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Revista Psicopedagogia

versão impressa ISSN 0103-8486

Rev. psicopedag. vol.39 no.120 São Paulo set./dez. 2022

https://doi.org/10.51207/2179-4057.20220043 

EDITORIAL

 

Territórios alcançados - Marcos de nossa história

 

Territories reached - Milestones of our history

 

 

Luciana Barros de Almeida; Marisa Irene Siqueira Castanho

 

 

Neste momento lhe chega às mãos a edição 120 da Revista Psicopedagogia, sendo a última da gestão 2020-2022 para coroar a celebração dos 40 anos de publicação deste periódico, consagrado como referência no cenário latino-americano (internacional) na área de Psicopedagogia e de conhecimentos afins.

Como já divulgado nas duas edições anteriores deste ano, a Revista passou por uma ampla revisão de seu layout, ganhando novos padrões estéticos, selo de comemoração de seus 40 anos de existência ininterrupta e normas atualizadas de submissão dos artigos, que passaram a ser orientadas pelas normas da APA.

Todo o investimento de modernização do layout foi sendo gradativamente implantado ao longo de 2022, de tal forma a atingir uma identidade visual que integra a leveza e a expressividade da marca da ABPp transmitida pelo tom de azul de sua logomarca.

Comemorar os 40 anos da Revista Psicopedagogia é para nós sinônimo de resiliência e persistência no cumprimento dos propósitos da Associação Brasileira de Psicopedagogia - ABPp, desde sua implantação em 1982, de promover o desenvolvimento e divulgação da Psicopedagogia, nacionalmente e internacionalmente, editando periódicos e publicações científicas na área e apresentar-se, depois de 40 anos rejuvenescida como patrimônio científico da ABPp.

A publicação desta edição da Revista Psicopedagogia encerra dois marcos importantes de serem realçados. Um deles, é a finalização da comemoração de 40 anos de publicação ininterrupta da Revista, por isso, o Associado da ABPp também a receberá na versão impressa. Além disso, ao final do mês de dezembro finaliza mais uma gestão da ABPp, é o 17o mandato (desde 1980), por isso, cumprimentamos nossa Presidente, a Dra Marisa Irene Siqueira Castanho, que de um modo singular, juntamente ao seu grupo diretivo, conduziu a ABPp em tempos tão adversos atravessados pela pandemia de COVID-19, decretada mundialmente em março/2020. Até o presente, ainda vivemos resíduos desse momento tão desastroso à humanidade, em que tantas vidas foram perdidas. Estendemos os nossos cumprimentos e reconhecimento a todas as Presidentes de Seções/Coordenadoras de Núcleos da ABPp, junto aos seus grupos diretivos e respectivos associados, em todas as 20 unidades afiliadas distribuídas em grande parte do território nacional.

A Revista Psicopedagogia está dentre os principais instrumentos de comunicação oficial da ABPp com seus associados e com o mundo do conhecimento, em cenário nacional e internacional, isso se comprova e aparece em suas páginas. A fim de apresentar um levantamento do percurso feito nesse triênio, em comemoração aos 40 anos, fazemos aqui um breve perfil demonstrando que:

- A Revista Psicopedagogia deu continuidade ao que inicialmente esteve intitulado como Boletim, publicado em agosto/1982, seguindo da Edição 1 a 20, em dezembro/1990, nesse formato.

- Inspirada à tendência de época, a Edição 21, publicada no primeiro semestre de 1991, tinha um novo formato e ganhou ali o ISSN 0103-8486 (que se mantém até hoje), nesse formato a publicação prosseguiu até a edição 60, em 2002.

- A partir da Edição 61, em 2003, seguindo uma tendência internacional e com o objetivo de obter a indexação em novas bases de dados, a Revista Psicopedagogia se ajustou a um novo formato, mais próximo das publicações científicas das áreas de educação e saúde, e foi quando inicialmente alcançou a indexação em duas bases de dados. Até a Edição 67, em 2005, todas as edições eram impressas e aqui já eram sete as bases de dados indexadas.

- Da edição 68, em 2005, até a edição 120, em 2022, a Revista Psicopedagogia se mantém indexada em nove base de dados eletrônicos, sendo que a partir de 2009, edição 81 (quando obteve o ISSN on-line 2179-4057, em vigência atualmente), comprometida com a divulgação do conhecimento acerca da Psicopedagogia e atendendo a um pleito mundial de contenção de gastos das reservas naturais e proteção ao meio ambiente, esse periódico passou a ser publicado por meios eletrônicos, com acesso aberto, sem qualquer restrição a consultas públicas.

