Serviços Personalizados
Journal
artigo
Indicadores
Compartilhar
Revista Psicopedagogia
versão impressa ISSN 0103-8486
Rev. psicopedag. vol.33 no.102 São Paulo 2016
APRESENTAÇÃO
Psicopedagogia por uma sociedade aprendente
A 4ª edição do Simpósio Internacional de Psicopedagogia, que aconteceu em São Paulo, nos dias 21 e 22 de outubro, foi marcada pela presença de 42 especialistas brasileiros e internacionais discutindo novas perspectivas para a melhoria da educação no Brasil.
Organizado pela Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp), o simpósio contou com a presença de mais de 600 participantes, 42 palestrantes, divididos em 6 painéis, 13 palestras, 10 workshops, o Encontro de Coordenadores e Docentes de Cursos de Psicopedagogia, a apresentação de 42 trabalhos científicos, 39 membros nas Comissões Organizadora e Científica e a apresentação de 12 trabalhos sociais realizados pela ABPp em suas unidades regionais.
Neste evento, tivemos a presença de importantes nomes nacionais e internacionais que abrangeram as variadas temáticas propostas. Temos a certeza que as apresentações realizadas influenciaram na formação continuada dos psicopedagogos que compareceram, assim como aos demais profissionais da educação que participaram.
Entender a sociedade aprendente vai além da assimilação de conhecimentos, já que vivemos numa sociedade de múltiplas oportunidades de aprendizagens, sociedade esta que vem se fortalecendo não apenas enquanto espaço de trabalho, mas também como espaço de difusão e reconstrução do conhecimento. A escola e o professor ampliam o lugar de transmissão do conhecimento para a mediação entre o conhecimento e o sujeito que aprende, sendo em situações alternadas eles próprios a aprender, ainda que secundariamente.
A sociedade aprendente passa a ser um recurso flexível, fluído, sempre em expansão e mudanças constantes, uma nova era de diversas possibilidades de aprender. Está voltada para a aprendizagem inserida num processo de mudança contínua, fruto dos avanços na ciência e na tecnologia, fato incontestável no cotidiano atual, uma nova realidade que tornou acessíveis a produção e o acesso ao conhecimento, portanto um ambiente rico em possibilidades de criação e experiências de aprendizagens.
Acompanhar e entender as mudanças de uma sociedade aprendente constitui um exercício desafiador e essencial para os diversos profissionais da educação, principalmente os psicopedagogos, e esse era o objetivo principal do evento. O público ressaltou a qualidade da escolha dos palestrantes e dos temas que foram propostos, além de terem sido acolhidos satisfatoriamente durante o simpósio.
Consideramos a realidade atual, entendendo que a ciência e o avanço tecnológico são adventos mundiais e, portanto, elementos que se inseriram no contexto psicopedagógico, atestando a importância e a valorização do pensamento que deriva da posição científica, sem esquecer que a ciência e a tecnologia são desenvolvidas por pessoas, contudo não podemos ignorar a subjetividade implicada nas relações de aprendizagem. Enfim, queremos encontrar o equilíbrio nas relações entre objetividade e subjetividade, preservando-nos neste lugar de agentes/mediadores da aprendizagem.
Nestes 36 anos de atividades da ABPp, os eventos se tornaram um marco na psicopedagogia brasileira.
Para finalizar, ressaltamos a importância do conhecimento acadêmico não só para a formação de cientistas, assim como para a elaboração do pensamento científico.
Luciana Barros de Almeida
Presidente do Conselho Nacional da ABPp
Triênio 2014-2016
RESUMO DOS TRABALHOS - CATEGORIA ORAL
Modalidade comunicação oral
CAMINHOS DE REFLEXÃO: RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA PSICOPEDAGÓGICA EM EQUIPE INTERDISCIPLINAR
Autor: Lazzari LML
Instituição: UNIJUÍ-Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul
Resumo: As aceleradas mudanças1 sociais, científicas e tecnológicas estabelecidas pela atual sociedade, por um lado, e, por outro, as novas configurações de subjetividade2 emergentes no processo de ensino-aprendizagem na contemporaneidade pressupõem a necessidade de os professores refletirem sobre a sua atuação com um novo olhar para a aprendizagem. O objetivo do presente é relatar as ações realizadas pela Equipe Interdisciplinar (formada por profissionais das áreas de assistência social, fonoaudiologia, psicologia e psicopedagogia), da Rede Municipal de Horizontina/RS com professores, alunos e familiares, visando proporcionar a construção da autonomia dos alunos que apresentam problemas de aprendizagem. A equipe se propõe a pesquisar as questões que mais estão implicadas no processo de aprendizagem, e nos encontros com professores, alunos e familiares oportuniza-se a reflexão sobre a ação. Trata-se de resgatar a capacidade de reflexão contínua sobre os problemas em termos de pesquisa-ação3; pesquisa essa que deve ser constante e na presença dos envolvidos para que se gerem desdobramentos possíveis ao enfrentamento dos problemas. Esta pesquisa é continuada e, concebida do ponto de vista interdisciplinar e pretende ser uma contribuição ao papel da educação com um olhar psicopedagógico, auxiliando alunos e professores a "construir situações de ensino que possibilitem a aprendizagem"4.
Referências
1. Fernández A. A atenção aprisionada: psicopedagogia da capacidade atencional. Tradução Técnica: Hickel N, Sordi RO. Porto Alegre: Penso; 2012.
2. Lacan J. (1960-1964). Posição do inconsciente. In: Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar; 1998.
3. Thiollent M. Metodologia da pesquisa-ação. São Paulo: Cortez Editora; 1988.
4. Paín S. Diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas; 1985.
CONTRIBUIÇÕES DA NEUROPSICOLOGIA PARA A AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA: FUNÇÕES EXECUTIVAS, COMO AVALIAR?
Autores: Batista LS, Oliveira PV, Gonçalves B, Mecca TP, Dias NM
Instituição: Centro Universitário FIEO - UniFIEO
Resumo: Funções Executivas (FE) são um conjunto de processos mentais que dirigem o comportamento e que são necessários em atividades que necessitam de concentração, atenção e foco1. Estudos com estas habilidades vêm, consistentemente, reforçando sua relação e importância para a aprendizagem e outros aspectos da vida do indivíduo2. Neste contexto, o objetivo deste estudo é mostrar como a neuropsicologia cognitiva (NC), área do conhecimento que investiga os processos cognitivos, tem contribuído, no contexto nacional, para o desenvolvimento de instrumentos que avaliam habilidades específicas como, por exemplo, linguagem (oral e escrita), competência aritmética e FE3, colaborando com a avaliação psicopedagógica. São apresentados, a partir de levantamento não-sistemático, alguns instrumentos não-restritos, padronizados e normatizados para amostras brasileiras como o Teste de Atenção por Cancelamento, Teste de Trilhas - partes A e B, Teste de Trilhas para pré-escolares e Teste da Torre de Londres3, que avaliam habilidades específicas das FE como atenção seletiva, flexibilidade cognitiva e planejamento. Instrumentos em estudo incluem a Tarefa de Dígitos e Tarefa dos blocos de Corsi, que avaliam a memória de trabalho, Tarefas de Stroop e Tarefa de Regulação (go/ no-go), que avaliam inibição, além de uma escala para preenchimento por pais e professores, o Inventário de Dificuldades em Funções Executivas, Regulação e Aversão ao Adiamento (IFERA-I)4. Assim, a partir da possibilidade de intersecção com a NC, a psicopedagogia terá melhores condições de, na busca pela compreensão do processo de aprendizagem, ampliar seu repertório diagnóstico ou avaliativo, promovendo e contribuindo a ações de inclusão escolar e social.
