Serviços Personalizados
Journal
artigo
Indicadores
Compartilhar
Psicologia Clínica
versão impressa ISSN 0103-5665versão On-line ISSN 1980-5438
Psicol. clin. vol.34 no.1 Rio de Janeiro jan./abr. 2022
https://doi.org/10.33208/PC1980-5438v0034n01A03
SEÇÃO TEMÁTICA - DINÂMICAS SOCIAIS E PSICOLOGIA: COGNIÇÃO, FAMÍLIA, TRAUMA E INOVAÇÃO TECNOLÓGICA EM RELACIONAMENTOS E TRATAMENTOS
O ciclo de vida de casais brasileiros: Uma revisão integrativa
The life cycle of Brazilian couples: An integrative review
El ciclo de vida de parejas brasileñas: Una revisión integradora
Marina Zanella DelatorreI; Giovania Mitie MaesimaII; Leda Rúbia Maurina CoelhoIII; Adriana WagnerIV
IPsicóloga, mestre e doutora em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Pós-doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFRGS. Porto Alegre, RS, Brasil. email: marina_mzd@yahoo.com.br
IIPsicóloga, mestre em Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Porto Alegre, RS, Brasil. email: giovaniamitie@gmail.com
IIIPós-doutora em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), doutora em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), mestra em Educação e graduada em Psicologia pela Universidade de Passo Fundo. Porto Alegre, RS, Brasil. email: ledarubiapsico@gmail.com
IVPsicóloga. Doutora em Psicologia Social. Professora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Porto Alegre, RS, Brasil. email: adrianaxwagner@gmail.com
RESUMO
Este estudo apresenta uma revisão integrativa da literatura brasileira sobre fenômenos específicos que permeiam as fases do ciclo evolutivo vital conjugal, tais como a formação do casal, a transição para a parentalidade, a conjugalidade em relacionamentos de longa duração e o recasamento. As buscas dos artigos foram realizadas nas bases de dados IndexPsi, PEPsic e Lilacs, utilizando o termo "casal" em combinação com os termos "formação do casal", "parentalidade", "filhos", "ninho vazio", "longa duração", "divórcio" e "recasamento". Os 471 trabalhos retornados foram revisados, resultando em 23 artigos selecionados e submetidos a uma análise quantitativa descritiva e a uma análise temática qualitativa. Os resultados demonstraram que há predominância de estudos qualitativos, provenientes das regiões Sul e Sudeste, que utilizam aporte teórico sistêmico. A análise temática identificou 14 temas, que foram organizados a partir de cinco eixos: formação do casal, expansão da base, preparação e afirmação, anos tardios e casais recasados. Constatou-se que há lacunas na investigação da conjugalidade em determinados períodos do ciclo vital e a necessidade de estudos longitudinais que elucidem as particularidades da relação conjugal em diferentes momentos do ciclo de vida.
Palavras-chave: dinâmica de casal; ciclo de vida; relações conjugais; casal; revisão de literatura.
ABSTRACT
This study presents an integrative review of Brazilian literature about specific phenomena concerning the phases of the marital evolutionary cycle, such as couple formation, transition to parenthood, conjugality in long-term marriages, and remarriage. The searches were made in the IndexPsi, PEPsic, and Lilacs databases, using the term "couple" combined with "couple formation", "parenting", "children", "empty nest", "long-term", "divorce", and "remarriage". The 471 papers returned from searches were reviewed, resulting in 23 selected articles which were submitted to a quantitative descriptive analysis and to a qualitative thematic analysis. The results showed most studies were qualitative, from the South and Southeast regions, and used the systemic theoretical approach. Thematic analysis identified 14 themes, which were organized in five sets: couple formation, base expansion, preparation and affirmation, late years, and remarried couples. Gaps were found in the investigation of couple relations in certain periods of the life cycle. There is also a need for longitudinal studies to clarify particularities of marital relations in different moments of the life cycle.
Keywords: couple dynamics; life cycle; marital relations; couple; literature review.
RESUMEN
Este estudio presenta una revisión integradora de la literatura brasileña sobre fenómenos específicos que permean las fases del ciclo evolutivo vital conyugal, tales como la formación de la pareja, la transición a la parentalidad, la conyugalidad a largo plazo y el segundo matrimonio. Las búsquedas se realizaron en las bases de datos IndexPsi, PEPsic y Lilacs, utilizando el término "pareja" en combinación con los términos "formación de pareja", "hijos", "nido vacío", "larga duración", "divorcio" y "recasamento". Se revisaron los 471 artículos que regresaron de las búsquedas, resultando en 23 artículos seleccionados y sometidos a un análisis descriptivo cuantitativo y a un análisis temático cualitativo. Los resultados mostraron que hay un predominio de estudios cualitativos, provenientes de las regiones Sur y Sureste, que utilizan soporte teórico sistémico. El análisis temático identificó 14 temas, los cuales se organizaron en base a cinco ejes: formación de la pareja, expansión de la base, preparación y afirmación, años tardíos y el segundo matrimonio. Se constató que existen deficiencias en la investigación de la conyugalidad en determinados períodos del ciclo vital y la necesidad de estudios longitudinales que diluciden las particularidades de la relación conyugal en diferentes momentos del ciclo vital.
Palabras clave: dinámica de pareja; ciclo de vida; relaciones conyugales; pareja; revisión de la literatura.
Introdução
O ciclo vital é um tema amplamente estudado, tanto da perspectiva individual como familiar, especialmente por pesquisadores das áreas da Psicologia Clínica e do Desenvolvimento (Carter & McGoldrick, 1995; Cerveny & Berthoud, 1997; Papalia & Feldman, 2013; Ríos-González, 2011; Walsh, 2016). As teorias criadas a partir das fases evolutivas que compõem o ciclo vital descrevem em detalhes os processos de desenvolvimento peculiares de cada momento da vida, contribuindo para a compreensão e intervenção com indivíduos e famílias. Constata-se que ainda há pouco desenvolvimento teórico e pesquisas enfocando especificamente o ciclo vital do casal, tanto no Brasil como internacionalmente. Ainda que esse tema apareça como foco de alguns estudos americanos (Nichols & Pace-Nichols, 1993), espanhóis (Ríos-González, 2011) e brasileiros (Wagner & Delatorre, 2018), verifica-se que as pesquisas ainda são incipientes, considerando a complexa dinâmica que se estabelece na conjugalidade ao longo da vida.
O subsistema conjugal possui processos próprios de desenvolvimento ao longo do tempo, que merecem atenção e estudos específicos. Ignorar as tarefas desenvolvimentais dos casais pode gerar lacunas na compreensão desse subsistema, limitando a eficácia das intervenções clínicas e psicoeducativas voltadas à conjugalidade (Nichols & Pace-Nichols, 1993). Ademais, conhecer e aprofundar os estudos do ciclo vital do casal também possibilita contemplar os casais sem filhos, já que o ciclo vital familiar está balizado, em parte, pelo crescimento e desenvolvimento dos filhos. O número de casais sem filhos tem crescido constantemente no Brasil. Em 2004, 14,6% dos arranjos familiares eram compostos por casais sem filhos. Dez anos depois, com aumento proporcional de aproximadamente 25%, este número passou a ser 19,4% (IBGE, 2014).