Esse percurso nos deixa satisfeitas e entusiasmadas em prosseguir, pois a Revista Psicopedagogia é uma síntese do que se produz na Psicopedagogia, no Brasil e no exterior, com isso, cumpre seu propósito de ser um periódico voltado à divulgação de conhecimentos multi e interdisciplinares também na área da Educação e Saúde, e demarca substancialmente a posição da ABPp - que a publica há 40 anos consecutivos - como uma instituição dinâmica, atualizada e comprometida com a produção e a disseminação do conhecimento científico entre seus associados e extensivamente ao público em geral.

Enaltecemos a qualidade dos 15 manuscritos que compõem esta edição 120, e que somam no ano 2022 um total de 40 artigos para marcar os 40 anos da Revista Psicopedagogia.

Apresentamos os 15 artigos de fluxo contínuo:

As autoras Adriana de Almeida Prado, Mariselma Santos Batista, Monica Recusani, Paula Roberta Martins Fernandes de Castro Santos, Rebeca Lescher Nogueira de Oliveira, Silvia Regina Sportello Trombini e Silvia Szterling Munimos trazem o artigo especial "Literatura e Psicopedagogia: Em busca do sujeito leitor". É um artigo escrito a muitas mãos pelas autoras, psicopedagogas voluntárias no Projeto Social da Associação Brasileira de Psicopedagogia e participantes do curso "A literatura na construção do sujeito", ministrado no primeiro semestre de 2021 pela Profa. Dra. Leda Barone. Elas registram o que aprenderam naqueles encontros literários e, sobretudo, o modo como eles ecoaram singularmente sobre cada uma. Tem, assim, por objeto a constituição do sujeito-psicopedagogo pelo viés da literatura. Aponta para novas perspectivas no modo de ser psicopedagogo a partir dessa experiência.

Os autores Samantha Amanda Branco, Vera Lucia Trevisan de Souza e Guilherme Siqueira Arinelli, num artigo original "Isolamento social, pandemia e a atividade docente: Significações sobre o ensino remoto", apontam o isolamento social adotado como medida sanitária durante a pandemia de Covid-19 e o ensino remoto como medida alternativa à educação em todo o território nacional. Frente a tal dinâmica, novos desafios e (im)possibilidades foram postos, trazendo a necessidade de se repensar as relações escolares, o papel do professor e suas condições de trabalho. Utilizando da Psicologia Histórico-Cultural, buscou-se compreender as significações dos professores da rede pública frente às experiências pedagógicas durante o ensino remoto através de entrevistas semiestruturadas.

Os autores Alessandra Gotuzo Seabra, Lilian Meibach Brandoles de Matos, Ivan Zanetti Mota, Lidiane Leite, Tally Lichtensztejn Tafla, Décio Brunoni, Luiz Renato Rodrigues Carreiro e Maria Cristina Triguero Veloz Teixeira escrevem um artigo original "Escrita em alunos com dificuldades de aprendizagem: Efeito Mateus". É um estudo que investigou a linguagem escrita de crianças do 2º e 4o anos com e sem sinais de transtorno específico de aprendizagem. Objetivou comparar as escritas entre dois os grupos de alunos, de modo a verificar se a diferença entre eles seria menor nas séries iniciais e tenderia a aumentar nas séries finais, como previsto teoricamente com base no efeito Mateus. Participaram do estudo 51 professores e 1.085 alunos, sendo 49 indicados com sinais compatíveis com o transtorno específico de aprendizagem.

As autoras Angélica Galindo Carneiro Rosal, Ana Augusta de Andrade Cordeiro, Jéssica Katarina Olimpia de Melo, Bianca Arruda Manchester de Queiroga trazem um artigo original "Percepção de professores sobre intervenção educativa de base fônica", abordando que, além do domínio nas habilidades de consciência fonológica, o aprendizado da leitura e escrita exige o desenvolvimento de outras competências, como por exemplo, o processamento visual, auditivo e fonológico. Tais habilidades devem ser conhecidas pelo professor alfabetizador, pois ele precisa reconhecer as crianças com dificuldades e buscar estratégias cognitivo-linguísticas para que elas avancem.

Ewelyn Pinheiro Ferreira e Giovanna Beatriz Kalva Medina, autoras de um artigo original "O uso da SIS-C no aprimoramento da relação família-escola", trazem a família e a escola como sistemas fundamentais para desencadear processos evolutivos, e o sucesso desta relação é um dos principais fatores do desenvolvimento e ensino-aprendizagem de alunos com deficiência intelectual. Dessa forma, o presente estudo busca compreender se o uso de um instrumento de avaliação da intensidade de apoio para alunos, público-alvo da educação especial, pode contribuir para a relação entre a família-escola do indivíduo avaliado.

