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Psicologia Clínica
versão impressa ISSN 0103-5665versão On-line ISSN 1980-5438
Psicol. clin. vol.31 no.2 Rio de Janeiro maio/ago. 2019
https://doi.org/10.33208/PC1980-5438V0031N02A09
SEÇÃO LIVRE
Predizendo a infidelidade conjugal
Predicting marital infidelity
La predicción de la infidelidad conyugal
Patrícia ScheerenI; Adriana WagnerII
IDoutora pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Professora do Curso de Graduação em Psicologia da Faculdade Inedi - CESUCA, Cachoeirinha, RS, Brasil. pscheeren@gmail.com
IIProfessora Associada ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil. adrianaxwagner@gmail.com
RESUMO
A infidelidade pode ser compreendida por meio de quatro domínios: características pessoais, características do(a) companheiro(a), casamento e contexto. Este estudo verificou os preditores da infidelidade para os quatro domínios para homens e mulheres. Participaram da pesquisa 1042 pessoas casadas ou coabitando, com idade média de 37 anos. Os participantes responderam a uma ficha sobre dados sociodemográficos e seu relacionamento, uma escala de níveis de bem-estar, escala de ajustamento conjugal e Escala Triangular do Amor. Os resultados apontam que 18,7% das mulheres e 35,3% dos homens já foram infiéis ao(à) parceiro(a). Considerando os preditores, houve variáveis preditoras nos quatro domínios, havendo maior poder explicativo para o domínio casamento. Para ambos os sexos, intenção de divórcio e experiência de infidelidade no subsistema parental de origem aumentam a chance de infidelidade. Para as mulheres, idade, trabalhar fora de casa e ter colegas de trabalho do mesmo sexo foram preditores da infidelidade. Já para os homens, nível de bem-estar, prática religiosa e viagens de trabalho suas e da companheira foram preditores de infidelidade. Esses achados demonstram a importância de considerar a dinâmica da relação e a necessidade de que os terapeutas avaliem a qualidade conjugal para auxiliar os casais a reduzirem os riscos de infidelidade.
Palavras-chave: infidelidade; conjugalidade; preditor.
ABSTRACT
Infidelity can be understood through four domains: personal characteristics, partner characteristics, marriage and context. This study aimed to verify the four domains as predictors of infidelity for both men and women. Married or cohabiting men and women (n = 1042) participated in this study, with a mean age of 37 years old. Participants filled a sociodemographic and relationship questionnaire, Brief Multidimensional Students' Life Satisfaction Scale, Revised Dyadic Marital Scale and Reduced Triangular Love Scale. Results indicate that 18.7% of the women and 35.3% of the men have been unfaithful to their partner. All four domains predicted infidelity, with marriage having the greatest explanatory power. For both sexes, when there is intent to divorce and a parental model of infidelity, the chance of infidelity increased. For women, predictors of infidelity were age, work outside of the home and having same-sex coworkers. For men, predictors of infidelity were level of well-being, religious practice and travelling for work (themselves or their partner's). These findings indicate the importance of considering relationship dynamics, suggesting that a therapist can assess the quality of the relationship to help couples reduce the risk of infidelity.
Keywords: infidelity; marriage; predictor.
RESUMEN
La infidelidad puede ser entendida a través de cuatro áreas: características individuales, de los cónyuges, del matrimonio y del contexto. Este estudio verificó los factores predictivos de la infidelidad a partir de esas cuatro áreas para hombres y mujeres. Participaron 1042 personas casadas o en cohabitación, con edad media de 37 años. Los sujetos respondieron un cuestionario de datos sociodemográficos y de la relación, las escalas de niveles de bienestar, de ajuste marital y triangular del amor. Los resultados muestran que el 18,7% de las mujeres y el 35,3% de los hombres han sido infieles. Se ha encontrado variables predictoras en todas áreas, con mayor poder explicativo para el matrimonio. Para ambos sexos, tener la intención de divorciarse y la experiencia de infidelidad en la familia de origen, aumenta la posibilidad de infidelidad. Para las mujeres, la edad, el trabajo fuera de casa y tener compañeros de trabajo del mismo sexo, fueron variables predictoras de la infidelidad. Para los hombres, nivel de bienestar, la práctica religiosa y viajes de trabajo (incluso de lo cónyuge) fueron predictores. Estos resultados demuestran la importancia de considerar tales variables en la evaluación clínica de las parejas con el fin de reducir el riesgo de infidelidad.
Palabras clave: infidelidad; matrimonio; predictor.
