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Jornal de Psicanálise
versão impressa ISSN 0103-5835
J. psicanal. vol.53 no.99 São Paulo jul./dez. 2020
HISTÓRIA DA PSICANÁLISE
Nota introdutória ao artigo: "Troca de ideias sobre psicanálise"
Em consonância com o tema "Os veios de ouro da formação psicanalítica", o Centro de Documentação e Memória "Maria Ângela Gomes Moretzsohn"1 selecionou o texto "Troca de ideias sobre psicanálise", de Laertes Moura Ferrão, escrito originalmente para a aula inaugural da Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro (SBPRJ) em 1967 e publicado na Revista Brasileira de Psicanálise em 1970.
Laertes Moura Ferrão fez parte da segunda geração de analistas da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP). Iniciou sua formação em 1958, tendo como analista didata Lygia A. do Amaral e como supervisores Virginia L. Bicudo e Henrique Schlomann. Em 1967 tornou-se analista didata. De 1969 a 1976 foi presidente da SBPSP por duas gestões consecutivas. Foi diretor editorial do primeiro e segundo volumes da Revista Brasileira de Psicanálise e acompanhou o terceiro e quarto volumes no conselho editorial. Foi também redator do Jornal de Psicanálise entre 1966 e 1970. Sua trajetória foi de intensa participação na vida institucional e de importância singular na introdução das ideias de Bion na SBPSP.
No processo de escolha de um artigo sobre a formação, buscando ilustrar o pensamento da época em relação às questões envolvidas em tornar-se analista, deparamo-nos com uma significativa quantidade de textos sobre teoria psicanalítica, em contraste com a escassez de escritos que abordassem outros aspectos da formação.
Possivelmente esses primeiros analistas estavam ocupados em desbravar e pavimentar um campo de conhecimento ainda novo e efervescente na metade do século passado.
A reflexão panorâmica sobre as fontes do vir a ser psicanalista surge mais tarde com a sedimentação da SBPSP e da formação, através dos analistas mais novos.
O presente texto, marcado pela influência das teorias de Bion, discute questões acerca dos riscos pessoais e institucionais que corre o candidato ao longo de sua trajetória de formação. Riscos estes que o desviariam de uma prática consistente. Laertes Moura Ferrão desenvolve neste artigo temas como: a resistência institucional às ideias teóricas novas, as condições necessárias para uma verdadeira observação clínica, a ansiedade provocada pelo processo de aquisição do conhecimento, os obstáculos ao desenvolvimento e uso da intuição, e outros mais.
Ao discorrer sobre o nefasto na prática psicanalítica, deixa entrever, em contraposição, as fontes do que virá a ser o "bom psicanalista" (sic).
Divisão de Documentação da SBPSP: Mônica J. F. Saliby
1 Em 17 de setembro de 2020, Maria Ângela G. Moretzsohn foi homenageada por sua dedicação ao desenvolvimento da antiga Divisão de Documentação e História da SBPSP, que agora recebe o nome de Centro de Documentação e Memória "Maria Ângela Gomes Moretzsohn".