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Revista Psicopedagogia

versão impressa ISSN 0103-8486

Rev. psicopedag. vol.40 no.121 São Paulo jan./abr. 2023

https://doi.org/10.51207/2179-4057.20230002 

ARTIGO ORIGINAL

 

Impactos do isolamento social no desenvolvimento de pré-escolares

 

Impacts of social isolation on the development of preschoolers

 

 

Debora Cristina da Silva EvaristoI; Bianca Arruda Manchester de QueirogaII; Simone Aparecida CapelliniIII

IGraduada em Fonoaudiologia - Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Recife, PE, Brasil
IIDocente do Departamento de Fonoaudiologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Recife, PE, Brasil
IIIDocente do Departamento de Fonoaudiologia da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), Marília, SP, Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Uma das principais estratégias utilizadas para conter a progressão da pandemia da COVID-19 foi o isolamento social. As escolas precisaram se adequar a um novo formato de funcionamento, buscando ofertar ensino remoto por meio de atividades e ferramentas novas. Professores e familiares precisaram se adaptar a essas novas condições, mesmo sem uma preparação prévia e com muitas dificuldades. Destaca-se que a Educação Infantil foi particularmente afetada pelas mudanças, por ser um período em que as vivências lúdicas e interações sociais são muito importantes. O objetivo desta pesquisa foi investigar a percepção de pais e professores sobre o impacto do isolamento social no desenvolvimento de pré-escolares. Foram realizadas entrevistas com 5 pais e 5 professores, de forma remota; as informações foram transcritas, categorizadas e interpretadas, seguindo a técnica da análise de conteúdo na modalidade temática. Do discurso das entrevistadas foi possível extrair as seguintes categorias: 1. Dificuldades de adaptação ao ensino remoto; 2. Atrasos no desenvolvimento da linguagem e aprendizagem das crianças; 3. Importância da relação entre a família e a escola. Conclui-se que pais e professores enfrentaram grandes dificuldades e perceberam atrasos importantes em habilidades como atenção, concentração, reconhecimento de letras e números, em função das medidas de isolamento social. Destaca-se que, de acordo com os relatos, a parceria entre a família e a escola foi imprescindível neste momento.

Unitermos: COVID-19. Isolamento Social. Educação Infantil. Desenvolvimento Cognitivo. Desenvolvimento da Linguagem.


ABSTRACT

One of the main strategies used to contain the progression of the COVID-19 pandemic was social isolation. Schools had to adapt to a new operating format, seeking to offer remote teaching through new activities and tools. Teachers and family members had to adapt to these new conditions, even without prior preparation and with many difficulties. It is noteworthy that Early Childhood Education was particularly affected by the changes, as it is a period in which playful experiences and social interactions are very important. The objective of this research was to investigate the perception of parents and teachers about the impact of social isolation on the development of preschoolers. Interviews were carried out with 5 parents and 5 teachers, remotely, the information was transcribed, categorized and interpreted, following the technique of content analysis in the thematic modality. From the interviewees' discourse, it was possible to extract the following categories: 1. Difficulties in adapting to remote teaching; 2. Delays in children's language development and learning; 3. Importance of the relationship between family and school. It is concluded that parents and teachers faced great difficulties and noticed important delays in skills such as attention, concentration, recognition of letters and numbers, due to social isolation measures. It is noteworthy that, according to the reports, the partnership between the family and the school was essential at this time.

Keywords: COVID-19. Social Isolation. Child Rearing. Cognitive Development. Language Development.


 

 

Introdução

Uma das estratégias utilizadas na tentativa de conter a progressão da COVID-19 foi o isolamento social que, consequentemente, diminuiu a comunicação direta e a interação entre as pessoas, causando impactos na saúde mental dos indivíduos, trazendo novas formas de organizar suas rotinas individuais, familiares e sociais (Xiao, 2020; Britto et al., 2021).

Neste contexto, os ambientes sociais precisaram ser modificados, a forma de se relacionar com o outro teve a necessidade de ser reestruturada e intermediada pelo uso das tecnologias e várias instituições tiveram que se adequar para atuar de forma remota. Dentre essas instituições, destacam-se as escolas, nas quais os professores e gestores se viram diante da demanda de, uma hora para outra, elaborar estratégias pedagógicas que se adequassem a esse novo formato de ensino e aprendizagem, sem capacitação prévia, muitas vezes sem apoio de políticas públicas, utilizando seus recursos próprios, envoltos em muitas cobranças e incertezas (Monsoroes, 2020; Vicentini et al., 2021).