Introdução
Apesar da maioria dos membros dos casais apresentarem uma expectativa de exclusividade quando em um relacionamento amoroso (Treas & Giesen, 2000), a infidelidade ainda é um fenômeno muito comum nas relações contemporâneas (Moller & Vossler, 2015). Uma revisão sistemática da literatura nos últimos cinco anos (Scheeren, 2016) apontou para prevalência de infidelidade entre 1,2% (Beaulieu-Pelletier, Philippe, Lecours & Couture, 2011) e 89,4% (Zhang, Parish, Huang & Pan, 2012).
Em estudos internacionais, é encontrada a definição de infidelidade como um envolvimento emocional e/ou sexual com uma pessoa que não seja o(a) parceiro(a) do relacionamento primário quando há um acordo de exclusividade na relação (Martins et al., 2015). Em pesquisas nacionais, encontra-se a definição de infidelidade relacionada a uma quebra de contrato, mentir para o parceiro, manter contato físico com outra pessoa, ter desejo por outra pessoa, manter-se em um relacionamento sem sentimento e falta de respeito (Haack & Falcke, 2013).
A infidelidade pode ter um impacto devastador nos relacionamentos amorosos. Uma pesquisa realizada com terapeutas de casal demonstrou que os clínicos percebiam a infidelidade como um dos problemas mais difíceis de tratar em terapia e um dos maiores causadores de sofrimento nos casais (Whisman, Dixon & Johnson, 1997). Além disso, a infidelidade tem sido relacionada a problemas emocionais (Gordon, Baucom & Snyder, 2004), abusos físicos, mortes, suicídio (Buhas, 2013; Conroy, 2014; Pasculli & Harris, 2018) e à transmissão de doenças sexualmente transmissíveis (Marques da Costa et al., 2014; Boyce, Zeledón, Tellez & Barrington, 2016; Osuafor, Maputle, Ayiga & Mturi, 2018).
Em função dessas severas reverberações nas relações, a possibilidade de predizer a infidelidade tem se tornado um importante campo de pesquisa nessa área. Estudos recentes têm identificado e focado nas variáveis que são altamente associadas à infidelidade, ajudando a predizer comportamentos infiéis. As pesquisas em infidelidade têm focado em quatro domínios (Allen & Atkins, 2005) importantes para a compreensão do fenômeno. O primeiro domínio, características pessoais, tem se dedicado a avaliar variáveis sociodemográficas e aspectos emocionais das pessoas que cometem infidelidade, evidenciando as diferenças entre homens e mulheres no que tange ao fenômeno. O segundo domínio, características do(a) companheiro(a), investiga as características do(a) companheiro(a) que podem contribuir para que o contexto favoreça a infidelidade de seu parceiro(a). Já o terceiro domínio, o casamento, apresenta pesquisas que investigam as características dos relacionamentos que contribuem para a infidelidade na relação. Por fim, o quarto domínio, o contexto, explora os fatores externos, tais como o ambiente, a cultura e características do trabalho que possam estar influenciando a infidelidade nos relacionamentos.
Existem evidências empíricas relacionando tais domínios à infidelidade. No que se refere ao domínio características pessoais, embora exista uma abundância de estudos explorando os preditores sociodemográficos, a literatura mostra um cenário com achados incompletos e inconsistentes, que não evidencia um consenso entre os autores (Blow & Hartnett, 2005), além de diferenças de resultados entre homens e mulheres (Atkins, Baucom & Jacobson, 2001; Kemer, Bulgan & Çetinkaya Yıldız, 2015; Treas & Giesen, 2000). O estudo de Zhang (2010) realizado com uma amostra chinesa apontou efeitos preditores do nível de educação, renda, idade e status conjugal, mesmo que os resultados tenham evidenciado diferenças entre os sexos. Nessa amostra, o nível educacional não foi um preditor significativo de infidelidade entre as mulheres. Entretanto, para os homens, aqueles com ensino superior eram menos suscetíveis de reportarem infidelidade quando comparados com homens com educação inferior ao ensino médio. Já a renda foi um preditor significativo de infidelidade tanto para homens como para mulheres na amostra chinesa, em que participantes com estabilidade financeira, especialmente mulheres, eram mais suscetíveis de se engajar em infidelidade que aqueles com recursos financeiros limitados. Já a idade não teve uma associação significativa com a infidelidade; entretanto, homens chineses com mais de 40 anos eram menos suscetíveis a se engajar em infidelidade que homens com idade inferior a 30 anos. O status conjugal, embora não tenha sido um fator preditivo de infidelidade para homens, mulheres casadas se mostraram menos suscetíveis a reportarem infidelidade que mulheres coabitando ou namorando.
