O autor abre diante de seu escrito um trabalho árduo. Ora, debruça-se sobre o tema que mais afligiu Freud a partir do escrito “Recordar, repetir, elaborar” (1914/1973e): o que acontece quando a verdade revelada, a sUSPensão de um recalque, o reconhecimento do analisante não resulta em alguma novidade no caminho psicopatológico desse ser. A repetição e a resistência parecem mais poderosas que o instante de ver. Este não basta para que o falante galgue um degrau no sofrimento. A cena parece como dantes no quartel de Abrantes.
Diante desse ponto foca o valor do processo de elaboração, ou, melhor, perlaboração, para a direção da cura.
Laplanche e Pontalis (1970) discutem a diferença entre elaborar (Verarbeitung) e perlaborar (Durcharbeitung), guardando o primeiro termo para designar o trabalho geral do aparelho psíquico freudiano em dominar as excitações (afetos) e ligá-las a conexões associativas (representações). O segundo termo, mesmo que mantenha proximidade com o primeiro, assume um papel clínico. A perlaboração, sucedânea da interpretação, incide sobre a resistência e visa promover a passagem da recusa ou da aceitação intelectual para uma vivência potencialmente transformadora. Corresponde ao tempo para compreender que deságua no momento de concluir, corresponde a um dos três momentos lógicos que Lacan (1945/1998c) propôs.
Estamos, portanto, no caminho que parecia fácil aos analistas centrados no princípio do prazer como o mote fundamental da ação do ser. No entanto, a marcha das análises práticas a cada vez aponta a Freud e companheiros de percurso que o princípio do prazer não é assim tão poderoso. Além do princípio do prazer, algo silencioso se movimenta apostando na compulsão à repetição ou na repetição do gozo que torna o sintoma companheiro de toda hora. Sintoma, a formação do inconsciente que não tem o tempo meteórico do sonho, do chiste, do ato falho, que, aliás, ao lado da angústia, apontam onde está o osso duro de roer.
Em “Inibição, sintoma e angústia”, Freud define e aponta as fontes da resistência: “essa ação para proteger o recalcamento é o que percebemos no esforço terapêutico como resistência. A resistência pressupõe o que chamei de contrainvestimento” (1926/2019, p. 160). E aponta o fato de que “a resistência que temos de superar na análise é produzida pelo eu, que se aferra a seus contrainvestimentos” (p. 162). Identifica a resistência do eu em três pontos: a resistência do recalcado, a resistência transferencial e o ganho da doença, seja este primário, que não é estranho ao termo “gozo”, como introduzido por Lacan (1954/1979) desde o esquema L, ou secundário, que pode ser reconhecido na vantagem que a doença traz no campo interpessoal e social. Freud admite, entretanto, que “depois da sUSPensão da resistência do eu ainda cabe superar o poder da compulsão à repetição, a atração dos modelos inconscientes sobre o processo pulsional recalcado (p. 163)”, que é denominada resistência do inconsciente e à qual vem somar-se a resistência do supereu, “a última reconhecida, a mais obscura, mas nem sempre a mais fraca, parece provir da consciência de culpa ou da necessidade de punição; ela se opõe a qualquer sucesso” (p. 165), isto é, compõe perfeitamente a reação terapêutica negativa. E é exatamente nessa derradeira que o autor sustenta o trabalho teórico e anuncia uma afirmação valiosa: a razão desse interesse é o nexo da resistência do supereu com a formação do analista, pois supõe que “ideais não analisados embaralhem a escuta”. Muito interessante, dado que, se atribuímos ao supereu uma coalizão com o Ideal do eu, conferimos a esta construção freudiana o aspecto de exigência a realizar a repetição, isto é, a exigência a gozar ao lado das exigências proibitivas. Mal do qual o analista não está isento, preocupação notável do autor, que não cede à saúde mental do analista sem alguns senões.
Antes de voltarmos a esse ponto, o autor faz respeitável revisão nessa questão que está presente em qualquer direção de análise. O que acontece com o analisante que não leva adiante o passo? Satisfação no sofrimento? Necessidade de punição? Poder absoluto dos “primeiros investimentos objetais do sujeito”?