Nesse sentido, Nichols e Pace-Nichols (1993), no início dos anos noventa, propuseram quatro etapas normativas do ciclo vital do casal, com tarefas específicas e que se espera que sejam cumpridas por ambos os cônjuges. Numa perspectiva sistêmica, também indicam as tarefas parentais aliadas à conjugalidade, tendo em vista que o exercício da parentalidade se intersecciona com a vivência da conjugalidade. O modelo oferece referências sobre as tarefas e os desafios enfrentados pelos casais ao longo do tempo, com base na prática clínica dos autores e pesquisas sobre conjugalidade. De modo semelhante, o espanhol Ríos-González (2011) propôs, em meados da primeira década dos anos 2000, uma compreensão do ciclo vital do casal, baseando-se em sua experiência clínica. Em comparação às proposições de Nichols e Pace-Nichols (1993), o modelo de Ríos-González (2011) é mais específico, composto por sete etapas caracterizadas conforme suas tarefas e desafios, bem como suas mudanças estruturais, funcionais e desenvolvimentais.
Ainda que estudos com enfoque nas fases evolutivas propostas por esses autores sejam escassos, a literatura internacional relacionada a marcos específicos da conjugalidade é abundante. Por exemplo, a necessidade de estabelecer fronteiras nítidas em relação à família de origem na formação do casal (McGoldrick & Shibusawa, 2016) e de criar espaço para as tarefas parentais na dinâmica conjugal (Carter & McGoldrick, 1995; McGoldrick & Shibusawa, 2016) sem desproteger a privacidade do casal. Outros fatores, como a comunicação e a forma de resolução de conflitos, aparecem como fundamentais ao longo de todo o ciclo vital (Gottman et al., 2020; Lavner et al., 2016).
Apesar da existência de estudos e propostas de modelos descritivos do ciclo vital conjugal no cenário internacional, sabe-se que o contexto tem um papel fundamental na dinâmica do casal (Delatorre, 2019; Mosmann et al., 2006). Por isso, a simples transposição de teorias desenvolvidas em outros contextos dificilmente será capaz de abarcar as especificidades da dinâmica conjugal em nosso país. No Brasil, Wagner e Delatorre (2018) descreveram quatro etapas do ciclo vital do casal, buscando as particularidades e as tarefas de cada fase. As quatro etapas descritas foram: formação do casal; expansão da base; afirmação e preparação; e anos tardios.
Na fase de formação do casal, espera-se que os cônjuges desenvolvam uma relação de compromisso, afeto e cuidado mútuo que possibilite o estabelecimento de uma identidade conjugal e de fronteiras em relação às famílias de origem. Na expansão da base, há um senso de coesão e pertencimento a essa identidade formada, bem como do lugar do casal na família extensa e no contexto social. O casal deve reequilibrar constantemente seus papéis e ajustar-se às tarefas parentais, caso tenham filhos. Na preparação e afirmação, espera-se que o casal tenha um vínculo estável e seja capaz de compartilhar planos, emoções e preocupações, além de equilibrar suas expectativas iniciais e a realidade da relação. Por fim, na fase de anos tardios, a tarefa do casal é manter o apoio mútuo, compartilhando as satisfações e significados alcançados no relacionamento, e preparar-se para as perdas inerentes à fase (Wagner & Delatorre, 2018). Além de descreverem as etapas do ciclo evolutivo, as autoras associam as fases aos dados de uma pesquisa nacional sobre conjugalidade (Wagner et al., 2015).
Considerando a necessidade de ampliar os conhecimentos sobre o ciclo vital do casal no Brasil, buscamos identificar os artigos que versam sobre temas transversais ao ciclo vital do casal, conforme descrito em estudo anterior (Wagner & Delatorre, 2018), a fim de conhecer o panorama brasileiro a respeito dos estudos sobre as etapas evolutivas da conjugalidade. Cabe ressaltar que qualquer paradigma que seja construído para explicar o ciclo vital deve considerar a diversidade no que diz respeito aos contextos e configurações dos casais, em termos de raça, cultura, vulnerabilidade social, gênero, território, valores, entre outros (McGoldrick et al., 2016). Diante disso, faz-se necessário ampliar as definições de conceitos, como os de casal e família, de modo a expandir o espectro da normatividade e adotar um posicionamento de pluralismo inclusivo (Walsh, 2016). Nesse sentido, conhecer o panorama do ciclo vital em casais brasileiros possibilita considerar as particularidades desse fenômeno à luz do nosso contexto, tendo em vista que as teorias existentes são, em sua maioria, originadas em países da Europa e da América do Norte. Entretanto, vale mencionar que, diante da diversidade regional brasileira e outros aspectos que reverberam na forma como os casais vivenciam a conjugalidade, não há como descrever uma forma única de vivenciar o ciclo vital para todos os casais do país. Por isso, a visão apresentada neste estudo não deve ser aplicada de forma prescritiva, mas deve ser interpretada levando em consideração os perfis específicos dos casais estudados nos trabalhos revisados.
Método
As buscas para esta revisão integrativa (Souza et al., 2010) foram realizadas nas bases de dados IndexPSI, PEPsic e Lilacs, nos meses de abril e maio de 2019. Inicialmente, buscamos os termos "ciclo de vida" e "casal", que retornaram apenas dois resultados na base de dados Lilacs. Assim, ampliamos a estratégia de busca, utilizando os termos "casal" em combinação com "formação do casal", "parentalidade", "filhos", "ninho vazio", "longa duração", "divórcio" e "recasamento", nas mesmas bases de dados. As palavras-chave utilizadas referem-se aos processos e etapas de transição do casal ao longo do tempo. Desconsideramos os trabalhos que abordavam prioritariamente assuntos específicos, como, por exemplo, adoção, transtornos mentais, doenças graves de um dos membros da família e conjugalidade homoafetiva, uma vez que nosso objetivo foi o de conhecer a produção existente sobre o ciclo normativo do casal. Foram selecionados para revisão apenas artigos empíricos nacionais em português, inglês e espanhol, publicados na íntegra.
Retornaram dessa busca 471 artigos. Após a leitura dos títulos e resumos, foram selecionados 27 artigos que, a priori, cumpriam os critérios do estudo para serem lidos na íntegra. Após a leitura, foram excluídos mais três artigos por não cumprirem os critérios e um por não abordar explicitamente os aspectos metodológicos, sendo considerado insuficiente para a análise. Desse modo, 23 artigos foram revisados, que foram distribuídos em quatro eixos de análise: Formação do casal (6), Parentalidade (6), Longa duração (6) e Recasamento (5), com base nas etapas propostas por Wagner e Delatorre (2018). A Figura 1 detalha o processo de seleção dos artigos.
Análise de dados
Primeiramente, realizamos uma análise quantitativa descritiva dos 23 artigos selecionados, contemplando as seguintes variáveis: ano de publicação, classificação Qualis da revista, tamanho, idade e nível socioeconômico da amostra, tipo de estudo e procedimentos metodológicos, abordagem teórica, categoria de análise e estado da federação onde a pesquisa foi realizada. Em seguida, os estudos foram submetidos à análise temática (Braun & Clarke, 2006). O software N-vivo 12 foi utilizado para auxiliar no processo de análise.