Outras pesquisas também têm apontado como preditor da infidelidade a prática religiosa (Mattingly, Wilson, Clark, Bequette & Weidler, 2010); pessoas que nunca praticaram religião tem 2,5 vezes mais probabilidade de se engajar em infidelidade que aqueles que praticavam mais de uma vez na semana (Atkins et al., 2001). Já a pesquisa de Maddox Shaw, Rhoades, Allen, Stanley e Markman (2013) não encontrou idade, nível educacional, prática religiosa e presença de filhos como preditores de infidelidade em uma amostra de 993 norte-americanos solteiros.
Com relação ao domínio casamento, avaliar os preditores tem importante papel para compreender os fatores do relacionamento que predispõem à infidelidade. Estudos internacionais têm mostrado que baixos níveis de satisfação e comprometimento com a relação predizem uma maior probabilidade de se engajar em infidelidade (Maddox Shaw et al., 2013; Treas & Giesen, 2000). Em um estudo norte-americano, Atkins et al. (2001) mostraram que os participantes que reportaram estar felizes ou não muito felizes com seu relacionamento foram duas e quatro vezes, respectivamente, mais suscetíveis a reportar infidelidade ao comparar com os respondentes que disseram estar muito felizes em seu relacionamento. Em outra amostra norte-americana, Maddox Shaw et al. (2013) associaram baixo nível de comprometimento, ou seja, baixa dedicação ao relacionamento, não ter planos de casar com o(a) companheiro(a), ter sido traído pelo(a) parceiro(a) e ter alta suspeita de infidelidade do(a) companheiro(a) como preditores da infidelidade. Ainda outro estudo realizado nos Estados Unidos apontou fatores da comunicação no relacionamento como influenciando a suscetibilidade para o comportamento infiel (Balderrama-Durbin, Allen & Rhoades, 2012). Esses achados reportaram que a infidelidade, na amostra feminina, foi predita por baixos níveis de comunicação positiva de sua própria parte e por altos níveis de comunicação negativa no casal.
Por fim, o domínio contexto, apesar de relacionado à infidelidade, não apresentou um grande número de estudos preditivos associando suas variáveis ao comportamento infiel. Em uma amostra chinesa, Zhang (2010) apontou como preditores da infidelidade morar em ambiente urbano e perceber pessoas atraentes nesse meio, resultados esses significativos para homens, mas não para mulheres. Ainda nessa mesma pesquisa, independente do sexo, quanto mais frequentemente as pessoas estavam fora de casa, mais suscetíveis estavam a serem infiéis.
Como as pesquisas em diversas culturas mostram, é possível identificar preditores da infidelidade em três domínios de investigação: características pessoais, casamento e contexto. Em grande parte, os resultados diferem para homens e mulheres em função de diferenças de gênero. Contudo, uma revisão sistemática da literatura na área (Scheeren, 2016) revela uma escassez de estudos empíricos e quantitativos no contexto brasileiro. Nesse sentido, esta pesquisa visa a investigar os preditores do comportamento infiel em homens e mulheres, no que se refere aos quatro domínios, em uma amostra brasileira.
Método
Participantes
Participaram da pesquisa online 1042 pessoas, 730 mulheres (70%) e 312 homens (30%), de orientação heterossexual, casados ou que coabitavam com seu(sua) parceiro(a), provenientes das cinco regiões do Brasil. As idades variaram entre 21 e 73 anos, com idade média de 37 anos (DP = 10,5). Foram incluídos no estudo somente os participantes com idade acima de 21 anos e que viviam junto com seu(sua) companheiro(a) há no mínimo seis meses. Nessa amostra, 54,9% estavam casados oficialmente, 20,9% tinham união estável e 24,3% moravam junto. O tempo médio de relacionamento com o cônjuge atual foi de 10 anos (DP = 9,98) e 53,6% tinham filhos. A maioria das mulheres e dos homens tinha nível de pós-graduação completa (50,6% das mulheres e 56,9% dos homens), a maior parte dos homens (57,4%) com renda superior a sete salários mínimos e pouco praticantes de alguma religião (64%). Já com relação às mulheres, a maior parte recebia entre 1 e 5 salários mínimos (56,5%) e era pouco praticante de religião (56,4%).
Instrumentos
Questionário de dados sociodemográficos e do relacionamento: desenvolvido para esta pesquisa a fim de caracterizar a amostra investigada quanto a variáveis relativas aos domínios características pessoais (dados sociodemográficos, como idade, escolaridade), dados do(a) companheiro(a) (dados sociodemográficos e informações sobre o trabalho do(a) companheiro(a)), do casamento (informações sobre infidelidade no relacionamento atual e em relacionamentos anteriores) e do contexto (informações sobre o trabalho e colegas de trabalho).