Apoio: CAPES
Referências
1. Diamond A. Executive functions. Annu Rev Psychol. 2013;64:135-68.
2. Moffitt TE, Arseneault L, Belsky D, Dickson N, Hancox RJ, Harrington H, et al. A gradient of childhood self-control predicts health, wealth, and public safety. Proc National Academy of Sciences. 2011;108(7):2693-8.
3. Seabra AG, Dias NM. Avaliação neuropsicológica cognitiva: atenção e funções executivas. São Paulo: Memnon; 2012.
4. Trevisan BT, Dias NM, Berberian AA, Seabra AG. Inventário de Dificuldades em Funções Executivas, Regulação e Aversão ao Adiamento - Versão para crianças e adolescentes (IFERA-I). Psicol Reflexão e Crítica.
DESENVOLVIMENTO DA TEORIA DA MENTE EM PRÉ-ESCOLARES: COMPARAÇÃO DE DESEMPENHO
Autores: Oliveira PV, Batista LS, Gonçalves B, Dias NM, Mecca TP
Instituição: Centro Universitário FIEO - UniFIEO
Resumo: A Teoria da Mente (TM) é uma habilidade que se desenvolve precocemente e é muito importante para o desenvolvimento socioemocional infantil, visto que é por meio dela que o indivíduo atribui a outras pessoas e a si mesmo sentimentos, desejos, intenções e crenças1-3. Nesse contexto, o presente estudo buscou compreender o desenvolvimento da TM a partir da comparação de desempenho entre as idades em diferentes provas do TMEC. Participaram 85 crianças, na faixa etária de 4 a 6 anos de idade, de uma escola da rede pública de ensino. As crianças foram avaliadas individualmente em um instrumento que avalia TM, o Teste de Teoria da Mente para Crianças (TMEC), dividido em 4 subtestes, que avaliam domínios específicos da TM. De modo geral, os resultados indicam diferenças significativas entre as idades, sendo que as crianças com 4 anos apresentaram desempenho inferior às demais faixas etárias. Comparação entre os grupos etários mostrou diferença significativa no desempenho das crianças nos subtestes2 (atribuição de pensamento e conhecimento)4, (Teoria da Mente a partir de situações e emoções complexas) e no total do TMEC. Compreender o desenvolvimento da TM é de suma importância, visto que esta habilidade se relaciona ao desenvolvimento social da criança, ao comportamento adaptativo e ao êxito frente às demandas existentes nas interações sociais6,7. Por fim, conclui-se que a avaliação precoce pode auxiliar os profissionais da educação e saúde na identificação de possíveis déficits e no planejamento de estratégias de intervenção mais efetivas no contexto clínico e educacional.
Apoio: CAPES
Referências
1. Astington JW, Edward MJ. The development of Theory of Mind in early childhood. Encyclopedia on early childhood development. Montreal, Quebec; 2010. p.16-20.
2. Wellman H, Liu D. Scaling of theory-of-mind tasks. Child Development. 2004;2(75):523-41.
3. Wellman HM, Fuxi F, Peterson CC. Sequential progressions in a theory of mind scale: longitudinal perspectives. Child Development. 2011;82(3):780-92.
4. Baron-Cohen S. Theory of mind and autism. In: Baron-Cohen S, Tager-Flusberg H, Cohen D, eds. Understanding other minds. Cambridge: University Press; 2000. p.3-17.
5. Couture SM, Penn DL, Roberts DL. The functional significance of social cognition in schizophrenia: a review. Schizophrenia Bulletin. 2006;32(S1):S44-S63.
6. Denham SA, Caverly S, Schmidt M, Blair K, De Mulder E, Caal S, et al. Preschool understanding of emotions: contributions to classroom anger and aggression. J Child Psychol Psychiatry. 2002;43(7):901-16.
7. Pavarini G, Loureiro CP, Souza DH. Compreensão de emoções, aceitação social e avaliação de atributos comportamentais em crianças escolares. Psicol: Reflex Crít. 2011;24(1):135-43.
INFÂNCIA E TRANSIÇÃO DO INFANTIL PARA O FUNDAMENTAL: UMA LEITURA PSICOPEDAGÓGICA
Autor: Dorighello LS, Castanho MIS
Instituição: Centro Universitário FIEO
Resumo: Objetivos: apresentar e discutir, à luz da Psicopedagogia, resultados de um mapeamento de publicações sobre a transição da educação infantil para o ensino fundamental de nove anos, visando ao respeito às necessidades de brincar1 da criança de cinco a seis anos. Método: O levantamento de publicações incidiu nos periódicos dos extratos A e B Web-Qualis da Coordenação de Aperfeiçoamento Profissional do Ensino Superior (CAPES) através da plataforma Sucupira, na interface das áreas da Educação e Psicologia, do período entre 2011 a 2016, considerando os descritores "transição, educação infantil, alfabetização e ensino fundamental". Os conteúdos foram organizados por ano e periódicos, autores e filiação institucional e, por fim, pelas principais temáticas abordadas. Resultados: Foram analisados 41 artigos, com variabilidade de periódicos e autores por estados e regiões do país, evidenciando preocupação com a qualidade da educação infantil e sua influência no ensino fundamental2; o currículo escolar como aspecto que ainda vem sendo discutido e elaborado; as políticas educacionais, de letramento e alfabetização; o trabalho docente; as práticas pedagógicas; a avaliação psicológica e a prontidão escolar. O destaque é para os impactos da transição de um ciclo para o outro, as tensões e questões que acometem a infância, o que se torna tema de alta relevância de discussão no escopo da Psicopedagogia. Conclusão: O ensino fundamental3 impõe a necessidade do diálogo e a integração entre o brincar e o letramento/alfabetização nessas duas etapas da educação.
Referências
1. Bontempo E, Antunha EG, Oliveira VB. Brincando na escola, no hospital, na rua... 2ª ed. Rio de Janeiro: WAK Editora; 2008.
2. Campos MM, Bhering EB, Gimenes YEN, Valle BAR, Unbehaum S. A contribuição da educação infantil de qualidade e seus impactos no início do ensino fundamental. Educ Pesq. 2011;37(1):15-33. Disponível em: site http://www.scielo.br/pdf/ep/v37n1/v37n1a02. Acesso em 07 de junho de 2016.
3. Brasil. Ministério da Educação. Lei nº 11.274, de 6 de fevereiro de 2006. Diário Oficial [da República Federativa do Brasil], Brasília, DF, v. 148, n. 247, 7 fev. 2016. Seção 1, p. 3.
MONITORIA ENTRE ALUNOS: BENEFÍCIOS RECÍPROCOS
Autores: Tomelin KNa, Stumpf MGa, Dias APLa,b
Instituições: aNúcleo de Apoio a Discentes e Docentes, FMU-FIAM-FAAM
bPós-graduanda em Psicopedagogia Institucional, FMU-FIAM-FAAM
Resumo: Buscou-se verificar os benefícios gerados na parceria entre aluno monitor e aluno com necessidade especial, pois dentro do processo de educação inclusiva é preciso satisfazer as necessidades diversas dos estudantes para atingir um bom nível de educação para todos1-3. As monitorias foram desenvolvidas com alunos do Complexo Educacional FMU/FIAMFAAM e realizadas através do programa "Atenção Especial" que atua na promoção da educação inclusiva no ensino superior através do apoio a estudantes que possuam deficiências ou algum transtorno de aprendizagem. Os resultados foram avaliados em método qualitativo4, considerando as vivências e experiências relatadas por 25 alunos monitores durante o primeiro semestre de 2016 através de relatórios escritos por eles. Foram identificados elogios ao aluno assistido e benefícios despertados no monitor, tais como: maior desenvolvimento pessoal, aprendizado recíproco, aumento da iniciativa e desejo de ajudar as pessoas. Em apenas dois casos a monitoria foi insatisfatória. Existe uma escassez de estudos sobre monitoria, embora ela ocorra com frequência nas universidades5. Não foram encontrados estudos sobre monitoria para auxílio a alunos com necessidades especiais. Os resultados apresentados apontam benefícios similares aos da monitoria de disciplinas, relatados em outros estudos onde ocorre crescimento pessoal, acadêmico e profissional do aluno monitor, enquanto que os alunos monitorados, em geral, tem uma melhora no desempenho acadêmico6,7. Conclui-se que os benefícios na interação monitor e monitorado superam os benefícios acadêmicos e contribuem para o desenvolvimento humano em si, pois adicionalmente aos resultados descritos verifica-se que os sentimentos de "auxílio ao próximo" ficam evidentes quando o aluno monitor auxilia uma pessoa que apresenta alguma dificuldade. Por fim, esse tipo de monitoria apresentado auxilia a inclusão educacional universitária, pois o aluno monitor que atua mais próximo ao aluno a ser incluído pode auxiliar nas dificuldades encontradas nesse processo.