Resultados
A análise descritiva demonstrou que os artigos foram publicados entre 1987 e 2019, destacando o aumento de publicações a partir de 2011. Considerando todo o período, a distribuição das publicações foi a seguinte: 2 (9%) artigos publicados antes de 2000, 4 (18%) entre 2000 e 2010, 10 (43%) de 2011 a 2015 e 7 (30%) de 2016 a 2019. Com relação à classificação Qualis das revistas, as publicações em periódicos A2 (9 artigos, 39%) foram predominantes, seguidas das B2 (7 artigos, 30%). Quatro artigos (18%) foram publicados em revistas A1, dois (9%) em B1, e apenas um artigo (4%) foi publicado em periódico com Qualis B4.
Quanto ao tipo de estudo, a maioria (87%) foi de pesquisas qualitativas, duas (9%) foram quantitativas e uma (4%) de método misto. A abordagem teórica foi predominantemente sistêmica (11 artigos, 48%). Obteve-se um representante (4%) em cada uma das seguintes abordagens: psicologia positiva, psicanálise e psicologia evolucionista. Nove (39%) dos trabalhos selecionados não indicaram no texto uma abordagem teórica. Por fim, a distribuição conforme os estados onde as pesquisas foram realizadas se deu da seguinte forma: 11 artigos do Rio Grande do Sul (48%), cinco do Rio de Janeiro (22%), quatro de São Paulo (17%), três de Minas Gerais (12%), e Bahia, Espírito Santo e Pernambuco tiveram um artigo (4%) cada. A contabilização total resultou em 26 incidências, tendo em vista que três estudos foram realizados em dois estados concomitantemente.
Com relação ao tamanho amostral, os três estudos quantitativos utilizaram as maiores amostras: 50 famílias (com respondentes homens e mulheres); 62 mulheres; e 356 indivíduos (homens e mulheres solteiros, casados, separados ou recasados). Dentre os de tipo qualitativo, três (12%) foram estudos de caso único, considerando o casal ou a família. Do restante, 11 pesquisas (48%) foram feitas com casais e tiveram tamanho amostral entre três e 25 casais; e seis estudos (26%) investigaram indivíduos, abrangendo de três a 16 participantes. As idades dos participantes foram examinadas a partir da seguinte classificação: adultos jovens (até 40 anos), adultos intermediários (entre 40 e 60 anos) e adultos maduros (60 anos ou mais). Nesse sentido, observou-se uma predominância de pesquisas realizadas exclusivamente com adultos jovens (9 artigos, 39%), seguidas de amostras mistas com adultos jovens e intermediários (4 artigos, 18%). Três estudos (12%) foram feitos exclusivamente com adultos intermediários; quatro investigações (18%), com participantes adultos intermediários e maduros; e três artigos não indicaram as idades dos participantes.
Quanto ao perfil dos participantes, as amostras de 13 (57%) dos estudos foram formadas por casais, seis (26%) eram compostas por homens e mulheres casados, quatro (13%) por mulheres e um (4%) por homens, também casados. Dez estudos (57%) caracterizaram os participantes como de nível socioeconômico médio. Dentre os trabalhos que não apresentaram a classificação socioeconômica, seis indicaram a escolaridade dos participantes. Em três destes, no mínimo a metade havia cursado ensino superior, e nos outros três a maioria dos respondentes havia completado até o ensino médio. Apenas um destes seis estudos informou a renda da amostra, que variou entre dois e 15 salários mínimos. Nos sete estudos restantes, não foram relatadas informações sobre nível socioeconômico, escolaridade e renda da amostra. Nenhuma investigação forneceu dados acerca dos aspectos étnico-raciais dos participantes.
A análise qualitativa se estruturou a partir de cinco eixos, quatro deles propostos por Wagner e Delatorre (2018): formação do casal, expansão da base, preparação e afirmação e anos tardios, e um quinto eixo abrangendo os casais recasados. O conjunto dos cinco eixos reuniu 14 temas levantados a partir da análise dos artigos selecionados: comunicação e acordo; fronteiras; família de origem; qualidade conjugal; trabalho; diferenças nos papéis sexuais; decisão de ter ou não filhos; transição para a parentalidade; repercussões da parentalidade na conjugalidade; estratégias e recursos para o enfrentamento de dificuldades; lazer; sexualidade; rede de apoio; e valores associados à religiosidade. Cabe ressaltar que alguns dos temas aparecem em mais de um eixo, por retratarem aspectos transversais ao longo do ciclo vital do casal.
Eixo 1: formação do casal
Este eixo abrange a fase de construção do casal, período em que os parceiros se adaptam um ao outro e negociam a rotina e a dinâmica conjugal (Costa & Mosmann, 2015; Vilar & Rabinovich, 2014). Aparecem também as características do(a) parceiro(a) que despertaram interesse, os atributos valorizados ou desvalorizados na escolha conjugal e o confronto das expectativas iniciais sobre o casamento com a realidade. Os resultados de um dos estudos analisados, realizado na década de 90, mostram que homens e mulheres valorizam características como fidelidade, companheirismo, integridade, paixão e carinho. Os homens tendem a valorizar mais os atributos físicos e, as mulheres, a competência profissional e a capacidade econômica (Féres-Carneiro, 1997). Além disso, a existência de valores em comum e as habilidades parentais demonstradas pelo(a) parceiro(a) aparecem como relevantes na escolha do cônjuge (Dantas et al., 2019; Féres-Carneiro, 1987; Grizólio et al., 2015). Esse período é marcado por certa ambivalência, já que a paixão e o desejo de proximidade coexistem com as dificuldades e os conflitos que surgem no processo de adaptação (Costa & Mosmann, 2015; Oliveira & Krug, 2011).
Esse processo de adaptação é facilitado pela comunicação e acordo (tema 1.1) entre o casal quanto ao modo de funcionamento conjugal (Bueno et al., 2013; Heckler & Mosmann, 2016). Além disso, há a necessidade de estabelecer fronteiras (tema 1.2) nítidas entre o subsistema conjugal e os demais subsistemas familiares, bem como entre os membros do casal enquanto indivíduos. Nesse período, pode haver dificuldade em equilibrar o grau de proximidade entre os cônjuges (Oliveira & Krug, 2011) e em demarcar as fronteiras em relação às famílias de origem (Bueno et al., 2013).
De fato, a influência da família de origem (tema 1.3) na conjugalidade tende a ser mais acentuada nos anos de formação do casal. A intensidade dessa influência apareceu de forma variada nos estudos analisados e entre os casais investigados em cada estudo. Nesse período, deve-se estabelecer o nível de proximidade do casal em relação às famílias e a separação emocional da sua família de origem, de forma a permitir o estabelecimento da dinâmica e da identidade do novo casal (Bueno et al., 2013; Oliveira & Krug, 2011).
A forma como os membros do casal constroem esses aspectos e se adaptam ao novo status de casal aparece associada à qualidade conjugal (tema 1.4), assim como o manejo de fatores relacionados ao trabalho e profissão (Heckler & Mosmann, 2016). O trabalho (tema 1.5) assume grande importância durante a fase de formação do casal, já que promove o sustento financeiro das díades (Soares & Colossi, 2016). Ao mesmo tempo, está frequentemente associado a queixas sobre falta de tempo livre. Assim, conciliar casamento e carreira é desafiador, especialmente tendo em vista o pouco tempo que sobra para investir na relação (Heckler & Mosmann, 2014, 2016; Ronchi & Avellar, 2011). Além disso, alguns casais migram de cidade em busca de melhores oportunidades de emprego. Nestes casos, observa-se que os casais se voltam mais à relação conjugal, em função de suas redes de apoio social diminuírem, pelo menos num primeiro momento (Heckler & Mosmann, 2014, 2016).