Para complementar a coleta de informações, foram utilizadas as seguintes escalas em outros dois domínios.
O domínio características pessoais foi mensurado pelo instrumento:
Versão Breve da Escala de Satisfação com a Vida de Estudantes - BMSLSS (Brief Multidimensional Students' Life Satisfaction Scale), elaborada por Seligson, Huebner e Valois (2003) e adaptada para a população brasileira adulta por Bedin e Sarriera (2014). Esta escala mede, utilizando seis itens, os níveis de satisfação com a família, com os amigos, com a experiência de trabalho, consigo mesmo, com o lugar onde vive e com a vida globalmente. O escore total de satisfação com a vida é feito a partir da soma dos cinco primeiros itens, pois a última questão é considerada um item apenas por tratar da satisfação com a vida globalmente. Nesta pesquisa, os itens foram medidos em escala do tipo likert de 6 pontos, variando de "péssima" a "muito boa". Os resultados com a amostra brasileira de adultos (Bedin & Sarriera, 2014) mostraram boa adequação da escala, com alpha de 0,74 e os itens agrupados em um único componente explicaram 50,06% da variância. Nesta pesquisa, encontrou-se um único fator com alpha de Cronbach de 0,71.
O domínio casamento foi mensurado pelos instrumentos:
Escala de Ajustamento Conjugal Revisada - RDAS-P (Revised Dyadic Adjustment Scale), de Busby, Christensen, Crane e Larson (1995), traduzida e adaptada para o português brasileiro por Hollist et al. (2012). O RDAS-P é um instrumento composto por 14 itens medidos em uma escala do tipo likert de 6 pontos, que compõem três subescalas: satisfação, consenso e coesão. A satisfação avalia a estabilidade percebida no relacionamento e como os conflitos são encaminhados. O consenso mede o grau de concordância sobre assuntos de casal. Por fim, a coesão avalia a frequência de interações positivas no casal. As subescalas podem ser somadas para formarem um escore total representativo do ajustamento conjugal, que varia de 0 a 69, com maiores valores indicando melhores níveis de ajustamento. Os alfas de Cronbach do estudo de validação americano foram de 0,85 para satisfação; 0,81 para consenso e 0,80 para coesão. Neste estudo, a análise fatorial exploratória manteve a mesma estrutura fatorial da escala original, com alfas de Cronbach de 0,83 para satisfação; 0,70 para consenso e 0,82 para coesão, demonstrando bons índices de validade interna.
Versão Reduzida da Escala Triangular do Amor - ETAS (Triangular Love Scale), elaborada por Sternberg (1997) e reduzida por Lemieux e Hale (1999, 2000), adaptada para a população brasileira por Cassepp-Borges e Teodoro (2007). Esta escala avalia os elementos componentes do amor por meio de três subescalas: intimidade, paixão e decisão/compromisso. A intimidade é caracterizada pelo sentimento de proximidade e conexão no relacionamento. A paixão é responsável pela atração física e sexual, pelo romance e pelo desejo de estar juntos e pela excitação. E, por fim, decisão/compromisso avalia a certeza de amar e ser amado e a vontade de manter o relacionamento a longo prazo. Os 18 itens são respondidos com relação ao(à) companheiro(a) atual em uma escala do tipo likert de 9 pontos, variando de "1 - de jeito nenhum" a "9 - muito frequentemente". No estudo de validação brasileiro, os alphas para as subescalas intimidade, paixão e decisão/compromisso foram de 0,90, 0,90 e 0,91, respectivamente (Cassepp-Borges & Teodoro, 2007). Neste estudo, a Análise Fatorial Confirmatória apontou para a mesma estrutura fatorial do estudo de adaptação brasileira, nos quais X2(132) = 794,991; CFI = 0,930; TLI = 0,918; RMSEA (0,075-0,086) = 0,080; SRMR = 0,040. As cargas fatoriais variaram de 0,67 a 0,89 e os alphas de Cronbach de 0,88 para intimidade; 0,88 para paixão e 0,89 para decisão/compromisso.
