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Psicologia Clínica
versão impressa ISSN 0103-5665versão On-line ISSN 1980-5438
Psicol. clin. vol.33 no.1 Rio de Janeiro jan./abr. 2021
https://doi.org/10.33208/PC1980-5438v0033n01Edt
EDITORIAL
Editorial
A revista Psicologia Clínica apresenta seu nº 33.1, intitulado "Família, sociedade e cultura: intervenções teórico-clínicas". Esta publicação se compõe de nove artigos, reunidos numa única seção, mesmo que não seja um fascículo temático especial. É com prazer que constatamos tais conexões temáticas, embora o escopo dos trabalhos que recebemos seja amplo. Por ser um número publicado com trabalhos aceitos às vésperas do princípio da pandemia, um dado interessante é a valorização do contexto social no funcionamento psicológico, que já era presente e, provavelmente, destacar-se-á ainda mais no futuro em reflexo das múltiplas transformações por que o mundo passa agora.
Abrindo a edição, o trabalho intitulado Care among siblings and repercussions of generational transmission on the sibling group, produto de uma parceria carioca entre a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e a Universidade Federal do Rio de Janeiro, apresenta um estudo empírico, com metodologia qualitativa, sobre repercussões transgeracionais relacionadas ao cuidado entre irmãos. As autoras da PUC-Rio são as doutoras Andrea Seixas Magalhães, Mayla Cosmo Monteiro, Rebeca Nonato Machado e Terezinha Féres-Carneiro, que colaboraram com a doutora Renata Mello, da UFRJ.
Na sequência, o segundo artigo apresentado, Os processos identificatórios na constituição da paternidade, teve como objetivo investigar a constituição da paternidade, concluindo que ela não se encontra circunscrita ao momento do nascimento de um filho/a, senão que se encontra articulada à história subjetiva paterna, em especial no que diz respeito aos processos identificatórios em relação às figuras parentais. Produzido por Evandro de Quadros Cherer (Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos, UNICEPLAC, DF), Andrea Gabriela Ferrari e Cesar Augusto Piccinini (ambos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS), o trabalho é um estudo de caso sobre a constituição da paternidade.
O terceiro artigo da edição é um interessante trabalho que realiza uma interpretação teórica à luz da psicanálise sobre uma realidade peculiar: a produção do humor entre travestis que passam por grande vulnerabilidade social. Os autores Ana Paula Leivar Brancaleoni (Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, UNESP) e Daniel Kupermann (Universidade de São Paulo, USP) apresentam o artigo "No ar" e nas ruas: Pajubá e humor entre travestis do interior de São Paulo.
Eduardo Rocha Zaidhaft (Universidade Estácio de Sá, RJ), em colaboração internacional com Francisco Ortega (Universitat Rovira i Virgili, Tarragona, Espanha), produziram o quarto artigo da edição: Sobre a importância da cultura e da experiência no cuidado em saúde mental. O trabalho é uma revisão narrativa sobre as perspectivas do entendimento de saúde mental em função da diversidade cultural.
O quinto artigo, intitulado Avaliação e acompanhamento de um Treinamento de Habilidades Sociais (THS) em crianças do ensino fundamental, apresenta os resultados de uma pesquisa que teve por objetivo avaliar os ganhos dos alunos que participaram de um Treinamento de Habilidades Sociais (THS), bem como a manutenção desses resultados. Marisangela Siqueira de Souza (Universidade Salgado de Oliveira, Universo, RJ), Adriana Benevides Soares (Universidade do Estado do Rio de Janeiro, UERJ, e Universo) e Clarissa Pinto Pizarro Freitas (PUC-Rio), as autoras do estudo, concluíram que os escolares se beneficiaram da intervenção e que os ganhos nas diferentes dimensões cognitivas e comportamentais se mantiveram estáveis ao longo do tempo.
Na sequência, partindo do pressuposto que práticas educativas consideradas inadequadas e déficit de habilidades sociais educativas no contexto familiar podem funcionar como fatores de risco para o desenvolvimento infantil, o artigo intitulado Programa de orientação familiar desenvolvido no serviço de psicologia aplicada de uma universidade pública, de autoria de Patricia Lorena Quiterio, Vanessa Barbosa Romera Leme, Marwin Machay Indio do Brasil do Carmo, Jenniffer Pires da Silva e Bruna de Lima Camelo (todas da UERJ e a última também do Instituto Nacional do Câncer, INCA, RJ), apresenta os resultados de uma intervenção exploratória (Grupo de Orientação Familiar), que teve por objetivo promover práticas parentais e habilidades educativas consideradas adequadas.
O sétimo trabalho desta edição é uma revisão dedicada às proposições da psicanalista russa Sabina Spielrein, que em seus trabalhos dedicou-se, por meio da teoria psicanalítica, a interpretar dados linguísticos e propor formulações do pensamento subliminar. Assim, sendo a linguagem um processo primordial envolvido na comunicação, uma ferramenta básica da socialização, o trabalho Subliminal thought according to Sabina Spielrein's psychoanalytic theory, de autoria de Fátima Caropreso (Universidade Federal de Juiz de Fora, UFJF, MG) traz uma perspectiva diferente sobre o fenômeno do pensamento subliminar.
Na sequência, outro trabalho teórico, sob a ótica da psicanálise e debruçado em mecanismos de comunicação, é apresentado por Luis Achilles Rodrigues Furtado (Universidade Federal do Ceará, UFC). O artigo intitulado Réson: Ruído, ressonância e razão significante na clínica psicanalítica traz reflexões sobre a música e o som em indivíduos com transtorno do espectro autista.
Fechando este número da revista Psicologia Clínica, voltado para intervenções e proposições teóricas que articulam produções subjetivas e contextos sociais, e neste caso, sob a ótica da psicanálise, Anna Carolina Lo Bianco (UFRJ) e Juliana Castro-Arantes (INCA) apresentam o artigo Corpo e finitude: Imagem corporal e restauração narcísica, que investiga as alterações do corpo e o que elas suscitam em termos das intervenções clínicas que se podem estabelecer a partir daí.
Breno Sanvicente-Vieira