Paralelamente aos aspectos relacionados ao tempo livre e às demandas de trabalho, aparece a negociação da divisão das tarefas domésticas, ainda marcada por diferenças nos papéis sexuais (tema 1.6), as quais ficam, principalmente, sob a responsabilidade das mulheres, mesmo que estejam inseridas no mercado de trabalho. Os homens, majoritariamente, assumem papel coadjuvante nessas atividades (Heckler & Mosmann, 2014, 2016).
Eixo 2: expansão da base
Este eixo abrange os achados relativos ao período de expansão da base, que costuma ser marcado pela transição para a parentalidade, embora essa transição possa não ocorrer, no caso dos casais sem filhos, ou acontecer em outros momentos do ciclo vital. Mesmo assim, os artigos relacionados a essa fase enfatizam o tema da parentalidade. Dada a centralidade do tema, a própria discussão e/ou decisão de ter ou não filhos é um marco importante nesse período.
A decisão de ter ou não filhos (tema 2.1) costuma envolver sentimentos ambíguos (Vilar & Rabinovich, 2014). O desejo de ter filhos, de um lado, e a responsabilidade e o investimento que o papel parental demanda, por outro lado, são aspectos considerados pelos casais nesse processo. Dentre os fatores que contribuem para adiar o projeto parental estão o pouco suporte para auxiliar na criação dos filhos e a demora em adquirir estabilidade financeira. Em contrapartida, a idade dos cônjuges, especialmente da mulher, em vista de aspectos biológicos, contribui para não mais adiar a decisão (Bernardi et al., 2018).
Para os casais com filhos, a transição para a parentalidade (tema 2.2) é vivida de diferentes formas em cada díade e está relacionada à dinâmica conjugal anterior (Alves-Silva et al., 2017; Menezes & Lopes, 2007). É recorrente a indicação das novas demandas que surgem com o nascimento do primeiro filho, as quais exigem um rearranjo de funções e papéis, com diferentes atribuições e responsabilidades. Os estudos mostram que a transição ocorre de forma mais tranquila em casais com maior tempo de união e que tenham planejado a gestação. Esses aspectos facilitam o compartilhamento de compromissos e responsabilidades, e a discussão das regras a serem adotadas (Cruz & Mosmann, 2015; Ronchi & Avellar, 2011; Soares & Colossi, 2016; Vilar & Rabinovich, 2014). As práticas educativas também são influenciadas pela família de origem (tema 2.3), que exerce a função de transmissão de valores, reverberando na forma como os membros do casal assumem os novos papéis relativos à parentalidade (Cruz & Mosmann, 2015).
As repercussões da parentalidade na conjugalidade (tema 2.4) aparecem em diversos estudos revisados (Alves-Silva et al., 2017; Dantas et al., 2019; Hernandez & Hutz, 2009; Paiva & Gomes, 2006; Soares & Colossi, 2016). É frequente a diminuição da satisfação, qualidade e ajustamento do relacionamento (Bernardi et al., 2018), exigindo que os casais passem por mudanças e adaptações para atravessar esse período (Alves-Silva et al., 2017; Hernandez & Hutz, 2009). Por outro lado, o nascimento dos filhos suscita sentimentos de alegria (Alves-Silva et al., 2017) que favorecem que algumas transições sejam atravessadas com menos obstáculos (Soares & Colossi, 2016). Apesar de também vivenciarem desafios, casais com maior envolvimento emocional conseguem preservar melhor a conjugalidade. Contudo, aqueles que já apresentavam distanciamento emocional tornam-se mais suscetíveis à crise e demonstram mais dificuldades para preservar o espaço conjugal (Menezes & Lopes, 2007).
Diante desses desafios, os casais lançam mão de uma série de estratégias e recursos para o enfrentamento das dificuldades (tema 2.5) dos momentos de crise. O diálogo, o cuidado e a confiança no cônjuge, bem como a compreensão das situações estressoras são alguns dos recursos de enfrentamento na transição para a parentalidade. O emprego desses recursos contribui para as adaptações necessárias nesse período e para o amadurecimento da relação conjugal (Cruz & Mosmann, 2015).
Uma das dificuldades recorrentes na etapa de expansão da base é a preservação da conjugalidade diante das demandas da parentalidade. Assim, espera-se que as fronteiras (tema 2.6) sejam nítidas o suficiente para proteger o espaço do casal. Nesse sentido, é necessário reorganizar a dinâmica conjugal para incluir os filhos e, ao mesmo tempo, manter as fronteiras e os papéis conjugais ao assumir seus novos papéis parentais (Vilar & Rabinovich, 2014). Uma das formas de preservar esse espaço é a prática de atividades de lazer (tema 2.7), de forma que o casal possa investir na conjugalidade realizando atividades prazerosas para ambos (Costa & Mosmann, 2015; Ronchi & Avellar, 2011).
Os estudos analisados também mostram que tende a haver uma diminuição na frequência do ato sexual, em função das demandas envolvendo os filhos (Ronchi & Avellar, 2011; Vilar & Rabinovich, 2014). De fato, o tema sexualidade (tema 2.8) aparece nos estudos revisados como um elemento importante da conjugalidade, que apresenta nuances ao longo do ciclo vital (Campos et al., 2017; Féres-Carneiro, 1987; Vilar & Rabinovich, 2014). De maneira geral, a sexualidade é relacionada à intimidade, entendida como necessária para que os membros do casal possam expressar suas vontades, desejos, indisposições, limitações e receios (Campos et al., 2017). Além da sexualidade, os trabalhos analisados ressaltam a importância do apoio mútuo, do companheirismo, de interesses em comum e da boa comunicação para preservação da qualidade conjugal (tema 2.9) nesse período (Vilar & Rabinovich, 2014), bem como bons níveis de qualidade da relação anterior à gestação (Menezes & Lopes, 2007).
No que diz respeito ao contexto, aparecem tanto desafios quanto recursos de apoio ao casal. O trabalho (tema 2.10) dos cônjuges impacta na conjugalidade, especialmente quando há a necessidade de adaptação aos novos papéis de pai e mãe. O trabalho pode ser ainda mais desgastante para mulheres que assumem dupla jornada, evidenciando as questões de gênero relacionadas à distribuição não igualitária das tarefas domésticas e parentais (Heckler & Mosmann, 2014; Vilar & Rabinovich, 2014).
Dessa forma, as diferenças nos papéis sexuais (tema 2.11) estão presentes também na fase de expansão da base. As tarefas relacionadas à parentalidade recaem majoritariamente sobre as mulheres, assim como também as atividades domésticas (Menezes & Lopes, 2007; Ronchi & Avellar, 2011; Soares & Colossi, 2016; Vilar & Rabinovich, 2014). Por outro lado, também foram encontradas em um dos estudos práticas parentais mais contemporâneas, com maior disponibilidade do pai, no que diz respeito ao envolvimento emocional e aos cuidados ao filho (Soares & Colossi, 2016).