Procedimentos de coleta de dados
A fim de garantir a confidencialidade e o anonimato dos participantes (Brock, Barry, Lawrence, Dey & Rolffs, 2012), a coleta de dados foi realizada online a partir da base de dados Qualtrics (www.qualtrics.com). Os participantes foram convidados a responder à pesquisa mediante um chamamento realizado pelas redes sociais, tais como Facebook, Twitter e WhatsApp, boletim informativo da universidade e emails para listas de contatos de conhecidos e de pesquisadores em âmbito nacional. Contou-se com o efeito bola de neve, no qual conhecidos de todas as regiões do país compartilharam o anúncio do Facebook, WhatsApp e email para atingir maior número de participantes. Para participar da pesquisa, os sujeitos acessaram o link da pesquisa disponível no convite, leram e assinaram o Termo de Consentimento e Livre e Esclarecido. A coleta de dados teve duração de 2 meses e contou com divulgação constante durante todo o período. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da UFRGS, sob o registro CAAE 23718014.4.0000.5334.
Procedimentos de análise de dados
Para responder ao objetivo do estudo, inicialmente foram realizadas análises descritivas, tais como frequência, médias e desvio-padrão da amostra, para comparar os valores de homens e mulheres fiéis e infiéis. Para verificar as diferenças entre homens e mulheres quanto às variáveis utilizadas na pesquisa, foram realizadas análises T e Qui-quadrado. Por fim, para avaliar os preditores da infidelidade, foram realizadas oito regressões logísticas binárias com o método Enter com ponto de corte de 0,3, nas quais cada um dos quatro domínios foi regredido para homens e para mulheres.
Resultados
A Tabela 1 apresenta os dados descritivos e diferenças entre homens e mulheres no que se refere a ter traído e ter sido traído pelo(a) companheiro(a) atual e ter traído em relacionamentos anteriores.
Conforme apresentado na Tabela 1, 23,7% dos participantes já traíram seu companheiro atual, com os homens tendo traído significativamente mais suas companheiras quando comparados às mulheres. Considerando todos os relacionamentos, 52,5% dos participantes já traíram em relacionamento passado, sem diferença entre os sexos. Ou seja, ao considerar todas as experiências amorosas, as mulheres traíram tanto seus parceiros quanto os homens.
A Tabela 2 apresenta os valores dos instrumentos Versão Breve da Escala de Satisfação com a Vida de Estudantes (BMSLSS), Escala de Ajustamento Conjugal Revisada (RDAS-P) e Versão Reduzida da Escala Triangular do Amor (ETAS) utilizados nas análises de regressão logística binária.
Conforme demonstrado na Tabela 2, homens e mulheres apresentaram diferença significativa no ajustamento conjugal quanto à subescala coesão, com os homens apresentando maiores escores que as mulheres no que se refere à avaliação de interações positivas no relacionamento. Com relação à escala triangular do amor, os homens apresentaram valores superiores às mulheres em todas as subescalas; contudo, a diferença entre os sexos foi significativa para a subescala paixão.
Análises de regressão logística binária
Cada um dos quatro domínios foi regredido uma vez para homens e mulheres, totalizando oito análises com os resultados a seguir. Para interpretação dos dados, foram codificados como "0 = fiéis" e "1 = infiéis", com estes considerados de interesse para o presente estudo.
Domínio: Características pessoais
Considerando como variável dependente a pergunta dicotômica "você traiu seu parceiro atual?" (sim ou não) e como variáveis independentes idade, condição amorosa, ter filhos, escolaridade, renda, prática religiosa, e nível de bem-estar, realizaram-se duas regressões logísticas binárias para perfilar os preditores de infidelidade para homens e mulheres no que se refere ao domínio características pessoais.
Os resultados do estatístico (Nagelkerke R2) da regressão logística apontam que para o modelo feminino as características pessoais explicam 6% da variância quanto à infidelidade. Com o ponto de corte de 0,3, obteve-se uma classificação geral de 79,1% dos casos, com 23,4% dos casos corretamente classificados no grupo de infiéis e de 92,4% no grupo de fiéis. Para o modelo masculino, as características pessoais explicam 17% da variância e obteve-se uma classificação geral de 59,4% dos casos, com 72,1% de casos corretamente classificados no grupo de infiéis e de 54,4% no grupo de fiéis. A Tabela 3 apresenta apenas as variáveis estatisticamente significativas no modelo final dos preditores da infidelidade ao considerar as variáveis das características pessoais, para homens e mulheres.
Para as mulheres, ter filhos foi preditor significativo de características pessoais para a infidelidade. As mulheres que têm mais filhos apresentam quase duas vezes mais chance de serem infiéis. Além disso, a idade foi um preditor significativo para as mulheres. Quando a idade é maior, aumenta em 2% a chance de ser infiel. Para os homens, os níveis de bem-estar foram preditores da infidelidade. Ou seja, o bem-estar para os homens ser maior, diminui a chance de ser infiel em 13%. Ademais, ser muito praticante de religião também foi um preditor da infidelidade para os homens. Nessa amostra, quando é mais praticante de religião, a chance de ser infiel diminui em 71%.