Assim, lembra que a referência à reação terapêutica negativa já está em “Rememoração, repetição e perlaboração”, como Laplanche e Pontalis denominam o artigo de 1914, passa pelas reflexões freudianas sobre a dificuldade com Sergei Pankejeff e vai a “O eu e o isso” (1923/1973f), “O problema econômico do masoquismo” (1924/1973c), “Análise terminável e interminável” (1937/1973a) para teorizar sobre essa questão delicada, dado que a eficiência da psicanálise, a consistência do resultado, a presença dessa psicoterapia que não é igual às outras entre as estratégias terapêuticas na contemporaneidade depende de como tal fenômeno é trabalhado pelos psicanalistas.
Seguindo o sentido investigativo e terapêutico que caracteriza a ciência psicanalítica, a reação terapêutica negativa é a ocorrência clínica, índice do “agravamento dos sintomas durante uma análise pela aproximação do… recalcado”, de onde parte a teorização freudiana. A própria construção do supereu é tributária desse fenômeno que surge no tratamento e requer investigação teórica, pois, segundo o autor, Freud em “O eu e o isso” atribuiria ao supereu a qualidade de ser a instância da personalidade responsável pela expressão do sentimento inconsciente de culpa, expressão mais retórica do que tópica, fundamento da reação terapêutica negativa. Salienta a posição na subjetividade do supereu como herdeiro do declínio do complexo de Édipo, nuclear nas amarrações necessárias a um mínimo de estabilidade no falasser. E não deixa de encarar a ambiguidade e mesmo o paradoxo dessa instância que diz ao mesmo tempo “assim (como o pai) você deve ser” e “assim (como o pai) você não pode ser”. É claro que esta referência ao pai indica a coalizão do supereu com o Ideal do eu e revela o jogo duplo que esta instância faz com o eu. Isto é, há injunções proibitivas - nem tudo que é do papai é seu - reunidas a injunções gozosamente obrigatórias, como: alcance o Ideal! Nas palavras do autor, este paradoxo está expresso na frase “ao herdar os conflitos do eu advindos dos investimentos libidinais do Isso, o supereu passa a ser o lugar de expressão das pulsões e dos alvos libidinais do Isso”. É, portanto, a tensão emergente desse jogo entre as três instâncias que torna o supereu um exigente construto a apontar a claudicação cotidiana do eu e o nexo com o sentimento de culpa. Outro ponto ao qual o autor recorre para cingir essa questão é a disjunção pulsional entre os componentes destrutivos e eróticos, considerando que no supereu residiria o fator destrutivo e o eu procuraria assumir a condição de bela alma amorosa, a sofrer as dores da existência e as dores do mundo, às quais se aferra repetidamente sem se dar conta de que tal posição representa o retorno sobre o eu das pulsões destrutivas características do supereu. Configura o que Freud descreve como recusa a elogio e reconhecimento, ao lado da exacerbação do sofrimento e o retorno do incômodo do sintoma durante a análise, o que Freud identifica desde “Estudos sobre a histeria” (1895/1973b). Segundo o autor, a culpa não reconhecida explicitamente pelo analisante permanece em cena como a manutenção do adoecimento.
Desse modo, o autor qualifica o primeiro ponto que torna a perlaboração do supereu, isto é, o trabalho sobre a resistência oriunda dessa instância, fundamental para debelar a reação terapêutica negativa que mantém “a inconsciência do sentimento de culpa”, fator relacionado à conservação do sofrimento.
Esse primeiro ponto leva à pergunta: como explicar a satisfação no sofrimento? Indica que a resposta não está no escrito “O eu e o isso”, mas em “O problema econômico do masoquismo”, publicado um ano após.