Referências
1. Ferrari MALD, Sekkel MC. Educação inclusiva no ensino superior: um novo desafio. Psicol Ciênc Prof. 2007; 27(4):636-47.
2. Duek VP. Educação inclusiva e formação continuada: contribuições dos casos de ensino para os processos de aprendizagem e desenvolvimento profissional de professores [Tese de Doutorado]. Natal: Universidade Federal do Rio Grande do Norte; 2011.
3. Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura UNESCO. Declaração de Salamanca e linha de ação sobre necessidades educativas especiais. Brasília: CORDE; 1994.
4. Minayo MCS. Análise qualitativa: teoria, passos e fidedignidade. Ciência & Saúde Coletiva. 2012;17(3):621-6.
5. Natário EG, Santos AAA. Programa de monitores para o ensino superior. Estudos de Psicologia I. 2010;27(3):355-64.
6. Jesus DMO, Mancebo RC, Pinto FIP, Barros GVE. Programas de monitorias: um estudo de caso em uma IFES. Rev Pensamento Contemporâneo em Administração. 2012;6(4):61-86.
7. Ventura AF, Silva CJA, Galvão BHA. Monitoria acadêmica x docência no ensino superior. Ciências Biológicas e da Saúde. 2015;2(3):35-44.
O USO DO TESTE DO DESENHO DA FIGURA HUMANA REVALIDADO - DFH-III NAS OFICINAS DE JOGOS: AVALIAÇÃO E ENCAMINHAMENTOS
Autores: Freitas SF, Ruiz JEL, Múrcia M, Souza TB, Faria PSP
Instituição: Centro de Pesquisas da infância e da adolescência "Dante Moreira leite" - CENPE - Unidade Auxiliar da Faculdade de Ciências e Letras da UNESP/Araraquara/SP.
Resumo: Objetivamos apresentar um instrumento de avaliação utilizado pela equipe interdisciplinar do CENPE - Centro de Pesquisas da Infância e da Adolescência-UNESP/Araraquara com as crianças encaminhadas com dificuldades de aprendizagem e queixas associadas que aguardam atendimento especializado na fila de espera. Como ferramenta de rastreio e avaliação do desenvolvimento cognitivo, utilizamos o teste do desenho da figura humana revalidado - DFH-III de Weschsler1, no qual é solicitado à criança desenhar duas figuras humanas - masculina/feminina. Foi aplicado em dez crianças de 8 a 12 anos divididas em dois grupos pela proximidade da idade. Este trabalho foi organizado devido à grande demanda e impossibilidade de atendermos prontamente às crianças inscritas, uma modalidade de atendimento em pequenos grupos denominado Oficina de Jogos. Como resultados dessa avaliação, obtivemos em relação ao desempenho cognitivo a seguinte classificação: 1 nível superior, 2 na média, 3 acima, 3 abaixo e 1 apontou para deficiência cognitiva. Constatamos que esse instrumento, além do rastreamento significativo da medida cognitiva, trouxe-nos indicativos de aspectos emocionais quando comparados o desempenho da mesma criança na execução das figuras feminina e masculina, pois houve discrepância nas classificações. Estes dados vêm nos auxiliar, juntamente com outras atividades das Oficinas, no levantamento de hipótese sobre as queixas de dificuldades escolares e outras. Consideramos que o trabalho das Oficinas, como está organizado, possibilita acolher a criança e a família que aguardam atendimento, diminuindo a ansiedade dos mesmos, trazendo elementos motivadores para a aprendizagem com o uso de jogos, enfatizando a habilitação lúdica. A aplicação inicial do teste do Desenho da Figura Humana possibilitou conhecimento prévio da criança, levantamento de hipótese sobre suas dificuldades, além de sugerir encaminhamentos para avaliações específicas nas áreas de psicopedagogia, psicologia, fonoaudiologia e/ou terapia ocupacional deste Centro.
Referência
1. Wechsler SM. O desenho da figura humana: avaliação do desenvolvimento cognitivo de crianças brasileiras. 3ª ed. Campinas: Impressão Digital; 2003.
PIAFEX: UMA POSSIBILIDADE DE INTERVENÇÃO EM FUNÇÕES EXECUTIVAS NO ATENDIMENTO PSICOPEDAGÓGICO CLÍNICO
Autores: León CBR, Ricci KA, Dias NM, Seabra AG
Resumo: O Programa de Intervenção em Autorregulação e Funções Executivas (PIAFEx)1 foi desenvolvido para ser um complemento curricular voltado para crianças, na faixa etária de 5 a 6 anos de idade. Com o objetivo de estimular as funções executivas (FE) e promover seu desenvolvimento, o PIAFEx deve ser aplicado pelo próprio professor na escola. O objetivo desta exposição é apresentar o PIAFEx e possibilidades de adaptação e uso no contexto da clínica psicopedagógica. O programa conta com 43 atividades, organizadas em uma sessão de Aspectos Essenciais (estratégias que devem ser incorporadas em todas as diversas tarefas do cotidiano escolar), 10 Módulos Básicos (atividades que oferecem oportunidade das crianças exercitarem as FE na escola) e um Módulo Complementar (história para transposição das habilidades aprendidas no contexto da personagem principal). Há evidências de que a melhor forma de estimular Autorregulação e FE seja no contexto escolar, uma vez que a intensidade e frequência das atividades possibilitam maior generalização para outros contextos2. No entanto, as atividades podem ser adaptadas para a clínica, principalmente no contexto do atendimento em grupo. Há algumas iniciativas isoladas de adaptar as atividades e estratégias do PIAFEx no contexto clínico. Por exemplo, Menezes et al.3 investigaram a aplicação do PIAFEx em 18 pacientes (7-13 anos) diagnosticados com TDAH, divididos em grupo controle (GC: n=10) e grupo experimental (GE: n=8). Ao longo de 8 meses, foram realizadas sessões de 1 hora, 2x por semana, com a aplicação do PIAFEx. Ao final do experimento, os pacientes do GE apresentaram ganhos significativos em medidas de atenção/ inibição e memória de trabalho. Apesar de poucos estudos com a aplicação do PIAFEx na clínica, tais resultados ilustram uma possibilidade de intervenção em funções executivas no atendimento psicopedagógico.
Referências
1. Dias NM, Seabra AG. Programa de Intervenção em Autorregulação e Funções Executivas - PIAFEx. São Paulo: Memnon; 2013.
2. Dias NM, Seabra AG. Funções executivas: desenvolvimento e intervenção. Temas sobre Desenvolvimento. 2013;19(107):206-12.
3. Menezes A, Dias NM, Trevisan BT, Carreiro LRR, Seabra AG. Intervention for executive functions in attention deficit and hyperactivity disorder. Arq Neuro-Psiquiatria. 2015;73(3):227-36.