Domínio: Características do companheiro(a)
Para avaliar os preditores da infidelidade com relação às características do(a) companheiro(a), realizaram-se duas análises de regressão binária considerando como variáveis independentes a escolaridade do(a) companheiro(a), tipo de trabalho que ele(a) faz (home office, trabalha fora de casa, misto - trabalha alguns dias em casa e outros fora de casa), a frequência com que o(a) companheiro(a) viaja a trabalho e sua renda.
Os resultados do estatístico (Nagelkerke R2) da regressão logística apontam que para o modelo feminino as características do companheiro explicam apenas 3% da variância enquanto que para o masculino, 8% da variância quanto à infidelidade. Com o ponto de corte de 0,3, para os homens, obteve-se 77,7% de casos corretamente classificados no grupo de infiéis e 40,7% no grupo de fiéis. Para as mulheres, nenhuma das características do companheiro foram preditoras da infidelidade. Dessa forma, na Tabela 3 são apresentadas as variáveis estatisticamente significativas no modelo final dos valores preditores da infidelidade ao considerar as variáveis das características da companheira apenas para os homens.
Considerando as características da companheira, os homens que têm uma parceira que viaja a trabalho pelo menos uma vez por mês apresentam 15 vezes mais chance de serem infiéis.
Domínio: Casamento
Para avaliar as variáveis do domínio casamento preditoras da infidelidade, utilizaram-se na regressão logística binária as variáveis independentes "se a pessoa pensou em se separar do(a) companheiro(a) atual" (sim ou não), "se a pessoa já se separou ou deu um tempo com o(a) companheiro(a) atual" (sim ou não), "ter sido infiel em relacionamentos anteriores" (sim ou não), "o pai e a mãe terem traído o(a) companheiro(a)" (foi infiel; não foi infiel; não sei), os escores das escalas: RDAS-P consenso, RDAS-P satisfação, RDAS-P coesão, ETAS intimidade, ETAS paixão e ETAS decisão.
Os resultados do estatístico (Nagelkerke R2) da regressão logística apontam que para o modelo feminino, essas variáveis explicam 33% da variância quanto à infidelidade, enquanto que para o masculino explicam 36% da variância. Com o ponto de corte de 0,3, para as mulheres obteve-se 53,2% dos casos corretamente classificados para o grupo de infiéis e 86,7% dos fiéis. Para os homens, obteve-se 76,8% dos casos corretamente classificados no grupo de infiéis e 69% de fiéis. A Tabela 3 apresenta apenas as variáveis que foram estatisticamente significativas no modelo final dos valores preditores da infidelidade ao considerar as variáveis do domínio casamento, para homens e mulheres.
Para as mulheres, foram preditores da infidelidade quatro variáveis do domínio casamento. As mulheres que pensaram em se separar apresentam quatro vezes mais chance de serem infiéis. Já as mulheres que relatam ter se separado temporariamente ou ter dado um tempo apresentam quase três vezes mais chance de serem infiéis. Os níveis de paixão também foram preditores: quando a paixão é maior, diminui em 7% a chance de ser infiel. Por fim, o pai não ter sido infiel à mãe reduz a chance de infidelidade em 61%.
Para os homens, já ter pensado em se separar aumenta em duas vezes e meia a chance de ser infiel. Os homens que relatam ter se separado temporariamente ou ter dado um tempo apresentam quase quatro vezes mais chance de serem infiéis. O pai não ter sido infiel à mãe reduz a chance de infidelidade em 66% para os homens.
Domínio: Contexto
A fim de avaliar os preditores da infidelidade considerando o contexto, realizou-se a análise de regressão logística binária com as variáveis independentes: região do Brasil onde mora, tipo de localidade (urbana, rural, cidade de médio porte), outras pessoas morando na residência, tipo de trabalho (home office, fora de casa, misto - fora de casa e home office), a frequência com que viaja a trabalho, tipo de colegas de trabalho (mesmo sexo, sexo oposto, meio a meio) e se os amigos e colegas de trabalho costumam ser infiéis (sim, não, não sei). A Tabela 3 apresenta os estatísticos da regressão logística binária para amostras masculina e feminina.
