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Tempo psicanalitico

versão impressa ISSN 0101-4838

Resumo

MASSON, Céline. As imagens modificadas do corpo: novas formas de identidade. Com uma nota sobre os cadáveres do anatomista Gunther von Hagens. Tempo psicanal. [online]. 2012, vol.44, n.2, pp.321-340. ISSN 0101-4838.

A arte reflete a evolução sociocultural. Nossa época é ligada às sensações fortes, às imagens extremas. O artista exalta a violência, exibe o corpo orgânico e suas matérias, até mesmo expõe o cadáver para fins estéticos. Não interroga assim as novas relações da medicina com o corpo? O lugar onde se constata que o corpo desapareceu é o consultório do médico. Os médicos não examinam mais o corpo, porque o importante é o que há em seu interior. O entusiasmo pela incineração é um meio de não se confrontar com o apodrecimento do corpo, que fascinava os antigos. O corpo é evanescente, devendo esvair-se em fumaça, ou então ser conservado intacto. Esse é o princípio do embalsamento e do cadáver estetizado pelo anatomista-artista Gunther von Hagens: estetizar o corpo para fins ditos pedagógicos e que nós nomearíamos comerciais - o corpo tem vida após a morte e ela é monetizável. A partir deste exemplo da arte dos cadáveres, nós interrogamos os campos da medicina e da criação contemporânea sobre a maneira como o corpo se inscreve em uma lógica econômica e política, da qual emana certo tratamento do corpo.

Palavras-chave : corpo; medicina; transformação; cadáver; desaparição.

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