Eveline Tonelotto Barbosa Pott, Maura Assad Pimenta Neves e Vera Lúcia Trevisan de Souza são as autoras de um artigo original intitulado "A Psicologia Escolar no trabalho com adolescentes: a arte como intervenção". Este artigo, derivado de duas pesquisas de doutorado, reflete sobre os fundamentos teóricos da Psicologia Histórico-Cultural em sua compreensão da adolescência. Objetiva discutir possibilidades de intervenção mediadas pela arte em uma perspectiva que compreende esse momento do desenvolvimento como propício à ampliação do pensamento e da imaginação, duas funções psicológicas que assumem prevalência na adolescência.

As autoras Simone Alves Araújo Costa e Mariane Lima de Souza publicam um artigo original "Tarefa escolar: Suporte parental e desempenho nas funções executivas", onde trazem que as funções executivas (FEs) são um conjunto de habilidades mentais que permitem ao indivíduo regular o comportamento e o pensamento com o objetivo de atingir metas. O objetivo dessa pesquisa foi verificar a associação entre o suporte oferecido por pais na tarefa escolar e o desempenho nas FEs nucleares (controle inibitório, memória de trabalho e flexibilidade cognitiva) de seu filho.

As autoras Maria Katiana Veluk Gutierrez e Maria Rosa de Oliveira Roque escrevem um artigo original "Psicopedagogia para Gente Grande - Atendimento Psicopedagógico na Idade Madura", publicando um estudo surgido da observação, da prática profissional, de que o adulto, para lidar com questões de aprendizagem, por diferentes motivos, pode se beneficiar de atendimento psicopedagógico.

Os autores Alexandra Ferreira Phillipps, Jeniffer Ferreira-Costa, Dante Ogassavara, Ivan Wallan Tertuliano, Thais da Silva-Ferreira, Daniel Bartholomeu e José Maria Montiel têm um artigo de revisão "Problemáticas na aprendizagem na pandemia COVID-19: Diretrizes e ferramentas educacionais", pensando que o aprimoramento no processo educacional tem sido enfoque de profissionais distintos a fim de proporcionar benefícios ao aluno no processo de aprendizagem ou no seu desenvolvimento psicológico, físico e social. Mediante a esse cenário, este estudo perpassa as diretrizes que orientam os profissionais da educação, as problemáticas oriundas do ensino remoto e as ferramentas tecnológicas para a prática do ensino no período citado.

As autoras Julia Secatti Alves, Ana Cristina Polycarpo Gameiro e Paula Hisa Goto Biazi escrevem um artigo de revisão "Estresse, depressão e ansiedade em mães de autistas: Revisão nacional", identificando na literatura brasileira, a presença e a intensidade de estresse, depressão e ansiedade em mães de indivíduos com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Trata-se de uma pesquisa de revisão sistemática, desenvolvida a partir de produções publicadas nas bases de dados bibliográficas BVS (Biblioteca Virtual em Saúde), Portal de Periódicos CAPES e Pepsic (Periódicos Eletrônicos de Psicologia), sem restrição de tempo. Os resultados evidenciam que as mães são afetadas significativamente pelo estresse, sendo constatada a presença do constructo na maioria do público-alvo, com predominância total de sintomas psicológicos e a prevalência de fases alarmantes de estresse.

As autoras Daniele Ardigo Lopes e Tatiele dos Santos Telaska escrevem o artigo de revisão "Inclusão de crianças com Transtorno do Espectro Autista: Revisão sistemática da literatura". O presente trabalho teve como objetivo mapear estudos brasileiros publicados em periódicos com a temática transtorno do espectro autista em relação às estratégias de inclusão escolar. A metodologia utilizada foi de natureza básica, abordagem qualitativa, de caráter exploratório e procedimento de revisão sistemática da literatura. Por fim, indica-se a necessidade de mais pesquisas e reflexões sobre o tema.

Os autores Milson Gomes Freire e Heloísa dos Santos Peres Cardoso no artigo de revisão "Diagnóstico do autismo em meninas: Revisão sistemática". O objetivo desse estudo foi compreender sobre o diagnóstico do TEA em meninas pesquisando artigos nas bases de dados SciELO, Google Acadêmico e LILACS publicados entre 2012 e 2021. Os resultados mostraram que, dos 20 estudos analisados, 50% confirmam o subdiagnóstico no gênero feminino e 40% desses estudos mencionam o diagnóstico tardio. Em relação à sintomatologia por gênero, 45% dos meninos apresentam comportamentos repetitivos e estereotipados, 25% das meninas apresentam dificuldade sociocomunicativa.

As autoras Ana Paula Rosa, Patricia Leila dos Santos, Corina Milagro Mosqueira Taipe e Eduarda Souza Dilleggi escrevem um artigo de revisão "Fatores de Risco para Baixo Desempenho Escolar: Uma revisão integrativa", onde o baixo desempenho escolar é um fenômeno cuja origem está calcada na inter-relação entre os aspectos biológicos, psicossociais, culturais e históricos do desenvolvimento humano. É tema de preocupação entre profissionais da educação e da saúde, bem como entre os responsáveis pelos alunos afetados. O ambiente familiar foi identificado como principal gerador de fatores de risco para o fracasso escolar.