PROGRAMA ATENÇÃO ESPECIAL: AÇÕES PARA EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO SUPERIOR
Autores: Tomelin KNa, Stumpf MGa, Dias APLa,b
Instituições: a Núcleo de Apoio a Discentes e Docentes, FMU-FIAM-FAAM b. Pós-graduanda em Psicopedagogia Institucional, FMU-FIAM-FAAM;
Resumo: O objetivo desse estudo é promover a educação inclusiva no ensino superior aos estudantes considerados minorias: com deficiência ou algum tipo de transtorno de aprendizagem. Em uma educação inclusiva, nenhum estudante deve ser socialmente excluído independente de suas diferenças1. Abordagens de educação inclusiva foram realizadas através do projeto "Atenção Especial" que iniciou em 2015 no Complexo Educacional FMU/FIAMFAAM. As ações promovidas são: entrevista inicial; acompanhamento dos profissionais e estudantes das clínicas de saúde; acessibilidade e tecnologia assistida; orientação aos professores; atividades de sensibilização com estudantes; seleção e treinamento de estudantes monitores; palestras e outras ações de inclusão à comunidade acadêmica. Sabe-se que a inclusão efetiva e atitudinal vai além da possibilidade de ocupar uma cadeira no Ensino Superior. Faz-se necessária a mudança do olhar de toda a comunidade acadêmica, para que as minorias possam ser incluídas sem serem estigmatizadas2,3. Visando contribuir para essa mudança, atualmente, o programa atenção especial acompanha 119 estudantes, os resultados do projeto tem promovido, além da conscientização da comunidade acadêmica, o favorecimento da inclusão e da permanência destes alunos em um ambiente de receptividade e apoio de todos os envolvidos.
Referências
1. Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura UNESCO. Declaração de Salamanca e linha de ação sobre necessidades educativas especiais. Brasília: CORDE; 1994.
2. Ferrari MALD, Sekkel MC. Educação inclusiva no ensino superior: um novo desafio. Psicol Ciênc Prof. 2007; 27(4):636-47.
3. Duek VP. Educação inclusiva e formação continuada: contribuições dos casos de ensino para os processos de aprendizagem e desenvolvimento profissional de professores [Tese de Doutorado]. Natal: Universidade Federal do Rio Grande do Norte; 2011.
TREINO DE FUNÇÕES EXECUTIVAS EM UM CASO DE TDAH E TOD
Autores: Souza ZP, Dias NM
Instituição: Espaço Vida / Centro Universitário FIEO
Resumo: Este trabalho apresenta um estudo de caso, cujo objetivo foi investigar os efeitos da participação em uma intervenção de funções executivas de uma criança com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e Transtorno Opositivo-Desafiador (TOD). O participante é G., sexo masculino, 11 anos, 6º ano de uma escola particular, com diagnóstico de TDAH e TOD. G. faz acompanhamento psiquiátrico e é medicado com metilfenidato; possui histórico de baixo rendimento. Antes da intervenção, G. foi avaliado, por meio de resposta de pais e de uma professora, no Inventário de Dificuldades em Funções Executivas, Regulação e Aversão ao Adiamento (IFERA-I). Após, G. participou do Programa de Treino em funções Executivas 'Super 6º ano'1. O programa é conduzido coletivamente, composto de 16 encontros, com 2 horas de duração cada encontro. Após a intervenção, pais e a professora responderam novamente ao IFERA-I2. O desempenho escolar de G. foi verificado a partir do boletim do primeiro trimestre letivo. Entrevista foi realizada com G., sua mãe e a coordenadora escolar. Resultados mostraram que, após a intervenção, tanto segundo resposta de pais quanto da professora, houve melhora nos índices de controle inibitório, memória de trabalho, planejamento, flexibilidade e regulação, além do escore total no IFERI. G. finalizou a primeira etapa escolar sem notas perdidas, com média trimestral geral de 22,5 (máximo é 30). A entrevista revelou melhoras na organização e desempenho escolar. O Programa de Treino em Funções Executivas 'Super 6º ano' pode ser eficaz na estimulação das funções executivas e na prevenção do fracasso escolar.
Referências
1. Souza ZP. Programa de Treino em funções Executivas 'Super 6º ano'. Material em desenvolvimento. 2016.
2. Trevisan BT, Dias NM, Berberian AA, Seabra AG. Inventário de Dificuldades em Funções Executivas, Regulação e Aversão ao Adiamento - Versão para crianças e adolescentes (IFERA-I). Psicol Reflexão e Crítica. Submetido.
UM OLHAR SOBRE A RELAÇÃO ENTRE FAMÍLIA E ESCOLA NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM
Autores: Santos MSa, Santos JOAb, Oliveira GBa
Instituições: aFaculdade Maurício de Nassau- Unidade de Vitória da Conquista/ UNEB; bUniversidade do Estado da Bahia, Campus XX, Brumado.
Resumo: Sabemos que o trabalho conjunto escola-famílias é um dos maiores desafios de uma proposta pedagógica, na medida em que reflete uma problemática social mais ampla1. Diante disto, este artigo tem por objetivo refletir sobre a importância da relação entre família e escola no processo educativo2. Ao considerarmos o importante papel que a escola possui na formação dos indivíduos3, percebemos a necessidade de aprofundar a discussão, por meio de revisão bibliográfica, deste contexto. Outro ponto a ser discutindo neste trabalho é sobre o papel da família no processo educativo4. O envolvimento dos pais ou responsáveis no espaço escolar da criança pode trazer para seu rendimento e aprendizado educacional um grande avanço comparado a outras crianças onde não há esse mesmo interesse por parte dos mesmos5. O oposto também poderá acontecer; a falta de participação da família na escola poderá acarretar grandes problemas. O tema proposto foi investigado por meio de pesquisa bibliográfica, na qual foram utilizadas como fontes de estudo obras de relevante importância sobre a temática, livros, artigos científicos, revistas pedagógicas, além de sites sobre o tema.
Referências
1. Kramer S. Com a pré-escola nas mãos. 14ª ed. São Paulo: Editora Ática; 2002. p.13.
2. Tiba I. Quem ama, educa. São Paulo: Gente; 2002. p.178.
3. Vygotski LS. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes; 1998. p.87.
4. Brym R [et al]. Sociologia: sua bússola para um novo mundo: família e sistema de parentesco. São Paulo: Thomson Learning; 2006. p.109.
5. Tiba I. Disciplina, limite na medida certa. São Paulo: Gente; 1996. p.178.
RESUMO DOS TRABALHOS - CATEGORIA PÔSTER
Modalidade pôstera
IMPORTÂNCIA DO DESENHO NO PROCESSO DE INTERVENÇÃO PSICOPEGAGÓGICO: UM ESTUDO DE CASO
Autor: Nascimento RG
Instituição: Universidade Estadual do Ceará
Resumo: Introdução: Autores1 vêm falar sobre a importância do desenho para avaliar as necessidades das crianças a partir de 18 meses, fazendo também aliança com teóricos2 que visualizam a relação do desenho com a linguagem escrita. Quanto mais se desenha, melhor funciona o aprimoramento do traçado para se chegar à escrita. Autores3 trazem embasamento para a prática do estudo de caso, bem como informes sobre as sessões de avaliação, dentre outros. Objetivo: Investigar como o desenho segue influência no atendimento da avaliação Psicopedagógica, respeitando obviamente os limites de observação entre esta e outras áreas correlatas, além de verificar como o desenho evolui e sua importância para o desenvolvimento da escrita. Método: Pesquisa qualitativa teórica e prática embasada em estudiosos que explanam sobre o assunto. Resultados: Dados indicaram e reforçaram que o desenho é de imensa potência para a atividade de avaliação e intervenção Psicopedagógica. Os desenhos constituem-se como instrumentos valiosos para favorecer os processos de aprendizagem de escrita, auxiliando também no aspecto motor no sujeito, bem como a investigação de vínculos. No estudo de caso, obteve-se uma produção de desenhos e avaliaram-se vínculos com a aprendizagem dentre outros. A criança passou a identificar-se melhor consigo, elevando, assim, sua autoestima que, na ocasião, a fez perceber que realmente poderia aprender algo, até levá-la a aprimorar seus desenhos e inicializar uma sessão lúdica com tela crua e tintas para a exposição de suas "artes gráficas". Considerações finais: Conclui-se que, muito se pode obter a partir da produção gráfica de um sujeito. Percebe-se, através da leitura especializada sobre os benefícios dos desenhos, que ele possui uma forte atuação na vida dos indivíduos que são avaliados seja pela avaliação Psicopedagógica ou áreas afins. Ressalte-se, também, a ascendência que este traçado (o desenho) tem diante dos processos de evolução da escrita.