O modelo de oferta da educação como um todo precisou se reorganizar diante das exigências impostas pela pandemia, visando resguardar a saúde das pessoas (Anjos & Pereira, 2021). Muito foi discutido sobre a real efetividade do ensino remoto, visto que várias famílias também não tiveram tempo de organização prévia, boa parte não tem acesso à Internet de boa qualidade e a equipamentos tecnológicos. A desigualdade social ficou ainda mais evidenciada e a oferta de uma educação de qualidade se viu ainda mais dificultada nesse contexto (Monsoroes, 2020).

Este cenário ficou mais complexo no que se refere à Educação Infantil, pois durante o isolamento social houve aumento de evasão escolar, principalmente na faixa etária dos 0 aos 3 anos de idade, na qual a matrícula não é obrigatória no Brasil. Por consequência, muitos pais tiraram as crianças das creches devido à restrição ao ensino presencial e, na faixa etária dos 4 aos 5 anos, as crianças, mesmo matriculadas, tiveram um baixo engajamento com as atividades propostas, por conta da dificuldade em acessar a Internet, a sobrecarga dos pais e por falta de materiais didáticos (Gaidargi, 2021).

Outro aspecto que precisou ser levado em conta foi o tempo de tela a que essas crianças estariam expostas, pois se por um lado as tecnologias podem agregar muito no processo de ensino e aprendizagem, por outro o excesso de exposição às telas na primeira infância pode interferir "no desenvolvimento cognitivo, na linguagem" e pode estar relacionado com "atrasos sociais e descontrole emocional, além de comportamentos agressivos, ansiosos e alterações do sono" (Arantes & de-Morais, 2022, p. 2).

Com o propósito de orientar sobre o funcionamento das instituições de ensino no contexto da pandemia, o Conselho Nacional de Educação emitiu Parecer CNE/CP Nº: 5/2020, que posteriormente foi substituído pelo parecer CNE/CP Nº: 9/2020. No que se refere à Educação Infantil as principais orientações foram referentes à oferta de materiais e orientações visando evitar retrocessos cognitivos, físicos e emocionais nas crianças, também direciona para o envio de materiais de suporte pedagógico para famílias sem acesso à Internet (Conselho Nacional de Educação, 2020). O documento destaca a importância da interação para o desenvolvimento cognitivo e socioemocional das crianças, direcionando para uma maior aproximação entre a escola e os familiares por meio dos recursos tecnológicos, para que as orientações sejam feitas de forma mais assertiva (Conselho Nacional de Educação, 2020).

O parecer CNE/CP Nº: 9/2020 foi alvo de críticas, pois entrou em contradição quando diz querer resguardar o pleno desenvolvimento infantil, mas não levou em consideração que as famílias podem não estar preparadas para assumir essa responsabilidade e que a educação não pode se resumir ao mero envio de atividades e nem é possível desconsiderar alguns fatos citados anteriormente como a falta de recursos e os impactos socioemocionais da pandemia (Monsoroes, 2020).

A interação é de extrema importância para o desenvolvimento infantil, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI) trazem o conceito de criança como "sujeito histórico e de direitos que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva" (Ministério da Educação, 2010). As DCNEI mostram que através da interação com o outro e com o mundo a criança compreende os elementos que a cercam, elaborando sentidos e significados sobre o ambiente e a cultura e, desta forma, constrói seu aprendizado.

É possível compreender que o isolamento social tenha prejudicado o desenvolvimento de algumas habilidades das crianças, entre elas, as habilidades cognitivo-linguísticas, como atenção, memória e consciência fonológica. Tais habilidades são importantes para aprendizagem nas etapas posteriores do processo de escolarização, principalmente para a alfabetização (Capellini et al., 2007; Mousinho & Correa, 2009; Romanzini et al., 2022; Silva & Capellini, 2012). Desta forma, o objetivo do trabalho é investigar a percepção de pais e professores sobre o impacto do isolamento social no desenvolvimento de pré-escolares.