O desgaste provocado pelo aumento das demandas sobre o casal nesta fase pode ser atenuado pela disponibilidade de uma rede de apoio (tema 2.12) que auxilie os pais na criação de seus filhos (Bernardi et al., 2018). Num dos estudos especificamente, a crise contribuiu indiretamente para o aumento da rede de apoio e o estreitamento dos laços afetivos entre o casal (Paiva & Gomes, 2006).
Eixo 3: preparação e afirmação
Os temas reunidos nesse eixo demonstram que, na fase de preparação e afirmação, há uma consolidação das tarefas que dizem respeito à conjugalidade e, eventualmente, à parentalidade, correspondentes aos estágios anteriores. Os casais valorizam aspectos do relacionamento que expressam essa consolidação, como o companheirismo, o apoio mútuo, a comunicação e a afetividade (Vilar & Rabinovich, 2014). Os estudos analisados também demonstram que a adaptação à saída dos filhos de casa é um desafio para os casais, provavelmente devido ao alto investimento dos cônjuges no papel parental (Patias et al., 2012).
A flexibilidade, a comunicação e o acordo (tema 3.1) seguem sendo importantes na etapa de preparação e afirmação. Essas habilidades facilitam o compartilhamento de problemas e dificuldades, e favorecem a adequação entre os membros do casal (Campos et al., 2017). Da mesma forma, destacam-se como estratégias e recursos para o enfrentamento de dificuldades (tema 3.2) a religiosidade e a rede de apoio formada a partir da comunidade religiosa, familiares e profissionais da saúde (Alves-Silva et al., 2017; Paiva & Gomes, 2006). Esses recursos aparecem junto às estratégias baseadas no diálogo, cuidado e confiança já citados na fase de formação do casal. A capacidade de enfrentamento de situações estressoras é elencada nos estudos como um fator importante para a adaptação do casal em momentos de transição e para a manutenção do relacionamento ao longo do tempo (Alves-Silva et al., 2017). Com menos ênfase, o lazer (tema 3.3) também aparece como recurso importante para o investimento na conjugalidade (Costa & Mosmann, 2015; Ronchi & Avellar, 2011).
Nessa fase, a afetividade, a intimidade, o aprendizado e o amadurecimento frente às situações de dificuldade são apontados como relevantes para a manutenção da qualidade conjugal (tema 3.4) (Alves-Silva et al., 2017; Campos et al., 2017). Outras características já presentes anteriormente, como o companheirismo, os interesses compartilhados e a comunicação, continuam importantes nesse estágio, já que a principal tarefa é a solidificação do vínculo e da coesão aprofundados na fase anterior.
No que diz respeito às repercussões da parentalidade na conjugalidade (tema 3.5), os casais na etapa de preparação e afirmação costumam ter que lidar com a saída dos filhos de casa, que pode afetar a dinâmica familiar devido ao alto investimento na função parental. Para alguns casais, a parentalidade tanto pode justificar a existência da relação conjugal quanto ser condição para que o relacionamento se mantenha com o passar do tempo (Grizólio et al., 2015; Patias et al., 2012). Alguns casais nessa fase compreendem a parentalidade como complementar à conjugalidade, e a felicidade do casal como dependente do status parental (Grizólio et al., 2015).
Eixo 4: anos tardios
Este eixo reúne as particularidades da fase de anos tardios, com base em trabalhos abordando os relacionamentos de longa duração. O diálogo, a comunicação e o acordo (tema 4.1) aparecem em casais na fase de anos tardios como um meio para consolidar o amadurecimento e os aprendizados obtidos diante das dificuldades enfrentadas ao longo do relacionamento (Campos et al., 2017). No que diz respeito à sexualidade (tema 4.2), o sexo nem sempre é visto como fator necessário aos relacionamentos (Alves-Silva et al., 2017). Nesse período, pode haver uma releitura da sexualidade, abrindo espaço para o fortalecimento da proximidade e afetividade entre o casal (Campos et al., 2017).
A qualidade conjugal (tema 4.3) parece estar associada à capacidade do casal de extrair aprendizados de experiências difíceis que enfrentaram, apesar dos elementos presentes noutras fases do ciclo vital também serem citados pelos casais de longa duração (Campos et al., 2017; Costa & Mosmann, 2015). Além disso, são mencionadas a intimidade, a tolerância, a complementaridade entre os cônjuges (Alves-Silva et al., 2017) e a capacidade de se adaptarem às necessidades um do outro (Campos et al., 2017).
Quanto ao contexto, a rede de apoio (tema 4.4) nos anos tardios aparece com a função de ampliar os círculos sociais e evitar a solidão. Nesse sentido, a manutenção do próprio casamento pode ser motivada pelo medo da solidão, já que a relação possibilita a ampliação da família e, consequentemente, dos vínculos (Alves-Silva et al., 2017). Além da família, alguns casais passam a procurar amigos ou sua comunidade religiosa e a frequentar grupos a fim de manter contatos sociais ativos (Patias et al., 2012).
As diferenças nos papéis sexuais (tema 4.5) também são mencionadas em estudos com casais nos anos tardios, tanto no âmbito doméstico como no desejo de realização profissional das mulheres (Campos et al., 2017). Em dois dos casos retratados nos estudos, a cristalização dos papéis de gênero e a inflexibilidade do cônjuge inviabilizaram a busca das mulheres por emprego. Essas diferenças de papéis também são verificadas em valores tradicionais expressos pelos casais (Alves-Silva et al., 2017).
Por fim, os valores associados à religiosidade (tema 4.6) estão presentes na maioria dos estudos que investigam casais na fase de anos tardios (Alves-Silva et al., 2017; Costa & Mosmann, 2015; Grizólio et al., 2015; Paiva & Gomes, 2006). Os valores da família tradicional são enfatizados, e um deles é a religiosidade, que foi indicada como um relevante motivo para a manutenção do casamento, sendo o divórcio muitas vezes considerado proibido. Assim, novas formas mais adequadas de resolução de conflito são necessárias para manter o casamento satisfatório. A religião, ao mesmo tempo em que é fonte de suporte e apoio a esses casais, cede pouco espaço para maiores transformações e/ou ruptura de padrões (Alves-Silva et al., 2017).
Eixo 5: casais recasados
Este eixo apresenta as particularidades da conjugalidade que envolvem o recasamento. Em geral, os homens recasam mais rápido que as mulheres (Costa & Dias, 2012). Essa configuração familiar envolve complexidade, já que acarreta o entrelaçamento de múltiplas famílias e requer paciência, respeito, diálogo, flexibilidade e permanentes negociações sobre as fronteiras, os espaços e a privacidade (Costa & Dias, 2012; Dantas et al., 2019).
O recasamento envolve o luto pela relação prévia e exige a capacidade de diferenciar os relacionamentos, sem projetar os fracassos e erros anteriores no casamento atual. O processo de separação pode favorecer o amadurecimento emocional dos ex-cônjuges e, assim, possibilitar o início de relacionamentos com menos pendências das relações anteriores. Apesar dos desafios, uma identidade familiar pode ser criada, pouco a pouco, por meio do compartilhamento de novas experiências entre os membros da família (Dantas et al., 2019).