Os resultados do estatístico (Nagelkerke R2) da regressão logística apontam que para o modelo feminino as variáveis de contexto explicam 4% da variância quanto à infidelidade e para o modelo masculino 11%. Com o ponto de corte de 0,3, obteve-se para as mulheres uma classificação geral de 79,4% dos casos, com 15,7% de casos corretamente classificados no grupo de infiéis e 93,6% no grupo de fiéis. Para o modelo masculino, obteve-se uma classificação geral de 54% dos casos, com 70,1% de casos corretamente classificados no grupo de infiéis e de 45,8% no grupo de fiéis. A Tabela 3 apresenta apenas as variáveis que foram estatisticamente significativas para o modelo final dos valores preditores da infidelidade ao considerar as variáveis do contexto, para homens e mulheres.
Neste domínio, as mulheres que trabalham fora de casa apresentam duas vezes mais chance de serem infiéis. Já para as mulheres, terem colegas de trabalho do mesmo sexo reduz a chance de serem infiéis em 54%. Com relação aos homens, aqueles que viajam pouco (viajar a trabalho pelo menos uma vez por mês a cada seis meses) reduz a chance de infidelidade em 74%.
Discussão
O que podemos considerar como fatores preditores da infidelidade? Esta pesquisa reuniu esforços para responder a essa questão tão complexa e de interesse de pessoas que estão em um relacionamento, de terapeutas e pesquisadores. A partir de quatro domínios importantes para o entendimento da infidelidade, este estudo procurou testar quais variáveis têm um papel na predição do comportamento infiel.
Os resultados desta pesquisa apontam para o domínio casamento como aquele de maior poder explicativo. Nesse sentido, pode-se pensar na infidelidade como um fenômeno relacional, influenciado por características do relacionamento. A longo dos anos, a literatura internacional já apontava que baixos níveis de satisfação e comprometimento com a relação estavam envolvidos em maiores níveis de infidelidade (Maddox Shaw et al., 2013; Treas & Giesen, 2000). Dentro da perspectiva ecológico-sistêmica (Brofenbrenner, 1994), os modelos e padrões de relacionamento passam a ter uma grande importância, visto que o modelo da conjugalidade dos parceiros tem por base o modelo parental, as vivências familiares e o aprendizado de estratégias de enfrentamento empregadas pelos pais. Tais modelos parentais podem desempenhar um papel tão importante que alguns terapeutas sistêmicos se arriscam a questionar seu poder de aprisionamento, levando à repetição de um padrão relacional para seu próprio casamento ou relacionamento (Falcke & Wagner, 2005).
Também apareceram variáveis mais circunstanciais do relacionamento que colaboraram para a ocorrência de infidelidade. Homens e mulheres que já haviam pensado em se separar do(a) companheiro(a) ou que já tinham dado um tempo ou até se separado temporariamente tiveram a chance de ser infiéis aumentada em até quatro vezes. Terminar um relacionamento no qual já houve um investimento afetivo de ambos os parceiros é uma tarefa árdua para a maioria das pessoas, momento cercado de dúvidas e insegurança. Dessa forma, relacionar-se com pessoas fora do casamento pode funcionar como uma alavanca que impulsiona o enfrentamento da crise conjugal.
Nesse contexto também cabe lembrar que os índices de infidelidade no relacionamento atual normalmente são superiores para homens quando comparado a mulheres. As mulheres, além de serem mais críticas na avaliação do relacionamento, também são aquelas que usualmente tomam a iniciativa do divórcio. Além disso, nesta pesquisa, as mulheres apresentaram valores explicativos inferiores aos homens, o que sugere que esse seja um fenômeno mais complexo no universo feminino, no sentido de ter mais variáveis influenciando a vivência da infidelidade feminina. Esse dado foi corroborado pelos valores das escalas de ajustamento conjugal e escala triangular do amor, nos quais os homens tiveram uma avaliação do relacionamento com valores superiores ao das mulheres, embora a diferença tenha sido significativa apenas para as subescalas paixão e coesão. Nesse sentido, pode-se pensar que os homens recorrem mais à infidelidade enquanto as mulheres tendem a tomar mais rapidamente a iniciativa para o divórcio como forma de enfrentamento das dificuldades conjugais. Embora se faça essa associação, cabe ressaltar que nem sempre uma infidelidade pode representar o desejo do término de uma relação. Há casais que se beneficiam de um relacionamento extraconjugal, podendo aproveitar a situação para reavaliar aspectos importantes da relação e recontratarem o casamento (Pittman, 1994).