 

Método

A presente pesquisa está em consonância com o exposto pela Carta Circular nº 1/2021 da Comissão Nacional de Ética em Pesquisas/ Secretaria Executiva do Conselho Nacional de Saúde/ Ministério da Saúde - CONEP/SECNS/MS, que orienta os procedimentos em pesquisas com qualquer etapa em ambiente virtual. Foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), sob o parecer nº 5.241.212. Trata-se de um estudo qualitativo e foi realizada nos meses de março e abril de 2022. Inicialmente, a pesquisadora entrou em contato com as gestoras das escolas e estas comunicaram aos professores; as professoras que se dispuseram a participar entraram em contato com a pesquisadora para que fossem marcadas as entrevistas. A comunicação inicial com os pais foi feita por intermédio das professoras participantes da pesquisa.

A amostra do estudo foi composta por 5 pais e 5 professores de crianças matriculadas em escolas da Educação Infantil do município de Paudalho/PE, e foi delimitada seguindo o critério de saturação teórica, conceito amplamente utilizado em pesquisas qualitativas em saúde, que consiste em realizar as investigações até o ponto em que os entrevistados tragam as mesmas ideias centrais em suas respostas (Fontanella et al., 2008). Para os professores, os critérios de inclusão foram ter cinco anos ou mais de experiência como docente da Educação Infantil, com atuação profissional na cidade de Paudalho e ter idade entre 18 e 65 anos. Os pais incluídos na pesquisa deveriam ser residentes em Paudalho e ter idade entre 18 e 65 anos. Todos os entrevistados precisaram assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Foram realizadas entrevistas semiestruturadas, que ocorreram de forma remota através da plataforma Google Meet ou por chamadas pelo WhatsApp. Inicialmente, foram colhidas informações gerais sobre os dados sociodemográficos dos participantes. No caso dos professores, essas informações foram: Idade, sexo, formação e tempo de exercício da profissão. Já no caso dos pais, foram: Idade, sexo, estado civil, profissão, renda familiar, jornada de trabalho, número de pessoas que residem com a criança, tempo dedicado aos cuidados com a criança em casa e informações relativas a esses cuidados durante a pandemia.

Na sequência, os pais e professores foram questionados sobre o processo de adaptação às demandas educacionais impostas pelo período de isolamento social e sobre a percepção dos mesmos sobre o desenvolvimento das habilidades cognitivo-linguísticas das crianças nesse período atípico. As seguintes perguntas norteadoras foram empregadas nesta etapa da entrevista:

1) Como foi o processo de adaptação às aulas no período da pandemia?

2) Como você (pai ou mãe/professora) avalia que aconteceu o desenvolvimento da linguagem de sua(s) criança(s) durante esse período?

3) O que acha que teria sido diferente no desenvolvimento e aprendizagem da criança caso não tivesse havido a pandemia?

4) Gostaria de destacar algum outro aspecto relativo à sua vivência com a criança neste período?

As entrevistas foram gravadas e transcritas para posterior interpretação e realização de análise de conteúdo na modalidade temática. Tal análise visa identificar núcleos temáticos a partir das informações fornecidas pelos entrevistados. Esta técnica de análise de conteúdo é dividida em algumas etapas: 1) Pré-análise, que consiste na etapa inicial e tem o objetivo de organizar os dados e informações obtidas, por meio da leitura flutuante, que permite um conhecimento geral das informações do texto, da formulação das hipóteses e objetivos que delimitam e direcionam para os pontos principais que devem ser investigados e através da elaboração de índices e indicadores; 2) Exploração do material, onde os dados foram codificados, classificados e categorizados e por fim; 3) Tratamento dos resultados, inferência e interpretação (Bardin, 2011).

 

Resultados

Foram realizadas 10 entrevistas. O grupo estudado foi formado por 5 professoras e 5 mães. O Quadro 1, abaixo, apresenta o perfil das entrevistadas. Para não as identificar, foi criado um código P (professores), R (responsáveis - mães), seguido do número da sequência em que foram realizadas as entrevistas.

É possível observar que as entrevistadas possuem perfis diversificados e trouxeram especificidades de suas experiências, possibilitando a compreensão das vivências a partir de duas óticas diferentes (escola e família), que, apesar de serem espaços diferentes, se complementam e essa união faz toda a diferença no desenvolvimento da aprendizagem infantil.