Os estudos investigados evidenciam as repercussões da parentalidade na conjugalidade (tema 5.1) como fator fundamental a ser analisado em casais recasados. As responsabilidades sobre a prole normalmente recaem sobre os pais biológicos, e padrastos e madrastas têm um papel secundário na educação dos enteados (Costa & Dias, 2012). Nesse contexto, a parentalidade pode ser exercida com enteados, filhos frutos de relações anteriores e filhos em comum com o parceiro atual. A diferenciação entre os papéis - conjugal e parental - é bastante importante para que a conjugalidade seja preservada, ainda que manter o espaço da conjugalidade para os recasados possa ser ainda mais desafiador (Kunrath, 2006). Em um dos estudos investigados, as madrastas relatam a ambiguidade de se sentirem, ao mesmo tempo, pertencentes e excluídas, indicando a importância de lidar com a frustração, os ciúmes dos enteados e de apresentar uma postura frente aos cônjuges. Ademais, o apoio e compreensão das madrastas com relação ao exercício paterno do cônjuge reverberou positivamente na conjugalidade (Dantas et al., 2019).
Assim, a definição de fronteiras (tema 5.2) é fundamental para os casais recasados. O desafio é manter fronteiras nítidas em meio a uma complexa rede de subsistemas familiares, preservando os papéis e o espaço de cada um, especialmente quando há filhos de relações anteriores (Bernardi et al., 2016; Dantas et al., 2019; Kunrath, 2006). Quando os novos papéis estão pouco delimitados, torna-se ainda mais difícil lidar com essa situação (Bernardi et al., 2016; Kunrath, 2006). Portanto, assim como a demarcação de fronteiras é importante para preservar o espaço conjugal, a clareza dos papéis assumidos por cada membro do casal é fundamental para a delimitação das fronteiras.
Nesse sentido, a qualidade conjugal (tema 5.3) desses casais aparece relacionada à flexibilidade, ao investimento afetivo e à disposição em acolher os filhos de relacionamentos anteriores (Dantas et al., 2019). Além disso, um dos estudos revela que esse grupo tende a atribuir um papel mais relevante à sexualidade (tema 5.4) e à atração sexual em comparação àqueles de primeiro casamento. Nesse estudo, os casais recasados conseguiam tratar mais abertamente de suas expectativas e demandas sexuais do que nos primeiros casamentos (Féres-Carneiro, 1987).
Finalmente, os casais recasados foram os únicos entre os estágios investigados a mencionarem investimento na rede de apoio (tema 5.5) sem estar atrelado a algum momento de dificuldade ou necessidade. Assim, relataram maior investimento com amigos próprios, além de valorizarem mais as saídas sem os cônjuges, se comparado aos casais de primeiro casamento (Féres-Carneiro, 1987).
Discussão
Este estudo buscou investigar a produção da literatura nacional sobre aspectos que envolvem fenômenos específicos das fases do ciclo evolutivo vital, tais como a formação do casal, a transição para a parentalidade, a conjugalidade em relacionamentos de longa duração e o recasamento. As buscas foram balizadas pelo ciclo vital familiar, visando a ampliar o mapeamento de estudos sobre conjugalidade na perspectiva do ciclo vital. Essa estratégia de busca foi adotada em face da escassez de estudos brasileiros que empreguem a terminologia 'ciclo vital do casal', evidenciando tanto o desconhecimento, quanto a pouca disseminação dessa perspectiva no âmbito acadêmico.
Os artigos selecionados foram analisados de acordo com os temas abordados nos próprios trabalhos e compreendidos a partir dos eixos propostos por uma síntese teórica do ciclo vital do casal, publicada previamente (Wagner & Delatorre, 2018). A maioria dos artigos foram publicados a partir de 2011, em revistas de Qualis A, utilizando métodos qualitativos e abordagem sistêmica, e realizadas no Rio Grande do Sul. O aumento nos estudos nos últimos 40 anos demonstra que conhecer a dinâmica conjugal passou a ter maior relevância nos estudos da família. O nível das revistas em que os trabalhos foram publicados atesta sua boa qualidade. Além disso, nota-se a predominância de estudos qualitativos, o que pode ser explicado pela complexidade envolvida na dinâmica conjugal. Também pode-se constatar que a maioria da produção científica sobre o tema está concentrada nas regiões Sul e Sudeste do Brasil e abrange o nível socioeconômico médio, revelando uma carência de estudos que retratem a realidade de outras regiões do país e outras camadas da população. A análise do conjunto dos artigos demonstra uma lacuna teórica no embasamento dos estudos do ciclo evolutivo vital do casal, considerando que em torno de 40% das pesquisas analisadas não indicaram no texto a abordagem teórica de base.
No que se refere aos fenômenos específicos que apareceram nas diferentes etapas evolutivas descritas, os estudos demonstram que fatores como a comunicação, a flexibilidade, a necessidade de estabelecer acordos, o cuidado e a confiança mútua aparecem de forma transversal, e são importantes ao longo de todo o ciclo vital, conforme já discutido na literatura internacional (Gottman et al., 2020; Lavner et al., 2016). Da mesma forma, recursos como a rede de apoio dos cônjuges, representada pela família, amigos e profissionais de saúde, têm um papel relevante em diferentes momentos do ciclo evolutivo, especialmente em momentos de transição (Cruz & Mosmann, 2015; Patias et al., 2012; Féres-Carneiro, 1987).
No que diz respeito às etapas do ciclo vital, os resultados confirmam algumas tarefas já descritas na literatura nacional e internacional. Na fase de formação do casal, destacam-se o estabelecimento de uma identidade conjugal e a demarcação de fronteiras no espaço intraconjugal, assim como entre a díade e os subsistemas externos (Féres-Carneiro, 1998). As fronteiras nítidas intradíade são importantes para regular a proximidade entre os cônjuges, evitando a fusão ou o desligamento emocional. Já as fronteiras externas protegem a integridade conjugal e demarcam os limites em relação aos subsistemas externos, estabelecendo bons níveis de proximidade, especialmente com a família de origem (McGoldrick & Shibusawa, 2016).
Na expansão da base, um dos marcos fundamentais é a transição para a parentalidade. Esse processo de transição é bastante explorado na literatura sobre o ciclo vital familiar, e indica a necessidade de criar espaço na família para a chegada dos novos membros e para a formação de um novo subsistema (Carter & McGoldrick, 1995; McGoldrick & Shibusawa, 2016), mantendo fronteiras nítidas para que a conjugalidade possa ser preservada. Em casais recasados, também há a necessidade de estabelecer fronteiras com o ex-cônjuge, criando uma nova dinâmica de funcionamento para dar conta das demandas dos filhos (Ganong & Coleman, 2017).
Assumir as tarefas parentais, tanto no primeiro casamento quanto em casais recasados, é mais fácil quando o casal pode contar com a família de origem como fonte de apoio (Racine et al., 2019). Ainda que o apoio facilite esse processo, a adaptação ao novo papel parental pode ser mais custosa para as mulheres, uma vez que os resultados demonstram uma divisão assimétrica das tarefas parentais, na maioria dos casais pesquisados. Esse resultado é consistente com achados internacionais, de que os casais tendem a assumir valores mais tradicionais após a chegada dos filhos (Endendijk et al., 2018).
