SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.55 número1Bergson e a clínica psicanalíticaFerenczi e a mutualidade expressiva índice de autoresíndice de assuntospesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

artigo

Indicadores

Compartilhar


Tempo psicanalitico

versão impressa ISSN 0101-4838versão On-line ISSN 2316-6576

Resumo

GAMA, Laene Pedro; VIVES, Jean-Michel; MENDES, Ana Magnólia Bezerra  e  CHATELARD, Daniela Scheinkman. Uma nova voz, um novo olhar: armadilhas da formação humorística. Tempo psicanal. [online]. 2023, vol.55, n.1, pp.152-185. ISSN 0101-4838.

O estudo sobre os tipos de comicidade, em especial o humor, preocupou os românticos e influenciou os estudos no começo do século XX. Freud, influenciado por esse contexto tanto quanto o influenciando, escreveu duas obras que tratam do assunto. Neste artigo, o tema humor leva a algumas discussões: o riso humorístico como o emolduramento do afeto e o efeito da fala afável do supereu para essa formação. Entender a plástica representada pelo riso humorístico leva a considerar que esse processo reúne duas possibilidades de armadilha, que podem se constituir tanto por via da pulsão invocante quanto da escópica. A primeira, pela fala afável e consolatória do supereu, parece funcionar como um doma-voz; a sonoridade dessa fala oferta um novo lugar que não apenas o do imperativo mortífero. A segunda armadilha seria o riso humorístico, o qual se pode pensar como um doma-olhar. O riso contido que emoldura a sensação de travessura frente ao risco enfrentado, mesmo sabendo-se que esse desafio persiste para fora de sua borda, o que avizinha as lágrimas. Para pensar os efeitos das características estéticas e artísticas do humor, dois episódios da obra Dom Quixote de la Mancha são tomados como ilustração. Os trechos do romance ajudam a pensar como o riso, pela sua expressão imagética e sonora, pode emoldurar os afetos ou trans-bordar em excesso. Essa compreensão estética ajuda a situar o seu alcance, que tanto pode ser o compartilhamento do prazer ou a reafirmação solitária do gozo. Assim, o sorriso humorístico pode funcionar como uma armadilha para o afeto, emoldurando-o de modo a revelar, contidamente, que aquilo que aterroriza pode ser enfrentado, mesmo que não seja aniquilado; o resto é excesso. Portanto, mesmo que de forma arriscada, o humor é capaz de construir o discurso da falta que remete o sujeito ao seu desejo.

Palavras-chave : Humor; supereu; gozo; desejo.

        · resumo em Inglês | Francês     · texto em Português     · Português ( pdf )

 

Creative Commons License Todo o conteúdo deste periódico, exceto onde está identificado, está licenciado sob uma Licença Creative Commons