O autor Alex Barbosa Abreu Pinto escreve um artigo de revisão "A Relação Família-Escola nas Publicações da ABRAPEE: estado do conhecimento". O presente artigo trata-se de uma investigação sobre como a produção científica relacionada à área da psicologia escolar e educacional, no Brasil, tem abordado a relação família-escola. A análise dos artigos revelou que estes foram elaborados em torno de seis eixos temáticos: parceria família-escola; educação infantil; violência; queixa escolar; dificuldades de aprendizagem, e educação especial. Ainda, verificou-se a predominância de pesquisas sobre contextos e amostras singulares e a ausência de discussões no âmbito das políticas públicas.

Elaine Laumann é autora de um relato de experiência "O Jogo como Estratégia para melhor Convivência entre Crianças e Adolescentes Acolhidos". Este artigo relata a experiência desenvolvida com crianças e adolescentes em acolhimento institucional na cidade de Joinville - SC. O objetivo do trabalho realizado foi estimular relações e vínculos socioafetivos nas crianças e adolescentes em acolhimento institucional, por meio de jogos. A prática psicopedagógica institucional, dialética e coletiva, apresenta-se como um momento de troca entre o psicopedagogo e os sujeitos, um momento construído do coletivo, para o coletivo. Por meio de jogos, atividades lúdicas e coletivas, assim como a atribuição de papéis e responsabilidades, além de construir regras e combinados em conjunto, foi possível perceber algumas mudanças na relação entre os acolhidos.

Finalizamos este editorial apresentando numericamente a nossa produção neste triênio: em 2020, publicamos 30 artigos, mais o suplemento organizado juntamente com a Conselheira Vitalícia Leda Maria Codeço Barone contendo 27 resumos dos trabalhos apresentados no V Simpósio Nacional de Psicopedagogia - ABPp, com o tema "ABPp 40 anos - do ontem ao amanhã: o que aprendemos hoje?" realizado em 07 de novembro de 2020, o primeiro evento virtual da ABPp; já em 2021 as publicações anuais somam 34 artigos, tivemos também a publicação do suplemento organizado pelo Grupo Emergencial Coronavírus, composto pelas Conselheiras Cheila Mussi, Cristina Natel e Simone Carlberg, intitulado "Psicopedagogia na pandemia de COVID-19", contendo 19 artigos; e agora, em 2022, publicamos 40 artigos representando os 40 anos da Revista Psicopedagogia. Portanto, encerramos este triênio totalizando 150 publicações em nosso periódico.

Saudamos e cumprimentamos o trabalho desenvolvido por todos que contribuem para manter e o perfil e a reputação da Revista Psicopedagogia, desde a editoria, Conselho Editorial, Conselho Executivo, Pareceristas, e em especial os autores e pesquisadores.

Nossos agradecimentos aos autores que entre idas e vindas, prazos e expectativas resistiram e escreveram seus manuscritos, aos Pareceristas que são protagonistas "não vistos", que investem seu tempo, seu conhecimento e sua colaboração para a avaliação ética e responsável dos manuscritos submetidos e assim viabilizam a publicação de todo e qualquer material disponível na Revista. Nesse triênio também instituímos o Conselho Executivo da Revista Psicopedagogia, cuja composição se dá pelos ex-editores da Revista Psicopedagogia, e a atual Presidente Nacional da ABPp, com isso, Maria Irene Maluf e Débora Silva de Castro Pereira contribuíram continuamente com nosso periódico, por isso, agradecemos-lhes. E, ao final e em igual importância a todos os prestadores envolvidos na tarefa de revisar, fazer a transcrição eletrônica, fomentar as bases de dados indexadoras, atualizar e manter a plataforma. Tudo isso em prol de entregar ao leitor o que há de melhor em conhecimento e atualidade na nossa área.

Por isso, agradecemos a todos os autores que prestigiaram esta publicação, confiando seus trabalhos.

Aos leitores, desejamos que encontrem nessas páginas inspirações para sua prática profissional e enriquecimento teórico.

Muito ainda há para ser feito! Que seja assim a cada novo ciclo!

Que a ABPp, e seu próximo grupo gestor, no triênio vindouro, prossiga renovando e fazendo o que precisa ser feito.

Boa leitura, boas festas e ótimo 2023!

Luciana Barros de Almeida

Editora da Revista Psicopedagogia
2020 - 2022

Marisa Irene Siqueira Castanho

Presidente Nacional da ABPp
2020 - 2022

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