O que é central nesse escrito freudiano é mais um debacle ao princípio do prazer. Desde o “Projeto” (1895/1973d) que Freud conceitua a satisfação, o prazer, como a redução da carga que atravessa o aparelho psíquico. Avisa, desde 1895, que tal descarga no animal que fala nunca vai ser reduzida a zero, dadas tanto, de um lado, as exigências da vida, quanto a noção de que haveria um regulador ao desenrolar das cargas no aparelho psíquico. Essa formação constituída por neurônios impermeáveis, para manter a linguagem freudiana, que não descarregam e regulam a passagem de cargas que produziriam prazer ou desprazer. Esta formação catexizada Freud denomina “eu”. Nas palavras de Freud,
referimos de fato a um estado de j não considerado ainda, pois esses dois processos indicam que em j estabeleceu-se uma organização cuja presença dificulta passagens [de quantidade] que, ao ocorrer pela primeira vez, realizaram-se de uma maneira determinada [quer dizer, foram acompanhadas de satisfação ou dor]. Esta organização se denomina eu. … [O resultado disto é a existência] de um grupo de neurônios que retém catexia constante. (Freud, 1895/1973d, p. 233)
Reconhecer a presença, no aparelho psíquico, do eu, assim conceituado, não demoveu Freud de sustentar o princípio do prazer como o regulador da função do aparelho psíquico, mesmo que o vienense não caísse na esparrela de uma satisfação total, um orgasmo perfeito, nesse ser acossado pelas regras do mundo que o recebeu, regras orientadas pela estrutura de parentesco, pela estrutura da linguagem do grupo social. Como é possível formular, desde o Édipo, nem todos os objetos pelos quais a pulsão alcançaria satisfação estão à disposição. Há lei, há permissões e proibições. Há interdição e liberação.
Esse pequeno desvio é para notar que muito antes de Freud reescrever a tópica, construindo instâncias que desempenhariam certos papéis, algo se interpunha à satisfação total. Basta imaginar que esse setor j, completado pelo d (polo perceptivo) e w (consciência), é a morada da memória. Memória significa permanência que, na lógica freudiana, significa carga, catexia. Para que um ser, hoje, lembre-se do que lhe ocorreu ontem, é necessário que cargas sejam mantidas em representações, pois, caso essas cargas fossem retiradas por inteiro, essa qualidade fundamental para a manutenção da presença social, sexual, moral do ser simplesmente não existiria.
Não obstante, a questão clínica é a permanência, durante o correr das análises, da reação terapêutica negativa e da insistência de um impedimento adicional à realização do princípio do prazer. No texto “O eu e o isso” o jogo entre supereu, eu e isso colabora para sustentar a dor, o sofrimento. É nesse contexto que o problema econômico vem colaborar, pois o que esse estado de coisas na subjetividade indica é que há prazer na tensão, isto é, um desafio à descarga que caracteriza o princípio do prazer e mais um índice de que tal princípio não organiza solitária e poderosamente o caminhar da existência. Prazer na tensão, na dor, expressão que não esconde o paradoxo, chama-se masoquismo. E Freud completa, citado apropriadamente pelo autor, “se a dor e o desprazer podem já não ser advertências, mas objetivos em si mesmos, o princípio do prazer é paralisado, o guardião de nossa vida psíquica é como que narcotizado”, e assim está feito “o pareamento entre a reação terapêutica negativa e o masoquismo moral” a serviço da “característica hipermoral do supereu”. Resulta disso que a necessidade de punição vem colocar mais uns trinta ladrilhos na configuração da reação terapêutica negativa, e a perlaboração de mais essa faceta da resistência do supereu constitui-se em labor delicado e imprescindível.