Com a análise de conteúdo das respostas obtidas nas entrevistas, foi possível identificar as seguintes categorias: 1. Dificuldades de adaptação ao ensino remoto, 2. Atrasos no desenvolvimento da linguagem e aprendizagem das crianças, 3. Importância da relação entre a família e a escola. A seguir, serão apresentados alguns recortes de fala que ilustram cada uma das categorias.

Dificuldades de adaptação ao ensino remoto

O período do início da pandemia da COVID-19 foi um momento de muitas incertezas e readaptações, professores e familiares, em sua maioria, precisaram criar estratégias para superar as dificuldades e mesmo com muito esforço algumas barreiras não foram superadas. A P1 mostra em seu relato que, mesmo fazendo atividades lúdicas, não conseguia alcançar todas as crianças. Abaixo, esse aspecto está sendo demonstrado um trecho de sua fala:

Foi muito difícil na verdade, porque trabalhar com a Educação Infantil não é a mesma coisa de trabalhar com Ensino Fundamental né… Com eles (Educação Infantil) foi bem mais difícil porque tive que fazer videoaula pra poder enviar e eles não tinham paciência pra estar assistindo as videoaulas, mesmo que fosse em forma dinâmica, com historinhas, com muitas cores, com algo que chamasse a atenção, eles não tinham paciência de estar na frente do celular vendo e aí isso tornou difícil, porque como eles não poderiam ver o assunto, não poderiam ver a explicação de uma letrinha né, de um número, ficava complicado ele assimilar e fixar aquilo, né? (P1)

O relato de P3 traz aspectos interessantes sobre como gestores públicos demoraram a tomar iniciativas para o ensino remoto nas escolas públicas e o quanto esse atraso acabou contribuindo para a exclusão de muitos alunos. Por outro lado, foi possível perceber que em um dado momento a professora conseguiu atingir bons resultados, mas apenas uma pequena parte dos estudantes tiveram acesso. Ela traz também a dificuldade que alguns alunos tinham em relação à falta de recursos tecnológicos e falta de acesso à Internet.

O processo da adaptação foi complicado um pouquinho, primeiro que o meu município não promoveu as aulas on-line de início, então as crianças passaram muito tempo sem nenhum contato com a escola, nem virtual né e depois de passado um bom tempo a gente começou com as aulas virtuais e atendemos um número insuficiente de crianças né… nem todas as crianças tinham acesso a celular ou computador e à Internet também, então no início a gente começou e começou pra poucos, mas esses poucos a gente tinha um retorno legal dos pais, eles sempre faziam as atividades que a gente propunha, era bem interessante o trabalho, mas infelizmente como eu disse era excludente, era pra poucas crianças. (P3)

P2 também trouxe em seu relato a questão da ampliação dessa relação professor/aluno para professor/aluno/família durante as aulas, como sendo mais um desafio para os professores:

...mas no modelo remoto a gente dava aula pro aluno, pro pai, pro avô e pra quem tivesse próximo a ele né… Então tinha que ser uma linguagem que a criança entendesse, mas que o adulto que fosse assistir a aula também entendesse. (P2)

Ela também relatou que a interação com a família era muito importante, mas em algumas situações atrapalhava, pois alguns pais interferiam na autonomia das crianças:

A questão de ter o pai e a mãe ali acompanhando batia de frente a metodologia do professor e a metodologia do pai que estava fazendo aquelas atividades com o filho né... a gente percebe a questão dos pais tentarem serem facilitadores para o filho, o que gerava, como eu posso dizer?, na alfabetização a gente faz com que ele pense, com que ele consiga mentalizar aquela sílaba, formar palavras, formar frases e depois compreendê-las né… a gente faz com que eles identifiquem e saibam e o pai em casa como facilitador, as vezes já dava aquela resposta pronta. (P2)

Algumas famílias também enfrentaram adversidades nesse processo e relatam as suas dificuldades diante da necessidade do isolamento social e de ofertar para as crianças atividades que pudessem preencher as lacunas deixadas pela falta de interação em outros ambientes. Essa realidade foi expressa na fala de R1, como é possível observar a seguir:

Minha filha, foi muito estresse em casa, muito estresse mesmo de você não saber como lidar porque sem sair de casa, foi isolamento total, que não tinha brincadeira certa, não tinha nada que a gente pudesse fazer até então, porque já não tinha a escola porque a escola, além de aprender, ela se distrai muito, convive com outras crianças e em casa não... em casa só era a gente adulto, pronto, sem convivência com nenhuma criança... foi complicada a situação. (R1)

O recorte de fala de R3 traz a questão do estresse e sobrecarga que os responsáveis adquiriram nesse momento de isolamento social. "...ah foi um período bem difícil, no começo eu tentei acompanhar o ritmo da escola e aí depois nessa cobrança eu já tava muito cansada e tava percebendo que eu tava ficando muito estressada" (R3).