Referências
1. Crotti E, Magni A. Garatujas - rabiscos e desenhos- a linguagem. S secreta das crianças. São Paulo: Isis; 2011.
2. Derdyk E. Formas de pensar o desenho: desenvolvimento do grafismo infantil. São Paulo: Scipione; 1989.
3. Weiss MLL. Psicopedagogia clínica: uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar. Rio de Janeiro: DP&A; 2012.
A LUDICIDADE NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA PORTADORA DO TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA)
Autores: Andujar D, Rubim SRF
Instituição: UniCesumar
Resumo: Objetivo: Averiguar como o ato de brincar auxilia no desenvolvimento da criança portadora do Transtorno do Espectro Autista (TEA), melhorando a capacidade linguística, cognitiva, motora, intelectual e social, sendo um aliado para o ensino-aprendizagem e, consequentemente, a inclusão. Método: Foi realizada uma pesquisa bibliográfica referente ao tema autismo, inclusão e atividade lúdica, abordando o desenvolvimento infantil, a ludicidade e o autismo. No levantamento bibliográfico, foi possível observar como é imprescindível que o profissional educador utilize brinquedos em situações lúdicas, pois isso favorece consideravelmente o desenvolvimento da criança. Os autores abordados para corroborar a pesquisa, Vygotsky1, Piaget2, Macedo3, Negrine4, Cunha5 e Orrú6, defendem o uso de atividades lúdicas na mediação para colaborar com o desenvolvimento infantil. Resultados: Esse trabalho demonstrou como a atividade lúdica deve ser utilizada em benefício do desenvolvimento da criança que tem autismo, adequando suas necessidades e capacidades. Isso possibilita enriquecer seu desenvolvimento intelectual, físico e social que auxiliará a sua convivência no futuro. Através da mediação lúdica, o educador cria a possibilidade de aumentar a capacidade linguística e social, também reduzir comportamentos sociais inadequados. Conclusão: A atividade lúdica mediada contribui significativamente no desenvolvimento do educando portador de autismo, pois através de um melhor aprendizado, há uma inclusão mais eficaz. O educador deve dedicar-se em contribuir para o ensino-aprendizagem do aluno, respeitando seus limites, mas sempre almejando seus avanços em busca de habilidades que auxiliarão na sua vida, social, intelectual e profissional.
Referências:
1. Vigotsky LS. A construção do pensamento e da linguagem. São Paulo: WMF Martins Fontes; 2010.
2. Piaget J. Seis estudos de psicologia. 24ª ed. Rio de Janeiro: Editora Forense; 1999. Disponível no URL: atividadeparaeducacaoespecial.com/wp-content/uploads/2015/01/SEIS-ESTUDOS-DE-PSICOLOGIA-JEAN-PIAGET.pdf
3. Macedo L, Passos NC, Petty ALS. 4 cores senha e dominó. São Paulo: Casapsi; 2010.
4. Negrine A. Simbolismo e jogo. Petrópolis: Vozes; 2014.
5. Cunha E. Autismo e inclusão. 5ª ed. Rio de Janeiro: WAK editora; 2014.
6. Orrú SE. Autismo, linguagem e educação. 3ª ed. Rio de Janeiro: WAK editora; 2012.
A UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA LEITURA E ESCRITA
Autor: Pereira MS
Instituição: Escola Municipal Francisca de Abreu Lima
Resumo: Introdução: Este trabalho veio proporcionar uma reflexão sobre o uso das tecnologias para auxiliar as crianças e adolescentes no processo de desenvolvimento da leitura e escrita. Este estudo teve por objetivo compreender e utilizar tecnologias para desenvolver as habilidades de leitura e escrita no processo de aprendizagem das crianças e adolescentes. Como os registros apresentam as dificuldades encontradas pelos alunos, estes superam as deficiências do letramento1. Autores enfatiza diante do processo uma trajetória letrada na formação do educando2. Quando se trata da autonomia do aluno para o ato de estudo individualizado com letramento digital, assim podemos centralizar o educando nesse percurso do aprender autônomo3. Método: Foram participantes deste trabalho professores do 3º ao 5º ano com seus alunos das respectivas turmas, visando ampliar o gosto pela leitura e escrita, de forma a produzir textos de vários gêneros tornando-se autônomo nas escolhas de suas leituras diárias na biblioteca digital com pré-agendamento. Resultados: São apresentados, em sequência os resultados alcançados em cada etapa. Na primeira etapa, observam-se algumas produções e fragmentos das falas dos participantes com relações a leitura digital; na segunda etapa, surgimento de perspectivas e de continuidade da proposta da biblioteca digital, com ênfase na leitura diária; na terceira etapa, a criação do jornal no blog, que foi uma satisfação para os alunos do 5º ano que apresentavam dificuldades na leitura e escrita. Na última etapa, finalizamos com a Campanha motivadora de Leitura na Escola - Espaço de Cidadania.
Referências
1. Furtado VQ. Dificuldades na aprendizagem da escrita: uma intervenção psicopedagógico via jogos de regras. 3ª ed. Petrópolis: Vozes; 2012.
2. Ferreiro E, Teberosky A. Psicogêneses da língua escrita. Porto Alegre: Artes Médicas; 1999.
3. Belloni ML. Educação à distância. 7ª ed. Campinas: Autores Associados.
4. Lévy P. Cibe cultura. Trad. Costa CI. São Paulo: Edições 34; 1999.
AVALIAÇÃO DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS NA INFÂNCIA: CONCORDÂNCIA ENTRE RELATO DE PAIS E PROFESSORES
Autores: Zauza G, Leon CBR, Mecca TP, Seabra AG, Dias NM
Instituições: Centro Universitário FIEO; Universidade Presbiteriana Mackenzie
Resumo: As escalas de avaliação de comportamento têm assumido papel importante na avaliação infantil. Estes instrumentos possibilitam a coleta de informações sobre distintos aspectos do comportamento em diferentes situações1. Um problema recorrente refere-se ao grau de concordância entre informantes, que de forma geral tem sido apenas moderado2,3. Este estudo teve como objetivo investigar a concordância de pais e professores em uma escala de avaliação do funcionamento executivo e regulação na infância. Participaram deste estudo 129 crianças, 5 anos de idade, estudantes do Pré-II de escolas públicas da cidade de SP. Participaram também seus respectivos pais e professores, os quais preencheram ao Inventário de Dificuldades em Funções Executivas, Regulação e Aversão ao Adiamento (IFERA-I)4, que avalia 5 domínios: Inibição, Memória de Trabalho (MT), Flexibilidade cognitiva, Aversão à Demora (AD) e Regulação do Estado (RE). Neste instrumento, maior pontuação equivale a maior dificuldade. Foi conduzida análise de correlação de Pearson entre as respostas de pais e professores ao instrumento. Poucas relações foram encontradas entre os informantes e, dentre as observadas, estas tenderam a ser baixas. Na sequência, foi conduzido teste t de amostra pareada, comparando as respostas dos informantes. Diferenças significativas foram observadas nas subescalas de MT, AD e RE, sendo que pais tenderam a atribuir maior pontuação nas subescalas de AD e RE, enquanto os professores atribuíram maior pontuação na subescala de MT. Os resultados corroboram a necessidade de que diferentes informantes sejam considerados em conjunto no processo de avaliação infantil3.