O terceiro texto que o autor refere é “Análise terminável e interminável”, talvez o texto mais pessimista que Freud nos legou. Neste escrito, Freud faz o alerta de que a própria tarefa à qual o analisante se entrega, a cura psicanalítica, pode ser tratada como um risco à estabilidade do eu, pois os mecanismos de defesa que desempenharam sua função na infância estão de volta advertindo que o perigo retorna, pois aquele sentado por detrás do divã profere pontuações e interpretações que revelam a repetição. Seja o perigo vivido na transferência imaginária no interior do processo terapêutico, seja vivido nas relações que o ser construiu na vida ordinária. Assim, as intervenções correm o risco de se tornar inoperantes, e o eu do sujeito ficaria fragilizado, exibindo uma resistência contrária ao desvelar das resistências que sustentam a viscosidade da libido e a maneira fixa e imutável de satisfação pulsional. O que poderia vir como substituto, como nova metáfora, carreia o perigo que Freud aponta. Por favor, nada de novo no front. Não quero saber nada disso, como Lacan diz no Seminário 20 (1973/1985). Como essa repetição desfaz a suposição, por parte do dispositivo de cura, de que há viabilidade na substituição do sintoma por outra metáfora, “a necessidade de o sujeito estar em sofrimento” permanece, e o circuito envolvendo o rol de resistências, notadamente, o aproveitamento do sadismo super-euoico sobre esse estado masoquista do ser, faz repor o valor da perlaboração reconhecida por Freud como o detalhe do ato analítico que transporta maior efeito transformador e deixa a cura psicanalítica fora da influência sugestiva.
Enfim, o autor inicia a última parte do escrito perguntando-se “qual seria a técnica correlata à reação terapêutica negativa”, salientando que Freud não deixou recomendações a esse respeito. Talvez Freud pense que psicanálise exerce-se de um modo que não permite muita variação, como Lacan se referiu em “Variantes do tratamento-padrão” (1955/1998d). Neste escrito lacaniano, o francês lança mão do bom humor para dizer que a psicanálise, e o psicanalista, não pode ser como o morcego da fábula de Esopo, que cai no ninho de uma doninha que gosta de alimentar-se de ratos e a convence de que é um pássaro. Ao cair em um segundo ninho de doninha, que gosta de pássaros, a convence de que é um pássaro. Uma posição desse escopo põe em questão a ética do psicanalista. O que não deve impedir que o ato analítico em desenvolvimento reconheça que há situações clínicas mais e menos resistentes. O próprio Freud, numa nota em “O eu e o isso”, apropriadamente citada pelo autor, escreve:
a luta contra … o sentimento inconsciente de culpa é espinhosa … diretamente, nada se faz contra ela, e, indiretamente, tão somente descobrir … seus fundamentos recalcados inconscientes, com os quais vai se transformando, aos poucos, em sentimento consciente de culpa. O trabalho do analista fica facilitado quando o sentimento inconsciente de culpa é resultado de uma identificação do sujeito com outra pessoa, que foi, um dia, objeto de uma carga erótica … se conseguirmos revelar essa prévia carga do objeto detrás do sentimento de culpa, conseguiremos muitas vezes um completo êxito terapêutico. (1923/1973f, p. 2722)
Como se nota, Freud não faz nenhuma referência a atitudes notadamente distintas do psicanalista diante de uma circunstância delicada que pode pôr fim ao trabalho psicanalítico. A leitura dessa citação freudiana parece, na verdade, indicar “tenha paciência. Nada de furor curandi”. Isto é, assuma a posição do psicanalista, e nada mais. Ao frisar este ponto, que o autor dá a entender que é a posição assumida por ele, dado o valor que confere à formação do analista, não impede este comentador de fazer a observação de que o autor mais citado no artigo, depois de Freud, René Roussilon, segundo Lopes e Klautau (2018), propõe “uma ampliação dos modos de escuta analítica, sugerindo a apreensão de elementos não verbais, indo além da prevalência do discurso verbal no ambiente analítico” (p. 313). Difícil entender essa proposição como novidade, pois Freud, desde o fracasso com Dora, observava “elementos não verbais” na presentificação do inconsciente da jovem durante a análise.
