no cenário psíquico e condenava amplamente a subjetividade.

 

Referências

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Endereço para correspondência
Eliane Michelini Marraccini
E-mail: eliane.marraccini@gmail.com

Luis Claudio Figueiredo
E-mail: lclaudio.tablet@gmail.com

Recebido em: 10/03/2021
Aprovado em: 08/04/2021

 

 

SOBRE OS AUTORES

Eliane Michelini Marraccini
Graduada em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
Mestre em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
Doutora em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
Professora e supervisora clínica no curso de especialização Formação em Psicanálise do Departamento Formação em Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae.
Membro da Associação Universitária de Pesquisa em Psicopatologia Fundamental.
Pós-doutora em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2020).

Luis Claudio Figueiredo
Psicanalista.Membro Efetivo do Círculo Psicanalítico do Rio de Janeiro.
Mestre em Psicologia (Psicologia Experimental) pela Universidade de São Paulo (USP).
Doutor em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP).
Livre Docência em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP).
Professor doutor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
Professor associado da Universidade de São Paulo (USP).

 

 

1 Este trabalho faz parte do pós-doutorado em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) levado a efeito por Eliane Michelini Marraccini sob s supervisão do Prof. Dr. Luis Claudio Figueiredo.

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