Nas relações mais duradouras, nota-se a ausência de marcadores específicos que possam diferenciar as fases de preparação e afirmação e de anos tardios. É possível perceber elementos característicos das duas fases entre os estudos que investigaram casais de longa duração, especialmente, tendo em vista que os critérios para classificar os casais nessa categoria variaram. Alguns trabalhos incluíram casais a partir de 20 anos de casados, enquanto outros adotaram o critério mínimo de 30 anos de relacionamento. Apesar dessas diferenças, a dificuldade de adaptação dos pais à saída dos filhos de casa, provavelmente devido ao alto investimento na parentalidade (Patias et al., 2012), se destaca nesses casais. Essa dificuldade parece estar associada ao estilo de apego dos membros do casal; o apego ansioso é preditor de reverberações negativas tanto na conjugalidade como na parentalidade (Thibodeau & Bouchard, 2019). Em contrapartida, conexões de qualidade com amigos e familiares podem amenizar os efeitos das perdas inerentes à fase, pois são preditoras da qualidade conjugal em casais de longa duração (Zhaoyang & Martire, 2018).
Finalmente, o recasamento e o divórcio, embora não integrem o ciclo vital normativo descrito na literatura revisada, foram incluídos por serem bastante frequentes na vida dos brasileiros (IBGE, 2013, 2019). O debate sobre normatividade é relativo e complexo. Com relação ao divórcio, desde meados dos anos 1990, Carter e McGoldrick (1995) o indicam como um evento cada vez mais normativo, dada sua alta frequência e regularidade na população americana. Em trabalho mais recente (McGoldrick et al., 2016), as autoras se referem ao divórcio como um evento inesperado, mas que faz parte do ciclo vital normativo. Portanto, não se trata de um evento desviante, mas sim de uma instituição social, assim como o casamento. Nesse sentido, a existência de modelos e conhecimento a respeito do divórcio pode ser útil para melhor assistir às famílias que vivenciam essa transição (McGoldrick et al., 2016). Essa visão parece se aplicar ao contexto brasileiro, onde também há um crescimento do número de divórcios e, portanto, a necessidade de compreender esse fenômeno e o momento do ciclo vital em que ocorre, a fim de entender de forma mais detalhada as repercussões no sistema familiar e em seus membros (Damo, 2021). Curiosamente, nenhum artigo selecionado aborda o divórcio, pois os poucos artigos pré-selecionados sobre o tema não atenderam aos critérios de inclusão.
Os resultados do estudo evidenciam algumas lacunas na literatura nacional. Dentre os estudos sobre parentalidade, não foram encontradas pesquisas sobre famílias com filhos adolescentes. Assim, há um período entre a transição para a parentalidade e os relacionamentos de longa duração sobre o qual não há estudos específicos investigando as relações conjugais. Em comparação ao que se observa na literatura internacional, faltam estudos longitudinais que de fato demonstrem as transformações da conjugalidade ao longo do tempo. Além disso, estudos investigando de forma mais aprofundada o papel de fatores como as características individuais, os estilos de apego e comunicação, e o manejo de conflitos em cada uma das fases poderiam auxiliar na compreensão desse processo.
Ademais, algumas limitações foram verificadas neste trabalho. O fato de não existirem marcos referenciais do ciclo vital do casal pode ter limitado a inclusão de estudos na revisão. O divórcio e as famílias com filhos adolescentes, por exemplo, não foram tratados nesta revisão. Além disso, foram investigadas apenas bases de dados nacionais e, com isso, estudos brasileiros publicados em periódicos internacionais podem não ter sido incluídos na análise. Finalmente, é importante ressaltar que os estudos investigados utilizaram majoritariamente amostras de nível socioeconômico médio, das regiões Sudeste e Sul do Brasil. Portanto, a interpretação dos achados desta revisão se aplica à parcela população com esse perfil.
Apesar disso, este estudo contribui para a literatura apresentando um panorama da literatura nacional sobre conjugalidade, compreendida a partir das etapas propostas para um ciclo vital do casal e suas respectivas tarefas. Essa abordagem poderia beneficiar as práticas e pesquisas de profissionais que trabalham com casais e permitir uma compreensão mais aprofundada do desenvolvimento do subsistema conjugal, que contemple também os casais sem filhos. Assim, sugerimos que futuros estudos empíricos investiguem a conjugalidade a partir da perspectiva do ciclo vital, de forma a contemplar seus desafios, tarefas e níveis de qualidade conjugal de maneira mais detalhada. Esses estudos permitiriam o desenvolvimento teórico da abordagem evolutiva do casal, além de contribuírem para o mapeamento da conjugalidade no contexto brasileiro.
Referências
Alves-Silva, J. D.; Scorsolini-Comin, F.; Santos, M. A. dos (2017). Bodas para uma vida: Motivos para manter um casamento de longa duração. Temas em Psicologia, 25(2), 487-501. [ Links ]
Bernardi, D.; Dias, M. de V.; Machado, R. N.; Féres-Carneiro, T. (2016). Definindo fronteiras no recasamento: Relato de uma experiência clínica. Pensando Famílias, 20(2), 43-55. [ Links ]
Bernardi, D.; Féres-Carneiro, T.; Magalhães, A. S. (2018). Entre o desejo e a decisão: A escolha por ter filhos na atualidade. Contextos Clínicos, 11(2), 161-173. [ Links ]
Braun, V.; Clarke, V. (2006). Using thematic analysis in psychology. Qualitative Research in Psychology, 3(2), 77-101. [ Links ]
Bueno, R. K.; Souza, S. A. de; Monteiro, M. A.; Teixeira, R. H. M. (2013). Processo de diferenciação dos casais de suas famílias de origem. Psico, 44(1), 16-25. [ Links ]
Campos, S. O.; Scorsolini-Comin, F.; Santos, M. A. dos (2017). Transformações da conjugalidade em casamentos de longa duração. Psicologia Clínica, 29(1), 69-89. https://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-56652017000100006 [ Links ]
Carter, B.; McGoldrick, M. (1995). As mudanças no ciclo de vida familiar: Uma estrutura para a terapia familiar (2ª ed.). Porto Alegre: Artmed. [ Links ]
Cerveny, C. M. O.; Berthoud, C. M. (1997). Família e ciclo vital: Nossa realidade em pesquisa. São Paulo: Casa do Psicólogo. [ Links ]
Costa, C. B.; Mosmann, C. P. (2015). Relacionamentos conjugais na atualidade: Percepções de indivíduos em casamentos de longa duração. Revista da SPAGESP, 16(2), 16-31. [ Links ]
Costa, J. M.; Dias, C. M. de S. B. (2012). Famílias recasadas: Mudanças, desafios e potencialidades. Psicologia: Teoria e Prática, 14(3), 72-87. [ Links ]
Cruz, Q. S. da; Mosmann, C. P. (2015). Da conjugalidade à parentalidade: Vivências em contexto de gestação planejada. Aletheia, 1(47-48), 22-34. [ Links ]
Damo, D. D. (2021). Quando o divórcio acontece só no papel: Contextualização, entendimento e intervenções para a elaboração do divórcio emocional. Curitiba: Appris. [ Links ]