É preferível, como o autor sublinha intensamente no escrito, direcionar a questão para a formação do analista. O que entra em jogo é a reação do analista diante de uma situação clínica delicada. Não é nada difícil que a estrutura pessoal do analista comece a jogar cartas. Ora, um analista, feito do mesmo barro que seus analisantes, filho também de papai e mamãe, isto é, definido como um ser com inconsciente, pré-consciente e consciência ou eu, isso e supereu, pode afetar-se pelo horizonte de um fracasso. Se a análise pessoal desse que se senta na poltrona não transcorreu muito bem e os aspectos narcísicos, destrutivos, super-euoicos não foram perlaborados de acordo, acontece, como nos indica Freud na mesma citação, de a
personalidade do analista permitir que o enfermo faça dele seu Ideal do eu, circunstância que traz para o primeiro a tentação de arrogar-se, com respeito ao sujeito, o papel de profeta, salvador ou redentor. Mas, como as regras da análise proíbem tal aproveitamento da personalidade médica, confessamos … que tropeçamos aqui com outra limitação dos efeitos da análise. (1923/1973f, p. 2722)
Assim, diante do horizonte de fracasso, eu, analista, faço-me grandioso polo de atração, pois não admito, em mim, que a função que me garante seja conspurcada. Nada menos sadicamente super-euoico na estrutura neurótica do analista e nada menos danoso à liberdade do analisante, caso ocupe a cena do ato analítico.
Assim, o autor, afastando-se do pessimismo freudiano, aposta fichas na análise do analista como outra regra fundamental na direção de uma análise. Escreve:
Promover a perlaboração do supereu passa pela ação do analista de interrogar, inquirir e interpelar seu próprio narcisismo, levando a que seu trabalho clínico possibilite ao sujeito uma diferenciação eu e não-eu, assim como uma capacidade de contenção maior diante das influências destrutivas de seu próprio supereu no eu.
Deste modo, segue o autor, “o analista precisa se questionar, questionar suas teorias, sua abordagem, para assim sustentar a liberdade, enquanto condição imprescindível, para o sujeito ter condições de admitir e integrar em si o que é produzido em análise”. Obviamente, isso se faz, ou pode ser feito, na análise do analista. Se, como Lacan sugeriu, análise didática é aquela que produz um analista, e não a que é conduzida por alguém designado para tal, as Suficiências, como um irado e irônico Lacan denominou os analistas-didatas no “Situação da psicanálise” (1956/1998b), uma análise didática, portanto, é aquela que põe em questão os aspectos que o autor apropriadamente levantou em seu escrito.
Como comentário final, é bastante interessante perceber que, a despeito do linguajar muito distinto do que é utilizado no campo lacaniano, as balizas que Lacan definiu para a direção de uma análise, segundo as quais, “não sendo colocado nenhum obstáculo à declaração do desejo, é para lá que o sujeito é dirigido e até canalizado e que a resistência a essa declaração, em última instância, não pode ater-se aqui a nada além da incompatibilidade do desejo com a fala” (1958/1998b, p. 647), que se complementaram com as noções de Sujeito suposto Saber e resistência do analista, estão contempladas nesse trabalho aqui comentado. A citação da “Direção da cura” lembra a todos nós que a resistência é fato estrutural - a incompatibilidade do desejo com a fala -, e não má vontade ou ataque ao analista perpetrado pelo analisante. Toca diretamente a preocupação do autor com o preparo analítico daquele que demanda a função analítica de forma tal, que a “personalidade” do analista não apronte das suas. Este ponto revela claramente o papel da resistência do analista, na medida em que, como o autor sugere, é ele quem pode antepor obstáculos à declaração do desejo e favorecer o gozo da repetição sustentado pela tendência daquele à repetição, termo que forma a própria conceituação de pulsão desde que Freud escreveu sobre os destinos dessa invenção. A noção de Sujeito suposto Saber vem aqui apontar uma das definições mais distintivas do discurso analítico: o analisante é quem sabe, e não o analista. Por mais que a busca por um analista sustente-se na suposição de saber atribuída a ele, não muito diferente da suposição de saber conferida a um eletricista ou encanador ou médico ou clérigo, o analista, ao singelamente dizer “fale!”, desloca esse saber para a fala do analisante.
Isso implica narcisismo muito bem analisado e supereu menos intrometido.