Referências
1. Major S, Seabra-Santos MJ. Uso de inventários comportamentais para a avaliação socioemocional em idade pré-escolar. Aval Psicol. 2013;12(1):101-7.
2. Seabra-Santos MJ, Gaspar MFF. Pais, educadores e testes: estão de acordo na avaliação de aptidões de crianças pré-escolares? Psicol Reflexão e Crítica. 2012; 25(2):203-11.
3. Martoni AT, Trevisan BT, Dias NM, Seabra AG. Funções executivas: relação entre relatos de pais, de professores e desempenho de crianças. Temas em Psicol. 2016;24(1):173-88.
4. Trevisan BT, Dias NM, Berberian AA, Seabra AG. Inventário de Dificuldades em Funções Executivas, Regulação e Aversão ao Adiamento - Versão para crianças e adolescentes (IFERA-I). Psicol Reflexão e Crítica.
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES ARITMÉTICAS NO CONTEXTO NACIONAL: INSTRUMENTOS DISPONÍVEIS AO PSICOPEDAGOGO
Autores: Lima L, Almeida A, Leon CBR, Zauza G, Dias NM
Instituições: Centro Universitário FIEO; Universidade Presbiteriana Mackenzie
Resumo: No contexto nacional, há uma carência de instrumentos não-restritos para avaliação de habilidades aritméticas, entre as quais incluem-se processamento numérico, cálculo e resolução de problemas1. Frente a esta lacuna, o objetivo deste estudo foi levantar instrumentos de avaliação de competências aritméticas (CA) disponíveis no contexto nacional para uso pelo profissional da psicopedagogia, bem como delimitar quais aspectos são mensurados por estes instrumentos. Foi realizada uma revisão não-sistemática da literatura para levantamento dos testes/tarefas. Foram encontrados quatro instrumentos: Prova de Aritmética (PA)2, Teste de Desempenho Escolar (TDE)3, Protocolo de Avaliação de Habilidades Cognitivo-Linguísticas (PAHCL)4 e Coruja Promat (CP)5. Especificamente, a PA e o TDE avaliam processamento numérico e cálculo. O PAHCL inclui tarefas que mensuram cálculos (4 operações básicas). Por sua vez, o CP avalia representação numérica, evocação de fatos numéricos e resolução de problemas. Todos os instrumentos levantados são padronizados e indicados para a aplicação individual em crianças entre 6 e 11 anos e/ou Ensino Fundamental I. A PA possui dados normativos por idade para o escore total e para os escores em processamento numérico (subtestes1 e 3) e cálculo (subtestes 4 a 6). O TDE possui dados normativos por idade e/ou série para o escore total. Já o PAHCL, apesar de possuir um sistema de classificação em pontos por série, sugere que os parâmetros necessários sejam adaptados de acordo com a população-alvo. Por fim, o CP não apresenta classificação por desempenho, caracterizando-se como um instrumento de sondagem e sugerindo que as tarefas que as crianças não forem capazes de realizar indicam as dificuldades que deveriam ser trabalhadas pelo profissional. Espera-se com essa revisão orientar o profissional na seleção de instrumentos para avaliação da queixa de dificuldade de aprendizagem em aritmética, ampliando seu conhecimento acerca de instrumentos disponíveis no mercado nacional.
Referências
1. Leon CBR, Zauza G, Lima L, Almeida A, Dias NM. Avaliação da Matemática no Brasil: revisão da literatura no recorte 2011-2016 (em preparação).
2. Seabra AG, Montiel J, Capovilla FC. Prova de Aritmética. In: Seabra AG, Dias NM, Capovilla FC, eds. Avaliação neuropsicológica cognitiva: leitura, escrita e aritmética. São Paulo: Memnon; 2013. p.97-104.
3. Stein LM. TDE - Teste de Desempenho Escolar: manual para aplicação e interpretação. São Paulo: Casa do Psicólogo; 1994.
4. Weinstein MCA. Coruja Promat. São Paulo: Casa do Psicólogo; 2016.
5. Capellini AS, Smythe I - Protocolo de avaliação de habilidades cognitivo - linguísticas. Marília: Fundepe; 2008.
AVALIAÇÃO DE MEMÓRIA OPERACIONAL EM PRÉ-ESCOLARES: COMPARAÇÃO ENTRE ESCOLA PÚBLICA E PARTICULAR
Autores: Maioli MCBP, Costa C, Mecca TP, Dias NM
Instituição: Centro Universitário FIEO - UniFIEO
Resumo: O objetivo do presente trabalho é comparar o desempenho em provas de memória operacional (MO) visuo-espacial (VS) e auditiva (AU) entre pré-escolares de escolas públicas e privadas, uma vez que a literatura reporta desempenhos maiores em alunos de escolas privadas em tarefas cognitivas1,2. Participaram 50 crianças, sendo 25 de escola pública (Grupo 1) e 25 de escola privada (Grupo 2), com idade entre 47 e 70 meses (M=59,12; DP=7,13). A amostra foi composta por 48% de meninas e 52% de meninos. Para avaliação de MO-VS foi utilizada a tarefa de Blocos de Corsi e para MO-AU, a tarefa de Span de Dígitos, ambas as versões adaptadas para pré-escolares. Teste T de amostras independentes foi utilizado para comparar o desempenho entre os grupos nos Blocos de Corsi e Dígitos. As avaliações foram realizadas nas escolas de forma individual. Foram comparados os desempenhos nas ordens direta e inversa, bem como no escore total de acertos. Os resultados obtidos no Span de Dígitos mostraram que não há diferenças estatisticamente significativas entre os Grupos 1 e 2 nas ordens direta e inversa, bem como no escore total. Nos Blocos de Corsi, houve diferença significativa entre os grupos, com melhor desempenho na ordem inversa para as crianças de escola pública. Não houve diferença entre os grupos na ordem direta e no escore total. Estes resultados divergem de outros estudos1,2, que indicam melhores desempenhos em provas cognitivas de crianças pertencentes a escolas privadas. Uma hipótese para esta diferença pode ser decorrente do tempo de escolarização da criança, ou seja, as crianças de escola pública podem estar mais tempo sendo estimuladas3, o que compensaria possíveis diferenças decorrentes de nível socioeconômico, conforme já reportado em estudos prévios. Além disso, trata-se de um estudo ainda em andamento, no qual o aumento da amostra é necessário para melhor generalização dos resultados.
Referências
1. Mecca TP, Jana TA, Simões MR, Macedo, ECD. Relação entre habilidades cognitivas não-verbais e variáveis presentes no contexto educacional. Psicol Escol e Educ. 2015;19:329-39.
2. Cavalini SFS, Mecca TP, Cruz-Rodrigues CPC, Macedo ECD. Inteligência: efeito do tipo de escola e implicações na normatização das escalas Wechsler para crianças. Temas em Psicol. 2015;23:493-505.
3. Mecca TP. Tradução, adaptação, fidedignidade e evidências de validade da Bateria de Visualização e Raciocínio da Leiter-R [Dissertação de Mestrado]. São Paulo: Universidade Presbiteriana Mackenzie; 2010.
CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA E HABILIDADES INICIAIS DE LEITURA E ESCRITA EM CRIANÇAS PRÉ-ESCOLARES
Autor: Araújo AA
Instituições: Centro Universitário FIEO; Universidade Presbiteriana Mackenzie
Resumo: Habilidades de linguagem oral, como a consciência fonológica (CF), têm se mostrado associadas às habilidades iniciais de leitura e escrita1,2. Por exemplo, Pazeto et al.1 encontraram relação significativa e alta entre CF e leitura e escrita, mesmo em etapa anterior à alfabetização formal, em amostra de escola particular. O presente estudo teve como objetivo investigar o desempenho de crianças na última etapa da Educação Infantil de escolas públicas em tarefas de CF, leitura e escrita, bem como verificar a relação entre essas variáveis. Participaram 167 crianças, com idades entre 4 e 5 anos, matriculadas no Pré-II de duas escolas da região central de São Paulo. As crianças foram avaliadas com a Prova de Consciência Fonológica por produção Oral (PCFO)3 e Tarefa de Leitura e Escrita (TLE)4, ambos aplicados individualmente. No caso da PCFO, que possui dados normativos publicados, o desempenho geral da amostra situou-se na classificação média. Comparativamente ao estudo de Pazeto et al.1, realizado em escola particular, verificou-se desempenho inferior em todas as medidas, com tendência a efeito de piso para o TLE. Análise de correlação de Pearson entre desempenhos na PCFO e TLE resultou em relações positivas e significativas, porém de magnitude de baixa a moderada, sugerindo tendência de que crianças com melhores habilidades fonológicas teriam maior facilidade na aquisição da leitura e escrita. O estudo soma seus esforços à área de avaliação infantil, destacando as discrepâncias entre os achados de escola pública e particular.
Referências
1. Pazeto TCB, Seabra AG, Dias NM. Executive functions, oral language and writing in preschool children: development and correlations. Paidéia. 2014;24(58):213-21.
2. Capovilla AGS, Dias NM. Habilidades de linguagem oral e sua contribuição para a posterior aquisição de leitura. Psic. 2008;(11):135-44.
3. Seabra AG, Capovilla FC. Prova de consciência fonológica por produção oral. In: Seabra AG, Dias NM, eds. Avaliação neuropsicológica cognitiva: linguagem oral. São Paulo: Memnon; 2012. p.117-22.
4. Pazeto TCB. Avaliação de funções executivas, linguagem oral e escrita em pré-escolares. São Paulo: Universidade Presbiteriana Mackenzie; 2012.
CONTROLE INIBITÓRIO E REGULAÇÃO EMOCIONAL EM CRIANÇAS PRÉ-ESCOLARES
Autores: Santos CC, Maioli MCP, Mecca TP, Dias NM
Instituição: Centro Universitário FIEO, Osasco, SP.
Resumo: Controle inibitório (CI) refere-se à habilidade de inibir impulsos ou ações inadequadas em um dado contexto. Está também associado à habilidade de inibir a atenção a distratores, relacionando-se à atenção seletiva1. Evidências já demonstraram que o CI possui impacto sobre medidas de comportamento2. É possível também que esta habilidade esteja associada à capacidade do indivíduo de manejar adequadamente suas emoções, o que é conhecido por regulação emocional (RE)3. O objetivo deste estudo foi investigar a relação entre CI e RE em pré-escolares. Participaram deste estudo 18 crianças, idade média de 4,45 anos (DP=0,51), sendo 10 do pré-I e 8 do pré-II de uma escola particular da região metropolitana de São Paulo. As crianças foram avaliadas, individualmente, no Teste de Stroop Semântico4, que avalia a habilidade de CI. Os pais responderam ao Emotion Regulation Checklist (ERC), que possui duas subescalas: Labilidade/Negatividade e Regulação Emocional3. Foi conduzida análise de correlação parcial com controle da idade entre desempenho das crianças na tarefa de Stroop e resposta dos pais às subescalas do ERC. Os resultados revelaram correlações positivas e significativas, de magnitude moderada, entre tempo de reação na parte 2 e de interferência no Stroop e pontuação na subescala RE. Nenhuma relação foi encontrada com as medidas de escore do Stroop. Este resultado sugere que crianças que demandaram maior tempo para reposta no teste de Stroop, talvez por responderem menos impulsivamente, tenderam a ser avaliadas como possuindo melhor RE. O estudo esboça algumas relações entre CI e RE em idades precoces do desenvolvimento.
Referências
1. Diamond A. Executive functions. Anu Rev. 2013;64:135-68.
2. Schoemaker K, Mulder H, Deković M, Matthys W. Executive functions in preschool children with externalizing behavior problems: a meta-analysis. J Abnorm Child Psychol. 2013;41(3):457-71.
3. Reis AH, Oliveira SES, Bandeira DR, Andrade NC, Abreu N, Sperb TM. Emotion Regulation Checklist (ERC): estudos preliminares da adaptação e validação para a cultura brasileira. Temas em Psicol. 2016;24(1):77-96.
4. Trevisan BT. Atenção e controle inibitório em pré-escolares e correlação com indicadores de desatenção e hiperatividade. Universidade Presbiteriana Mackenzie; 2010.
"NÃO, MULHER!" - QUANDO CUIDAR NÃO É PERMITIDO
Autor: Castro EAS
Instituição: Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
Resumo: Investiga-se, a partir da emergência do comportamento de cuidado entre parceiros interacionais tendo como referente uma criança com paralisia cerebral (sujeito focal), as diferentes significações envolvidas nas trocas entre pares de idade e adultos. A partir de um estudo longitudinal num período de 6 meses, empregou-se análise microgenética1 de recortes de episódios de algumas cenas videogravadas em uma sala de aula de escola pública municipal de educação infantil em Maceió. Procedeu-se à videogravação de momentos pedagógicos desenvolvidos por duas professoras (regente e auxiliar). Apresenta-se a análise decorrente de um episódio. Para a construção dos recortes buscou-se reconhecer "regulações recíprocas" entre parceiros em eventos interindividuais, configurando díades e tríades2,3. No episódio "A interação não permitida ou o cuidado espontâneo com Laura", a professora auxiliar (Maria) busca manter ereta a postura de Laura, que oscila seu corpo caindo para traz e lados. As crianças estão sentadas no chão, Laura está num acolchoado auxiliada por Maria para manter-se ereta. À direita de Laura está Bárbara que, em suas tentativas de aproximar-se dela, é repreendida por Maria exclamando: "Não, mulher!" Embora Maria tente pegar a fralda e limpar a boca de Laura, Bárbara é mais rápida e limpa a boca dela, que também a abraça, beija-a e impede que ela caia. A professora regente e Maria repreendem Bárbara. O que poderia indicar a incapacidade de Bárbara em reconhecer e atuar frente às demandas de Laura revela uma prontidão diante do outro e para ele. A presença de Laura potencializa o comportamento de cuidado entre os parceiros de Laura. A prontidão de Bárbara sinaliza que um processo de inclusão requer o reconhecimento de potenciais habilidades de cuidado já presentes na infância, bem como sua capacidade de compreender a medida das necessidades do outro parceiro de idade.
Referências
1. Meira L. Análise microgenética e videografia: ferramentas de pesquisa em psicologia cognitiva. Temas Psicol. 1994;2(3):59-71.
2. Pedrosa MIP, Carvalho AM. Análise qualitativa de episódios de interação: uma reflexão sobre procedimentos e formas de uso. Psicol Refl Crít. 2005;18(3):431-2.
3. Carvalho AMA, Branco AUA, Pedrosa MI, Gilae MSCA. Dinâmica interacional de crianças em grupo: um ensaio de categorização. Psicologia em Estudo. 2002;7(2):91-9.