Além das variáveis relacionais, características do contexto também estiveram envolvidas na predição do comportamento infiel para homens e mulheres, como já apontado por estudos internacionais (Zhang, 2010). A rotina de trabalho que envolve contato com colegas do sexo oposto e viagens em função de exigências do trabalho aumentam o risco de infidelidade para homens e mulheres. Dessa forma, pode-se pensar que para as mulheres, estar em um relacionamento no qual pode haver intenção de divórcio aliado a um ambiente de trabalho que dê oportunidade a um envolvimento extraconjugal pode ser o estopim para o surgimento de um romance ou de uma aventura extraconjugal. Nesse sentido, parece que para as mulheres casadas ou coabitando, a infidelidade não representa apenas um affair, mas a busca de algo mais, já que tendem a se envolver com pessoas do seu entorno com quem possuem contato, convivência e alguma intimidade. Nesse sentido, parece haver uma busca de carinho, compreensão e atenção que não é encontrada em seu relacionamento (Scheeren & Wagner, 2018), que leva as mulheres a tal envolvimento. Esse dado é reforçado pelo resultado de que ter filhos aumenta em duas vezes a chance de ser infiel para as mulheres. Os filhos demandam muita negociação e alinhamento entre o casal, e quando as mulheres não se sentem apoiadas pelo companheiro nas tarefas do lar e nos cuidados da prole, o caso extraconjugal pode cumprir uma função de exclusividade, atenção e cuidado que, em circunstâncias do cotidiano, não conseguem obter em seu relacionamento conjugal.
Já para os homens, viagens de trabalho frequentes, suas e da companheira, estiveram associadas ao aumento de chances de infidelidade, entendendo-se que estar longe da companheira quando há uma intenção de separação pode predispor à infidelidade. Esse dado leva a pensar que a solidão e a dificuldade de ficar sozinho são circunstanciais para a infidelidade no caso dos homens, que inclusive tendem a recasar bem mais rápido quando comparados às mulheres, demonstrando a dificuldade deles de ficar sem ou longe de uma companheira.
Percebe-se que o contato entre colegas e oportunidades de viagem que o trabalho favorece são situações que dispõem a comportamentos infiéis, tanto para homens como para mulheres. Nos dias atuais, a satisfação com o trabalho tem sido um fator importante no cotidiano e uma área da vida de grande investimento, de tal forma que muitas pessoas passam mais tempo com colegas de trabalho que com os familiares. É possível ver casais em que os membros trabalham e residem em cidades ou estados diferentes em função da vida laboral. Esta nova configuração trouxe novos desafios para os casais na forma de conciliar bons níveis de satisfação e planejamento familiar à distância, que quando mal administrados podem se tornar um terreno fértil para infidelidade.
Esta pesquisa tratou a infidelidade como um fenômeno único e não em tipologias, tais como sexual e emocional, pois entende-se que tratar a infidelidade por tipologias acaba por ser reducionista de uma temática tão complexa (Scheeren, 2016). Esses resultados são preliminares e dão uma ideia da infidelidade no cenário atual brasileiro, corroborando estudos internacionais que apontam preditores a nível da relação (Maddox Shaw et al., 2013; Treas & Giesen, 2000) e do contexto (Zhang, 2010). Este estudo contou com amostra com altos níveis de escolaridade e maior participação feminina que masculina. O fato de mais pessoas com nível de graduação e pós-graduação tenham tido acesso à pesquisa e respondido o questionário pode ter ocorrido em função desta camada da população ter maior acesso à internet e devido ao link da pesquisa ter sido divulgado em universidades. Além disso, é possível que aqueles que tinham alguma sensibilidade ao tema tenham tido interesse maior em participar da pesquisa. Por isso, sugere-se que mais estudos sejam realizados com amostra representativa da população.
Estes achados revelam informações sobre aspectos a serem considerados por terapeutas de casais na avaliação das crises conjugais, as quais podem estar associadas a fatores preditores de infidelidade, que tornam o casal vulnerável. Por exemplo, casais onde um membro viaja muito a trabalho ou no qual ambos trabalham em cidades diferentes estão mais suscetíveis à infidelidade. Da mesma forma, casais com altos níveis de conflito ou que se sentem desinvestidos da relação também apresentam maior probabilidade de comportamentos infiéis. É importante que terapeutas estejam atentos a casais nessas situações para a realização de um trabalho preventivo da infidelidade, considerando que esse é um tema que normalmente gera sofrimento muito agudo no casal. Assim, é importante trabalhar não só a infidelidade como sintoma, mas também desde uma perspectiva preventiva e para isso é necessário estar atento aos cenários que circundam a vida a dois.
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Recebido em 11 de novembro de 2016
Aceito para publicação em 06 de novembro de 2018
Esta pesquisa recebeu apoio financeiro da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) por meio de auxílio de Bolsa de Doutorado e de Bolsa Produtividade do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).