Também foi visto que alguns pais devido a toda essa dificuldade decidiram retirar seus filhos das escolas, como é possível perceber nas falas de P1 e R1, respectivamente:

...também foi muito difícil por conta dos pais os pais não tinham tanta paciência pra ensinar né… então alguns tiraram eles da escola por não ter paciência e aqueles que ficaram, eles foram levando e quando a gente voltou a gente viu a dificuldade que foi, por conta da ausência de estar em sala de aula mesmo. (P1)

Pra mim foi bem difícil porque no início a minha filha queria assistir aula on-line e depois ela se negou a assistir disse que não queria ficar no celular assistindo aula porque ela queria conviver com os coleguinhas dela ela dizia: eu quero ir pra sala de aula mamãe, porque eu preciso ficar com meus coleguinhas. Ficou realmente difícil, até que chegou ao ponto em que eu cheguei a tirar ela da escola. (R1)

Este último trecho da fala de R1 ainda traz um fator de grande importância, que foi a falta de interação com outras crianças. Algumas famílias sentiram menos dificuldades, como é possível observar no trecho de fala de R2:

Como a minha filha tinha apenas 3 anos... é... e acredito que na idade dela, ela se adapta muito rápido com as coisas, eu não achei tão ruim né… o fato de ser presencial ou não, ela só tinha uma dificuldade em ficar prestando atenção na vídeo aula, mas ela conseguiu com o decorrer do tempo se adaptar a isso. (R2)

Atrasos no desenvolvimento da linguagem e aprendizagem das crianças

Tanto na fala das professoras quanto das mães foi possível observar indícios de que elas perceberam algumas alterações na linguagem e também dificuldades no processo de aprendizagem. Elas também pontuam em seus discursos que acreditam que o desenvolvimento das crianças teria sido muito melhor caso não tivessem passado por um período tão atípico. Abaixo, estão alguns trechos de fala que representam essas questões:

...teve essa dificuldade deles trabalhar essa coordenação motora, ter uma coordenação motora desenvolvida, trabalhar a linguagem mesmo né... a forma de falar, porque quando a criança chega no primeiro ano na escola ele vai ter contato com os outros alunos, aí ele vai começar a ter a dicção melhor, uma fala melhor, uma coordenação melhor, então foi muito difícil principalmente na volta né, quando a gente vai ver que o desenvolvimento não foi exatamente como a gente desejava que fosse. (P1)

Se não tivesse tido a pandemia eu acho que muitas crianças já estariam lendo e escrevendo corretamente, porque a minha filha mesmo já está com 4 anos e tem... pronto agora é que ela tá aprendendo a escrever né, as vogais, o alfabeto e o nome dela porque em casa eu não tava conseguindo. Ela não tava conseguindo se concentrar comigo... então, vamos supor, próximo ano poderia ser que ela já estivesse se alfabetizando. e agora eu acredito que não, que próximo ano ela ainda vai estar no infantil 3, pois ainda tem umas coisinhas que ela tem dificuldade. (R1)

O desenvolvimento foi um pouco lento porque acredito que quando se tem um convívio com outras crianças... é... é mais rápido, né… e o fato dela tá/ ter ficado em casa foi um pouco lento, mas a gente sempre foi de conversar muito, de interagir muito com ela, mas acredito sim que na escola teria sido bem melhor. (R2)

"O isolamento social acabou prejudicando várias áreas da criança, desde a cognição e inclusive a linguagem né…" (P3).