O DESENHO NO PROCESSO DE INTERVENÇÃO PSICOPEGAGÓGICO: UM ESTUDO DE CASO
Autor: Nascimento RG
Instituição: Universidade Estadual do Ceará
Resumo: Objetivo: Investigar como o desenho exerce influência no atendimento da avaliação Psicopedagógica, respeitando obviamente os limites de observação entre esta e outras áreas correlatas, além de verificar como o desenho evolui e sua importância para o desenvolvimento da escrita. Método: Pesquisa qualitativa teórica e prática embasada nos estudiosos: Crotti & Magni1 nos falam sobre a importância do desenho para avaliar as necessidades das crianças a partir de 18 meses; Derdyk2 vem explicar a relação do desenho com a linguagem escrita. Quanto mais se desenha, melhor funciona o aprimoramento do traçado para se chegar à escrita; Weiss3 trouxe a embasamento para a prática do estudo de caso, bem como informes sobre as sessões de avaliação, dentre outros. Resultados: Dados indicaram e reforçaram que o desenho é de imensa potência para a atividade de avaliação Psicopedagógica. Os desenhos constituem-se como instrumentos valiosos para favorecer os processos de aprendizagem de escrita, auxiliando também no aspecto motor no sujeito, bem como a investigação de vínculos. No estudo de caso, obteve-se uma produção de desenhos e avaliaram-se vínculos com a aprendizagem dentre outros. A criança passou a identificar-se melhor consigo, elevando, assim, sua autoestima que, na ocasião, a fez perceber que realmente poderia aprender algo, até levá-la a aprimorar seus desenhos e inicializar uma sessão lúdica com tela crua e tintas para a exposição de suas "artes gráficas". Considerações finais: Conclui-se que, muito se pode obter a partir da produção gráfica de um sujeito. Percebe-se através da leitura especializada sobre os benefícios dos desenhos que ele possui uma forte atuação na vida dos indivíduos que são avaliados seja pela avaliação Psicopedagógica ou áreas afins. Ressalte-se também a ascendência que este traçado (o desenho) tem diante dos processos de evolução da escrita.
Referências
1. Crotti E, Magni A. Garatujas - rabiscos e desenhos- a linguagem. S secreta das crianças. São Paulo: Isis; 2011.
2. Derdyk E. Formas de pensar o desenho: desenvolvimento do grafismo infantil. São Paulo: Scipione; 1989.
3. Weiss MLL. Psicopedagogia clínica: uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar. Rio de Janeiro: DP&A; 2012.
PROGRAMAS DE INTERVENÇÃO PARA PROMOÇÃO DE FUNÇÕES EXECUTIVAS NO CONTEXTO ESCOLAR
Autores: Sobrinho FS, Leon CBR, Dias NM, Seabra AG.
Resumo: Funções executivas (FE) são um conjunto de habilidades cognitivas que permitem ao indivíduo controlar seus comportamentos, cognição e emoções1,2. Há um consenso na literatura sobre as três FE básicas2,5: memória de trabalho, controle inibitório e flexibilidade cognitiva, as quais desenvolvem-se inicialmente a partir do 1o ano de vida6. Pesquisas sugerem que essas habilidades são importantes para o sucesso em diversas áreas da vida, sendo às vezes mais preditivas do que a condição socioeconômica ou o QI7. Considerando a relevância das FE para a aprendizagem e o comportamento, o objetivo deste estudo foi levantar programas de intervenção que promovam FE no contexto escolar. Foi realizada uma revisão da literatura nacional para levantamento dos programas em bases de dados (SciELO, Bireme e Pepsic), além de pesquisa em sites de busca. Foram utilizadas as palavras-chave "programa" e "funções executivas"/"função executiva". Foi encontrado apenas um programa nas bases de dados: Programa de Intervenção em Autorregulação e FE (PIAFex)8. Já nos sites de busca, foram localizados 10 programas, sendo 7 voltados para o contexto escolar (PIAFex, Programa Compasso, Heróis da Mente, 4 teses ou dissertações), 1 não menciona, 1 com adultos e 1 com idosos. Dentre os programas voltados para o contexto escolar, 2 foram aplicados em grupos clínicos (TDAH e Dislexia, respectivamente), 3 em crianças pré-escolares e 2 com escolares do ensino fundamental 1. Não saíram nas buscas três programas recentes que estimulam FE, conforme divulgação em comunicações orais: Programa de Reabilitação em FE e outras habilidades (PREFex), Método Glia e Travessuras do Amarelo. Tais resultados sugerem a escassez de estudos que testem a eficácia de programas de intervenção de FE no contexto escolar. Espera-se com essa revisão orientar educadores e psicopedagogos na seleção de programas de intervenção que estimulem FE no contexto escolar, ampliando seu repertório sobre os programas disponíveis no mercado nacional.
Referências
1. Diamond A. Executive functions. Annu Rev Psychol. 2013;64:135-68.
2. Strauss E, Sherman EMS, Spreen O. A compendium of neuropsychological tests: administration, norms and commentary. New York: Oxford University Press; 2006.
3. Miyake A, Friedman N, Emerson MJ, Witzki A, Howerter A, Wager T. The unity and diversity of executive functions and their contributions to complex "frontal lobe" tasks: a latent variable analysis. Cogn Psychol. 2000;41:49-100.
4. Huizinga M, Dolan CV, Van der Molen MW. Age-related in executive function: developmental trends and a latent variable analysis. Neuropsycol. 2006;44:2017-36.
5. Diamond A, Ling DS. Conclusions about interventions, programs, and approaches for improving executive functions that appear justified and those that, despite much hype, do not. Developmental Cognitive Neuroscience. 2016;18:34-48.
6. Dias NM, Seabra AG. Programa de Intervenção em Autorregulação e Funções Executivas - PIAFEx. São Paulo: Memnon; 2013.
VOCABULÁRIO COMO PREDITOR DE HABILIDADES FUTURAS EM LEITURA E ESCRITA
Autores: Lima L, Bueno J, Zauza G, Dias NM
Instituições: Centro Universitário FIEO; Universidade Presbiteriana Mackenzie
Resumo: Habilidades de linguagem oral são grandemente relevantes à aquisição da leitura e escrita. De fato, diversos estudos têm enfatizado o papel de habilidades tal como a consciência fonológica para o posterior sucesso na alfabetização1. Outras habilidades também têm se mostrado relevantes, como o vocabulário2. Este estudo teve como objetivo investigar a relação e a predição de leitura e escrita a partir de uma medida de vocabulário. Participaram deste estudo 46 crianças pré-escolares (idade média de 4,33; DP = 0,70), sendo 22 do Pré-I e 24 do Pré-II de uma escola pública de Educação Infantil e Fundamental de um município da Grande SP. Não havia na amostra crianças com deficiência sensorial não corrigida ou com indicativos de deficiência intelectual. Para avaliação foi utilizado o Teste de Vocabulário Auditivo USP (TVAud)3 e o Teste de Leitura e Escrita (TLE)4. A avaliação ocorreu na própria escola, coletivamente, para o TVAud. Após 6 meses, no ano seguinte à primeira avaliação (quando as crianças estavam no Pré-II e 1º ano do Ensino Fundamental), o TLE foi aplicado, individualmente. Correlações positivas e significativas, ambas moderadas, foram observadas entre desempenhos no TVAud e em leitura e escrita do TLE. Análise de regressão mostrou que mesmo após controle da idade, o vocabulário foi um preditor significativo do desempenho futuro das crianças em leitura e, principalmente, em escrita. Os resultados podem contribuir ao entendimento de habilidades precursoras do sucesso na alfabetização e corroboram achados da literatura1,2 acerca da relevância da linguagem oral para habilidades futuras de leitura e escrita.
Referências
1. Skibbe LE, Grimm KJ, Stanton-Chapman TL, Justice LM, Pence KL, Bowles RP. Reading trajectories of children with language difficulties from preschool through fifth grade. Lang Speech Hear Serv Sch. 2008;39(4):475-86.
2. Pazeto TCB. Predição de leitura, escrita e matemática no ensino Fundamental por funções executivas, linguagem oral e habilidades iniciais de linguagem escrita na educação infantil. UPM; 2016.
3. Capovilla FC, Negrão VB, Damásio M. Teste de vocabulário auditivo e teste de vocabulário receptivo. SP: Memnon; 2011.
4. Pazeto TCB, Seabra AG, Dias NM. Executive functions, oral language and writing in preschool children: development and correlations. Paidéia. 2014;24(58):213-21.