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Revista Brasileira de Psicanálise
versão impressa ISSN 0486-641Xversão On-line ISSN 2175-3601
Resumo
FONSECA, Vera Regina J. R. M.. A psicanálise na fronteira dos estados autísticos. Rev. bras. psicanál [online]. 2009, vol.43, n.1, pp.129-138. ISSN 0486-641X.
A partir do caso de uma criança de dois anos e meio o presente texto discute como o trabalho psicanalítico se desenrola na fronteira dos estados autísticos, caracterizados pela precariedade da estrutura dialógica e da dialética self/outro que a define. Não havendo negociações que discriminem e permitam a co-existência de self e outro, objeto e sujeito não se constituem, levando a uma experiência contratransferencial de não estar de fato com alguém. Sendo possível apenas operar na base de programas menos psicológicos que biológicos, a analista teve que se valer do escrutínio de uma rêverie quase corporal para identificar a necessidade da criança de ter experiências de agência (eu tenho o poder de agir) e contingência (eu tenho o poder de determinar respostas aos meus atos) que privilegiam o senso de self, para depois aceitar experiências de alteridade. Tal mapeamento propiciou a reconstrução da estrutura dialógica, delineando-se um sujeito e um objeto. Ainda que sujeitos a flutuações, os processos de simbolização foram postos em marcha, permitindo a identificação das fantasias (penetração, posse, aniquilação etc) como produto da transformação das experiências instintuais.
Palavras-chave : Transtornos autísticos; Psicopatologia do desenvolvimento; Psicanálise de crianças; Estrutura dialógica.