Diante da minha vivência eu destaco as dificuldades dessas crianças principalmente de atenção, de concentração, que eu pude perceber bastante nesse período... percebi isso quando pedia um retorno das atividades em áudios e vídeos e a maioria tinha dificuldade principalmente pra formular ou responder uma frase, formular uma frase (P4)

A minha mais velha na idade delas já lia e elas duas uma só que ainda soletra algumas coisas e a outra nem lê, nem soletrar não soletra. Eu acho que se não tivesse tido a pandemia elas estariam mais desenvolvidas. (R5)

Uma das professoras também trouxe o relato de que o retorno às aulas presenciais foi um momento bastante difícil, pois foi preciso inicialmente tentar superar as dificuldades que as crianças trouxeram do período do isolamento social. Abaixo, é possível observar um trecho da fala de P2:

São dificuldades diferentes sabetipo, eu ensino o infantil III né e no infantil III eles vão ter a mudança da letra bastão para a letra cursiva e começam a ler as primeiras palavras e pequenos textos né… dependendo de como eles estiverem e eles vieram muito sem identificação da letra bastão sabe... aquilo que eles deviam ter afiados por conta da idade e eles têm maior facilidade de decodificar, que eles já deviam identificar, eles não tinham o que tornou o trabalho da gente a gente fez duas séries em um ano, a gente teve que mostrar a letra bastão pra eles entenderem a cursiva. Porque quando eles seguem para o primeiro e segundo ano, que eles começam a usar e manusear o livro, o livro vem com a letra bastão, mas na escrita e o que eles vão escrever e ler é feito à mão, e é escrito com a cursiva, então gerava esse conflito nisso aí… eu acho que a maior dificuldade foi essa a questão de decodificação de letras, números, sabe o primeiro trimestre foi bem difícil. (P2)

Importância da relação entre a família e a escola

Um aspecto importante encontrado no discurso de algumas participantes é que o engajamento e a participação das famílias no processo de aprendizagem das crianças são cruciais para ter bons resultados. Essa parceria entre escola e famílias faz toda diferença e este fato se tornou ainda maior em um período como o do isolamento social. É possível observar essa percepção no trecho de fala da P1, R3 e P3:

Eu queria destacar um aspecto positivo né, apesar de todas as dificuldades. Foi quando a família se envolveu né… o aspecto positivo que a gente sempre pede pra ter é a vivência da família com a escola né… quando os pais são presentes na educação, mesmo que tenha sido uma aula remota, em algumas crianças teve sim um desenvolvimento um pouco positivo né… porque eles estavam lá, estavam ensinando, teve paciência então, um aspecto que eu queria colocar a mais é essa relação os pais e a escola. (P1)

"...então acaba que nesse período eu percebi o quanto a relação escolar e familiar, quando elas andam juntos o desenvolvimento se torna muito melhor porque quando vem de uma parte só o peso se torna muito grande" (R3).

"...então eles foram meus parceiros, os pais foram muito importantes nesse momento." (P3).

 

Discussão

Foi observado que tanto os professores quanto os familiares precisaram desenvolver estratégias para superar os principais desafios impostos pelo ensino remoto. No estudo de Gomes et al. (2021) os professores relataram que precisaram se adaptar a este novo formato de lecionar e, mesmo criando atividades lúdicas e interativas, inicialmente tinham pouco retorno e participação dos estudantes. O mesmo foi visto no trecho de fala de P1, em que ela relata que, mesmo criando materiais mais divertidos e interessantes, era difícil de manter a atenção das crianças. Os autores destacaram também a sobrecarga à qual esses profissionais foram submetidos, precisando lidar com pais, crianças e uma infinidade de recursos tecnológicos que de uma hora para outra começaram a fazer parte do seu dia a dia de forma mais expressiva (Gomes et al., 2021).

Reynozo et al. (2022) investigaram a opinião de pais e professores sobre o ensino remoto na Educação Infantil e foi observado que as principais queixas trazidas foram relacionadas à falta de interação das crianças no espaço físico escolar, a necessidade dos professores de readequar a prática pedagógica, mesmo sem preparação prévia, a dificuldade das crianças em se manterem concentradas nas aulas, bem como a sobrecarga a que os responsáveis sofreram com a inserção de mais uma atividade em suas rotinas.

Estas dificuldades também foram elucidadas na pesquisa bibliográfica feita por Silva et al. (2022). Cunha et al. (2021) também observaram em seu trabalho essa sobrecarga que os pais vivenciaram nesse período. Tais aspectos também foram observados no presente trabalho, no qual foi constatado no discurso das entrevistadas queixas semelhantes, trazendo o diferencial da queixa de P3, que relatou também a falta de iniciativa e apoio das instituições públicas logo no início da pandemia.