Dantas, C. R. T.; Féres-Carneiro, T.; Machado, R. N.; Magalhães, A. S. (2019). Repercussões da parentalidade na conjugalidade do casal recasado: Revelações das madrastas. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 35, 1-9. [ Links ]
Delatorre, M. Z. (2019). A avaliação da qualidade conjugal: Processos adaptativos, características pessoais e variáveis de contexto (tese de doutorado). Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). [ Links ]
Endendijk, J. J.; Derks, B.; Mesman, J. (2018). Does parenthood change implicit gender-role stereotypes and behaviors?. Journal of Marriage and Family, 80(1), 61-79. [ Links ]
Féres-Carneiro, T. (1987). Aliança e sexualidade no casamento e no recasamento contemporâneo. Psicologia: Teoria & Pesquisa, 3(3), 250-261. [ Links ]
Féres-Carneiro, T. (1997). Escolha amorosa e relação conjugal na homossexualidade e na heterossexualidade: Um estudo sobre namoro, casamento, separação e recasamento. Psicologia: Reflexão e Crítica, 10(2), 351-368. [ Links ]
Féres-Carneiro, T. (1998). Casamento contemporâneo: O difícil convívio da individualidade com a conjugalidade. Psicologia: Reflexão e Crítica, 11(2), 379-394. [ Links ]
Ganong, L.; Coleman, M. (2017). Stepfamily relationships. Boston: Springer. [ Links ]
Gottman, J. M.; Gottman, J. S.; Cole, C.; Preciado, M. (2020). Gay, lesbian, and heterosexual couples about to begin couples therapy: An online relationship assessment of 40,681 couples. Journal of Marital and Family Therapy, 46(2), 218-239. [ Links ]
Grizólio, T. C.; Scorsolini-Comin, F.; Santos, M. A. dos (2015). A percepção da parentalidade de cônjuges engajados em casamentos de longa duração. Psicologia em Estudo, 20(4), 663-674. [ Links ]
Heckler, V. I.; Mosmann, C. (2014). Casais de dupla carreira nos anos iniciais do casamento: Compreendendo a formação do casal, papéis, trabalho e projetos de vida. Barbarói, 41(1), 119-147. [ Links ]
Heckler, V. I.; Mosmann, C. P. (2016). A qualidade conjugal nos anos iniciais do casamento em casais de dupla carreira. Psicologia Clínica, 28(1), 161-182. https://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-56652016000100009 [ Links ]
Hernandez, J. A. E.; Hutz, C. S. (2009). Transição para a parentalidade: Ajustamento conjugal e emocional. Psico, 40(4), 414-421. [ Links ]
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2013). Estatísticas do Registro Civil - 2013, vol. 40. Rio de Janeiro: IBGE. [ Links ]
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2014). Síntese de indicadores sociais: Uma análise das condições de vida da população brasileira - 2014 (34ª ed.). Rio de Janeiro: IBGE. [ Links ]
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2019). Estatísticas do Registro Civil - 2018. Rio de Janeiro: IBGE. [ Links ]
Kunrath, L. H. (2006). Recasamento: Novas oportunidades para o espaço conjugal?. Pensando Famílias, 10(1), 101-112. [ Links ]
Lavner, J. A.; Karney, B. R.; Bradbury, T. N. (2016). Does couples' communication predict marital satisfaction, or does marital satisfaction predict communication?. Journal of Marriage and Family, 78(3), 680-694. [ Links ]
McGoldrick, M.; Garcia Preto, N.; Carter, B. (2016). The expanding family life cycle: Individual, family, and social perspectives (5ª ed.). London: Pearson. [ Links ]
McGoldrick, M.; Shibusawa, T. (2016). O ciclo vital familiar. In: F. Walsh, Processos normativos da família: Diversidade e complexidade (4ª ed.), p. 375-398. Porto Alegre: Artmed. [ Links ]
Menezes, C. C.; Lopes, R. de C. S. (2007). Relação conjugal na transição para a parentalidade: Gestação até dezoito meses do bebê. Psico-USF, 12(1), 83-93. [ Links ]
Mosmann, C.; Wagner, A.; Feres-Carneiro, T. (2006). Qualidade conjugal: Mapeando conceitos. Paidéia, 16(35), 315-325. [ Links ]
Nichols, W. C.; Pace-Nichols, M. A. (1993). Developmental perspectives and family therapy: The marital life cycle. Contemporary Family Therapy, 15(4), 299-315. [ Links ]
Oliveira, C. S. de; Krug, J. S. (2011). E começaram a viver "felizes para sempre": Vicissitudes das etapas iniciais da formação de um casal. Pensando Famílias, 15(2), 11-30. [ Links ]
Paiva, M. L. de S. C.; Gomes, I. C. (2006). Casamentos duradouros: O uso de entrevistas e o TAT na análise psicanalítica da relação conjugal. Mudanças - Psicologia da Saúde, 14(2), 151-159. [ Links ]
Papalia, D. E.; Feldman, R. D. (2013). Desenvolvimento humano (12ª ed.). Porto Alegre: Artmed. [ Links ]
Patias, N. D.; Fontinel, M. I.; Jaeger, F. P. (2012). Quando os filhos saem de casa e o "ninho" fica vazio: A visão do casal sobre o fenômeno. Pensando Famílias, 16(1), 163-176. [ Links ]
Racine, N.; Plamondon, A.; Hentges, R.; Tough, S.; Madigan, S. (2019). Dynamic and bidirectional associations between maternal stress, anxiety, and social support: The critical role of partner and family support. Journal of Affective Disorders, 252, 19-24. [ Links ]
Ríos-González, J. A. (2011). Los ciclos vitales de la familia y la pareja: ¿Crisis u oportunidades? (2ª ed.). Madrid: CCS. [ Links ]
Ronchi, J. P.; Avellar, L. Z. (2011). Família e ciclo vital: A fase de aquisição. Psicologia em Revista, 17(2), 211-225. [ Links ]
Soares, B.; Colossi, P. M. (2016). Transições no ciclo de vida familiar: A perspectiva paterna frente ao processo de transição para a parentalidade. Barbarói, 1(48), 253-276. [ Links ]
Souza, M. T.; Silva, M. D.; Carvalho, R. (2010). Revisão integrativa: O que é e como fazer. Einstein (São Paulo), 8(1), 102-106. [ Links ]
Thibodeau, J.; Bouchard, G. (2019). Attachment and satisfaction at the empty-nest stage: An actor-partner interdependence model. Journal of Adult Development, 27, 212-223. [ Links ]
Vilar, J. O. V.; Rabinovich, E. P. (2014). Tipos de conjugalidade e sexualidade na transição para a parentalidade de mulheres de classe média de Salvador, Bahia. Estudos e Pesquisas em Psicologia, 14(1), 29-46. [ Links ]
Wagner, A.; Delatorre, M. Z. (2018). A conjugalidade e suas transformações nos diferentes estágios do ciclo vital. In: M. A. dos Santos; D. Bartholomeu; J. M. Montiel (Eds.), Relações interpessoais no ciclo vital: Conceitos e contextos, p. 271-284. Brasília: Vetor. [ Links ]
Wagner, A.; Mosmann, C. P.; Falcke, D. (2015). Viver a dois: Oportunidades e desafios da conjugalidade. São Leopoldo: Sinodal. [ Links ]
Walsh, F. (2016). Processos normativos da família: Diversidade e complexidade (4ª ed.). Porto Alegre: Artmed. [ Links ]
Zhaoyang, R.; Martire, L. (2018). Spouses' social network characteristics and marital quality among older couples. Innovation in Aging, 2(Suppl.1), 471. [ Links ]
Recebido em 12 de novembro de 2020
Aceito para publicação em 30 de dezembro de 2021
A segunda autora é bolsista de mestrado do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).