Segundo Toquetão et al. (2021) e Magalhães et al. (2021), o cenário vivenciado com o surgimento da pandemia evidenciou e ampliou problemas que a educação já vem enfrentando há muito tempo, como a desvalorização dos profissionais da educação, a infraestrutura precária das instituições de ensino, a superlotação nas salas de aula e políticas públicas precárias de incentivo à formação continuada dos profissionais da educação, especialmente na educação infantil. A desigualdade social ficou ainda mais perceptível, principalmente no que se refere ao acesso precário às tecnologias digitais, em especial para os estudantes de escolas públicas (Silva et al., 2020). Foi visto no trecho de fala da P3 que o acesso ao ensino remoto foi excludente, já que algumas crianças não conseguiam participar das aulas, pois não tinham acesso a recursos tecnológicos e à Internet. A professora comenta que conseguiu obter alguns resultados positivos, mas foi para poucos alunos.

Como citado anteriormente, para as famílias também foi um momento adverso. Nos relatos expostos foi possível identificar que o nível de estresse foi muito alto, que mesmo com alguma rede de apoio as mães se sentiram sobrecarregadas e em alguns momentos se sentiram perdidas. Corroborando com estes relatos, Toquetão et al. (2021) constataram que com o ensino remoto os cuidadores se viram tendo mais uma demanda, além de precisar lidar com outros aspectos como o medo de adoecer, de perder o emprego e o acúmulo de tarefas domésticas.

Um ponto que esteve intimamente relacionado com essas fragilidades na família foi o aumento da evasão escolar, principalmente na Educação Infantil. Alguns fatores como a dificuldade de acesso às aulas, o desinteresse e a rotina exaustiva contribuíram para que os pais retirassem seus filhos das escolas (Gaidargi, 2021; Silva, 2022). No presente estudo, foi visto no relato de uma mãe que a mesma optou por retirar a filha da escola e também no relato das professoras.

Em relação ao impacto no desenvolvimento das crianças, na presente pesquisa observou-se que os impactos percebidos por pais e professores foram mais relacionados às habilidades de oralidade, atenção, concentração, reconhecimento de letras e números, mas pouco foi falado sobre a consciência fonológica e a memória, por exemplo. Talvez isso aconteça porque essas últimas habilidades não são tradicionalmente valorizadas na Educação Infantil, tendo sua importância mais reconhecida nas séries iniciais do Ensino Fundamental.

Apesar disso, diversos estudos têm mostrado que habilidades como processamento auditivo, processamento visual, consciência fonológica, atenção, concentração e oralidade devem ser estimuladas na pré-escola, com o objetivo de promover a aprendizagem posterior de forma adequada (Capellini et al, 2007; Sargiani & Maluf, 2018). Na mesma linha, Rosal et al. (2020) observaram que o desenvolvimento tardio de habilidades cognitivo-linguísticas dificulta a identificação precoce de estudantes com dificuldades de aprendizagem e traz impactos negativos na aprendizagem da leitura e da escrita.

Estudo que investigou o conhecimento de professores sobre a importância da audição e da linguagem para a aprendizagem (Melo et al., 2021) mostrou que, embora os professores reconheçam essa importância, não possuem conhecimentos mais específicos nem se sentem preparados para lidar com isso na escola. Talvez por essa razão algumas habilidades cognitivo-linguísticas preditoras da aprendizagem posterior da leitura e escrita não tenham sido destacadas pelos professores no presente estudo.

Sobre o desenvolvimento infantil de uma forma geral, é interessante pontuar que na primeira infância existem as chamadas "janelas de oportunidade" ou períodos sensíveis para o desenvolvimento, que são ocasiões nas quais o cérebro é capaz de formar conexões neurais de forma mais intensa, favorecendo um melhor amadurecimento das redes neuronais a partir de estímulos sensoriais (Bartoszeck & Bartoszeck, 2012; Cavalcante et al., 2020). Neste contexto, é necessário que as crianças estejam expostas a condições favoráveis de estimulação precoce, que contribuam com o seu desenvolvimento cognitivo, pois é a partir da cognição que se estabelecem os processos de aprendizagem nas etapas escolares posteriores, sendo relevante destacar a necessidade de políticas públicas voltadas para favorecer o desenvolvimento infantil de forma plena (Bartoszeck & Bartoszeck, 2012; Cavalcante et al., 2020).

Outros estudos recentes também têm buscado investigar os impactos da pandemia no desenvolvimento das crianças. Santos e Silva (2021), por exemplo, realizaram estudo com pais e profissionais da saúde que conviveram com crianças na faixa etária de 0 a 6 anos neste contexto da pandemia da COVID-19, e observaram que as crianças apresentaram prejuízos comportamentais e cognitivos durante o período do isolamento social. De acordo com a pesquisa, as crianças desenvolveram alterações comportamentais como ansiedade, irritabilidade e nervosismo, e, dentre as alterações cognitivas, elas apresentaram diminuição da capacidade de atenção, dificuldade de memória e déficits na expressão oral (Santos & Silva, 2021) .

No trabalho de Stolf et al. (2021), foi investigado o desempenho escolar de estudantes em fase inicial de alfabetização no contexto do ensino remoto, e foi observado que as crianças apresentaram dificuldades no desenvolvimento de habilidades cognitivo-linguísticas. Foi visto que os estudantes que participaram da pesquisa apresentaram respostas de recusa e de baixo desempenho em atividades que englobaram ditado e repetição de palavras, memória visual e reconhecimento de letras do alfabeto (Stolf et al., 2021).

Os autores reiteram que já há uma grande defasagem na aprendizagem presente no âmbito nacional desde muito antes da pandemia, e que esta seria agravada por conta desse contexto particular do isolamento social e do ensino remoto, portanto, não há previsão da proporção do impacto que será causado no contexto educacional, com o decorrer do tempo (Stolf et al., 2021). De acordo com Fonseca et al. (2021), existe a estimativa de que as sequelas decorrentes desse período serão percebidas em médio e longo prazo, e é certo que o processo de aprendizagem será dificultado.

Desta forma, os profissionais da educação e profissionais da saúde, dentre eles o fonoaudiólogo clínico e o fonoaudiólogo educacional, devem estar preparados para receber essas crianças e intervir da melhor forma possível, bem como identificar esses estudantes no ambiente escolar para prevenir maiores agravos e planejar ações assertivas, colaborando com o desenvolvimento linguístico e cognitivo dessas crianças (Stolf et al., 2021).

Um outro aspecto importante visto no presente trabalho, que emergiu da fala das entrevistadas, foi a importância da parceria entre a família e a escola, especialmente neste período pandêmico. Foi observado que, quando essa parceria aconteceu, os resultados foram mais positivos e os ganhos maiores. De modo semelhante, um outro estudo (Borges et al., 2021) destacou que tanto pais quanto professores apresentaram dificuldades na comunicação nesse período de ensino remoto, que podem ser justificadas por fatores como falta de tempo por conta da rotina exaustiva para ambos os atores, baixo compromisso dos responsáveis com as atividades propostas e também dificuldades de acesso a eletrônicos e à Internet. Nonato et al. (2021) também afirmam que a relação entre família e escola é essencial para o sucesso do processo de aprendizagem.

 

Considerações

A pesquisa evidenciou que tanto pais quanto professores de pré-escolares passaram por grandes dificuldades para se ajustar ao ensino remoto no contexto da pandemia, tendo em vista ser uma modalidade nova, que exige recursos nem sempre disponíveis. Problemas como a evasão escolar e a falta de engajamento das famílias e dos estudantes estiveram presentes e são apontados como causadores de impactos negativos no processo de ensino e aprendizagem. Também foi possível observar que as entrevistadas perceberam impactos negativos em algumas habilidades cognitivo-linguísticas como atenção, concentração, reconhecimento de letras e números, mas outras habilidades não foram mencionadas. Foi visto que o nível de engajamento e participação das famílias é de grande importância e pode contribuir com o sucesso ou insucesso escolar, sobretudo, quando se faz necessário manter o ensino por meio remoto.

 

Referências

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Endereço para correspondência:
Debora Cristina da Silva Evaristo
Rua 6 A, Travessa 35, 225 - Loteamento Primavera - Paudalho, PE, Brasil - CEP 55825-000
E-mail: debora.evaristo@ufpe.br

Artigo recebido: 8/7/2022
Aprovado: 6/3/2023

 

 

Trabalho realizado no Departamento de Fonoaudiologia da Universidade Federal de Pernambuco, Recife, PE, Brasil.
Conflito de interesses: As autoras declaram não haver.

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